Eu insisti, as palavras com gosto de cinzas na minha boca. "Você me ama, e só a mim? Você poderia amar outra pessoa enquanto está comigo?"
Seu corpo enrijeceu, apenas por um segundo, uma microexpressão de desconforto que eu não teria notado antes. Mas agora, aquilo gritava para mim. Ele se inclinou, beijando minha testa, depois meus lábios. "Não seja boba, meu bem. Claro que não. Você é minha esposa. Estamos casados há três anos. Por que está fazendo perguntas tão tolas?"
Ele segurou meu rosto entre as mãos, olhando para mim com uma intensidade ensaiada. "Nosso casamento, Bruna. Isso é prova suficiente, não é?"
Minha mente voltou ao início do nosso relacionamento. Os rumores começaram naquela época, sussurros sobre o olhar errante de Guilherme, sua reputação de mulherengo. Eu os ignorei, convencida de que eram apenas fofocas de gente invejosa.
Então, uma noite, recebi uma ligação frenética de Carla. "Bruna, acabei de ver o Guilherme com outra mulher! No Hotel Blue Tree Towers, quarto 302! Você tem que ir, agora!"
O pânico tomou conta de mim. Liguei de volta para ela, lágrimas escorrendo pelo meu rosto, mal conseguindo respirar. "Ele está me traindo! Carla, ele está me traindo!"
Corri para o hotel, meu coração batendo um ritmo frenético contra minhas costelas. Mas quando invadi o quarto 302, não encontrei Guilherme com outra mulher. Encontrei Carla, com a mão levantada, dando um tapa no rosto de Guilherme.
"Seu desgraçado!", ela gritou para ele. "Como você ousa tentar me subornar para ficar quieta! A Bruna merece saber que tipo de homem você é!"
Guilherme parecia humilhado, segurando a bochecha avermelhada. Carla se virou para mim, seus olhos cheios de fúria justa. "Ele tentou me pagar, Bruna. Disse que me pagaria para guardar seus segredinhos sujos. Ele achou que eu te trairia."
"Eu ia... eu ia te contar", Guilherme gaguejou, evitando meu olhar. "Foi um erro. Um momento de fraqueza. Prometo que não vai acontecer de novo."
Carla zombou. "Um erro? Você chama tentar dormir com a melhor amiga da sua namorada de 'erro'?" Ela o fuzilou com o olhar. "E Bruna, você realmente acha que eu, sua melhor amiga, tentaria roubar seu namorado? Você me conhece melhor do que isso."
Senti uma onda de vergonha, uma culpa avassaladora. Eu duvidei deles, duvidei da minha melhor amiga e do meu namorado. Pedi desculpas profusamente a ambos. A partir de então, fui extremamente cuidadosa em mostrar a eles o quanto confiava neles, o quanto precisava dos dois na minha vida.
Guilherme muitas vezes brincava comigo sobre isso depois, me chamando de sua "dramatiquinha", sua "ciumentinha". Ele dizia: "Sinceramente, se não fosse por você, eu nem olharia para a Carla. Ela dá muito trabalho." E eu, sentindo-me tola por minhas suspeitas anteriores, sempre corria para o seu lado, acalmando-o e defendendo Carla. "Ela só se preocupa comigo, Guilherme. É só isso."
Meus pensamentos foram arrancados de volta para o vídeo atual. Guilherme estava afastando Carla, seu rosto sombrio. "Não, Carla. Não podemos continuar fazendo isso. Eu não posso. Vou me casar em três dias. Isso tem que parar. Não podemos mais nos ver."
O rosto de Carla se desfez. Ela se jogou para frente, envolvendo-o com os braços, desesperada. "Não! Por favor, Guilherme. Só mais uma vez. Por favor."
Um arrepio gelado percorreu minha espinha. Três dias antes do nosso casamento. Eu me lembrava daquela semana. Eu estava tão estressada, tão sobrecarregada com os detalhes de última hora, que tive uma febre altíssima. Fiquei de cama, mal conseguindo levantar a cabeça, incapaz de falar com Guilherme ou Carla. Ambos estavam inacessíveis, seus telefones desligados ou caindo direto na caixa postal.
Minha colega de trabalho me viu sofrendo e, com uma piscadela de quem sabe das coisas, disse: "Cuidado, Bruna. É por isso que dizem: vigie seu marido, sua casa e sua melhor amiga."
Eu estava tão fraca, tão febril, mas ainda consegui dar uma risada fraca. "Não seja ridícula, Sara. A Carla nunca me trairia. Ela praticamente salvou minha vida uma vez."
Mas agora, a imagem na tela, o apelo desesperado de Carla, a aceitação sombria nos olhos de Guilherme... Tudo fazia um sentido horrível e doentio.