Quando optei em escolher uma mulher fora dos costumes da máfia, já tinha em mente o trabalho que teria, mas, gosto de inovar. Devo confessar que fiquei impressionado com a sua teimosia, e coragem em me enfrentar daquele jeito. Violleta... A garota sem sobrenome, dona de uma beleza perigosa, mas isso não muda em nada. Mesmo se ela não for útil para mim, ainda vai continuar sendo uma boa boceta para enterrar um filho. Não obstante, ela continua sendo praticamente uma selvagem, o que torna mais divertido ainda amansar a fera, nem que para isso ela saia ferida. Isso eu sei fazer bem.
Desço as escadas, todos ainda continuam na sala me esperando.
- Quero um jantar de noivado amanhã mesmo, vou apresentar Violleta para os demais, por ora, quero que avise somente quem precisa saber, o restante só é necessário no dia do casamento, daqui uma semana! - Digo para Pietro, enquanto vou até o bar, me servir do meu whisky.
 - Figlio mio, você não acha que está indo rápido demais? Digo, Violleta precisa de um tempo para assimilar as coisas! - Minha mãe se pronuncia. - Além do mais, nós nem a conhecemos, ela não faz parte do nosso... 
- Não estou preocupado se Violleta vai ou não estar preparada. Decidi que ela é útil para mim, e vou levar isso adiante o mais cedo possível - sentencio. - Você deveria estar feliz, mãe. Você, dentre todos, é a pessoa que mais quer que eu tenha um sucessor desde que papà passou a liderança para mim.
Há bastante tempo temos confrontos com a Rússia, mas ultimamente, eles estão quietos demais, e ainda não sei o que estão aprontando, mas logo vou descobrir. Quando Ivan Ignatov começou os seus ataques contra nós, a primeira coisa que fez foi trocar a sua sede, assim como a sua localização. Há anos que venho tentando rastrear seus passos, mas o homem é pior que barata, sempre trata de escapar e depois surge das profundezas para causar estragos. 
 - Pegamos um de seus soldados, deixarei para você cuidar do desgraçado. - Pietro diz. 
- Depois faço-lhe uma visita. Preciso sair agora, e não quero que ninguém leve nada de alimento para Violleta. Ela precisa saber como as coisas devem ser por aqui. 
*** 
Olho pela janela de vidro do meu "outro" escritório, mulheres sendo fodidas de todas as formas, e posições que você possa imaginar. Observo uma mulher que está chupando o pau de um dos frequentadores, enquanto outro está metendo em sua boceta. Fiz um ótimo investimento, quando abri o clube de swing, aqui o prazer é garantido e o retorno financeiro também. Ao entrar neste lugar as pessoas se transformam e as mulheres, principalmente, se revelam todas implorando por sexo, submissão e muita putaria. Sexo vende, e eu estava lucrando com ele. Dou um aceno para o promotor da cidade com uma belíssima morena rebolando em seu colo e ele retribui casualmente antes de voltar suas atenções a ela.
Os figurões da cidade, os rostos da santidade... Todos se encontravam aqui, exatamente onde eu queria que estivessem.
Vou até o bar que tenho dentro do escritório, pego meu copo, enchendo-o mais uma vez nessa noite, e volto para minha mesa, abrindo meu notebook. Vou até um atalho específico, as câmeras de monitoramento que tenho dentro de minha casa. 
Assim que abro o aplicativo, já posso ver Violleta encolhida na cama, aproximo mais um pouco a câmera focando em seu belo rosto. Olho para o seu pescoço que ainda está avermelhado, ela é tão branca que qualquer medida a mais de força a marca. Irei saborear cada momento em que a farei minha, vou degustar das marcas que meus dedos deixarão em suas nádegas branquinhas, na hora que eu me deliciar de seu corpo. 
Acho que nossa conversa deve ter lhe deixado muito cansada. Ouço uma batida na porta, fecho meu notebook, e já sabendo quem poderia ser, digo, desanimado:
- Entra!
- Oi, já estava com saudades, chefinho! - Rebecca passa pela porta, vestida com seu vestido vermelho sangue, tão vulgar como de costume.
