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Ando com raiva do mundo até chegar na rua, repasso tudo o que ouvi do Sílvio, ele me chamando de puta, e pela primeira vez na vida, me sinto a merda de um lixo, ele não deveria ter falado daquele jeito comigo. Desgraçado. Vai se arrepender.
Sei que não sou nenhuma santa, nunca fiz questão de ser, sempre achei essas meninas muito recatadas caretas e sem graça. Mas por mais que eu não queira, doeu ouvir essas merdas que ele me despejou. O bastardo me tem a tanto tempo, e agora vem me tratar como uma qualquer, a mais ele vai se arrepender disso. E como vai.
O Silvio acha que me conhece, que me tem nas mãos, ele não faz ideia do que sou capaz, eu já fiz muito para chegar onde cheguei, e posso fazer muito mais. O erro de todo mundo é achar que sou ambiciosa, eles olham e apenas enxergam a superficialidade, não tem ideia do que se passa na mente do outro, muito menos o que esse outro está disposto a fazer para chegar ao topo. E eu lhe digo uma coisa, a carreira até o topo é árdua e difícil, mas o que eles não lhe disseram é que quem está realmente disposto a chegar lá, deve ir disposto a tudo, porque do contrário, não chegará nem na metade. E eu estou quase chegando, isso significa que estou na fase mais difícil, mas também, estou na fase do ou tudo ou nada, e para mim só existe o tudo.
Aceno para um táxi que está passando, e dou o endereço da minha casa para o motorista, só quero chegar, tomar um banho, e tirar esse vestido decotado, que usei para encontrar aquele desgraçado. Meu celular vibra na bolsa, e rolo os olhos ao ver que se trata da Manu.
- O que foi? - atendo
- Nossa, está de mau-humor uma hora dessas. - brinca do outro lado e eu respiro fundo.
- Estou estressada. - ouço ela rindo.
- Percebe-se. - resmungo e ela continua. - tá! Eu só queria que você viesse aqui, quero sair com o Ri, e não sei o que vestir.
- Eu não estou podendo agora, vista algum vestido, não sei. Qualquer coisa fica lindo em você.
- Ai amiga, para de ser má, vem, por favorzinho, o Ri está brigando comigo por eu estar tão indecisa.
- Manu, hoje não é um bom dia.
- Por favorzinho. Safira, vem, por favor! - suspiro estressada, Manuela as vezes é tão inconveniente e dramática que chega da ânsia, ou sou eu que não estou em uma merda de um bom dia mesmo.
- Daqui a pouco chego aí. - falo, por fim.
Falo o endereço para o motorista e ele muda a rota, chegando rapidamente na casa de Manuela.
Casa é até uma ofensa, porque a Manu mora em uma mansão enorme, e muito chique.
Passo pelo portão e rumo para a entrada, rodeio o lindo lago que fica na frente, e subo as escadas que leva até a porta, a qual é aberta imediatamente. Com certeza Manuela está louca de ansiedade, já que deixou alguém de olho na porta para que eu não me atrase nem um mísero segundo. Subo as escadas com rapidez, e logo estou na porta do quarto.
- Você é a melhor amiga do mundo. - pula em mim quando entro no seu quarto. Olho para Ricardo, que ri sentado na cama dela.
- A Manu vai fazer a gente perder o passeio. - suspira dramaticamente.
- Não, não, amor. Agora minha musa chegou, e vai me ajudar. - sorrio para minha amiga. - Sa, é nosso aniversário de namoro, eu tenho que estar linda o dia todo para o meu amor. - fala de forma apaixonada.
- Claro, vamos lá. - partimos para o seu closet, começo a olhar a multidão de roupas dela, mas nenhuma está boa. Rolo os olhos, e por fim, me lembro de um vestido preto muito bonito que ela tem.
- Verdade Sa, aquele é perfeito, está lá embaixo com a Maria. Fica aqui, que vou lá buscar. - sai correndo a procura da empregada, sem me dar tempo de falar algo a mais.
Volto para o quarto e o namorado de Manu continua no mesmo lugar de antes.
- Você está bem? - Ricardo pergunta me encarando. Olho para ele e avanço colando nossas bocas. - você está louca? A porta está aberta. - tenta me afastar.
- Que se foda. - respondo enfiando minha língua na sua boca novamente.
Apoio minha perna na cama e direciono a mão dele até minha intimidade, percebo sua resistência mas, logo começa a me masturbar, solto um gemido baixo, e o sinto endurecer na mesma hora, o empurro sobre a cama e monto em seu colo, rebolando e o enlouquecendo. Ele aumenta o ritmo da penetração e eu intensifico o beijo.
- Hoje a noite, eu quero você me fodendo, com força, do jeito que nós dois gostamos. - falo em seu ouvido, quando ele faz menção de responder, ouço passos apressados e saio de cima dele, na mesma hora que Manu entra no quarto.
