Deixada para Afogar: A Fria Partida da Herdeira
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Eliana Coutinho

A festa na casa do Tyler era menos uma reunião social e mais uma convocação obrigatória para o círculo júnior. Se você tivesse menos de vinte e cinco anos e seu sobrenome tivesse peso no Comando, você estava lá.

Tecnicamente, eu não deveria ter ido. Meu joelho estava fortemente enfaixado, escondido sob o tecido da minha calça pantalona. Eu mancava um pouco, favorecendo a lesão a cada passo.

Mas ficar em casa pareceria uma derrota. E eu não estava derrotada. Pela primeira vez em anos, eu estava livre.

Fiquei perto do bar, tomando uma água com gás enquanto os sussurros me seguiam como uma nuvem de mosquitos. Todos sabiam da piscina. Todos sabiam da escada.

"Eliana."

Matheus Ribeiro acenou para mim ao se aproximar. Ele era o melhor amigo de Enzo, um Consigliere em treinamento, e naquele momento, ele me olhava com uma pena insuportável. "Você parece... bem."

"Eu estou bem, Matheus", eu disse, mantendo minha voz firme.

Então, a sala ficou em silêncio total.

Enzo entrou. Catarina estava pendurada em seu braço. Ela usava um vestido que custava mais que o meu carro - um presente dele, sem dúvida.

Ele varreu a sala, me procurando. Quando seus olhos se fixaram nos meus, ele ergueu o queixo. Um desafio.

Ele esperava que eu corresse. Ele esperava que eu chorasse.

Em vez disso, tomei um gole lento da minha água e me virei de volta para Matheus. "Então, me fale sobre a nova carga."

Matheus piscou, surpreso com a minha indiferença. "Ah, sim. Bem..."

Enzo não gostou daquilo. Ele guiou Catarina em nossa direção, abrindo um caminho violento pela multidão.

"Aproveitando a noite?", Enzo perguntou, parando bem atrás de mim. Sua presença era um peso em minhas costas.

Virei-me lentamente. "Está boa. Um pouco cheia."

"Ouvi dizer que você foi para o hospital", disse ele. Seu tom não era de preocupação; era investigativo. Ele estava procurando por rachaduras, querendo saber o tamanho do estrago que havia feito.

"Apenas uma torção", eu disse com leveza. "Nada permanente."

"Ao contrário de algumas coisas", Catarina interveio, aninhando-se mais perto dele.

Olhei para ela, deixando meu olhar percorrer sua roupa. "Aproveite a camisa, Catarina. É de poliéster. Não respira."

O círculo ao nosso redor abafou uma risada. Os olhos de Enzo se estreitaram.

"Vamos jogar um jogo", alguém gritou do fundo. "Verdade ou Desafio!"

Era uma tradição infantil, mas em nosso mundo, os desafios eram perigosos e as verdades eram munição.

Fomos para a sala de estar rebaixada. Enzo sentou-se diretamente à minha frente, com Catarina em seu colo.

A garrafa girou. Parou em Catarina.

"Verdade ou Desafio?", Tyler perguntou.

"Desafio", ela ronronou.

Tyler sorriu. Ele estava bêbado e bagunçado. "Eu te desafio a beijar o Rei da noite."

Era óbvio a quem ele se referia. Enzo era o homem de mais alto escalão ali.

Catarina fingiu timidez. Ela olhou para mim por entre os cílios. "Ah, eu não poderia. Pode chatear a Eliana."

A sala ficou em silêncio. Eles esperavam minha reação. Esperavam o ciúme, a raiva, as lágrimas.

Verifiquei meu relógio, fingindo tédio. "Por que eu me importaria?", perguntei, minha voz firme. "Ele não é da minha conta."

Enzo enrijeceu. Seu ego levou o golpe como um soco. Ele estava acostumado à minha adoração, à minha necessidade desesperada por sua aprovação. Indiferença era uma língua que ele não falava.

Ele agarrou o rosto de Catarina.

Então, ele a beijou.

Não foi romântico. Foi brutal. Foi uma exibição de posse e domínio, destinada a marcá-la e me humilhar. Ele pressionou sua boca contra a dela, fazendo um espetáculo, com os olhos abertos, olhando diretamente para mim.

Ele estava me desafiando a desviar o olhar.

Eu não desviei. Observei com o distanciamento clínico de um cientista observando um rato de laboratório.

Quando ele finalmente se afastou, Catarina estava sem fôlego e com o batom borrado. Enzo parecia triunfante.

"Ela se encaixa melhor de qualquer maneira", Enzo anunciou para a sala, sua voz alta. "Uma mulher de verdade sabe como agradar seu homem."

O insulto pairou no ar. Era um ataque direto à minha honra, insinuando que eu era inadequada.

Matheus parecia desconfortável, mudando o peso de um pé para o outro. "Enzo, talvez pegue leve."

"Por quê?", Enzo zombou. "Eliana não se importa. Não é, Eli?"

Ele usou o apelido que só ele tinha permissão para usar.

Eu me levantei. Meu joelho latejou, mas coloquei todo o meu peso sobre ele, recusando-me a vacilar.

"Você está certo, Enzo", eu disse. "Eu não me importo. Porque para me ofender, eu teria que valorizar sua opinião."

Peguei minha bolsa.

"E francamente", acrescentei, olhando-o nos olhos, "eu nem penso em você."

Eu fui embora.

Senti sua raiva queimando em minhas costas, mais quente do que o beijo que ele acabara de compartilhar. Ele tentou me quebrar publicamente.

Em vez disso, ele apenas provou que já estava quebrado.

            
            

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