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Ele Salvou Sua Amante, Não Sua Esposa
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Capítulo 2

Dante me encontrou no escritório na manhã seguinte.

Eu estava sentada na enorme poltrona de couro que costumava me engolir, me fazendo sentir insignificante.

Hoje, era apenas uma cadeira. Apenas um móvel.

"Eu soube do Luca", disse ele.

Ele não se sentou. Pairava perto da porta, mantendo uma distância clínica.

"É lamentável. Mas é uma lição sobre o estilo de vida. Ele foi descuidado."

"Lamentável", repeti.

A palavra tinha gosto de cinzas na minha língua.

"Você preparou um jato para a Sofia porque ela pulou o café da manhã", eu disse, minha voz firme. "No entanto, você deixou meu irmão ser torturado até a morte por causa de um tratado que você quebrou de qualquer maneira ao deixar a festa."

Dante suspirou, uma exalação pesada de um pai lidando com uma criança birrenta.

"Sofia é um Legado a ser Protegido. O sangue do pai dela comprou a minha vida. É uma questão de Honra, Elena. Você não entenderia."

"Honra", ecoei.

Eu me levantei.

Fui até a mesa de mogno e peguei um arquivo.

"Este é o pedido de transferência do Luca", eu disse, jogando-o na mesa. "Ele queria sair. Queria fazer faculdade de gastronomia. Você negou. Alegou que a Família precisa de soldados."

"E precisa", respondeu Dante, impassível.

"Você tem soldados suficientes", eu disse. "Você simplesmente não se importou o suficiente para salvar o que era meu."

Ele olhou para mim então.

Realmente olhou para mim.

Normalmente, quando discutimos, eu choro. Eu imploro. Peço a ele para me ver.

Hoje, meus olhos estavam secos como um deserto.

"Você está sendo emotiva", ele descartou. "Eu esperava mais compostura de uma Vitti."

"Eu não sou uma Vitti", afirmei friamente. "E certamente não sou uma Carvalho."

Passei por ele.

"Onde você vai?", ele exigiu.

"Tomar um banho. O cheiro da sua hipocrisia está impregnado em mim."

Lavei o cheiro da festa - e dele - da minha pele.

Esfreguei até minha carne ficar em carne viva e vermelha.

Quando finalmente desci as escadas, o aroma rico de alho e tomate permeava a casa.

Ensopado provençal.

Dante estava sentado na cabeceira da mesa.

Sofia estava sentada no meu lugar.

Ela usava um suéter de caxemira que parecia suspeitosamente com o que Dante havia 'perdido' no ano passado.

"Elena!", ela chilreou, sua voz irritantemente alegre. "Você está com uma aparência horrível. Tão pálida. Eu fiz o jantar. Dante disse que você estava chateada, então pensei em ajudar."

Ela serviu uma porção generosa de ensopado em uma tigela.

"Coma", ela insistiu. "É uma receita para confortar."

Eu encarei a tigela.

Pontos verdes flutuavam inocentemente no caldo vermelho.

Salsinha.

Eu tenho uma alergia severa a salsinha.

Causa anafilaxia.

Está anotado na minha ficha médica. Está em negrito na lista de contatos de emergência pregada com um ímã na nossa geladeira.

Dante sabe disso.

Ou pelo menos, eu disse a ele.

Cinco anos atrás. Quatro anos atrás. No mês passado.

"Eu não posso comer isso", eu disse.

"Ah, não seja rude", Sofia contrapôs, seus olhos se enchendo de lágrimas instantâneas e praticadas. "Passei horas fazendo isso. Meu pulso ainda está dolorido por causa do soro."

Dante ergueu os olhos do celular, irritado.

"Elena", ele avisou. "Coma um pouco. Por respeito. Sofia é uma convidada."

"Tem salsinha", eu disse.

"É só um temperinho", Dante retrucou. "Pare de ser difícil. Você está se envergonhando."

Ele não se lembrava.

Ele realmente não se lembrava.

Ele sabia a flor favorita de Sofia, seu pedido exato de café e a data exata da morte do pai dela.

Mas ele não conseguia se lembrar que sua esposa poderia morrer por causa de um tempero.

Algo dentro de mim se partiu.

Não foi um estalo alto.

Foi o som de uma amarra se rompendo no silêncio do espaço profundo.

Eu estendi a mão e empurrei a sopeira.

A pesada tigela de cerâmica virou.

O ensopado quente e vermelho espirrou pela mesa.

Atingiu a mão de Sofia.

Ela gritou.

Foi um respingo pequeno, mas ela gritou como se tivesse levado um tiro.

Dante ficou de pé em um piscar de olhos.

"Qual é o seu problema?", ele rugiu.

Ele pegou um guardanapo e limpou freneticamente a mão de Sofia, procurando por queimaduras que não existiam.

"Ela me queimou!", Sofia chorou, enterrando o rosto no peito dele. "Ela fez de propósito!"

Dante se virou para mim.

Seu rosto estava contorcido com uma fúria que eu nunca tinha visto direcionada a seus inimigos.

"Peça desculpas", ele ordenou. "Agora."

Eu olhei para ele.

Olhei para o homem que eu amava desde os vinte e dois anos.

"Não", eu disse.

"Elena", sua voz baixou uma oitava perigosa. "Peça desculpas a Sofia."

"Tomara que deixe uma cicatriz", eu disse.

Virei nos calcanhares e saí da sala de jantar.

Ouvi Dante a consolando atrás de mim.

"Está tudo bem, *pequena*. Ela está histérica. Ignore-a."

Fui para o quarto de hóspedes.

Tranquei a porta.

Eu não chorei.

Apenas encarei a parede e esperei pelo fim.

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