A Vingança do Cientista: Nova Vida
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Capítulo 3

Ponto de Vista de Ayla Tavares:

Meu coração saltou, um lampejo de esperança em meio à desolação. Seria Henrique, de alguma forma sabendo que eu precisava dele? Ou Mariana, minha sempre leal assistente?

Virei a cabeça em direção à porta, uma súbita onda de adrenalina percorrendo meu corpo.

A porta se abriu lentamente, revelando uma figura apoiada pesadamente no batente. Amanda Rangel. Seu rosto estava pálido, quase translúcido, seus olhos sombreados. Ela parecia frágil, genuinamente fraca.

"Caio, querido... eu não conseguia dormir sem você." Sua voz era um sussurro suave e trêmulo, como uma flor murcha buscando a luz do sol. "Posso entrar?"

O rosto de Caio, que estava congelado em uma máscara de raiva e confusão pela minha declaração de divórcio, suavizou-se instantaneamente. Seus olhos, momentos antes frios e distantes, agora se encheram de uma preocupação quase frenética.

Ele saltou da minha cabeceira, correndo para o lado de Amanda. "Amanda, meu amor! O que você está fazendo fora da cama? Você não deveria estar andando por aí. Você ainda não está bem."

Ele a envolveu com os braços, puxando-a para perto, um abraço terno que revirou meu estômago. Ele embalou sua bochecha, seu polegar acariciando suavemente sua têmpora. "Você me assustou, andando por aí assim."

A amargura subiu pela minha garganta. Seu amor por ela era tão palpável, tão consumidor. A mesma intensidade apaixonada que ele um dia reservou para mim. Era transferível. Replicável. Meu coração, já uma bagunça fraturada, sentiu um clique frio e final.

"Saiam," eu disse, minha voz plana, desprovida de emoção. "Vocês dois. Saiam do meu quarto."

Caio olhou para cima, seus olhos se estreitando. "Ayla, o que deu em você?"

Antes que ele pudesse continuar, uma figura apressada irrompeu pela porta, quase colidindo com Amanda. Era meu advogado, Dr. Fonseca, seu rosto corado, seu cabelo geralmente arrumado, desgrenhado.

"Dra. Tavares! Cheguei o mais rápido que pude!" ele ofegou, segurando uma pasta.

Caio e Amanda, surpresos com a súbita intrusão, recuaram. Amanda gemeu, pressionando-se ainda mais contra o lado de Caio.

Eu me levantei, arrancando o soro com um movimento rápido e decisivo. Uma pequena gota de sangue brotou na minha pele, mas eu a ignorei. Balancei minhas pernas para fora da cama, plantando meus pés descalços firmemente no chão frio. Cada passo era um testemunho da minha resolução.

"Dr. Fonseca," eu disse, minha voz mais clara agora, mais forte. "Os papéis, por favor."

Ele rapidamente me entregou uma pasta grossa. Continha a petição de divórcio e outra coisa - um documento delineando um acordo de investimento substancial.

"Caio," eu disse, meu olhar inabalável enquanto encontrava seus olhos. "Você me deve isso. O capital de risco inicial que você investiu no meu laboratório. Você me prometeu dez milhões de reais adicionais em financiamento para os ensaios da Fase III, lembra? Considere este seu pagamento final."

Amanda ofegou, seu rosto pálido ficando ainda mais branco. "Dez milhões? Para o laboratório dela? Caio, você não pode!" Sua voz era estridente, tingida de uma ganância desesperada.

Eu sorri, um sentimento oco e amargo. "Ah, a estagiária acha que sabe o valor de uma pesquisa neurológica inovadora, é? Ou são apenas os zeros que te excitam, Amanda?" Meu olhar se voltou para Caio. "Não me diga que você não explicou a ela as complexidades da terapia de alvo avançada. Ou talvez ela esteja muito ocupada aprendendo a manipular homens para entender a ciência de verdade."

A testa de Caio franziu-se ligeiramente enquanto ele olhava para Amanda. Seus olhos, geralmente tão calculistas, agora estavam arregalados com uma avareza quase infantil, perdendo completamente o insulto.

Amanda, aparentemente alheia, agarrou-se a Caio. "Caio, ela está tentando se aproveitar de você! Ela é gananciosa! Ela sempre teve ciúmes de mim!" Lágrimas brotaram em seus olhos. "Ela quer me arruinar! E agora ela quer te arruinar também!"

Então, com um suspiro dramático, ela agarrou o peito. "Meu coração! Está começando de novo! Não consigo respirar! Ah, Caio, acho que vou desmaiar!" Ela balançou precariamente, seus olhos revirando. "É demais. O estresse. Não aguento! Acho que vou pular da janela!"