- Também senti saudades, querida, mas foi de sua boca no meu cacete, agora venha cá, faça o seu melhor ou já sabe que terá castigo! - Ela me olha, já se ajoelhando:
- Claro, com prazer!
 A cadela desliza suas mãos sobre minha calça social, aperta meu pau e antes mesmo de abrir o zíper, ele já está pulsante a espera de sua boquinha gulosa. 
Quando meu cacete é liberado, Rebecca não perde tempo em colocá-lo na boca, deslizando a sua boca aveludada sobre a cabeça. A vadia sabe como venero um boquete bem feito. Acendo um charuto enquanto sou chupado, com a minha mão livre seguro em seus cabelos colocando mais pressão nos seus movimentos, gosto de estar no controle e tudo que mais quero agora é foder a sua boca. 
Dou mais uma tragada no meu charuto antes de apagá-lo. Continuo socando na sua boca indo até o fundo de sua garganta, fazendo-a engasgar com a própria saliva, e o fluido que sai do meu pau. 
- Fique de bruços na mesa, levante seu vestido e coloque sua calcinha de lado!
Rebecca faz do jeito que ordeno, pego na minha gaveta um preservativo, deslizo o mesmo pelo meu pau duro, enquanto tenho a visão da sua boceta melada pronta para ser estraçalhada. Soco sem piedade alguma, por diversas vezes. Preliminares eram superestimadas ali dentro.
Seguro na sua cintura fina aumentando os movimentos, por mais que eu seja bruto a ordinária gosta. Dou tapas na sua bunda avantajada, enquanto a safada me olha pelo reflexo do espelho que fica na minha sala. Enfio os meus dois polegares no seu ânus abrindo o seu buraco, dou uma cuspida saindo da sua boceta, e entrando nele. 
- Ah, caralho... Soca com força querido. Me fode todinha. 
- Calada, cadela.
Aumento as investidas, sinto meu pau latejar, e logo em seguida encho a camisinha com meus jatos potentes de porra. Depois que termino mando-a sair de imediato, depois tomo um banho rápido antes de voltar para casa. Precisarei de muita paciência para não estragar meu plano de matrimônio no primeiro dia.
***
Quando chego em casa apenas os soldados estão perambulando, fazendo a guarda. Entro no quarto e percebo que Violleta continua na mesma posição de antes, mas que mulherzinha fraca, não fiz nada demais para permanecer feito uma múmia nessa cama. Fico na dúvida se devo acordá-la para comer algo, não deveria.
Aproximo-me da cama fitando seu rosto, a sua respiração está leve, até parece um anjo dormindo. Passeio meu olhar entre as suas curvas, claramente é uma garota ao qual roubarei a sua pureza, e inocência. Vou corrompê-la, e sujar a sua alma, uma vez que tocá-la não terá mais volta, será sempre minha.
Meu olhar focar na brecha do seu vestido, ela está deitada de lado assim consigo vê a cor da sua calcinha, branca... Pergunto-me se ela ainda é virgem e apenas pensar que sim faz meu pau babar dentro da cueca. Rapidamente uma ereção se forma. Droga! 
Não vou acordá-la, está decidido!
Entro no banheiro para tomar outro banho com mais calma, depois volto para o quarto, entro no closet e me troco. Não vou dormir ainda, preciso ir na sede da máfia, na sala de torturas tem um novo hóspede, vou adorar arrancar cada informação que pretendo obter para saber a localização correta dos russos.
***
- O verme já resolveu abrir a droga da boca? - pergunto a Pietro, que está na sala de vigilância. Daqui posso ver perfeitamente quem vai ser torturado pelo vidro de face dupla.
 - Não, ele está se recusando.
- Bom, então vamos ver até quando ele permanecerá calado quando eu começar a me divertir.
Entro na sala em que o homem está suspenso em correntes, seus braços estão pendurados, há uma poça de sangue embaixo de seus pés, seus pulsos estão em carne viva, pois já fizeram a "gentileza" de enrolar seu bíceps com arame farpado bem apertado. Aproximo-me mais, porém o homem não demonstra nenhuma reação, mantendo sua postura de "fodão".
