Uma semana depois, um pacote chegou. Uma pequena caixa de veludo. Eu a abri, meus dedos tremendo levemente. Dentro, havia um colar de diamantes, intrincado e brilhante. Era lindo, inegavelmente caro. Era também completamente impessoal, totalmente diferente de tudo que Arthur já havia escolhido para mim. Ele sabia que eu preferia peças únicas, feitas à mão, algo com uma história. Isso parecia um presente padrão de uma loja de departamentos, comprado com a ajuda de um assistente. Uma oferta de paz, talvez, mas sem alma. Zombava do nosso passado, de seus gestos grandiosos anteriores de afeto profundo e conhecedor.
Assim que fechei a caixa, Bianca invadiu meu escritório, seus olhos arregalados e inocentes. "Oh, Eloísa! Acabei de ver o colar mais lindo! Arthur disse que era para você! Ele não é um doce?" Ela então caminhou até minha estante, pegou uma das minhas raras primeiras edições e começou a folheá-la distraidamente. Meu estômago revirou. Isso era uma violação.
"Bianca", eu disse, minha voz tensa. "Saia. E coloque esse livro de volta."
Ela fez beicinho, o lábio inferior para fora. "Arthur disse que esta é a nossa casa agora. Devemos compartilhar tudo, certo?" Ela olhou para a caixa do colar, depois para mim, um brilho provocador em seus olhos. "Ele disse que se eu fosse boazinha, ele me daria um igualzinho. Ou talvez até melhor."
Minha mão se apertou em torno da caixa de veludo. "Saia, Bianca. Agora."
Antes que ela pudesse responder, Arthur entrou, seu rosto uma máscara de aborrecimento. "Que gritaria é essa, Eloísa? Vocês duas não conseguem se dar bem?" Ele não esperou pela minha resposta. Ele se virou para Bianca, sua expressão se suavizando. "Bianca, querida, ela está te incomodando?"
"Ela só está sendo má por causa do colar, Arthur", Bianca fungou, piscando os cílios. "Eu só estava admirando, e ela me mandou sair."
Os olhos de Arthur, frios e afiados, se fixaram em mim. "Eloísa, o que há de errado com você? Bianca faz parte desta família agora. Você a tratará com respeito. Ou se arrependerá, profundamente." Sua voz era um aviso baixo, uma promessa de consequências muito piores do que a ruína profissional. O ar ao redor dele parecia pesado com ameaças não ditas.
Um arrepio percorreu minha espinha. O medo, um companheiro constante nos últimos dias, apertou seu controle. Ele não estava apenas me descartando; ele estava distorcendo a narrativa, me tornando a vilã.
Bianca, testemunhando meu medo momentâneo, aproximou-se de Arthur, colocando a mão em seu braço, seus olhos cheios de falsa preocupação. "Está tudo bem, Arthur. Talvez a Eloísa só esteja tendo um dia ruim. Ela provavelmente está estressada com... bem, tudo." Suas palavras foram uma alfinetada velada à minha carreira em ruínas.
Arthur a puxou para mais perto, seu olhar ainda fixo em mim. "Peça desculpas à Bianca, Eloísa. Agora."
Minha mandíbula se contraiu. Pedir desculpas? Por estar na minha própria casa, por querer que meus próprios pertences fossem respeitados? A humilhação era um gosto amargo na minha boca. Mas o medo, profundo e primitivo, venceu. Eu sabia do que ele era capaz. Eu senti sua crueldade sutil, testemunhei sua fria indiferença. Eu não arriscaria mais.
"Desculpe, Bianca", murmurei, as palavras com gosto de cinzas. "Por gritar."
Bianca sorriu, uma pequena curva triunfante em seus lábios. "Desculpas aceitas, Eloísa. Agora, vamos, Arthur. Temos aquele baile de gala beneficente hoje à noite." Ela puxou o braço dele, levando-o para fora do escritório.
Ele não olhou para trás. Eles saíram, suas risadas ecoando pela cobertura silenciosa, me deixando sozinha com o colar brilhante e sem alma e o gosto amargo da minha própria rendição.
