Meu Aniversário, Sua Traição Cruel
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Meu Aniversário, Sua Traição Cruel

Gavin
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Capítulo 1

No meu aniversário de 28 anos, meu namorado superstar, Caio, me deu um bolo. Ele precisava consolar sua colega de elenco, Késia. Algumas horas depois, vi a foto de paparazzi que encerrou nosso relacionamento de sete anos.

Caio estava em um bar mal iluminado, com o braço em volta de uma Késia com o rosto manchado de lágrimas, a cabeça dela em seu ombro.

Na manhã seguinte, eu o confrontei. Ele insistiu que era apenas "laboratório de personagem".

"Ela só estava bêbada", disse ele, passando a mão pelos cabelos. "Confessando os sentimentos dela pelo personagem."

Ele me chamou de dramática e paranoica por questioná-lo. Disse que eu estava jogando fora sete anos por causa de uma "foto idiota". Era a mesma tática de me fazer duvidar da minha sanidade que ele usava há anos, embrulhando sua infidelidade emocional em um lacinho bonito de "laboratório de personagem".

Mas, desta vez, eu não chorei. Senti uma calma repentina e gélida.

"Eu me arrependo de cada segundo que perdi te amando", eu disse a ele. "Acabou."

Capítulo 1

Alana POV:

O silêncio na casa enorme e vazia era um eco doloroso. Era um silêncio que eu costumava desejar, um respiro da agitação constante de São Paulo, das notificações implacáveis no meu celular, das exigências vertiginosas e exaustivas do universo em rápida expansão de Caio. Agora, era apenas pesado. Pressionava-me, um peso físico que eu carregava no peito todos os dias. Rolei o feed do meu celular, meu polegar pairando sobre o ícone do Instagram. Outra notificação. Outra enxurrada de comentários. Meu estômago se contraiu. Sempre se contraía.

Sua nova série no streaming tinha explodido. Da noite para o dia. Em um momento, Caio era aquele ator batalhador que eu amei por sete anos, aquele que encantava diretores de elenco e servia mesas apenas para perseguir um sonho. No seguinte, ele estava em toda parte. Seu rosto estava em outdoors, sua voz em todos os podcasts. E sua química na tela com Késia Prince, sua colega de elenco, era o assunto da internet. Eles os chamavam de 'CaioSia' – uma combinação que parecia revirar meu estômago.

Os comentários sob meu último post, uma foto perfeitamente inocente de um buquê que eu havia montado, eram brutais. "CaioSia para sempre!", dizia um. "Sai da frente, sua velha decrépita", outro despejava. "Você só está o atrasando." Senti meu rosto esquentar. Velha decrépita? Eu tinha vinte e oito anos. Não eram as palavras em si, não de verdade. Era o volume, o veneno, a maré implacável de opinião pública que estava lenta, mas seguramente, me afogando. Era como se eu estivesse assistindo à minha vida, meu relacionamento, sendo dissecado e julgado por milhões de estranhos, e eu era impotente para impedir.

Meu dedo tremeu. Eu queria deletar o aplicativo. Eu queria quebrar o celular. Eu queria desaparecer. Esta não era a vida para a qual eu me inscrevi. Este não era o homem por quem me apaixonei. Ele deveria ser meu. Ele deveria me proteger. Mas tudo o que ele fazia era dispensar minha dor, afastar minha ansiedade como uma mosca irritante.

Caio tinha acabado de entrar, seu rosto ainda corado do evento no tapete vermelho. Ele mal olhou para mim, jogando o paletó no sofá antes de ir para a geladeira. "O que há de errado agora, Alana?", ele perguntou, sua voz carregada de uma exaustão que parecia mais irritação. "Outro troll da internet te incomodando?" Ele nem se virou. Ele já estava tão longe, mesmo estando bem aqui.

"Eles estão me xingando, Caio", eu disse, minha voz fina, quase um sussurro. "Estão dizendo coisas terríveis. Eles querem que eu suma."

Ele finalmente se virou, uma maçã pela metade na mão. Ele olhou para mim, mas seus olhos estavam distantes, já planejando seu próximo movimento, sua próxima coletiva de imprensa. "São só fãs, amor", disse ele, seu tom desdenhoso. "Eles só estão envolvidos com a série. É preparação de personagem. Késia e eu somos muito bons no que fazemos. Eles não conseguem separar a ficção da realidade, é só isso." Ele deu outra mordida na maçã, como se essa conversa estivesse abaixo dele.

Senti um pavor gelado se instalar no fundo do meu estômago. Preparação de personagem. Esse era seu escudo. Essa era sua desculpa para tudo. Para os toques demorados, os olhares intensos, a maneira como ele ria com ela, uma risada genuína e desimpedida que eu não ouvia dele há meses.