Retiro meu paletó ficando apenas de camisa, pego um avental de couro preto, e visto. Vou até uma mesa onde há vários utensílios - alicates, brocas, raspadores, eletrodos, pregos -, pego uma simples faca, volto para perto do homem que encara a lâmina em minhas mãos, logo vejo um sorriso debochado brotar em seus lábios, mal sabe ele que posso fazer muitos estragos, o que vale é a criatividade, e devo dizer que tenho muita.
 - Fiquei sabendo que você não gosta de colaborar, está muito calado... Vamos fazer assim, você me diz a localização correta da sede, e prometo que você terá uma morte rápida. - O russo continua calado com sua cara de marra, sem emitir expressão alguma. - Eu posso até dizer aos seus amiguinhos que você foi durão.
Ele cospe sangue no chão aos meus pés em afronta. Dou de ombros, vou para detrás de suas costas, com a ponta da faca faço pressão fazendo um corte profundo, da sua nuca até a metade de suas costas deixando a carne vermelha exposta. O sangue desce, o homem grita de dor, mas ainda não estou satisfeito. Mando os meus soldados colocarem ele sentado em uma cadeira com as mãos amarradas e esticadas, de maneira que elas fiquem esparramadas em cima da mesa de metal.
Usando a mesma faca corto um de seus dedos, dessa vez o sangue jorra. 
- Vamos lá, poupe-me de sujar a roupa.
- Ты сукин сын! Пошел на хуй! - grita. "Seu filho da puta! Vai se foder!".
- Já ouvi isso antes.
Corto mais um dedo, os gritos são ecoados na sala. Perfuro a sua coxa direita, fazendo a lâmina atravessar. 
- Quanto mais você xingar, mais cantos eu vou furar. Onde Ivan está se escondendo? 
- Foda-se, morrerei sendo um soldado fiel. - Ele diz com seu sotaque forte, tossindo deixando respingos de sangue cair no avental. - Você acha que não sei porque está me deixando viver por tanto tempo? Você não tem nada, seu italiano de merda!
Ele era o único soldati que conseguimos capturar, e tinha razão. Fora o homem sangrando como um porco sobre a mesa não tínhamos a menor ideia de como chegar a Ignatov.
- Então está se sentindo solitário? - indaguei. - Voltarei amanhã, tenho certeza que estará mais disposto a falar se tiver um colega para dividir a culpa.
Volto à mesa pegando um de meus brinquedos favoritos, a forquilha do herege, uma haste metálica com duas terminações pontiagudas parecidas com um garfo, prendo o objeto no seu pescoço perfurando as regiões do maxilar e do peito, desse modo ele não conseguirá dormir muito menos abaixar a cabeça. 
 - Bem melhor assim, não acha?
Saio da sala de tortura ao lado de Pietro, deixando ordens para que a cada 30 minutos, os soldados jogassem um balde de água gelada, de preferência com gelo, no soldado russo. Quero ele muito bem desperto quando eu voltar.
***
VIOLLETA
Acordo com os raios de sol entrando no quarto, a claridade faz com que eu desperte ficando sentada sobre a cama, que só agora percebi o quanto é confortável. Olho para os lados, e fico aliviada por não ver nem sinal do tal mafioso, ainda não caiu totalmente minha ficha de que fui sequestrada, e enganada. Como fui burra, Dio mio, ele se aproveitou de minha ingenuidade, eu deveria ter lido a droga do contrato agora me ferrei. Como será de minha vida agora, com esse maluco ao meu lado?
Meu corpo está dolorido, minha cabeça está latejando, resultado das agressões de ontem e minha barriga ronca de fome. Nunca tive contado com um homem antes, e o primeiro que tive foi terrível, diabólico. Nunca fui agredida em minha vida, e só de lembrar o que passei na noite de ontem nas mãos daquele ser malígno, meu corpo estremece. 
Com cuidado me levanto, sinto algumas partes de meu corpo estalarem. Vou até a sacada onde posso ver o sol nascendo no horizonte, e além das margens do lago, uma linda vista se estende. Daqui posso ver os homens de Ettore, todos armados com fuzis e metralhadoras, me lembrando de onde estou, e de onde parece não haver escapatória.