Fechei os olhos, uma enxurrada de memórias me invadindo. Arthur, de joelhos, me pedindo em casamento com um anel que ele havia desenhado pessoalmente, cada detalhe refletindo um pedaço da nossa história compartilhada. "Isso não é apenas uma joia, Eloísa", ele disse, seus olhos cheios de amor genuíno. "É uma promessa. Uma promessa de te valorizar, de te honrar, de construir uma vida com você, lado a lado, sempre."
A promessa parecia uma piada cruel agora. Ele a havia quebrado, pedaço por pedaço doloroso. Naquele momento, eu soube, com certeza absoluta, que meu coração era um deserto. Não havia mais nada para ele ali. Apenas o vazio roedor da traição.
Mais tarde naquela noite, fui forçada a comparecer ao baile de gala beneficente. Arthur insistiu. Ele queria uma exibição pública de nossa "frente unida", para combater os sussurros. Mas era tudo mentira. Eu era um adereço, um acessório para sua imagem cuidadosamente construída.
Minha entrada foi recebida com uma enxurrada de sussurros abafados. Senti seus olhos em mim, julgando, com pena. Então, eu os vi. Arthur e Bianca, no palco principal, recebendo um prêmio pelo projeto do museu. Meu projeto do museu. Bianca, vestida com um vestido deslumbrante, brilhava sob os holofotes, sua mão repousando intimamente no peito de Arthur. Ele sorria, um olhar orgulhoso e possessivo em seu rosto.
O ar parecia rarefeito, sufocante. Eu não conseguia respirar. Tentei escapar, encontrar um canto tranquilo, desaparecer. Mas assim que me virei, uma comoção repentina explodiu. Um lustre enorme, pendurado precariamente sobre a área de jantar principal, tremeu. Um rangido fraco, depois um gemido. O pânico se espalhou como fogo. As pessoas gritavam, correndo para se proteger.
Arthur, seus olhos arregalados de medo, olhou ao redor freneticamente. Seu olhar pousou em Bianca, parada, congelada sob o lustre brilhante e balançante. Então, seus olhos encontraram os meus. Eu estava mais longe, perto de uma saída. Por uma fração de segundo, eu vi – um lampejo de indecisão, um momento em que ele hesitou, pesando suas opções.
Então, ele se moveu. Não em minha direção, mas em direção a Bianca. Ele se lançou, empurrando-a para fora do caminho, protegendo-a com seu corpo enquanto a enorme estrutura gemeu uma última vez, e então caiu no chão, errando-os por meros centímetros.
Um suspiro coletivo encheu a sala. Bianca, abalada, mas ilesa, agarrou-se a Arthur. Ele a segurou com força, sussurrando palavras de conforto, seu rosto pálido de alívio. Ele nem olhou para mim. Ele havia escolhido. De novo. E não fui eu.
Um caco de vidro, lançado pelo impacto, cortou meu braço. Uma dor aguda e ardente. Eu tropecei, o quarto girando, o barulho se transformando em um rugido surdo. Minha visão ficou turva, os rostos ao meu redor se transformando em borrões indistintos. Senti um peso súbito e esmagador no meu estômago. Uma onda de náusea, diferente de tudo que eu já havia experimentado, me envolveu. Então, o mundo ficou preto.
Acordei com o cheiro estéril de um quarto de hospital, as luzes fluorescentes zumbindo acima de mim. Uma enfermeira, uma mulher de rosto gentil e olhos cansados, sorriu suavemente. "Você acordou. Como está se sentindo, querida?"
Minha cabeça latejava. Meu braço doía. Mas havia outra dor, uma dor mais profunda e inquietante no meu baixo-ventre. "O que aconteceu?", sussurrei, minha voz rouca.
O sorriso da enfermeira vacilou ligeiramente. Ela apertou minha mão. "Você teve uma queda feia. E... há outra coisa, Eloísa." Ela fez uma pausa, seu olhar cheio de uma pena gentil. "Você está grávida. Ou, você estava."