Meu Aniversário, Sua Traição Cruel
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Capítulo 2

Alana POV:

O rosto de Caio se contorceu, uma mistura de descrença e raiva. Ele parecia procurar algo em meus olhos, alguma rachadura em minha determinação, mas não havia mais nada. O poço estava seco. Eu havia derramado tudo nele por sete anos, e agora, eu era apenas um recipiente vazio. Ele começou a falar, a explicar, a oferecer as mesmas desculpas e justificativas vazias de sempre. Mas eu apenas balancei a cabeça, já me afastando.

Sua voz me seguiu, subindo em frustração. "Alana, espera! Vamos conversar sobre isso direito! Não seja assim! Você sempre fica assim!"

Eu não dignifiquei suas palavras com uma resposta, apenas continuei andando em direção ao quarto, meus movimentos rígidos e deliberados. Ele me alcançou, agarrando meu braço. Seu aperto era firme, familiar, mas desta vez parecia uma jaula. "O que é, então? Qual é o motivo real?", ele exigiu, sua voz baixa e ameaçadora. "Você não pode simplesmente jogar tudo fora por causa de uma briga imaginária!"

"Não é imaginária, Caio", eu disse, minha voz ainda estranhamente calma. Puxei meu braço, surpresa com minha própria força. "É real. Tudo isso. A negligência. A manipulação. A maneira como você me faz sentir como se eu fosse louca por ter emoções."

Ele passou a mão pelos cabelos, a testa franzida em exasperação. "Viu? É disso que eu estou falando! Você está sempre tão desconfiada, tão dramática. Você me faz sentir como se eu não pudesse respirar às vezes! Tudo o que você faz é reclamar do meu trabalho, dos meus colegas de elenco, dos fãs! Você não acha que isso coloca uma pressão tremenda em mim?"

Eu não respondi. Suas palavras apenas passaram por mim, sons sem sentido. Eu estava mentalmente marcando as caixas de suas táticas de manipulação habituais. Me tornando o problema? Confere. Se transformando na vítima? Confere. Me acusando de ser exigente e sem apoio? Triplamente confere.

Lembrei-me da live, apenas alguns dias antes do meu aniversário. Késia, chorando dramaticamente, enxugando as lágrimas, então Caio, se inclinando. Ele quase tocou o rosto dela, sua mão pairando, antes de recuar no último segundo, talvez se lembrando das câmeras. Ele se contentou com um tapinha reconfortante em seu cabelo. Os fãs, é claro, foram à loucura. "Caio quase enxugou as lágrimas dela! Tanta emoção crua!", eles gritavam nos comentários. Era tudo um show. Um show calculado e de partir o coração.

Eu estava farta do show.

Eu olhei para ele, realmente olhei para ele, e vi um estranho. O homem que eu amava se foi, substituído por uma caricatura de ambição e egocentrismo de Hollywood. Essa pessoa parada na minha frente, fazendo birra e se fazendo de vítima, não era o homem que me prometeu o mundo.

"Adeus, Caio", eu disse, virando as costas para ele para sempre. A finalidade das palavras pairava no ar.

Ele ficou lá, atordoado, por um momento. Então, seu rosto endureceu. "Tudo bem! Vá! Quando você se acalmar, vai ver como tudo isso é bobo!"

A porta se fechou atrás de mim. Eu não olhei para trás.

Eu tinha tentado. Deus, eu tinha tentado tanto. Eu me tornei uma especialista em minimizar minhas necessidades, em ser a "namorada que apoia" que nunca causava problemas. Minha vida inteira girava em torno de sua agenda, suas emoções, sua carreira.

Houve aquela vez, cerca de um ano atrás, quando ele estava filmando fora por três meses, mal ligando, mal mandando mensagens. Senti tanto a falta dele, meu peito doía. Senti falta do som de sua voz, da maneira como seus olhos se enrugavam quando ele ria. Então, planejei uma visita surpresa. Embalei meticulosamente seus biscoitos caseiros favoritos, sua marca preferida de café, um cachecol tricotado à mão para as noites frias no set. Eu até cronometrei meu voo ao minuto, garantindo que não interromperia sua programação de filmagens. Meu objetivo era simples: um abraço rápido, um "eu te amo" sussurrado, e então eu iria embora antes que alguém percebesse.

Mas o destino, ou talvez a retribuição cármica de Caio, tinha outros planos. Uma mudança repentina no tempo significou uma refilmagem de última hora de uma cena íntima crucial. Cheguei exatamente quando o diretor gritou "Ação!" e Caio e sua colega de elenco, não Késia, mas outra atriz, estavam presos em um abraço apaixonado, seus corpos entrelaçados em uma cama improvisada. Meus biscoitos, cuidadosamente arrumados em uma cesta, caíram no chão com um baque enquanto minhas mãos tremiam.

