Traição do Marido, Veneno Mortal
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Capítulo 4

"Eu nunca te amei, Heloísa!", a voz de Danilo ecoou atrás de mim, como um golpe final.

Suas palavras me atingiram como uma lâmina afiada, perfurando o que restava do meu coração. Mas a dor não era mais aguda. Apenas um entorpecimento. Eu já sabia disso.

Eu não precisava que ele me humilhasse assim.

Minhas pernas vacilaram, mas Gabriel me segurou. Ele me abraçou, uma âncora em meio ao turbilhão.

Quando chegamos ao carro, uma tosse violenta me sacudiu. Sangue. Escorreu pelos meus lábios, manchando a janela do carro.

Gabriel limpou meu queixo, o pânico em seus olhos. "Heloísa! Você está sangrando! Temos que ir para o hospital agora!"

"Estou bem, Gabriel", eu sussurrei, tentando acalmá-lo.

Não sei quanto tempo fiquei inconsciente.

Quando abri os olhos novamente, Gabriel estava sentado ao lado da cama, as costas curvadas, o rosto enterrado nas mãos. Ele chorava.

"Gabriel?", eu tentei chamá-lo, mas ele não se moveu.

Eu me aproximei, minha mão estendida. Tentei tocá-lo, mas minha mão passou diretamente através dele.

Com um choque gelado, eu me virei para a cama.

Lá estava eu. Deitada imóvel, pálida, meus olhos fechados.

Eu estava morta. Eu era um espírito.

Nos dias seguintes, eu segui Gabriel. Ele estava exausto, mas determinado.

Ele ligou para meus pais. Organizou meu funeral.

Minha mãe desabou ao ver meu corpo. Meu pai, em uma única noite, ficou com os cabelos brancos.

Uma culpa profunda me invadiu. Eu deveria ter passado mais tempo com eles. Nos últimos três anos, eu só pensava em Danilo. Eu os havia negligenciado.

Na noite anterior ao funeral, Gabriel estava sentado ao lado do meu caixão. Ele não conseguia dormir.

Seus olhos estavam vermelhos e inchados, olheiras profundas marcavam seu rosto.

"Me desculpe, Heloísa", ele sussurrou para o caixão, sua voz embargada. "Por ele. Danilo e Alessandra... eles estão em uma viagem de lua de mel."

Eu sorri, um sorriso triste. Eu deveria ter esperado algo assim. Não havia mais nada para me chocar. Eu não o odiava mais. A raiva se dissipou com a morte.

Eu me lembrei daquele dia fatídico. Quando o vi pela primeira vez. Meu coração havia disparado.

O telefone de Gabriel tocou. Era Danilo.

Gabriel atendeu, a voz tensa. Danilo estava convidando-o para ser seu padrinho de casamento.

Um silêncio pesado tomou conta do quarto.

"Eu entendo se você não quiser, Gabriel", a voz de Danilo podia ser ouvida do telefone. "Eu sei de sua amizade com Heloísa."

Gabriel olhou para o caixão, um sorriso amargo em seus lábios. "Eu aceito. Eu serei seu padrinho."

Ele desligou o telefone. "Casamento e funeral no mesmo dia. Que ironia."

Minha alma foi perfurada pela notícia. Mesmo na morte, a dor persistia.

No dia seguinte, Gabriel estava no casamento. Terno preto, óculos escuros. Depois, ele iria para o meu funeral.

Eu o segui.

O local do casamento estava ricamente decorado. Flores por toda parte, luzes cintilantes.

Eu me lembrei do meu casamento. Simples, discreto. Quase vergonhoso.

É a diferença entre ser amado e não ser, eu pensei.

A presença de Gabriel chamou a atenção.

Danilo se aproximou, a testa franzida. "Gabriel, o que são essas roupas? E esses óculos?"

"Eu não tive tempo de trocar", Gabriel respondeu, a voz rouca. "Depois de ser seu padrinho, eu tenho que ir para o funeral de Heloísa."

Ele tirou os óculos. Seus olhos estavam injetados de sangue, inchados.

                         

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