Meu CEO é um mafioso
img img Meu CEO é um mafioso img Capítulo 3 Violleta
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Capítulo 12 ETTORE FERRARI img
Capítulo 13 Stefano img
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Capítulo 3 Violleta

CAPÍTULO 3

VIOLLETA

Quando termino de acertar tudo naquela tarde, saio para um passeio na empresa para conhecer melhor o ambiente onde trabalharei. Optei por não ler o contrato, pois não estava em condições de reclamar ou exigir alguma coisa, estou precisando do dinheiro o quanto antes, caso contrário serei despejada ou pior.

Estou muito cansada, Carlota não deu trégua me fazendo andar por horas, mostrando cada canto dessa empresa. Por último, o sr. Ferrari me convidou para almoçar para falar sobre os termos que continham no contrato, me senti envergonhada por ter mostrado meu total desespero para a vaga de emprego, desse modo ele pensaria que estou desesperada, mas, é exatamente esse o caso, eu estou mesmo.

Na manhã seguinte, antes mesmo do despertador tocar, quando o sol ainda não mostrava os seus primeiros raios, me levantei ansiosa com a bendita entrevista. Queria impressionar o meu possível chefe, mas isso seria imprevisível por ser minha primeira vez, então nem sei ao certo o que fazer ou dizer. Porém, tenho uma certeza em mente, quero dar o meu melhor, impressionando-o com minha eficiência, qual pretendo me destacar profissionalmente e ao menos assegurar minha próxima semana de sobrevivência.

Antecipadamente vou ao banheiro iniciando meu banho, em seguida faço minha higiene da melhor maneira que posso. Antes de me vestir vou até a cozinha, e preparo um café bem rapidinho para beber antes de sair. Enquanto a água ferve, volto para o quarto apanhando o vestido branco que escolhi na noite anterior. Ele é bastante justo ao meu corpo; gostei dele pois apesar de marcar demais, ele não tem decote, deixando um ar de elegância e nada vulgar. Não quero causar as impressões erradas.

Termino de me vestir, depois volto para a cozinha para finalizar o café. Assim que me delicio de alguns goles da bebida energética, guardo tudo no seu devido lugar, para então partir. Quando percebi já estava mais que na hora de sair de casa, para completar os ônibus estavam demorando para chegar.

Maldito azar.

O coletivo chegou alguns minutos a mais do suposto e com esse trânsito lento nunca chegaria a tempo na entrevista. Como já estava perto das Empresas Ferrari resolvi descer, pronta para caminhar um quarteirão com saltos de quinze centímetros, e foi exatamente isso que fiz, e exatamente às sete e cinquenta e cinco entro - às pressas - no hall enorme e luxuoso que havia visitado ontem. Depois que me identifico na entrada, Carlota me conduz apressada para dentro do elevador, pois eu já estava atrasada para a entrevista, e ela deixou bem claro que o chefe não tolera atrasos.

Péssima primeira impressão, eu já estava ficando preocupada.

Depois que sou anunciada, Carlota me dá passagem para entrar na sala. Devido o nervosismo me obrigo a caminhar, tento fazer o mínimo de barulho quando fecho a porta atrás de mim. Levanto o meu olhar, ao fundo vejo o homem que poderá me contratar como sua secretária, de costas olhando a paisagem pela a janela de sua sala.

Estando tão desesperada em aceitar o emprego mal tinha reparado no homem. Agora que tinha aqueles segundos para apreciá-lo percebi que deveria ter feito isso antes. O terno marca a extensão de seus ombros fortes e largos, suas pernas são bem torneadas evidenciadas pelo tecido sob medida. Sua postura é bonita, altiva, e ele fica muito bem contra os tons acinzentados com o verde das árvores do parque à distância. Era como se ele fosse feito especialmente para ocupar aquela sala, para ocupar o topo do mundo.

Era de uma beleza um tanto intimidadora.

- Bom dia, sr. Ferrari.

- Bom dia, srta. Santi - cumprimenta, virando-se. Seu olhar percorre meu corpo como no dia anterior, e por um segundo me arrependo de ter escolhido aquele vestido ao invés do mesmo de ontem que marcava bem menos. - Você parece bem esta manhã.

