A Vingança Fria de Aspen do Capitão
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Capítulo 3

Amanda Paiva POV:

O ar de Campos do Jordão nos atingiu como um tapa. Fresco, cortante e inegavelmente frio. Saímos do carro e Kloe, previsivelmente, começou a tremer. Sua jaqueta de esqui da moda, fina, claramente não era páreo para o clima da montanha. Ela se abraçou, os dentes batendo.

"Nossa, está tão frio!", ela choramingou, a voz minúscula e patética.

Gonçalo estava instantaneamente ao seu lado, tirando seu próprio casaco grosso e acolchoado. Ele o colocou sobre os ombros dela.

"Eu te disse que aquela jaqueta não era quente o suficiente", ele disse, mas seu tom era gentil, cheio de preocupação. "Por que você sempre faz isso consigo mesma?"

Kloe se aninhou no casaco dele, a cabeça erguida para olhá-lo com adoração.

"Mas é tão linda, Gonçalo! E vai ficar incrível nas fotos. Você sabe como minha estética é importante para minha marca."

Ela então olhou para o casaco que ele lhe dera, uma pequena carranca no rosto.

"Mas este... é apenas um casaco comum."

"É prático, Kloe", insistiu Gonçalo.

"Eu tenho algo muito melhor para você."

Ela tirou uma pequena e requintada bolsa de couro de sua bagagem.

"Gonçalo, querido, você esqueceu de me dar minha bolsa nova! É o acessório perfeito para o meu look."

Meus olhos se arregalaram. Era uma bolsa de grife de R$ 40.000, uma edição limitada de uma marca que eu reconheci. Gonçalo tinha acabado de comprar para Kloe uma bolsa de grife de R$ 40.000? Meu sangue gelou, mais frio que o ar de Campos do Jordão.

"Gonçalo", eu disse, minha voz perigosamente suave, "onde você conseguiu o dinheiro para essa bolsa?"

Ele se encolheu, virando-se para mim, o rosto pálido.

"Amanda! É só... um pequeno presente. Pelo trabalho duro dela, sabe. Mentoria."

"Um pequeno presente?", zombei. "Quarenta mil reais não é um pequeno presente. É mais do que você gastou comigo nos últimos cinco anos somados."

Ele se irritou.

"É o meu dinheiro, Amanda! O que você tem a ver com isso?"

"Seu dinheiro?", praticamente cuspi as palavras. "Não existe 'seu dinheiro', Gonçalo. Só existe o meu dinheiro. O dinheiro que eu ganho como engenheira de software, o dinheiro que eu ganho como Capitã da Reserva do Exército. O dinheiro com que paguei seu doutorado por sete anos! Você usou o meu dinheiro para comprar uma bolsa de R$ 40.000 para ela?"

"Nós somos casados, Amanda!", ele gritou, o rosto contorcido de raiva. "É o nosso dinheiro! Comunhão de bens!"

"Comunhão de bens para o meu dinheiro suado financiar os acessórios de grife da sua amante?"

Minha voz atingiu um tom que eu não reconheci.

"Você tem muita coragem, Gonçalo! Eu te implorei por uma jaqueta de esqui decente para mim no ano passado, e você disse que não podíamos pagar. Você disse que precisávamos economizar para suas conferências acadêmicas."

Lembrei-me da jaqueta barata e mal ajustada que comprei em uma loja de descontos, me virando. Ele sempre fora tão cuidadoso com "nosso" dinheiro quando se tratava de mim. Sempre tão "frugal". Agora eu sabia por quê. Ele era frugal comigo porque estava economizando para ela.

Kloe, vendo sua deixa, tentou entrar na cena.

"Ah, Amanda, se isso te faz sentir melhor, você pode ficar com ela. Tenho certeza de que posso encontrar outra bolsa."

Ela começou a soltar a alça, oferecendo-a para mim. Seus olhos, no entanto, continham um brilho de desafio.

Olhei para ela, depois de volta para a bolsa.

"Fique com suas coisas de segunda mão, Kloe. Não quero nada que tenha tocado suas mãos imundas."

Os lábios de Kloe tremeram, e ela olhou para Gonçalo, seus olhos se enchendo de lágrimas falsas.

"Ela está sendo má, Gonçalo."