Na semana passada, na grande coletiva de imprensa da série, Késia desabou em lágrimas, falando sobre o "fardo emocional" de seu papel. Caio, meu Caio, imediatamente a puxou para um abraço, acariciando seu cabelo, sussurrando palavras de conforto. As câmeras dispararam, os jornalistas rabiscaram. Ele a defendeu do "ódio online", sua voz ressoando com raiva justa. Mas quando eu estava sendo despedaçada online, ele me disse que eu estava "exagerando". O contraste foi um tapa na cara. Foi alto. Foi claro.

"O timing é tudo, não é?", Késia ronronou em um microfone naquele dia, seus olhos, suspeitosamente secos, desviando para Caio. A indireta pairava no ar, densa e sufocante. *Se ao menos tivéssemos nos conhecido em um momento diferente.* Era uma performance, eu sabia. Mas Caio, preso em sua órbita, desempenhou seu papel perfeitamente.

Naquela noite, meu aniversário, foi o golpe final e esmagador. Eu o esperei, um jantar tranquilo para dois, um bolo que eu assei com esmero. Ele ligou, sua voz apressada, dizendo que tinha que "consolar Késia", que estava "passando por algo muito difícil". Ele prometeu me compensar. Eu me agarrei a essa promessa, tolamente. Mas então, algumas horas depois, eu vi a foto. Uma foto borrada de paparazzi, mas inconfundível. Caio, em um bar mal iluminado, com o braço em volta de uma Késia com o rosto manchado de lágrimas, a cabeça dela em seu ombro. A boca dela se movia, uma confissão desesperada, eu tinha certeza. Seus olhos, no entanto, estavam fixos nela, cheios de uma ternura que eu não via dirigida a mim há muito tempo. Meu bolo ficou na bancada, sua cobertura de creme derretendo lentamente, desmoronando sobre si mesma, assim como meu coração.

Na manhã seguinte, eu o confrontei, a foto brilhando na tela do meu celular. Ele pareceu genuinamente surpreso, depois rapidamente defensivo. "Não é o que você pensa, Alana! Ela estava só... bêbada. Confessando os sentimentos dela pelo personagem."

"Pelo personagem dela?" Minha voz era plana, desprovida de emoção. Eu sabia que não era. Eu sentia nos meus ossos.

"Sim! Ela está tendo dificuldade em separar as coisas", ele insistiu, passando a mão pelos cabelos, um movimento típico de Caio quando estava encurralado. "Eu só estava sendo um bom colega de elenco, tentando ajudá-la. Sabe, laboratório de personagem."

"Laboratório de personagem?", repeti, as palavras com gosto de cinzas. "Ou só uma desculpa?"

Ele começou a discutir, a racionalizar, a usar todos os seus truques habituais. Mas eu não estava mais ouvindo. Tinha acabado. O amor, a confiança, o futuro que havíamos construído. Tudo isso, dissolvido em uma mentira amarga e teatral.

"Eu cansei", eu disse, minha voz calma, quase desapegada. Era uma sensação estranha, essa leveza repentina depois de tanto peso. "Acabou, Caio." As palavras saíram, simples e verdadeiras.

Ele me encarou, a boca ligeiramente aberta, como se eu tivesse falado em uma língua estrangeira. "Acabou? Do que você está falando? Você está seriamente jogando fora sete anos por causa de uma foto idiota e drama de fã? Você está sendo dramática, Alana."

"Dramática?", eu ri, um som curto e agudo. "Você quer saber por que eu cansei? Porque estou exausta. Estou exausta de sentir que estou constantemente competindo com um fantasma, com um personagem, com uma legião de fãs inteira. Estou exausta das suas desculpas, da sua manipulação e da sua infidelidade emocional embrulhada em um lacinho bonito de 'laboratório de personagem'."

Ele zombou, seus olhos endurecendo. "Infidelidade emocional? Alana, você está sendo ridícula. Somos atores. Nós borramos as linhas. É o que fazemos. Você sempre foi tão insegura, tão grudenta. Este é apenas mais um dos seus episódios."

Ele jogou uma palavra em mim, uma palavra que ele usou inúmeras vezes para me controlar, para me diminuir: "Paranoica."

"Sim", admiti, uma calma estranha me invadindo. "Eu era paranoica. Eu era insegura. Porque você me tornou assim. Porque você alimentou cada uma das minhas questões de abandono até que se tornaram um monstro que me engoliu por inteiro. E você ficou parado assistindo, ou pior, você o alimentou."

Ele parecia genuinamente confuso, sua máscara de ator finalmente escorregando um pouco. "O que você está dizendo? Eu te amo. Sempre amei."

"Não", contestei, balançando a cabeça. "Você ama a ideia de mim. Você ama o conforto de me ter aqui, esperando nos bastidores enquanto você persegue seus sonhos. Mas você não me vê de verdade, Caio. Você não me vê há muito tempo."

Ele abriu a boca para protestar, mas eu apenas o encarei, meu olhar firme. O silêncio se estendeu entre nós novamente, mas desta vez, era diferente. Desta vez, era o som de uma porta se fechando.

"Eu me arrependo de cada segundo que perdi te amando", eu disse, as palavras cortando o ar. "Nós terminamos."

            
            

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