- Eu estou. É bom acordar sabendo que não vou morrer de fome na semana seguinte - digo e imediatamente me arrependo de novo. Não é adequado falar aquele tipo de coisa para um chefe! E mesmo assim, o sr. Ferrari me oferece um sorrisinho de canto muito divertido.

- É bastante curioso ouvi-la dizer isso. - Sem saber se devo questionar, decido por ficar em silêncio, então ele novamente fala. - Eu quero ter certeza de que você está consciente de como as coisas funcionam por aqui, não será um trabalho simples, pode exigir... grande parte do seu tempo.

- Senhor Ferrari, não precisa tentar me assustar - digo com um sorriso gentil. - Eu tenho uma boa ideia de como é e não me importaria nem um pouco de ter o que fazer durante um dia tão longo.

O sorriso dele se abre um pouco mais, como se eu tivesse contado alguma piada ou ironia interna que só ele conhecia, isso me deixou um pouco apreensiva, porém se eu quisesse alguns trocados para sobreviver teria que dançar conforme a música.

- Nosso almoço ainda está de pé? - pergunta colocando as mãos nos bolsos. Ele fica menos assustador com a postura mais relaxada.

- Claro, sr. Ferrari.

- Muito bem, então. Carlota irá te instruir agora pela manhã com o básico, e durante o almoço eu irei te instruir com o "intensivo", se é que posso chamar assim.

Por que parece que não estamos falando da mesma coisa?

- Estou aqui para aprender, senhor - respondo o mais polida e agradavelmente possível.

***

Entro no seu luxuoso carro, e ele dá a volta para o lado do motorista, saindo do prédio, fico olhando a paisagem para não ficar mais nervosa do que estou, tudo fica em total silêncio, não me contendo com tamanha curiosidade. Carlota havia sido muito paciente comigo, me ensinou várias coisas sobre a organização da secretaria de Ferrari e até então não foi nada tão complicado que me fizesse ficar nervosa como estava agora ao lado de meu chefe.

Encaro pelo canto dos olhos o seu maxilar travado enquanto olha para a estrada. Nunca em minha vida conheci alguém tão agradável aos olhos. Sou madura o suficiente para não confundir as coisas, tenho certeza absoluta que um homem como ele jamais teria olhos para uma garota como eu. Enquanto ele dirigia carros esportivos, eu era espremida no transporte público. Enquanto ele deveria dormir com várias mulheres, eu estava descobrindo agora como era realmente estar perto de alguém do sexo masculino. Era enervante, mas instigante.

Olho disfarçadamente para as suas mãos em volta do volante, ele o aperta com um pouco de força, deixando à mostra as suas veias. Por um momento imagino qual seria a textura delas na pele... Como seria ser afagada por aquelas mãos... Elas são tão grandes... Oh, céus o que estou pensando? Isso nunca me aconteceu, nunca tive esse tipo de comportamento. Estou me sentindo uma depravada, quase como o homem da banca! Eu tinha de me conter, preciso respeitá-lo. E se ele for casado, ou tiver uma namorada?

Também não vejo resquícios de uma aliança em seu dedo, porém isso não significa que ele não tenha alguma mulher. Uma perfeita encarnação de Apolo como aquela era impossível que estivesse sozinho.

Quando chegamos ao restaurante, fico com receio pois está vazio, não há clientes, apenas um garçom, e assim que sentamos na mesa fazemos nosso pedido. Fico sem jeito de comer na frente de alguém tão importante, além do mais, posso sentir seu olhar queimar minha pele, pois desde quando nos sentamos o sr. Ferrari não tira seus olhos de mim, e de repente, fala:

- Não sou de enrolação, então vou direto ao assunto, Srta. Violleta. - Levo um susto quando ouço seu tom de voz bem mais grave que dê horas atrás. - O contrato que você preferiu não ler antes de assinar não era referente a um emprego na firma.

Engasgo com o suco que bebia. Ele deve está caçoando de mim, não está falando sério, visto que ele continue impotente, com ar de poder e confiança, indago:

- Como é?

- Era um contrato de casamento.

