O Ressurgimento Radical da Herdeira Bilionária
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Capítulo 2

Ponto de Vista de Ayla Alencar:

O mundo lentamente se tornou nítido. Ladrilhos brancos no teto. O silvo rítmico de um ventilador, depois o bipe suave e constante de um monitor cardíaco ao lado da minha cama. Meus olhos se abriram. Uma enfermeira, com o rosto gentil e cansado, estava inclinada sobre mim.

"Ayla? Consegue me ouvir?" ela perguntou gentilmente. Seu crachá dizia 'Sarah'.

Tentei falar, mas minha garganta estava áspera, minha boca seca. Consegui um aceno fraco.

"Ah, graças a Deus", ela suspirou, um sorriso genuíno se espalhando por seu rosto. "Você nos deu um belo susto. Bem-vinda de volta." Ela estendeu a mão, sua mão quente e firme enquanto apertava meu ombro. "Você é uma lutadora, Ayla. Uma verdadeira lutadora."

Seu toque, aquele calor humano simples e inesperado, enviou um tremor através de mim. Fazia tanto tempo que ninguém oferecia conforto sem esperar algo em troca. Se ao menos Heitor tivesse me abraçado assim, apenas uma vez, quando meus pais morreram. Se ao menos ele tivesse oferecido uma única palavra de preocupação genuína após o acidente de carro, ou o aborto. Eu teria acabado aqui? Talvez não. Mas o passado era uma paisagem amarga e imutável.

Sarah me ajudou a beber um pouco de água, seus movimentos gentis. Ela ajustou meu travesseiro. "Você passou por muita coisa, querida", disse ela, com a voz suave. "Mas você conseguiu. É isso que importa."

Fechei os olhos, deixando a força tranquila de sua presença me envolver. Pensei no dia do nosso casamento. Heitor, bonito e radiante, jurou me valorizar, me proteger. "Na saúde e na doença", ele prometeu, sua mão entrelaçada na minha. "Até que a morte nos separe." Esses votos pareciam uma zombaria cruel agora. Seu coração havia mudado. Ou talvez, nunca tivesse sido verdadeiramente meu.

Os dias se transformaram em uma semana nebulosa. Heitor nunca apareceu. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem, nenhuma flor. Ele foi fiel à sua palavra. Ele me queria independente. Ele queria que eu lidasse com isso. E assim eu fiz. Lidei com a cama vazia, o quarto silencioso, a solidão roedora que ameaçava me consumir. O sono se tornou minha única fuga, um alívio temporário do peso esmagador da realidade.

Uma tarde, eu entrava e saía da consciência, ouvindo trechos de conversa do posto de enfermagem do lado de fora da minha porta.

"Você viu a esposa do Sr. Henderson?" uma voz jovem chilreou. "Ela não saiu do lado dele. Traz roupas limpas para ele, lê livros. Que sorte a dele."

Outra voz, mais velha, melancólica. "Sim, isso é amor de verdade. Meu marido costumava fazer isso por mim quando quebrei a perna. Sempre se certificava de que eu tinha tudo o que precisava."

Senti uma risada amarga subir em meu peito. Sorte. Elas falavam daquelas esposas, daqueles maridos, com tanta admiração, tanta inveja. Se elas soubessem. Se soubessem que a mulher deitada nesta cama, aquela que parecia qualquer outra paciente, era secretamente a herdeira de um império. Se soubessem que o homem que a abandonou era aclamado como um gênio autodidata, seu sucesso secretamente financiado por sua própria família. Elas ainda os invejariam? Ainda chamariam isso de amor?

Dra. Esteves, minha terapeuta, me visitava diariamente. Ela era uma tábua de salvação. "Ayla, precisamos abordar as questões subjacentes", disse ela, seu olhar inabalável. "A depressão, o trauma. Você suportou uma perda imensa. Tudo bem aceitar ajuda."

Antes, eu teria resistido. Teria colocado uma cara corajosa, tentando provar a Heitor, a todos, que eu era 'forte'. Mas agora, depois de ouvir as palavras de Heitor na emergência, depois de enfrentar a morte e escolher viver, algo dentro de mim havia mudado. O desejo de agradá-lo, de ganhar seu afeto, havia desaparecido.

"Ok", sussurrei, a única palavra uma rendição monumental e uma afirmação poderosa. "Estou pronta."