Caio me viu. Seus olhos, cheios do desejo simulado por sua colega de elenco, instantaneamente se encheram de fúria. O diretor gritou "Corta!" e todo o set ficou em silêncio.

Ele caminhou em minha direção, seu rosto uma máscara de raiva mal contida. "O que você está fazendo aqui, Alana?", ele sibilou, sua voz baixa e perigosa. O Caio calmo e composto, aquele que sempre encantava a todos, se foi. Este era o Caio que eu raramente via, aquele reservado exclusivamente para mim quando eu "passava dos limites".

"Eu... eu só queria te fazer uma surpresa", gaguejei, lágrimas ardendo em meus olhos. "Eu trouxe comida para você."

Ele olhou para os fragmentos de biscoito quebrados no chão, depois de volta para mim, seu lábio se curvando em desgosto. "Comida? Você acha que isso é um piquenique? Você acabou de arruinar uma tomada, Alana! Uma tomada cara! Você tem alguma ideia de quanto isso custa?" Ele gesticulou descontroladamente para o set ao redor, seus olhos em chamas. "Você é sempre tão carente! Não pode simplesmente me deixar trabalhar?"

Ele continuou gritando, suas palavras como punhais. "Você é sempre tão exigente! Não pode simplesmente confiar em mim?" Ele até chutou a cesta caída, fazendo uma garrafa de água rolar para longe. Os biscoitos, esmagados e borrados, pareciam meu coração.

A outra atriz, parecendo vagamente desconfortável, recuou rapidamente. A equipe desviou o olhar. Eu fiquei lá, totalmente humilhada, lágrimas escorrendo pelo meu rosto. "Você é um babaca, Caio!", finalmente engasguei, minha voz tremendo. "Um completo e absoluto babaca!"

"Ah, agora eu sou um babaca?", ele zombou. "Porque eu não quero minha namorada fazendo uma cena no meu set? Porque eu espero um pouco de profissionalismo? Sabe de uma coisa? Se você não consegue lidar com o meu trabalho, então talvez você não devesse estar aqui!"

"Então eu não vou estar!", gritei, virando e correndo, o som de seus gritos raivosos desaparecendo atrás de mim. Corri até meus pulmões arderem, até minhas pernas doerem, até não conseguir mais correr.

Naquele dia, fiz minhas malas. Eu estava farta. Mas então ele ligou. E ligou. E ligou. Ele apareceu na minha porta, parecendo arrependido, segurando uma única rosa murcha. Ele se ajoelhou, lágrimas nos olhos, implorando para eu ficar. "Eu não posso te perder, Alana", ele sussurrou, sua voz falhando. "Você é minha âncora. Meu tudo. Me desculpe. Eu estava estressado. Eu não quis dizer aquilo." Ele me beijou, forte e desesperado, silenciando meus protestos, envolvendo-me em um abraço sufocante que parecia tanto uma promessa quanto uma ameaça.

E como uma idiota, eu fiquei. De novo.

Ele tinha esse jeito de me fazer acreditar que eu era o problema. Minha "insegurança", minha "ansiedade", minha incapacidade de "entender as demandas de sua arte". Ele usava essas palavras como instrumentos contundentes, espancando minha autoestima até que eu estivesse machucada demais para revidar. Ele beijava minhas lágrimas com promessas vazias, depois me deixava para juntar os cacos da minha confiança despedaçada mais uma vez.

Mas desta vez, foi diferente. Desta vez, não houve lágrimas. Apenas uma certeza silenciosa e arrepiante. O ressentimento havia se solidificado em uma parede de concreto entre nós. Olhei para ele, sua boca ainda se movendo, ainda cuspindo justificativas, e não senti nada. Nenhuma raiva, nenhuma tristeza, nenhum amor. Apenas um vasto espaço vazio onde meus sentimentos costumavam estar. Foi como uma morte longa e arrastada. E agora, o cadáver estava finalmente frio.

"Não é você, Caio", eu disse, minha voz mal acima de um sussurro, mas firme. "É só... nós. Acabou."

Ele piscou, sua boca se fechando abruptamente. Ele parecia um peixe fora d'água, ofegando por um argumento, por uma maneira de me puxar de volta. Ele nunca me viu assim. Nunca me viu tão calma, tão desprovida de emoção. Isso o assustou, eu podia ver. Bom.

"Eu preciso que você vá embora", eu disse, gesticulando em direção à porta. "Eu não vou mais discutir. Não há mais nada a dizer."

Ele ficou lá por um longo momento, derrotado. Ele sabia, inconscientemente talvez, que desta vez era diferente. Desta vez, não havia mais luta em mim. E sem a minha luta, ele não tinha nada contra o que se opor.

Ele finalmente se virou, os ombros caídos, e saiu do apartamento que uma vez chamamos de lar. O silêncio que ele deixou para trás desta vez não era pesado. Era leve. Libertador. E totalmente, assustadoramente final.

            
            

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