O Ressurgimento Radical da Herdeira Bilionária
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Ayla Alencar:

Desliguei o telefone, o clique clínico ecoando no quarto estéril. Uma estranha mistura de libertação e profunda tristeza me invadiu. Eu tinha dito as palavras. Eu tinha exigido minha liberdade. E Heitor, alheio e egocêntrico como sempre, ainda estava em alguma festa, sua amante rindo ao fundo. Meu peito doía, mas não era o desespero de antes. Era uma dor fantasma, a memória de uma ferida que finalmente começava a se fechar.

Na manhã seguinte, o quarto do hospital parecia mais frio. A paz que eu senti após o telefonema era frágil. Ela se estilhaçou quando a porta rangeu ao abrir, revelando Cristal Barros. Ela estava lá, uma visão em um vestido esmeralda justo, segurando um buquê ridiculamente grande de lírios brancos e uma sacola de presente brilhantemente embrulhada. Seus olhos, geralmente tão calculistas, estavam arregalados e inocentes, contornados por uma leve vermelhidão que sugeria que ela estivera chorando. Uma performance, eu tinha certeza.

"Ayla, querida!" ela exclamou, sua voz um pouco alta demais, um pouco doce demais. Ela deslizou para dentro do quarto, enchendo-o com o cheiro enjoativo de lírios e seu perfume caro. "Heitor me contou o que aconteceu. Oh, coitadinha de você!"

Ela colocou os lírios na minha mesa de cabeceira, empurrando meu copo d'água. A sacola de presente - uma marca de grife da moda que eu reconheci como a preferida de Cristal - foi empurrada em minha direção. "Isso é de Heitor e de mim. Apenas uma coisinha para levantar seu ânimo."

Eu encarei a sacola. Era a mesma marca que eu costumava amar, a marca que Heitor havia comprado para mim em nossos aniversários. Agora, Cristal a estava apresentando. Um sutil jogo de poder. Eu quase podia ouvi-la sussurrando: *Ele compra isso para mim agora, não para você.*

"Obrigada", eu disse, minha voz monótona, recusando-me a entrar em sua farsa.

Cristal se empoleirou na beirada da cadeira de visitante, cruzando suas longas pernas. Notei um novo e brilhante pingente de diamante aninhado em seu decote. Era surpreendentemente semelhante a um design que eu admirei uma vez na vitrine de uma joalheria, um design que Heitor havia descartado como "chamativo demais" para mim.

Ela pegou meu olhar, um sorriso malicioso brincando em seus lábios. "Ah, isso?" ela disse, tocando o pingente levemente. "Heitor comprou para mim na semana passada. Um pequeno 'obrigado' por todo o meu trabalho duro. Ele disse que o lembrava de... bem, não importa." Ela fez uma pausa, deixando a implicação pairar no ar. "Ele é tão generoso, não é? Faz você se sentir tão especial."

Meu estômago revirou. Fechei os olhos, tentando bloqueá-la. Sua voz enjoativamente doce, o cheiro de seu perfume, a imagem daquele colar roubado. Era demais.

"Ayla, você não quer abrir seu presente?" ela insistiu, sua voz com um toque de falsa preocupação.

Mantive meus olhos fechados. "Estou cansada, Cristal. Por favor, apenas vá embora."

"Ah, mas eu vim de tão longe!" ela choramingou, uma pitada de aço sob a falsa impotência. "Heitor estava tão preocupado. Ele disse que você tem sido tão... difícil ultimamente. Nós dois estávamos muito preocupados com seu estado mental. Especialmente com... bem, você sabe."

Ela se inclinou conspiratoriamente, baixando a voz. "Heitor me disse que você usa anticoncepcional há anos. Ele sempre quis um bebê, sabe. Ele ficou tão chateado com isso. Disse que você o estava impedindo de ter uma família."

Meus olhos se abriram bruscamente. Como ela sabia disso? Era um assunto particular, uma discussão entre Heitor e eu, feita anos atrás, quando eu queria focar na minha carreira primeiro, e ele havia concordado. Agora ela estava usando isso como arma.

"Ele também disse", Cristal continuou, alheia à minha fúria crescente, "que você tem sido tão egoísta, sempre se colocando em primeiro lugar. E agora, essa... essa tragédia. Perder o bebê. É apenas... carma, não é? Por negar a ele um filho por tanto tempo."

Meu sangue gelou. Carma? Ela estava me culpando pelo aborto? Pelo luto?

"Espero", Cristal acrescentou, sua voz caindo para um sussurro venenoso, "que desta vez, você realmente perca tudo. Espero que você perca a cabeça. Espero que você perca a esperança. Espero que você perca a vida, assim como aquele pobre bebezinho que você nunca quis."

Minha mão se moveu antes que minha mente pudesse processar. Um tapa forte e ardido ecoou no quarto silencioso. A cabeça de Cristal virou para o lado, sua maquiagem perfeita borrada, uma marca vermelha florescendo em sua bochecha. Seus olhos, não mais inocentes, brilhavam com puro ódio.

Em um instante, seu comportamento mudou. Ela agarrou a bochecha, lágrimas brotando em seus olhos. "Oh! Como você pôde, Ayla?" ela choramingou, sua voz quebrando. "Eu estava apenas tentando ser gentil! Heitor disse que você era volátil, mas eu nunca acreditei nele!"

Ela se levantou, tropeçando levemente, seus olhos arregalados de terror fingido. "Ele te ama, sabe", disse ela, sua voz subindo para um tom frenético. "Ele está apenas tentando te fazer forte! Ele quer que você seja independente! Ele carrega tanto estresse, administrando sua empresa, e você só aumenta! Você deveria ser grata por ele ainda se importar com você!"

"Saia", rosnei, minha voz rouca, crua de raiva. "Saia, sua vadia manipuladora!"

Cristal recuou, seu lábio inferior tremendo. Ela se afastou, então, em um floreio súbito e dramático, tropeçou na perna da cadeira. Com um suspiro, ela caiu no chão, aterrissando com um baque suave. Seu vestido cuidadosamente arrumado torceu ao seu redor.

Assim que ela atingiu o chão, a porta do meu quarto se abriu com um estrondo. Heitor estava parado na soleira, seu rosto uma máscara de fúria.

"Que diabos está acontecendo aqui?!" ele rugiu, seus olhos caindo instantaneamente em Cristal, amassada no chão, e em mim, minha mão ainda latejando do tapa. Ele passou correndo por mim, ignorando-me completamente, caindo de joelhos ao lado de Cristal.

"Cristal! Querida, você está bem?" ele murmurou, sua voz cheia de preocupação genuína, de medo. Ele tocou suavemente sua bochecha, depois seu braço, suas mãos passando por ela, verificando se havia ferimentos. Ele a puxou para seu abraço, aninhando a cabeça dela contra seu peito.

Seu olhar varreu sobre mim, frio e acusador. Não havia preocupação em seus olhos. Apenas nojo.

            
            

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