Capítulo 5

Ponto de Vista da Elena:

Acordei me afogando.

Líquido espesso e morno encheu meus pulmões. Eu me debati, o pânico tomando conta do meu peito. Arranhei a superfície, rompendo-a com um suspiro.

Eu não estava no oceano. Eu estava em uma piscina de líquido dourado brilhante dentro de uma caverna feita de gelo.

O Santuário. A fonte de cura privada da família Sterling no Círculo Polar Ártico.

"Calma, Elena. Respire."

Mãos fortes agarraram meus ombros. Olhei para o rosto do meu pai, Artur Sterling. O Alfa mais poderoso do mundo.

Ele parecia dez anos mais velho do que a última vez que o vi. Seus olhos estavam vermelhos.

"Pai?" Minha voz era um coaxar. "Onde... onde está o bebê?"

O rosto do meu pai desmoronou. Ele me puxou para um abraço, enterrando meu rosto em seu peito para que eu não o visse chorar.

"Nós tentamos, El", soluçou ele. "Os médicos... os magos... a prata ficou no sistema dele por muito tempo. Não conseguimos fazer o coração dele bater."

Um grito rasgou de dentro de mim. Foi pior que o parto. Foi o som da minha alma se rasgando ao meio.

Empurrei meu pai e tentei mergulhar de volta na água. "Deixe-me morrer! Quero ficar com ele! Deixe-me morrer!"

"Não!" Papai agarrou meus pulsos. O aperto dele era de ferro. "Olhe para mim!"

"Por que você me salvou?" gritei, arranhando os braços dele. "Estou vazia! Não tenho nada!"

"Você tem vingança!" rugiu meu pai.

A palavra pairou no ar gelado.

"Vingança?" sussurrei.

"Damien Blackwood matou seu filho", disse meu pai, sua voz caindo para um rosnado mortal. "Ele torturou você. Ele humilhou você. Ele escolheu uma Luna falsa em vez de sua Verdadeira Companheira."

Ele agarrou meu queixo, forçando-me a olhar meu reflexo na água dourada.

Meu cabelo, antes loiro sujo, tinha ficado completamente branco. Meus olhos não eram mais castanhos. Eles brilhavam em violeta.

A experiência de quase morte havia removido os supressores que eu tomara por anos. Minha Verdadeira Linhagem havia despertado.

Eu era a Loba Branca. A mais rara de todas as criaturas. O símbolo do julgamento.

"Damien pensa que você está morta", disse meu pai. "Deixamos um clone - um construto mágico - naquele quarto de hospital. Ele o enterrou. Ele está de luto por uma boneca."

"Ele está de luto?" Soltei uma risada sombria e quebrada. "Ótimo."

"O luto é fácil demais", disse meu pai. "Ele precisa perder tudo. Sua alcateia. Seu dinheiro. Sua sanidade. E você é a única que pode tirar isso dele."

Algo clicou dentro de mim. A dor não foi embora, mas endureceu. Transformou-se em uma pedra fria e pesada no meu estômago.

Toquei minha barriga reta.

*Eu prometo a você, meu pequeno*, pensei. *Seu pai pagará por cada respiração que você não pôde dar.*

Saí da piscina. A água dourada escorreu do meu corpo nu. Minhas feridas haviam sumido. Minha pele estava impecável, brilhando com poder.

"Há quanto tempo estou dormindo?" perguntei.

"Seis meses", disse meu pai, me entregando um roupão de seda. "Você precisava se curar. Enquanto você dormia, Damien tem procurado por você. Ele não acredita que o clone seja real. Ele está enlouquecendo."

"Bom." Amarrei o roupão. "Preciso de treinamento, pai. Esqueci como ser uma Sterling. Passei tempo demais fingindo ser uma Renegada fraca."

Papai sorriu. Era um sorriso aterrorizante.

"Começamos amanhã. Combate. Economia. Política. E... como usar a Voz."

*

*Um Ano Depois.*

Eu estava no escritório da cobertura da Sede Global da Sterling em Nova York. Os últimos doze meses foram um borrão de exercícios de combate extenuantes, aquisições corporativas de alto risco e o domínio da magia antiga da minha linhagem. A garota fraca que implorava em uma jaula se foi, substituída por algo mais frio. Mais afiado.

Meu reflexo no vidro mostrava uma mulher que eu mal reconhecia. Terno sob medida afiado. Saltos agulha que poderiam servir como armas. Cabelo branco estilizado em um corte chanel elegante.

Na tela da TV, um âncora de telejornal falava.

"Notícia de última hora: A Alcateia Blackwood enfrenta a ruína financeira. Seu principal credor cobrou todos os empréstimos. O Alfa Damien Blackwood está desesperado por investidores."

Peguei o controle remoto e aumentei o volume.

Damien apareceu na tela. Ele parecia terrível. Magro, sem fazer a barba, com olheiras profundas. Ele segurava uma foto.

Uma foto minha. A antiga eu. A Elena "Renegada".

"Se alguém viu esta mulher", implorou Damien para a câmera, a voz falhando. "Por favor. Ela é minha Luna. Pagarei qualquer coisa. Só a quero de volta."

Tomei um gole do meu vinho tinto.

"Senhorita Sterling?" meu assistente chamou pelo interfone. "A delegação da Alcateia Blackwood está aqui para a reunião de aquisição. Eles estão esperando na Sala de Conferências B."

Sorri. O sorriso não chegou aos meus olhos.

"Mande-os entrar", disse eu. "E diga à segurança para recuar. Quero lidar com isso sozinha."

Coloquei a taça de vinho na mesa.

"Você quer sua Luna de volta, Damien?" sussurrei para a tela. "Cuidado com o que deseja."

Saí do escritório, meus saltos estalando como tiros no chão de mármore.

Era hora de caçar.

                         

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