Volto para o quarto olhando em volta procurando um banheiro onde possa tomar um banho e quem sabe me lavar um pouco do que houve ontem. Vou até uma das porta que há no quarto, e quando entro meus olhos por pouco não saem das órbitas, isso aqui mais parece uma loja, um gigantesco closet, onde se pode encontrar de tudo, sapatos, bolsas, vestidos comuns, vestidos de festas, perfumes, maquiagens, inúmeras joias que brilham em suas divisórias, separados por cores e tamanhos. Pergunto-me a quem pertencem essas coisas, e o que houve com a dona de tão vasto vestuário. Pelo modo que o senhor Ferrari me tratou, as respostas óbvias não eram agradáveis. Mais ao fundo, vejo o banheiro anexo ao closet, fico receosa, pois qualquer um que entre aqui poderá me ver, e só de pensar nisso fico apavorada, pensando na possibilidade de Ettore entrar enquanto tomo banho.
Eu precisava pensar em uma maneira de tentar fugir, de ir embora e tentar me esconder. Mas, sei que isso não será fácil, primeiro preciso saber mais de onde fui cair, conhecer a casa, e isso só seria possível fingindo que aceito o absurdo que está acontecendo aqui. Saindo dos meus pensamentos entro no chuveiro quase não sabendo como ligá-lo de tão diferente e estilizado. A todo momento sinto como se alguém fosse enfiar uma faca em mim, meu corpo inteiro está tenso. 
Quando termino tudo, pego um vestido simples dos que consegui trazer, nunca poderia vestir roupas de outra mulher, principalmente uma que fosse provável estar morta. Vou até minha bolsa e pego um par de sandálias rasteirinhas, quando estou finalizando meus cabelos, alguém bate à porta chamando minha atenção.
- Mi scusi, signorina, vim buscá-la para o café da manhã. - É uma senhorinha baixinha, que me parece ser bem simpática.
- Buongiorno, sim. Estou faminta - digo um pouco sem graça, mas era a verdade. Aquele desgraçado me deixou sem jantar. 
- Então vamos logo, tem uma grande mesa lá em baixo bem abastecida lhe esperando, ragazza.
- Os Ferrari estarão lá? - pergunto antes de aceitar.
- Sim, signorina. 
Fico apreensiva e recuo um passo, e ela percebe.
- A senhora não poderia, me trazer algo aqui mesmo? Não precisa ser nada elaborado, eu me contento com um pedaço de pão, por favor. - Eu não poderia ir até lá, não poderia fingir que tudo estava bem, que eu não havia sido sequestrada.
- Sinto muito, não sou autorizada a fazer isso - diz a senhora com ar resignado e melancólico. - Os Ferrari fazem todas as refeições juntos, é uma regra da casa. Venha, estão à sua espera.
- Eu não quero ir - sussurro e recebo um olhar piedoso da mulher.
- Eu posso imaginar, ragazza, mas os Ferrari são exigentes com todos os membros, inclusive com os empregados - menciona com voz trêmula, um indicativo de que minha teimosia poderia custá-la algo. Eu não quero prejudicá-la, até então estava sendo a única pessoa a me tratar bem dentro daquela prisão.
Ela segura em minha mão, caminhando comigo pelos corredores da mansão. Agora, olhando com mais calma, posso ver o quanto é maravilhosa toda a decoração. Pelo visto essa família deve ter bastante dinheiro, devido ao modo como tudo parece ser caro. Era tudo o que qualquer pessoa poderia desejar, exceto eu.
Quando chego na cozinha todos estão na mesa, inclusive Ettore, que me encara fixamente. Será que todo o tempo vai ser assim, me sentindo ameaçada? Deixo implícito em minha expressão o meu desagrado e minha tensão, mesmo sabendo que isso não o comoveria.
- Venha querida, sente-se aqui! - A mulher da outra noite, que se apresentou como Sandra, me puxa para sentar entre ela e a sua filha Bianca.
- Hoje será o jantar de noivado onde vamos apresentar você oficialmente à famiglia, querida!
- Isso mesmo, e vou logo deixando claro que não quero nenhuma gracinha, ou você já tem ideia do que pode acontecer! - Dessa vez Ettore se pronuncia, e eu me encolho na cadeira com suas palavras. Sem dar chances para me defender.
