Capítulo 5 Você mesma subiu na cama

Depois de tomar banho, Cole colocou seu pijama e se acomodou, se esticando como se fosse o dono da cama. O nó da camisa do pijama ficou solto, expondo o suficiente do seu peito definido e do seu tronco esguio a ponto de parecer que foi de propósito. Diante dessa cena, era difícil desviar o olhar.

Pela forma ousada como ele a provocou mais cedo, Elliana começou a se perguntar se ele estava fazendo isso de propósito, para tentar seduzi-la.

Por um instante, ela ficou sem palavras. Quando eles se conheceram, ela havia achado que ele era distante e arrogante, mas nessa noite, ele estava longe de ser reservado.

Os olhos de Cole permaneceram fixos nela, observando cada pequena mudança em sua expressão como se ele estivesse tentando ler sua mente.

Para ele, havia algo magnético em Elliana. Em um momento, ela era puro charme e delicadeza. No outro, ela se iluminava com fogo e atitude. E então, de repente, ela se apresentava com um encanto discreto e gracioso. Cada transformação fazia o coração de Cole bater mais rápido. Ele começou a se perguntar que tipo de mulher se escondia por trás de toda aquela maquiagem horrível e o quão deslumbrante ela poderia ser de verdade.

As pessoas costumavam tratá-lo como se ele fosse esculpido em mármore, como se fosse uma figura perfeita em um pedestal. Mas, no fundo, ele era apenas um homem que apreciava a beleza - e um pouco de fogo para acompanhá-la. Para a sorte dele, a mulher com quem ele se casou por acaso poderia ser exatamente o que ele sempre quis.

Cole se deu conta de outra coisa. Quando se tratava de qualquer assunto íntimo, Elliana era completamente ingênua, ficava vermelha e constrangida assim que as coisas tomavam um rumo minimamente provocante. Nesse momento, o impulso familiar de provocá-la surgiu mais uma vez. Dando um tapinha no espaço vazio ao seu lado, ele disse: "Querida, venha para a cama."

Atônita, Elliana piscou. Será que ele estava falando sério sobre dividir a cama? Um sorriso incrédulo surgiu em seus lábios. Ele achava mesmo que conseguiria dormir olhando para a maquiagem horrível dela? Ele não estava nem um pouco com medo de que ela assombrasse seus sonhos?

Ao invés de chamá-lo de louco, ela se calou, decidindo que era mais sensato não cutucar a fera, a menos que fosse necessário. Com um sorriso forçado, ela disse: "Bom, o que acha de conversarmos um pouco?"

Cole arqueou uma sobrancelha. "Sobre o que exatamente você quer conversar? Sobre a forma como você enganou todos na família Jones?"

Sem se intimidar, Elliana retrucou: "Ou talvez sobre como você se preparou psicologicamente para se casar com alguém que nem suporta antes de ir para a residência da família Jones..."

Os olhos de Cole se estreitaram enquanto ele a observava, parada ali calmamente. Será que ela realmente havia percebido o quanto ele odiava Paige?

Um sorriso lento e perspicaz surgiu nos lábios de Elliana. Ela havia notado vários detalhes na propriedade dos Jones. Ela se lembrava de como Cole havia afastado sutilmente o braço quando Paige se agarrou a ele. Sua expressão não se suavizou nem por um momento quando Paige abriu o berreiro - pelo contrário, seus olhos brilhavam com nada além de uma frieza zombeteira.

Além disso, pouco antes de partirem no helicóptero, ele trocou de terno e jogou o que Paige havia tocado no lixo sem hesitar. Isso não era uma simples antipatia. Era uma repulsa crua e profunda.

Desde então, uma única pergunta não saía da mente de Elliana: Se ela não tivesse interferido, Cole teria realmente se casado com Paige?

Elliana propôs: "Que tal um acordo? Manterei suas admiradoras irritantes longe de você e, em troca, você não se intrometerá na minha vida. Assim que esclarecermos como nos casamos, eu vou embora. Justo?"

Para ela, isso parecia justo - um acordo claro que beneficiaria os dois. Ela esperava pelo menos um aceno de cabeça. Em vez disso, Cole se jogou na cama, fechou os olhos como se ela não existisse e apagou as luzes sem nem sequer olhar em sua direção.

Contendo um xingamento, Elliana foi em direção ao sofá, batendo a canela na quina dele no escuro. Ela se jogou nas almofadas, irritada demais para se preocupar em tomar banho.

Horas se passaram em silêncio. Elliana adormeceu profundamente.

Em algum momento no meio da noite, Cole abriu os olhos e saiu da cama. Guiado pela luz fraca da lua, ele atravessou o quarto e parou na frente dela, apenas a observando.

O ar carregava um toque do cheiro de Elliana - limpo e natural, sem perfume. Ele entrou em seus pulmões, deixando um conforto tranquilo e inesperado.

A mente de Cole voltou à sensação dela contra ele mais cedo. Ela era tão macia, seu corpo flexível, e sua cintura fina se encaixava na palma da mão dele como se pertencesse àquele lugar.

Sua mão pairava a centímetros do rosto dela, e a vontade de tirar a maquiagem pesada aumentava a cada segundo. Mas, quando ele se aproximou, ela se mexeu ligeiramente. Assustado, ele se afastou e voltou para a cama em silêncio, fechando os olhos e fingindo dormir como se nada tivesse acontecido.

Droga. Ele não queria admitir, mas uma parte dele estava genuinamente com medo de que ela o pegasse no flagra.

Na manhã seguinte, Elliana se virou no colchão macio e acordou se sentindo inesperadamente descansada. Ela achou que passaria a noite toda se revirando num lugar desconhecido, mas, em vez disso, apagou como se alguém tivesse apertado um botão.

Quando ela abriu os olhos, a primeira coisa que viu foi Cole, já vestido, sentado na beirada da cama e a observando como se ela fosse um mistério que ele não conseguia desvendar.

Elliana piscou, atordoada e desorientada. A última coisa de que se lembrava era de ter adormecido no sofá. Então, por que estava acordando na cama? O pânico se instalou rapidamente. Sentando-se, ela verificou suas roupas. O agasalho preto ainda estava em seu corpo, limpo e intacto. Um suspiro escapou antes que ela pudesse contê-lo.

Assim que a tensão começou a diminuir, uma nova surgiu: Cole era claramente capaz de qualquer coisa, e isso a assustava mais do que ela gostaria de admitir.

Elliana costumava confiar em seus instintos. Eles a salvaram mais de uma vez. Mas, de alguma forma, ele a havia movido enquanto ela estava apagada, e ela não sentiu nada. Qualquer que fosse o truque que ele usou, funcionou, e ela sabia que precisaria ficar em guarda a partir de agora.

Como se estivesse lendo sua mente, Cole soltou um suspiro dramático, seu tom carregado de uma falsa inocência ao dizer: "Querida, você mesma subiu na cama."

Elliana estreitou os olhos, sem acreditar em uma única palavra dele.

Os olhos de Cole brilharam enquanto ele arqueava uma sobrancelha e sorria. "Na verdade, você não parou por aí. Você me despiu, se aconchegou em mim, colocou a mão no meu peito e sussurrou coisas doces como 'querido'...

" "Cale a boca!" Elliana gritou, sua raiva explodindo antes que ela pudesse contê-la. Ela conseguia lidar com ele sendo um paquerador convencido. Mas inventar mentiras só para mexer com ela? Isso era passar dos limites.

Ainda com aquele sorriso, Cole estendeu a mão e lhe entregou seu celular. "Gravei alguns vídeos. Se acha que estou mentindo, vá em frente e assista você mesma..."