O rosto de Gonçalo endureceu.

"Amanda, já chega! Você está estragando o clima. Apenas pare."

Kloe estendeu a mão, tocando suavemente sua bochecha.

"Está tudo bem, Gonçalo. Não deixe que ela te aborreça."

Ela se inclinou, soprando em suas mãos nuas.

"Você está ficando com tanto frio. Deixe-me aquecê-lo."

Gonçalo suspirou, um som suave e satisfeito. Ele olhou para Kloe, uma ternura em seus olhos que fez meu sangue gelar. Ela o tinha completamente enrolado em seu dedo.

"Você deveria realmente colocar seu casaco de volta, Gonçalo", disse Kloe, ainda soprando em suas mãos. "Não quero que você fique doente. Sei que você está tão preocupado comigo, mas precisa se cuidar também."

Ela fez um show de tentar colocar o casaco dele de volta nele.

Ele gentilmente afastou as mãos dela.

"Não, Kloe. Você precisa mais. Você é tão delicada."

"Mas você também está com frio!", ela insistiu, a voz cheia de falsa preocupação. "Se você não usar, eu também não vou."

Eles foram e voltaram, uma ridícula luta de poder disfarçada de preocupação. Finalmente, Gonçalo, exasperado, vestiu seu casaco de volta. Kloe, ainda tremendo dramaticamente, insistiu que não era o suficiente.

"Ainda estou congelando, Gonçalo", disse ela, os dentes batendo tanto que eu quase podia ouvi-los. "Mas não quero que você sofra por minha causa."

Ela olhou para ele com olhos grandes e inocentes, uma aula magistral de manipulação emocional.

Então, ele se virou para mim. Seus olhos pousaram na minha jaqueta de esqui novinha em folha, cara, de alta performance, aquela que eu comprei para mim mesma com meu próprio dinheiro, aquela pela qual economizei por meses. Minha jaqueta tática do Exército, projetada para frio extremo.

"Amanda", ele disse, a voz sem emoção, "tire sua jaqueta."

Eu o encarei. Tinha ouvido direito?

"O quê?"

"Dê sua jaqueta para a Kloe", ele repetiu, a voz firme. "Você não é tão sensível ao frio quanto ela."

"Eu não sou sensível ao frio?", zombei. "Gonçalo, eu só tenho sangue quente. Isso não significa que eu queira congelar minha bunda em uma montanha."

Ele deu um passo em minha direção, os olhos em chamas.

"Apenas tire, Amanda!"

Ele alcançou o zíper da minha jaqueta. Eu instintivamente recuei, tentando me afastar.

"Saia de perto de mim, Gonçalo! O que você está fazendo?"

Ele ignorou meus protestos, suas mãos desajeitadas com o zíper. Lutei, tentando empurrá-lo, mas ele era mais forte que eu. Estávamos em uma placa de gelo perto dos teleféricos. Meus pés escorregaram. Perdi o equilíbrio. Nós dois caímos. Minha cabeça bateu no chão com um baque surdo. Felizmente, meu capacete absorveu a maior parte do impacto, mas estrelas ainda explodiram atrás dos meus olhos. O mundo girou.

Fiquei ali, atordoada, minha visão embaçada. Minha jaqueta cara foi arrancada do meu corpo. Vi Kloe, o rosto uma máscara de falsa preocupação, rapidamente vestindo a jaqueta, fechando o zíper até o fim.

"Ah, Amanda, você está bem?", Kloe perguntou, a voz trêmula, embora eu pudesse ouvir o triunfo por baixo.

Gonçalo olhou para mim, seus olhos desprovidos de qualquer calor.

"Ela está bem", ele retrucou, dispensando a pergunta de Kloe. "Sempre tão dramática."

Ele ajudou Kloe a se levantar, ajustando minha jaqueta em seus ombros.

"Vá na frente, Kloe. Eu cuido da Amanda."

Ele se virou para mim.

"Amanda, você pode simplesmente... voltar para o hotel. Nós te encontramos mais tarde."

Ele não ofereceu a mão. Ele nem mesmo verificou se eu estava machucada. Ele apenas me deu as costas, para sua esposa, e começou a caminhar em direção ao teleférico com Kloe, minha jaqueta enrolada nela.

            
            

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