Era como se eu tivesse sido pega de surpresa por uma avalanche, e coisas assim eram impossíveis. Minha mente estava em negação.

- O senhor está brincando comigo? - pergunto ainda tentando parecer jovial esperando que não passasse de um absurdo.

- Não, não estou.

- Deve ter algum engano, pois não estou à procura de um casamento, se assinei aqueles documentos foi porque pensei que fossem cláusulas que falavam sobre o emprego, sr. Ferrari - digo pronta para me retirar da mesa, mas ele segura meu pulso com força.

- Você não entendeu, senhorita, mas eu vou lhe explicar melhor... - Ele faz um sinal com a mão, e no mesmo momento vejo, entrar no restaurante, homens fortemente armados. Fico trêmula por não entender o que está acontecendo. - Acho que não fomos formalmente apresentados, e como já tenho sua assinatura posso contar judicialmente com sua... discrição.

Fico estática olhando aqueles homens enormes preencherem o estabelecimento vazio. Onde foi que me meti? O que está havendo?

- Sou Ettore Ferrari.

O nome não me é nem um pouco familiar e ao perceber isso, ele solta um suspiro aborrecido.

- As notícias não chegavam no seu orfanato? - indagou retoricamente.

- Como sabe que eu... ?

- Eu sei muito sobre você, Violleta, mas o que me deixa intrigado é, na verdade, não saber nada.

Fecho meus punhos para conter o tremor nas mãos, tudo em volta indica perigo. Quero correr, fugir, mas a porta parece estar do outro lado do mundo com dois cães armados de terno guardando-a. Um dos homens entrega um envelope amarelo para Ettore sobre seu ombro e ele o pega sem deixar de olhar para mim largando-o sobre a mesa.

- Você não tem sobrenome, não tem raízes... Tem o nome comum de um orfanato no meio do nada e quer que eu acredite que chegou até aqui por coincidência?

- O senhor me trouxe aqui para me humilhar?

- Quieta, eu não terminei. - Ele me corta sem nenhuma delicadeza. - Você não tem para onde voltar, e não tem o que perder. Sabe o que isso parece, menina?

- Sei sim, que estou desesperada, mas a julgar pelo circo armado aqui chego à conclusão de que nenhum desespero no mundo vale isso! Passar bem, sr. Ferrari, seja lá quem você for! - Levanto-me pronta para ir embora e nunca mais chegar perto dele, meu corpo inteiro vibra de adrenalina e terror, e tudo isso se intensifica quando dois dos homens me agarram e me forçam a sentar novamente na cadeira. Sinto as lágrimas ameaçarem cair, minha garganta arder.

- Você não tem nada além dessa sua maldita beleza, Violetta - sussurrou ele. - Você sendo ou não espiã da Camorra, dos sicilianos ou da polícia, eu vou me aproveitar disso. Se for dos Petrov, ah, será o começo do seu fim.

Ele falava comigo como se eu fizesse alguma ideia do que ele estava se referindo, como se eu soubesse do que se trata!

- Camorra? Petrov? Mas do que é que você está falando?!

Ele apenas se recostou à cadeira tirando um grosso charuto do bolso, acendendo-o sem a menor pressa sob meu olhar aterrorizado e confuso. A fumaça subiu sinuosa entre nós, e senti um frio em minha barriga quando vi a escuridão em seu olhar, percebi que apesar de não saber do que aquilo se tratava, eu estava na presença de um homem extremamente perigoso.

- Sou Ettore Ferrari, como já disse. - Mais fumaça subiu. - Bem-vinda à 'Ndrangheta, bella mia.

Dio mio, o que está acontecendo?

Imediatamente fico de pé novamente, meu corpo reagindo inconsciente para se preservar, e todos apontam suas armas para mim. Ettore, com um pequeno aceno, pede para irem baixando. Ele se levanta, e se aproxima de mim só então evidenciando o quanto era grande. Seu dedo pousa sobre minha face, seus olhos percorrem meu rosto com raiva e apreciação misturados, sinto minhas pernas fraquejarem. Sem muita paciência, e com brutalidade me puxa pelos cabelos. Fico em choque, totalmente imóvel com a respiração dele soprando sobre minha boca e a dor na raiz dos fios. Um homem não deveria tratar uma mulher com tal agressividade. Solto gemidos de dor, quando o seu aperto aumenta.

