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A Esposa Indesejada Que Ele Despedaçou Na Chuva
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Capítulo 3

Gritos me arrancaram do sono.

Não era um pesadelo. Os sons crus e aterrorizantes eram reais, e ecoavam da sala de jantar.

Forcei-me a sair da cama. Meu corpo gritava em protesto, cada centímetro doendo da cirurgia do aborto, do empurrão, da chuva. Mover-se parecia caminhar através de uma lama pesada.

Lá embaixo, o pânico havia consumido a casa.

Leo estava ofegante, seu rosto inchado e manchado de vermelho, urticárias florescendo violentamente em seu pescoço. Era inconfundível - uma reação anafilática.

Elena gritava, apontando um dedo maníaco para a mesa. "Foi ela! Ela tentou matá-lo!"

Dante segurava o menino, gritando ordens para seus homens pegarem a epinefrina. Ele ergueu o olhar quando entrei cambaleando no cômodo. Seus olhos não eram humanos. Eram vazios de toda luz - os olhos do Ceifador.

"O que você colocou no mingau dele?", ele rugiu.

Fiquei parada no batente da porta, agarrando a madeira para não desabar. "Eu não estive na cozinha", gaguejei. "Eu estava dormindo."

"Mentirosa!", Elena gritou. Ela apontou um dedo trêmulo para mim. "Eu a vi! Eu a vi perto da despensa. Ela sabe que ele é alérgico a amendoim! Ela o quer morto porque não pode te dar um! Ela é estéril!"

A palavra me atingiu como um golpe físico. Estéril.

Como ela sabia? Eu ainda não tinha contado a Dante. Eu não tinha contado a ninguém.

Dante não pediu provas. Ele não chamou o chef. O medo por seu filho havia eclipsado toda a razão. Ele entregou o menino ofegante a um médico e marchou em minha direção.

Ele me agarrou pelos cabelos.

"Dante, por favor", ofeguei, arranhando seu pulso. "Verifique as câmeras."

"Eu confiei em você", ele cuspiu, sua voz um rosnado letal. "Eu te trouxe para minha casa. Eu te dei tudo. E você ataca uma criança?"

Ele me arrastou. Ele não me puxou para seu escritório. Ele não me levou para a porta da frente. Ele me levou para a pesada porta de ferro atrás da cozinha.

O Porão.

Era uma câmara de pedra úmida, construída durante a Lei Seca para esconder bebidas e, mais tarde, corpos. Inundava sempre que chovia.

"Dante, não", implorei, meus calcanhares derrapando inutilmente no chão. "Estou doente. Por favor."

Ele me jogou escada abaixo.

Caí na escuridão, meu corpo batendo contra a pedra fria antes de mergulhar em uns dez centímetros de água estagnada.

"Pense no que você fez", disse ele.

Ele bateu a porta. A fechadura engatou com um som de tiro.

A escuridão total me engoliu. A água encharcou instantaneamente meu pijama, congelando-me até os ossos. Eu podia ouvir coisas se movendo nos cantos. Correndo. Chiando.

Subi para o ponto mais alto, um palete de madeira no centro da sala, e me encolhi em uma bola apertada e trêmula.

Horas se passaram. Ou talvez dias. O tempo não existia no escuro.

Então, a fresta na porta se abriu. Um feixe de luz cortou a penumbra, me cegando.

O rosto de Elena apareceu no retângulo. Ela estava sorrindo.

"Você parece confortável, Princesa", ela sussurrou.

"Me deixe sair", eu disse. Minha voz era um coaxar quebrado.

"Ainda não", disse ela. "Dante está muito chateado. Ele está no hospital com Leo. Ele me disse para vir checar a prisioneira."

Ela ergueu um saco de estopa à vista.

"Pensei que você poderia se sentir sozinha", disse ela.

Ela virou o saco pela fresta.

O conteúdo atingiu a água com baques úmidos e pesados.

Guinchos. O arranhar frenético de garras na pedra.

Ratos.

O pânico, primal e avassalador, tomou minha garganta. Eu gritei. Gritei até sentir o gosto de cobre.

Elena riu. Era um som suave e tilintante que me gelou mais do que a água.

"Não se preocupe, Sera. Vou cuidar muito bem do Dante. Ele vai ser um ótimo pai para o meu filho. Você era só um tapa-buraco."

Ela bateu a fresta, fechando-a.

Fui deixada sozinha com as garras arranhando e a água subindo. Eu não gritei mais. Sentei-me no palete, abraçando meus joelhos, e deixei o medo queimar até que não restasse nada além de cinzas.

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