Isso era ridículo. Eu não ia implorar. Eu era Caio Sheppard, uma estrela em ascensão. As pessoas imploravam para mim. Mas o pensamento dela, tão fria, tão distante, se afastando de mim, de nós, era uma pílula amarga que eu não conseguia engolir. Não. Eu não a deixaria simplesmente ir embora. Não assim.
Eu sabia que ela ainda estava em São Paulo. Ela não poderia ter partido ainda. Lembrei-me do hospital em que ela esteve. Minha mente correu, tentando descobrir o horário de sua consulta. Ela sempre foi tão particular com sua agenda. Engatei a ré e acelerei para fora do estacionamento do hospital, meu destino claro. Eu ia encontrá-la. Eu ia fazê-la ouvir.
A sala de espera estava surpreendentemente silenciosa para um hospital. Alguns pacientes sentados espalhados, perdidos em seus próprios mundos, olhando para seus celulares ou folheando revistas. Era quase... privado. Sem paparazzi. Sem fãs curiosos. Bom. Esta era uma conversa que precisava acontecer apenas entre nós.
Então eu a vi. Sentada em uma cadeira de canto, de costas para a parede, segurando aquele mesmo buquê de flores. Ela parecia menor, mais frágil do que eu me lembrava do corredor. Meu peito se apertou. E se ela estiver realmente doente? O pensamento, indesejado e aterrorizante, surgiu.
Aproximei-me dela com cautela, meus passos abafados pelo carpete macio. "Alana", eu disse, minha voz mais suave do que eu pretendia.
Ela olhou para cima, seus olhos se arregalando por uma fração de segundo antes de se fecharem, tornando-se vazios novamente. "O que você está fazendo aqui, Caio?", ela perguntou, sua voz plana.
Estendi a mão, minha mão instintivamente indo para o cabelo dela, um gesto que eu fiz mil vezes antes. "Eu sabia que você ainda estava aqui", eu disse, tentando um tom casual e tranquilizador. "Vim para ter certeza de que você estava bem. E para finalmente te trazer à razão."
Ela se encolheu, recuando do meu toque. "Eu não estou aqui para você 'me trazer à razão', Caio. E certamente não estou aqui porque estou esperando por você." Sua voz era firme, inabalável. Era perturbador.
Soltei um suspiro frustrado. "Vamos, Alana. Não seja assim. Eu sei que você ainda está brava com a Késia, com a coletiva de imprensa. Eu te disse, é só trabalho. Laboratório de personagem." Vi seus olhos se estreitarem, um lampejo do fogo antigo. "Você só está com ciúmes, amor. Acontece. Mas você não precisa terminar comigo por causa disso." Tentei um sorriso brincalhão, meu charme habitual. "Você está realmente aqui para 'ver como eu estou' ainda? Você sempre foi do tipo ciumenta."
Seu olhar era frio, inabalável. "Estou aqui por um assunto pessoal muito importante, Caio. Nada a ver com você ou sua... colega de elenco." Ela gesticulou vagamente em direção ao corredor, uma pitada de desdém em sua voz.
Minha paciência se esgotou. "Ah, 'assunto pessoal importante', é?", zombei. "E o que poderia ser mais importante do que nós? O que poderia ser tão urgente que você decide terminar comigo por mensagem de texto, e depois se recusa a atender minhas ligações?" Inclinei-me para mais perto, minha voz baixando. "Você só está jogando, Alana. Tentando me fazer correr atrás de você."
Nesse momento, uma voz ecoou de um alto-falante próximo. "Alana Diniz, sala 3B."
O nome dela. Meu olhar disparou para a tela acima da recepção. O nome dela estava lá, brilhando em letras brancas. E o departamento listado abaixo... Psiquiatria.
Meu coração disparou. Psiquiatria? Que diabos?
Ela se levantou, seu buquê de flores ainda em sua mão. Ela começou a andar em direção à sala 3B.
"Alana! Espera!" Avancei, agarrando seu pulso. Sua pele parecia fria, quase desapegada. "O que é isso? O que está acontecendo?" Minha voz estava rouca com um medo súbito e genuíno. A raiva, a frustração, tudo isso derreteu, substituído por um pavor gelado. "Por que você está em um psiquiatra? Você está... você está realmente doente?"
Ela não respondeu, apenas tentou puxar o pulso. Seus olhos, no entanto, continham um lampejo de algo. Resignação? Dor? Eu não conseguia dizer. Eu apenas sabia, instintivamente, que isso era muito mais sério do que um de seus "episódios". Isso era real. E eu, em minha busca egocêntrica pela fama, havia perdido completamente.
"Me diga, Alana", exigi, minha voz desesperada agora. "O que há de errado? Por que você não me contou?"
Mas ela apenas olhou para minha mão, depois para mim, seu rosto ilegível. A porta da sala 3B se abriu. Ela puxou o pulso com força, entrou e fechou a porta firmemente atrás de si. O clique da fechadura ecoou na sala de espera silenciosa, um som final e definitivo.
E eu fiquei lá, sozinho, com a sensação de que acabara de perder a única coisa que não podia me dar ao luxo de perder.