Noiva Abandonada, Herdeira Renascida
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Capítulo 3

Eu me virei lentamente, o coração martelando no peito, uma dor lancinante me rasgando por dentro. Era uma dor que irradiava das palavras dela, do olhar de Rodolfo, da traição que se desenrolava diante de mim.

"Você quer o colar, Susana?" Minha voz saiu num sussurro perigoso.

Minhas mãos tremiam enquanto eu sentia o peso do colar em meu pescoço. Não era apenas uma joia. Era a materialização do nosso amor, daquele dia em Angra dos Reis, há cinco anos. Rodolfo e eu éramos loucos por mergulho, e descobrimos uma joalheria que vendia peças únicas com pedras brasileiras. Eu me apaixonei por aquele colar. A Turmalina Paraíba. Rodolfo prometeu que seria meu.

Ele me deu o colar em uma noite estrelada, na praia, a brisa suave beijando nossos rostos. Ele se ajoelhou, o colar brilhando à luz da lua.

"Beatriz, meu amor, este colar é como o nosso amor. Raro, único, eterno. Eu te amo, e quero passar o resto da minha vida com você."

Eu o beijei, as lágrimas escorrendo. Eu acreditei nele. Acreditei em cada palavra.

Susana sabia disso. Ela sempre quis o meu colar. Ela sempre quis a minha vida.

Ela tinha tentado persuadir Rodolfo a comprá-lo para ela muitas vezes, antes de ele me conhecer, antes de ela o trocar pelo irmão mais rico e poderoso dele. Mas ele sempre recusava. Até agora.

Eu olhei para Rodolfo. Ele desviou o olhar, a culpa estampada em seu rosto. Ele sabia o que Susana estava fazendo. Ele sabia o que aquele colar significava para mim. E ele estava deixando isso acontecer.

"Você realmente quer que eu desista de tudo, Rodolfo?" Minha voz estava baixa, mas nítida. Ele não fez contato visual. Ele não respondeu. Apenas um aceno quase imperceptível. Meus pulmões queimaram.

Aquele aceno foi a permissão que Susana precisava. Seu sorriso se alargou.

"Rodolfo tem que pensar no futuro dele, Beatriz. E no do nosso filho. Você não faria o mesmo?"

Eu ri. Uma risada amarga, que não vinha da alegria, mas da mais profunda tristeza.

Meus dedos tremeram enquanto eu desabotoava o fecho do colar. Senti o frio do metal contra minha pele. Era como se eu estivesse arrancando um pedaço da minha alma.

Eu entreguei o colar a Susana. Ela o pegou com um sorriso vitorioso, seus olhos brilhando com malícia. Ela o colocou no pescoço, o azul vibrante da pedra contrastando com o seu vestido branco.

"Combina com você, Susana" , eu disse, a voz vazia. "Afinal, você sempre gostou de coisas que não são suas."

Ela me olhou com raiva, mas eu não me importei. A humilhação estava completa.

Eu me virei, peguei a mão de Liz e saí da sala. Rodolfo estava lá, parado, assistindo a tudo. Ele não disse uma palavra. Ele não fez um movimento. Ele era um covarde.

Eu o deixei para trás, no meio daquela festa falsa, com suas mentiras e sua ambição.

Quando chegamos ao nosso quarto, Liz chorava descontroladamente. Eu a abracei, tentando sufocar meus próprios soluços.

"Mamãe... a gente vai embora? Para onde a gente vai?"

Eu a aninhei em meus braços.

"Sim, meu amor. Nós vamos. Para um lugar onde somos amadas. Para um lugar onde somos respeitadas."

Ela ergueu o rosto, as lágrimas ainda escorrendo.

"Mas... o papai não vai com a gente?"

Meus olhos se fecharam em agonia. Eu queria ela só para mim. Mas como eu poderia arrancar o pai dela de sua vida? Eu não podia.

"Liz, o papai tem que ficar aqui. Ele tem uma nova família. Mas você terá uma nova família também. Uma família que te ama e te protege."

Ela soluçou, agarrando-se a um coelho de pelúcia que Rodolfo lhe dera no ano passado.

"Eu só queria que o papai estivesse no meu aniversário. Ele prometeu."

Meu coração se apertou. O aniversário de Liz era em uma semana. Eu tinha certeza que Rodolfo esqueceria.

"Ele vai estar, meu amor. Eu prometo." Menti.

Ela olhou para mim, os olhos ainda vermelhos.

"Eu não quero chamar ele de 'tio' . Eu quero chamar ele de papai."

Eu a abracei com mais força.

"Tudo bem, meu amor. Por enquanto. Mas se ele não vier ao seu aniversário, você promete que vai chamá-lo de 'tio' ?"

Ela assentiu, a voz abafada.

Eu sabia que estava fazendo a coisa certa. Mas a dor era insuportável.

Eu mandei uma mensagem para Rodolfo, lembrando-o do aniversário de Liz. Sabia que ele não responderia. E ele não respondeu.

No dia do aniversário de Liz, ela acordou cedo, os olhos brilhando. Ela vestiu seu vestido favorito, o cabelo cuidadosamente penteado.

"Mamãe, você acha que o papai vai gostar do meu vestido? Ele vai trazer um bolo?"

Eu a abracei, sentindo uma pontada de culpa.

"Tenho certeza que sim, meu amor. Tenho certeza que ele virá." Eu lhe dei um beijo na testa, sabendo que estava mentindo.

Minha mensagem para Rodolfo, enviada há dois dias, ainda estava sem resposta.

Horas se passaram. Liz brincou com seus brinquedos, mas seus olhos continuavam fixos na porta. O sorriso em seu rosto foi murchando aos poucos.

"Mamãe... o papai não vem, vem?" A voz dela era um sussurro.

Eu não pude responder. Ela estava certa. Ele não viria.

Liz baixou a cabeça.

"Tudo bem, mamãe. Ele deve estar muito ocupado com a... a tia Susana."

A palavra "tia" saiu com dificuldade, mas ela disse. Meu coração se partiu em mil pedaços. Ela estava aceitando que não era importante. Ela estava aceitando a rejeição.

Uma fúria fria se acendeu em mim. Eu senti a raiva subir pela minha garganta, queimando em meu peito. Eu peguei meu celular e abri o aplicativo de mensagens. Digitei furiosamente: "Como você pôde? Como você pôde fazer isso com a sua própria filha?"

Meus dedos pairaram sobre o botão de enviar.

Então, uma nova mensagem apareceu na tela. Era do número da casa dos De Melo. "Venha para a sala principal. Imediatamente."

            
            

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