- Agora mesmo vamos passar pelo seu apartamento, para pegar alguns pertences que você queira levar. - Sua voz era calma, mas todo o conjunto daquela situação a fazia ficar ainda mais assustadora. - Hoje mesmo você se muda para minha casa.

Ainda com sua mão em volta do meu cabelo, saí me arrastando para fora do restaurante me jogando dentro do carro sem cuidado algum, fazendo-me bater a cabeça na porta do carro, como se eu fosse um saco de lixo sem importância.

Sem conseguir mais segurar o choro - que até agora estava guardado -, deixei que saísse de uma vez. O silêncio dentro do carro só era quebrado por meus soluços e tudo o que eu queria era que alguma coisa magicamente acontecesse que me possibilitasse de fugir dali.

- Poupe suas lágrimas, você ainda nem viu nada, querida. Aconselho que você guarde isso para depois. - Para o meu desespero ele prontifica.

Lembro-me perfeitamente das palavras da cozinheira do orfanato, seu último conselho como um aviso sutil.

"Sua beleza sem cautela pode acabar sendo sua ruína, querida".

Fico sem conseguir acreditar na realidade dos fatos, estou sendo levada contra minha vontade, e mesmo estando tão pouco tempo com esse ser diabólico, posso afirmar que meu pesadelo apenas começou

***

Ettore sobe pessoalmente comigo ao apartamento e somos escoltados por dois homens de preto até a porta descascada do meu dormitório. Percebo o olhar enfadado dele pela mobília simples e até mesmo sobre as coisas que comprei com tanto apreço para fazer daquele pequeno quarto um lar.

- Você vai esquecer desse buraco de ratos tão rápido quanto pisou aqui - comenta esparramado sobre uma cadeira frágil que quase sumia por seu tamanho. Apenas devolvi o dito com um olhar fuzilante ao passo que enfiava meus poucos pertences na mesma mala que trouxe.

Olho rapidamente pela janela e penso se seria bem-sucedida se pulasse dela e corresse o mais rápido que pudesse para qualquer lugar. Talvez de volta para o orfanato, ou para baixo de qualquer ponte da cidade onde pudesse me misturar aos mendigos até que Ettore Ferrari esquecesse de minha existência.

- Eu não sou uma espiã - digo em voz alta, mais para mim.

- Claro que não é - responde ele, mas vejo o lapso de descrença em seu olhar.

Quando tudo já está pronto saímos do apartamento, Ettore mais uma vez me joga dentro do carro, durante o caminho para o destino que me aguarda, já pensei várias vezes, em abrir a porta e me jogar para ver se tinha alguma chance de escapar, mas quando me lembro dos homens armados, logo esse pensamento cai por terra. Se não morresse com a queda, seria com uma bala na cabeça.

Olhando a paisagem com lágrimas nos olhos, mal pude perceber que tínhamos chegado tão longe da cidade, estamos em um lugar cheio de árvores, de longe posso ver um lago, entramos em uma trilha de pedras com flores bonitas, mais à frente consigo ver um grande portão, com um muro extremamente alto, com cabines e homens armados, quando chegamos mais perto os portões são abertos, e quando passamos pelas muralhas de concreto, posso contemplar um lindo jardim com flores de todos os tipos, bem no centro tem um linda fonte jorrando água, tudo se completa com a linda mansão.

- Vai descer ou vai querer que eu te tire daí? - Mal pude perceber que o carro já tinha estacionado.

- Tenho minhas próprias pernas! - digo saindo do carro. Ettore me olha feio, mas não diz nada, um dos homens pega minha pequena bolsa, enquanto ele vai na frente, me deixando para trás. Outro capanga de terno me segura fortemente pelo braço, me conduzindo para o interior da casa.

Não consigo parar de admirar a beleza desse lugar, se fosse em outras circunstâncias, com toda certeza, ficaria muito feliz por conhecer um lugar tão bonito como esse, a linda mansão e seu encantado jardim. Porém só conseguia pensar se aquela casa seria minha gaiola de ouro ou meu matadouro.