- Aqui Sa, Maria havia levado para passar, esse vestido é lindo não é? - diz, completamente alheia ao que acabou de acontecer.
- Maravilhoso. - Sorrio e ela da (pulinhos) animados.
Olho para Ricardo, que está tenso sentado na cama, as mãos sobre a calça para disfarçar a ereção, levanto um pouco o meu vestido e ele fica ainda mais vermelho, sorrio e rebolo descaradamente até o closet com Manuela.
- Amiga, eu quero está bem linda hoje. - fala com seu jeito manhoso. - Da para acreditar? Eu e Ricardo vamos completar cinco anos juntos. - termina emocionada.
E vai fazer cinco anos que ele me come também, idiota.
Refreio a vontade de falar isso para ela, e sorrio simplesmente animada com sua euforia.
Manuela é tão sonsa que dar agonia, ela sempre teve problemas com sexo, e agora faz quase seis meses que não está trepando devido a um problema que está tendo, e ainda pensa que o cara está todo esse tempo sem fazer com ninguém, esperando que ela se recupere.
Não sei identificar se é burrice ou auto estima super elevada.
- O que você acha desse sapato amiga? - me mostra um salto preto.
- Perfeito. - ela da pulinhos, reprimo a vontade de rolar os olhos, não basta ter aquela situação de merda com o Sílvio, ainda vem Manuela igual uma idiota esfregar a felicidade dela, na minha cara. Que preguiça.
- Qual você acha melhor, o batom rosa ou o vermelho?
- Para quem não vai transar, não imagino qual a diferença na cor do batom. - solto antes que consiga me segurar, porém, me arrependo no mesmo momento.
- Nossa, Safira. - uma lágrima escorre por seu rosto.
- Me desculpe, Manu, por favor. - passo as mãos no cabelo tentando me acalmar. - hoje não está sendo um bom dia, está bem?
- Você foi cruel. - mais lágrimas, que merda.
- Manuela, eu te disse que não estava bem, insistiu porque quis. - ela soluça.
Eu odeio esse melodrama, comigo é sempre no oito ou oitenta, não suporto manha de ninguém, e Manuela sabe disso.
- Te chamei porque você é minha melhor amiga, queria que compartilhasse da minha felicidade. - reviro os olhos, e ela se afasta um pouco mais. - não precisa fazer assim Safira, eu estou com problemas, mas já estou quase boa, eu não esperava que fosse ser tão cruel.
- Eu já pedi desculpas, mas você sabe que não sou de estar bajulando ninguém, então se não quiser desculpar, tudo bem. - pego minha bolsa e ando até a porta.
- Sa. - chama e eu respiro fundo. - o que aconteceu? - levo as mãos nos meus cabelos novamente.
- Nada que você deva se preocupar.
- Eu sempre me preocupo com você. - vontade de gritar com ela, meu Deus, como pode ser tão sonsa?
- Não deveria, você não é minha mãe, Manuela. - vomito as palavras.
- Mas te considero como minha irmã. - sorrio sem humor. - olha para mim Safira. - me viro. - foi ele não foi? Foi aquele, cara que você sai. - constata, por fim.
- Não se meta com isso, Manuela.
- Você não deveria continuar com aquele cara, ele é nojento, e não te faz bem.
- Ele me faz muito bem, você não sabe de nada. - só de conseguir estar quase pegando um diploma, é a prova de que me faz bem.
- Você está ficando doente Safira, está se convencendo de que alguém que te maltrata te faz bem. - fala como se fosse alguma categoria de psicóloga.
- Me maltrata? - sorrio. - olha isso aqui, Manu. - ergo meu braço mostrando a pulseira de ouro. - isso é maltratar? Porque para mim isso é a melhor coisa do mundo. - arregala os olhos.
- Isso é só uma pulseira, Sa. - seu tom de voz me faz parecer que estou ficando louca, e fico mais puta ainda.
- Só uma pulseira para você, sendo filhinha de papai, para mim isso é uma conquista.
- Que tipo de conquista é essa, que você consegue sendo maltratada por alguém que não te valoriza?
- Você tem um relacionamento tão perfeito que dá até gosto de ouvi-la falando do meu. - debocho, nessas alturas eu já perdi todo o meu auto controle.
- Safira. - diz chocada.
- Não se meta mais na minha vida Manuela. - falo seria. - e parabéns pelo aniversário de namoro. - me viro para sair. - a... - ando até ela. - o vermelho causa mais atenção, mas como ele não vai te foder mesmo, use o rosa, vai ficar tão sem graça quanto você. - saio ouvindo os soluços dela.
Com certeza está me achando um monstro agora, mas eu avisei droga, hoje não era um bom dia.