O Anel Que Nunca Foi Nosso
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Capítulo 6

(Carolina Girão POV)

Meu sangue gelou. Ali estava, exposto para ele, o segredo que eu tentara guardar a qualquer custo.

"Por que você está futucando nas minhas coisas, Miguel?" Eu perguntei, a voz tremendo de raiva e medo. "Eu tenho vinte anos! Eu tenho direito à minha privacidade!"

A raiva nos olhos de Miguel queimou ainda mais forte. Ele se levantou abruptamente e, com um movimento violento, derrubou um cinzeiro de cristal da mesa, que se estilhaçou no chão. O som agudo ecoou na sala, e eu pulei, meu corpo encolhendo.

Adriana, que até então estava em silêncio, sentada elegantemente no sofá, se levantou e se aproximou de Miguel, colocando a mão em seu braço.

"Querido, por favor, se acalme," ela disse, sua voz suave, mas seus olhos brilhavam com uma satisfação maliciosa. "Eu... eu só estava preocupada com Carolina. Eu entrei no quarto dela para ver se ela estava bem. E aí... eu encontrei os papéis."

Ela me olhou, e um sorriso vitorioso brincou em seus lábios. "Eu estava preocupada com você, Carolina. Entendi que você não queria que Miguel soubesse sobre seus problemas de saúde."

Problemas de saúde? Ela sabia que era câncer. Ela estava mentindo. Eu havia escondido aquele relatório em um lugar que ninguém encontraria, em uma gaveta secreta que só eu conhecia. Ela devia ter vasculhado tudo para encontrá-lo.

"Mas, Miguel," Adriana continuou, voltando-se para ele, "você não acha estranho? Esses relatórios... eles parecem tão falsos. Ninguém tem um tumor cerebral e ainda está correndo por aí, agindo como se estivesse perfeitamente bem. Eu acho que ela só quer chamar sua atenção."

Eu vi o olhar de Miguel. A raiva ainda estava lá, mas agora misturada com uma pontada de desconfiança e descrença. Ele não acreditava em mim. Ele nunca acreditou. Ele pensava que eu estava inventando uma doença para conseguir sua atenção, para separá-lo de Adriana. A dor em meu peito era quase tão forte quanto a física.

"Não, Miguel. Não é falso. É real," eu sussurrei, as lágrimas voltando aos meus olhos.

Mas já era tarde demais. Eu vi em seus olhos que ele já tinha decidido o que pensar. Ele me via como uma manipuladora, uma mentirosa.

"É uma brincadeira, não é, Carolina?" Miguel disse, sua voz baixa e perigosa.

Eu balancei a cabeça, incapaz de falar. Eu não podia mais mentir. Mas também não podia dizer a verdade. Se eu dissesse a verdade, ele se sentiria culpado. E eu não queria que ele carregasse esse fardo.

Eu assenti lentamente. "Sim, Miguel. É uma brincadeira. Eu... eu só queria ver se você se importava."

Ele se levantou de novo, a fúria em seus olhos me fez recuar.

"Vamos para o hospital, agora!" Ele ordenou, sua voz trovejar.

Eu tentei protestar, mas ele me deu um olhar tão frio e intimidador que eu me calei. Eu sabia que não havia escapatória. Eu seria exposta, humilhada, e ele acreditaria ainda mais nas mentiras de Adriana.

A noite avançava quando chegamos ao hospital. Miguel já havia ligado para o diretor, e uma equipe de médicos nos esperava. Eu fui submetida a uma bateria de exames, como se fosse um experimento científico. Horas se passaram, e eu não sentia nada além de um vazio entorpecedor.

Enquanto esperava, eu me perguntava se, no fundo, Miguel sentiria alguma tristeza se descobrisse que eu estava mesmo morrendo. Ou se ele apenas sentiria alívio por se livrar de um fardo.

O médico finalmente apareceu, com uma pasta na mão. Ele olhou para Miguel, depois para mim, e finalmente para Adriana.

"Os resultados estão aqui," ele disse. "Carolina Girão está perfeitamente saudável. Não há nenhum sinal de tumor cerebral ou de qualquer outra doença grave."

Eu arregalei os olhos, chocada. Como é possível? Meu médico, Dr. Oliveira, havia confirmado meu diagnóstico.

Eu me virei para Adriana, e a vi suspirar de alívio. Ela me lançou um sorriso vitorioso.

"Eu sabia!" Ela disse, exultante. "Era tudo uma brincadeira, não era, Carolina? Para chamar a atenção de Miguel."

Miguel olhou para mim, sua expressão indecifrável. Seus olhos varreram meu rosto pálido e cansado. Ele me olhou de cima a baixo, e eu senti um calafrio. Ele não disse nada, mas eu podia sentir seu olhar em mim, como uma acusação silenciosa.

                         

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