Ettore abre a porta, e quando passo por ela fico morta de vergonha, pois vejo pessoas que devem ser sua família, todos me olhando. Há uma menina de cabelos escuros que parece ter a mesma idade que a minha, também um rapaz muito bonito que se parece muito com Ettore, provavelmente seu irmão, e a mulher loira e mais velha deve ser sua mãe, em um canto mais afastado, vejo um homem bebendo alguma coisa. O formato do rosto é idêntico ao de Ettore, como uma versão mais velha e experiente dele, com certeza é seu pai.

- Olá, me chamo Bianca, sou a irmã mais nova de Ettore! - A menina vem até mim se apresenta, mas não falo nada. Ela está sorrindo gentil, enquanto eu estou prestes a desmaiar de medo. - É um imenso prazer conhecê-la.

Não consigo responder.

- Olá querida, sou Sandra, a mãe de Ettore, aquele ali é Pietro, irmão dele, e ali no canto, é Domenico, o pai. - A senhora diz, enquanto aponta para cada um. Fico pensando se todos são doidos, ou se não sabem que estou aqui contra minha vontade. - Parece que finalmente acertou na escolha, querido, ela é realmente muito agradável aos olhos.

Sua expressão não muda. Está carrancudo, fechado. Encaro a todos num pedido silencioso de ajuda, mas nenhum deles parece entender, e se o fazem, ignoram com perfeição.

- Vamos Violleta, terá a vida toda para conhecer a famiglia, vou lhe mostrar onde vai ficar.

- Querido - chama a mãe -, se quer fazer isso logo, teremos que resolver as festividades. Não podemos casar o herdeiro e não contar a ninguém...

- Mais tarde, mamma.

Não tenho tempo de contestar, Ettore agarra o meu braço, me puxando rumo às escadas, todos ficam olhando a cena, mas ninguém diz uma palavra! Passamos por vários corredores até chegar em uma porta dupla, poderia facilmente me perder aqui, quando passo por elas há mais um corredor, e no final dele, Ettore abre uma porta me jogando em cima da cama no centro do cômodo.

Era enorme e macia, coberta por seda e tecidos finos, mas me senti como um saco de batatas, literalmente largado sobre eles.

- Na primeira oportunidade que eu tiver, eu fujo. Quando você desviar o olhar, eu não vou mais estar aqui. - Atrevo-me a dizer, mas assim que termino de falar, Ettore me agarra pelo pescoço, levando-me até a parede, apertando com toda força, me deixando sem ar.

- Ah é? - ameaça ele. - O que você acha que vai acontecer se você tentar fugir? Hein? Você acha que vão te dar um tiro na cara e acabou por aí? Você deveria saber que assim que tentar sair daqui sem a minha permissão, sua morte vai começar e vai durar por muito, muito tempo.

Arranho seu braço numa tentativa de que ele me solte, mas é em vão, pois ele aperta com mais força. Meus pés estão suspensos do chão, estou sufocando e minhas lágrimas molham sua mão, mas Ettore parece não se importar, e apenas quando estou perto de perder a consciência ele me solta, e sem forças, caio no chão. Ele me puxa pelo cabelo, encostando a boca em meu ouvido e falando:

- Se por acaso ousar me contrariar de novo será o seu fim, está me ouvindo? - Não tenho forças para responder, então apenas balanço minha cabeça, confirmando sua pergunta. - Muito bem, não foi tão difícil, agora você vai ficar aqui sem sair desse quarto, assim a ragazza pensa nas consequências da sua afronta.

Ele me larga, e mais uma vez vou de encontro ao chão frio. Sem ter forças para caminhar, vou me arrastando até a cama, pego o travesseiro e me aconchego nele. Meu pescoço dói, ainda posso sentir suas mão em volta, me apertando. Não foi assim que as imaginei sobre mim.

Entre as lágrimas e soluços, fecho meus olhos, para fugir deste terrível pesadelo, mas, quando abro novamente, caio na triste realidade. Isso aqui não é um pesadelo, é muito pior, estou no inferno sem ao menos merecer estar nele.

            
            

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