A Vingança Fria de Aspen do Capitão
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A Vingança Fria de Aspen do Capitão

Gavin
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Capítulo 1

Durante sete anos, eu banquei o doutorado do meu marido, o Gonçalo. Paguei por absolutamente tudo. Uma semana depois do nosso casamento, a "protegida" dele, a Kloe, se mudou para a nossa casa, alegando que uma doença autoimune rara a tornava "frágil".

Na nossa viagem para Campos do Jordão, ele usou o meu dinheiro para comprar uma bolsa de R$ 40.000 para ela. Depois, exigiu que eu desse a minha jaqueta de esqui de alta performance para a Kloe, porque a dela era fina demais e não esquentava.

Quando eu recusei, ele a arrancou do meu corpo.

Eu escorreguei no gelo, bati a cabeça enquanto ele se afastava com ela, me deixando ferida e congelando na neve.

Mais tarde naquela noite, ele me abandonou de novo enquanto eu estava doente no nosso quarto de hotel, para pegar um quarto separado com a Kloe. Ele disse que eles precisavam "discutir o artigo acadêmico dele".

Mas ele se esqueceu de um detalhe crucial. Eu não sou apenas uma esposa. Eu sou a Capitã Amanda Paiva, da Reserva do Exército Brasileiro.

Liguei para minha melhor amiga, gerente da rede de hotéis. "Preciso de uma chave mestra", eu disse a ela. "Estamos prestes a invadir uma discussão acadêmica muito importante."

Capítulo 1

Amanda Paiva POV:

Minha pele estava grudenta, meu cabelo grudado no pescoço. O suor brotava na minha testa, escorrendo pelas minhas têmporas. O ar no nosso apartamento era denso, sufocante. Estávamos em pleno janeiro no Rio de Janeiro, e o termostato marcava 30 graus Celsius.

Caminhei até o termostato, meus dedos já escorregadios de suor. Apertei a seta para baixo, vendo os números diminuírem, 29, 28, 27. Um pequeno suspiro de alívio escapou dos meus lábios. Eu só precisava que ficasse abaixo de 26 para me sentir humana de novo.

O clique da porta me fez pular. Gonçalo.

A voz dele cortou o ar úmido, afiada e acusadora.

"O que você pensa que está fazendo, Amanda?"

Virei-me, limpando uma gota de suor da sobrancelha.

"Está um forno aqui dentro, Gonçalo. Só estou tentando deixar o ambiente suportável."

Ele marchou na minha direção, o rosto tenso.

"Você sabe que a Kloe tem uma condição. Ela é extremamente sensível ao frio. Você não pode simplesmente baixar a temperatura desse jeito."

Meu maxilar se contraiu.

"Está fazendo 30 graus. Ninguém deveria ser sensível ao frio a 30 graus."

Ele me ignorou, o olhar fixo no termostato.

"A doença autoimune dela é severa. Não é só uma questão de conforto, é sobre a saúde dela."

"Então, o meu conforto e a minha saúde não importam?", perguntei, minha voz sem emoção.

"Ela é uma convidada, Amanda. E ela é frágil. Precisamos acomodá-la."

Ele se esticou por cima de mim, a mão cobrindo a minha no painel de controle. Ele apertou a seta para cima. Os números subiram de volta para 30.

Puxei minha mão, o calor subindo ao meu rosto.

"Gonçalo, está fazendo 35 graus lá fora. Eu mal consigo respirar aqui dentro."

Uma tosse suave veio do corredor. Kloe apareceu, enrolada em um cobertor fofo, seus olhos grandes e inocentes.

"Ah, me desculpem. Há algum problema por minha causa?"

Sua voz era um sussurro, carregada de falsa preocupação.

"Nenhum problema, Kloe", disse Gonçalo imediatamente, sua voz suavizando. "A Amanda só se esqueceu do quão delicada você é."

Kloe ofereceu um sorriso fraco.

"Minha condição, sabe. O frio simplesmente... me causa uma crise. O Gonçalo é sempre tão compreensivo."

Eu a observei, um gosto amargo na boca. Ela o estava manipulando como um fantoche.