- Ettore, na mesa não, querido. Refeições são momentos de paz - disse Sandra com voz doce e firme.
- Que seja, está avisada.
Logo depois, todos começam a comer, conversando sobre assuntos sobre os quais não entendo nada, o pai de Ettore não me parece ser tão ruim, muito menos o irmão, Pietro. Então por que somente esse homem é assim? Apesar que, me lembrando agora, Ettore me pareceu um anjo antes de bancar o louco, então, não devo me iludir, pois eles podem ser piores.
Estou me sentindo um peixinho fora d'água, como eles conseguem agir naturalmente depois de minha chegada? Ninguém parece se importar com o fato de que estou aqui obrigada, e não por escolha minha! As roupas no closet me vêm à mente e sinto um arrepio na coluna. Quantas mulheres contra a própria vontade já se sentaram naquela mesa? 
Quando todos terminam, Bianca me leva para conhecer a casa e suas dependências, me fala algumas coisas sobre sua cultura, fico abismada quando ela me fala sobre os dez mandamentos, como os casamentos são arrumados, e deixa bem claro o medo que tem quando a sua hora finalmente chegar. Mesmo sem conhecê-la tenho compaixão pela a pobre moça, pois estou sentindo na pele o que ela provavelmente vai passar. Tento dividir minha atenção ao papo dela e às particularidades da propriedade, tentando achar algum ponto fraco, porém a todo canto que olho há um homem armado fazendo ronda, ou uma câmera entre as árvores. Aquele lugar era uma fortaleza!
Isso tudo é loucura, preciso tentar fugir desse lugar de alguma forma, não vou ficar aqui esperando minha morte, pois é isso que vai acontecer quando me negar a dar um herdeiro para Ettore.
***
Olho no espelho a obra-prima que Bianca fez em mim, mas não consigo sorrir, minha vida está desmoronando a cada instante que passo nessa casa. Nem o vestido deslumbrante, ou as joias que brilham no meu pescoço, fazem-me esquecer da nebulosa realidade que estou vivendo.
- Sei que é difícil, Violleta, mas pelo menos tente sorrir um pouco quando estiver lá em baixo, para não passar uma má impressão, Ettore pode querer castigá-la por isso. - Ela diz, me alertando, e por saber que Bianca tem razão, decido que vou tentar parecer um pouco melhor, pois não vou aguentar mais uma agressão tal como a do outro dia.
- Encontrei roupas no quarto, roupas femininas - começo. - A quem elas pertencem?
- Ora, a você, é claro! Ettore comprou todas antes da sua chegada para que ficasse bem abastecida.
- Pelo modo como me tratou, não duvidei que pertencessem a alguma esposa anterior que não "sorriu do jeito que ele quer" - digo amarga e Bianca baixa o olhar, quase penso que ela se solidariza com minha situação. Porém devo me lembrar de que ela é um deles.
- Dio mio, que belíssima! - Sandra entra no quarto, está estonteante como uma matriarca deve ser.
- Obrigada. - Forço-me a dizer. Ela sorri, vem em minha direção e põe sua mão no meu rosto. Quero desviar de seu toque, quero sair correndo, todas as minhas células me comandam a fazer isso.
- Não fique assim, querida, agora você está odiando tudo isso, mas lá na frente você vai aprender amá-lo, assim como aconteceu comigo e Domenico.
- Com todo o respeito, sra. Ferrari, eu nunca poderei amar um homem como seu filho - asseguro, com toda a convicção que consigo juntar em minha voz, sustentando os olhos nos dela.
- Com o tempo isso vai mudar - responde com o tom de voz mais baixo, mas conformado. - Para o seu próprio bem, querida.
O medo me invade, pois isso soa como uma sentença permanente. Pular da janela nunca pareceu tão atraente para fugir daquele destino de servidão que eu via estampado em todas as rugas de Sandra Ferrari.
Saímos, as três juntas do quarto, meu coração em descompasso, sem saber o que me espera. Quando chegamos ao topo da escada todos os olhares são para nós, fico envergonhada, mas Sandra aperta minha mão em sinal de apoio, e lentamente descemos os degraus.