O rosto de Caio escureceu instantaneamente. Seu lampejo anterior de aborrecimento desapareceu, substituído por uma preocupação furiosa. Ele firmou Amanda, murmurando garantias. Então, seus olhos, ardendo de raiva, se voltaram para mim.

"Ayla, que diabos você está fazendo com ela?" ele rosnou. "Você está tentando matá-la? Peça desculpas. Agora."

Uma sensação fria e morta se espalhou pelo meu peito. Pedir desculpas? Para essa cobra manipuladora? Pela primeira vez, não senti nada. Nenhuma dor, nenhuma raiva, apenas um vazio arrepiante.

"Desculpas aceitas," eu disse, minha voz desprovida de calor. Empurrei a pasta nas mãos de Caio. "Assine isso. Agora. E depois saia da minha vida." Meu único desejo era cortar todos os laços, estar livre dessa farsa tóxica.

Caio encarou os papéis, sua mandíbula tensa. "Você acha que pode me ameaçar, Ayla?"

"Ameaçar?" Peguei a pasta de volta. "Tudo bem. Se você não vai assinar, eu vou para a imprensa. Com todas as provas do plágio da Amanda. E da campanha de cyberbullying que levou ao suicídio da minha irmã. Tenho certeza de que a mídia adoraria saber sobre o magnata da tecnologia que acoberta uma assassina." Meu dedo pairou sobre um contato no meu celular - um jornalista em quem eu confiava.

Os olhos de Caio se arregalaram, um lampejo de medo genuíno em suas profundezas. Ele pegou os papéis de volta, seu olhar alternando entre a petição de divórcio e o acordo de investimento. Por um momento, sua fachada perfeita rachou.

Eu o observei, meu coração martelando. Era isso. O momento da verdade.

De repente, Amanda gritou, agarrando o peito novamente. "Meu coração! Está muito ruim desta vez! Caio, acho que estou morrendo!" Ela começou a hiperventilar, seu corpo convulsionando. "Não consigo respirar! Me ajude!"

O foco de Caio voltou para ela. Seu rosto se contorceu de pânico. "Amanda! Meu Deus!" Ele procurou uma caneta, seus olhos ainda fixos nela. Ele rabiscou sua assinatura em ambos os documentos com uma mão trêmula, mal olhando o que estava assinando. Ele então pegou Amanda nos braços. "Estou levando ela para a UTI!"

Ele me fuzilou uma última vez, sua voz um rosnado baixo e furioso. "Não se atreva a tocá-la, Ayla. Não se atreva."

Então, ele se foi, carregando Amanda para fora do quarto, deixando para trás o cheiro de seu perfume e o fedor de sua traição.

Entreguei os documentos assinados ao Dr. Fonseca. "Obrigada," eu disse, minha voz tremendo. Estava feito.

"Dra. Tavares," disse o Dr. Fonseca, sua expressão grave. "Tem certeza disso? Sobre o divórcio? E... sobre interromper sua gravidez?"

Meu sangue gelou. Ele sabia sobre o bebê. Eu não tinha contado a ninguém.

"Sim," sussurrei, minha voz embargada por lágrimas não derramadas. "Tenho certeza. Não posso trazer uma criança para um mundo com um pai como ele. Uma criança que seria criada por um homem que protege uma assassina, uma criança cujo pai permitiria que sua amante destruísse o trabalho da vida de sua mãe." O pensamento por si só era insuportável. A pequena vida dentro de mim, perdida. Uma nova onda de dor me invadiu, mas estava misturada com resolução.

No dia seguinte, recebi alta do hospital. O primeiro lugar que fui foi meu laboratório. Meus dados. Minha pesquisa. Eu tinha que ver se algo poderia ser salvo.

O laboratório era um deserto estéril. Minha equipe, desmoralizada e derrotada, estava entre os servidores vazios e equipamentos quebrados. O canapé sujo de Amanda estava no chão, uma mancha zombeteira.

"Dra. Tavares!" Mariana correu até mim, seus olhos avermelhados. "Tudo se foi. Eles apagaram tudo. Tentamos recuperar, mas é completamente irrecuperável."

Meu coração afundou. Anos. Perdidos. Tudo.

Nesse momento, a porta se abriu com um estrondo. Amanda Rangel entrou saltitando, um sorriso brilhante e triunfante no rosto. Ela carregava uma bandeja de donuts e café.

"Bom dia, pessoal!" ela chilreou, sua voz enjoativamente doce. "O Caio disse que eu deveria trazer umas guloseimas para todo mundo que está trabalhando tanto! Está tão quieto aqui. Ah, a Dra. Tavares voltou?"

            
            

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