Engoli os antidepressivos, deixei a Dra. Esteves me guiar através de exercícios de respiração. Falei sobre meus pais, sobre o aborto, sobre a dor oca da rejeição de Heitor. A medicação lentamente levantou a névoa mais pesada da minha mente, não apagando a dor, mas tornando-a suportável. Deu-me um pequeno espaço para respirar, para pensar.

Lembrei-me de tentar engravidar, agarrando-me à esperança de que um filho consertaria o abismo que se abriu entre Heitor e eu. Como eu fui tola. O bebê não era uma ponte; era um espelho, refletindo o quão quebrado nosso casamento realmente estava. Sua perda, por mais agonizante que fosse, foi a prova final e inegável. Este casamento era uma tumba, e eu estava enterrada viva.

O pensamento não trouxe lágrimas, apenas uma resolução fria e silenciosa. Eu estava farta. Farta da pena, farta da dor, farta de Heitor. Era hora de cortar os laços. De me libertar. De me reivindicar.

Peguei o telefone do hospital, minha mão firme. Disquei o número do celular de Heitor, um número que eu sabia de cor, um número que eu liguei tantas vezes em desespero, apenas para ser recebida pela dispensa educada de Cristal. Meu dedo pairou sobre o botão de chamada. Chega. Isso não era um apelo. Era uma declaração.

Ele atendeu no segundo toque, surpreendentemente rápido.

"Ayla?" Sua voz era cautelosa, quase hesitante.

"Heitor", eu disse, minha voz monótona, desprovida de emoção. "Eu quero o divórcio."

Houve um silêncio, depois uma explosão de risadas abafadas e a risadinha aguda de Cristal ao fundo. Um tilintar alto de copos. O som de uma festa. Meu estômago se contraiu. Mesmo agora, mesmo depois de tudo, ele estava comemorando.

"Um divórcio?" ele finalmente disse, seu tom ainda tingido de aborrecimento. "Ayla, querida, você já se olhou? Você está em uma cama de hospital. Você acabou de tentar-"

"Estou me recuperando", eu o cortei, minha voz ganhando força. "E eu quero o divórcio. Já tive o suficiente."

Outra pausa. O barulho de fundo pareceu diminuir um pouco. "Isso é algum tipo de nova tática, Ayla? Para chamar minha atenção? Porque não está funcionando. Você sabe o quanto eu valorizo a independência."

"Eu sei exatamente o que você valoriza, Heitor", eu disse, uma frieza entrando na minha voz. "E não sou eu. Então, sim. Divórcio. Agora."

Ele soltou um suspiro, como se eu fosse um cliente particularmente difícil. "Tudo bem. Mas podemos discutir isso quando você não estiver... em um hospital? Este não é exatamente o momento ou o lugar para tais dramas."

"Não", eu disse, minha voz firme. "É o momento perfeito. Quero que você saiba, inequivocamente, que eu cansei."

"Querida, você está sendo ridícula", ele zombou, o aborrecimento retornando, misturado com uma condescendência familiar. "Você provavelmente ainda está sob o efeito desses sedativos pesados. Vamos conversar mais tarde, quando você estiver pensando com clareza."

"Estou pensando com perfeita clareza, Heitor", afirmei, meus olhos fixos na parede em branco. "E não quero conversar mais tarde. Quero que isso acabe."

"Ah, honestamente, Ayla", ele suspirou novamente, mas desta vez, havia um toque de outra coisa, uma nota de inquietação. "Você está apenas solitária. Talvez você queira que eu mande a Cristal com algumas flores? Ela é muito boa em animar as pessoas."

A sugestão foi uma nova facada. Cristal. Me animando. A mulher que ele mimou abertamente enquanto eu estava morrendo. A mulher que estava rindo no fundo da vida dele enquanto a minha estava em ruínas.

"Não, Heitor", eu disse, minha voz assustadoramente calma. "Eu não gostaria nada disso. Apenas me mande os papéis." Eu encerrei a chamada. Sem adeus. Sem palavras demoradas. Apenas um clique definitivo.

Deitei-me contra os travesseiros, uma estranha sensação de paz se instalando sobre mim. Estava feito. O primeiro passo. O passo mais difícil. Agora, a verdadeira luta começaria. E desta vez, eu não estaria lutando para salvar um casamento. Eu estaria lutando para salvar a mim mesma.

            
            

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