Ettore está no final das escadas, provavelmente me esperando para me exibir, mostrar seu troféu que não moveu um dedo para conquistar, apenas para obrigar e machucar. Prendo meu olhar no seu, ele está em um terno preto com seus cabelos penteados para trás, segurando um copo de whisky na mão. Seu maxilar está cerrado, sua boca em uma linha reta, ele mantém a sua postura sem mostrar qualquer reação. Toda aquela beleza, sensualidade e poder de atração... Num homem tão cruel.
Ettore é o homem que qualquer mulher desejaria na sua cama, mas nenhuma delas desejaria o que ele está me fazendo passar. E à medida que vou chegando mais perto, ele faz uma análise minuciosa de minha roupa, encarando-me, abaixa-se junto ao meu ouvido e diz:
- Espero que não me faça passar vergonha hoje à noite! - Ele rosna, fazendo seu hálito que cheira a menta misturado com a bebida que está no copo que segura, bater sobre meu rosto. 
- Não se preocupe, se por acaso eu fizer, vou me certificar de que entre para a história dessa sua famiglia!
- Antes que você tente, vai estar sendo diluída em um barril com ácido, então não se iluda se pensa que não pode ser substituída, coração.
- Espero que me coloque no barril ao lado da mulher que vestiu aquelas roupas no seu closet.
- Aquelas roupas são para você, foram compradas para você somente, e se não usá-las eu juro que te enforco com elas na fachada de casa. Agora pare de me responder dessa forma ou vou acabar fazendo isso mais cedo do que imaginava, você está me entendendo? - diz ele entre os dentes, sua mão se fecha em meu braço, suas unhas quase entram em minha pele. - Agora cale a porra da sua boca e sorria.
Engulo seco, sem mais palavras para argumentar, o melhor mesmo é ficar quieta e participar da palhaçada toda. Ettore segura minhas mãos enquanto todos nos olham, meus músculos doem onde ele apertou. Volto o meu olhar para o lado e vejo Bianca trazer duas alianças em um porta joias. Ettore pega a primeira depositando no meu dedo, depois é minha vez e não posso fazer nada, a não ser obedecer a seus comandos como um de seus soldados. Depois ele ergue para o alto nossas mãos onde estão as alianças, e brada:
- Famiglia Ndrangheta, sei la mia futura moglie, Violleta! 
- Lunga vita alla famiglia!
Ontem saí de casa procurando um emprego, hoje sou a noiva de Ettore Ferrari. Sem ao menos conhecer o homem ao meu lado, o pouco que sei me apavora. Sabia pouco sobre casamento ou relações românticas, mas a tênue ideia que eu sempre tive foi que se precisava amar a pessoa para se casar. Eu não amava Ettore, e nunca amaria. E nem ele a mim.
 - Una grande moglie che hai scelto, caro mio! - "Uma ótima esposa você escolheu meu caro". - Um velho barrigudo, ao lado de uma linda mulher vem nos cumprimentar.
 - Sim, realmente, eu soube escolher.
- O jantar está servido! - Foi anunciado.
Aquela conversa já estava deixando-me enjoada. 
Finalmente vamos fazer alguma coisa além de andar para falar com pessoas que não conheço, e nem faço questão de conhecer, pois o que me parece é que todos aqui são de um clã, homens que me dão medo só de olhar. A decoração está em preto, branco e cinza, não poderia ser diferente, isso aqui me parece um funeral, e o defunto sou eu. 
Todos se sentam em uma única mesa, Ettore está no canto principal, o restante está ao lado de suas esposas ou amantes, como eu pude conhecer algumas delas, já sei como vai ser se Ettore for do mesmo jeito, e com toda certeza ele vai, pois não tenho interesse algum em ter alguma relação com esse escroto. Quanto mais longe de mim ele ficar, melhor.
Quando o jantar terminou mais uma vez tive que me despedir de todos, Ettore saiu logo após os convidados, fui para o quarto descansar e pensar em alguma solução para minhas desgraças e em um jeito de sair desse lugar antes do casamento ser realizado, mas não sei como.