"Talvez se a Amanda precisa de um lugar mais fresco", sugeriu Kloe, seu olhar passando por mim e rapidamente se desviando, "ela pudesse... encontrar outro lugar?"

Meus olhos se estreitaram.

"Esta é a minha casa, Kloe."

Kloe ofegou, uma mão voando para o peito. Seu lábio inferior tremeu.

"Ah, eu não quis dizer... Eu só pensei que talvez para o seu conforto..."

Ela se virou para Gonçalo, um apelo silencioso em seus olhos.

"Gonçalo?"

Ele colocou um braço ao redor dela, puxando-a para perto.

"Ela tem razão, Amanda. A Kloe precisa ficar confortável."

"Nosso casamento, Gonçalo. Nós acabamos de nos casar."

Minha voz era um apelo desesperado.

"Nosso casamento foi na semana passada", lembrei-o, as palavras soando vazias. "E você está me expulsando da minha própria sala de estar pela sua protegida porque ela é 'frágil'?"

Ele se encolheu, seu aperto em Kloe afrouxando ligeiramente.

"Ok, ok, não vamos fazer um escândalo. Ela só vai ficar por um tempinho, Amanda. Só até o apartamento dela ficar pronto."

Ele olhou para mim, um sorriso forçado no rosto.

"Nós podemos ir para aquele resort que você queria, só nós dois, depois que ela for embora. Uma lua de mel de verdade."

Eu olhei para ele, tentando encontrar um pingo de sinceridade. Ele sempre sabia como me oferecer uma cenoura.

"Um resort", repeti, a palavra com gosto de cinzas.

"Você sabe que eu nunca mentiria para você, Amanda", ele insistiu, seus olhos encontrando os meus, por um segundo.

Respirei fundo, a raiva ainda um nó quente no meu estômago. Eu a engoli. Eu sempre fazia isso.

"Tudo bem", eu disse, minha voz tensa. "Vou me trocar."

Eu precisava sair daquelas roupas úmidas, para longe de todos eles.

Levantei-me, precisando sair daquelas roupas úmidas. Quando me virei para ir para o nosso quarto, Gonçalo pigarreou.

"Tem mais uma coisa, Amanda", ele disse, evitando meu olhar. "A condição da Kloe... ela realmente não pode ficar perto de nenhuma corrente de ar. O quarto de hóspedes fica virado para o norte, é naturalmente mais fresco. Então, se você não se importasse... de ficar no quarto de hóspedes esta noite? Para que ela possa ficar com o nosso."

Parei abruptamente. Meu sangue gelou, apesar do calor sufocante.

"E onde você vai dormir, Gonçalo?"

Kloe se manifestou, sua voz pequena, quase infantil.

"Eu fico com tanto medo sozinha, Gonçalo. Com a minha condição, eu só... eu fico tão ansiosa."

Medo? Ela era praticamente uma mulher adulta, uma "influenciadora de bem-estar" com milhares de seguidores. Ela realmente achava que eu era tão estúpida?

Gonçalo gaguejou rapidamente: "Eu durmo no sofá, Amanda. Não se preocupe. Estarei bem aqui fora."

Meu peito apertou, como se um punho estivesse esmagando meus pulmões. Respirei fundo mais uma vez, tentando controlar o tremor na minha voz.

"Ou", sugeri, minhas palavras lentas e deliberadas, "a Kloe poderia simplesmente dividir o quarto principal comigo. Já que o Gonçalo é um homem casado, seria impróprio ele dormir em qualquer outro lugar que não fosse o nosso quarto."

Kloe ofegou, uma mão voando para o peito.

"Ah, Amanda, eu não poderia! Eu não gostaria de invadir seu espaço."

Ela lançou um olhar rápido e nervoso para Gonçalo.

"E a minha... minha condição... é tão imprevisível. Não seria justo com você."

"Imprevisível", zombei baixinho, a palavra quase inaudível. Essa mulher era inacreditável. Uma parte de mim, a parte que ainda tentava ser uma boa esposa, queria acreditar que Gonçalo estava apenas sendo ingênuo. Mas a outra parte, a parte da Capitã do Exército, reconhecia uma manobra tática quando via uma. Isso não era sobre saúde; era sobre território.

            
            

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