Como ele não havia ido a sua festa de aniversario, decidiu ir para evitar algum tipo de problema no futuro.
Juan era o único de fora que sabia da sua situação com a noiva de verdade.
- Você conheceu alguém naquela noite, só pode cara. Vai, me conta! Só não me diga que transou no meu carro que eu te mato!
O amigo riu do comentário e ele riu também.
Se ele soubesse.
- Sim, conheci alguém e dei o número, seu número quero dizer, caso precisasse... Mas deixa! Não é importante!
- Você levou um bolo! E isso em si já é importante!
Os dois riram marcaram de se encontrar no mesmo bar e desligaram em seguir.
Oscar pegou a chave do carro e foi na direção do condomínio da noiva. Seu pensamento volte e meia o traia e ele se via pensando na mulher que havia transportado. Passou várias vezes em frente ao condomínio onde a havia pegado naquela fatídica, mas nunca mais a viu.
Ele se enganava dizendo que era apenas uma atração e que fora o mesmo para ela.
Mas não foi.
Ele sentia, mas nada poderia fazer nada.
O que mais o deixava furioso era ser chantageado por Marlene logo ele um advogado esperto que vencia todas as batalhas judiciais.
Temido por vários colegas de profissão.
Ele se aproximou do condomínio anunciando sua chegada ao porteiro de plantão.
Na mão carregava uma garrafa de vinho. Ela havia dito que precisava muito dele para resolver um problema que havia aparecido repentinamente.
Repentinamente!
Ele duvidava que houvesse sido daquele jeito, mas sabia que o drama era uma de suas especialidades.
Ele apertou a campainha do apartamento e como sempre fora recebido por Robby.
Ele não entendia muito a função do rapaz ali, era uma espécie de faz tudo para Marlene. O rapaz aparentava ter uns trinta e poucos anos, mas estava quase sempre muito calado. Aparecia quando Marlene berrava chamando-o ou simplesmente estava lá.
Se ele pudesse dizer o papel dele na vida da noiva diria que era seu capacho.
Ele escondia os trejeitos, mas Oscar sabia que era gay.
- Entre - Disse ele o conduzindo sala até o escritório. – Você já esta sendo aguardado.
Oscar agradeceu com um gesto e entrou.
- Ahh, ai está ele... Meu querido! Que saudade!
Marlene se levantou correndo em sua direção. Ela havia esperado por aquele momento, onde sua querida filha iria conhecer o seu futuro marido. Ela correu para seus braços, vendo que ele não saia do lugar.
Oscar, no entanto estava paralisado.
Uma segunda pessoa que estava sentada a sua frente também havia se levantado e então todos os seus temores aconteceram. Ele sentiu uma espécie de calafrio e uma pontada forte na cabeça.
Lá estava ela! A mulher que ele perdia noites de sono, bem ali na sua frente, o encarando pálida e com a boca entreaberta.
Ele tentou se recuperar, e abraçou Marlene com os olhos clavados na outra.
Ele percebeu sua confusão. Olhava a cena daquele abraço incrédula e buscava com um olhar uma explicação. Mas o que ele poderia fazer? Tentando parecer mais normal possível, ele ouviu Marlene reclamar de sua ausência na festa e outras coisas que ele sequer pôde prestar atenção.
Ela o pegou pela mão e o conduziu para perto da outra mulher, que agora havia fechado a cara e os via se aproximando com olhar altivo.
Ele viu desprezo e raiva neles.
Engoliu seco.
O que de pior poderia acontecer meu Deus? Pensou ele caminhando na sua direção, como se fosse para a guilhotina.
- Hei querido, quero que você conheça a coisa mais importante da minha vida...
O rosto da moça tremia e ela fazia um esforço sobre humano para manter a calma. Marlene estava tão empolgada que parecia não perceber o desconforto dos dois.
Mas percebia e Fabiane ficava grata, pois a mãe com certeza achava que seu nervosismo era por causa dela.
- Essa é Fabiane... Minha filha.
De todas as noticias o que ele mais temia era aquela. Sentiu o chão abrir e sua respiração ficou presa.
Filha? Oh Deus! Ele havia escutado certo?
Oscar olhou incrédulo para Marlene e depois para a outra. As duas eram parecidíssimas, mas ele nunca soubera que a noiva tinha uma filha. Ele desconfiava que pudessem ter algum parentesco, mas filha? Ela nunca havia dito sequer uma palavra sobre ela. Fabiane foi a primeira a falar:
- Nossa mamãe, ele parece surpreso! Como sempre a senhora não falou que tinha uma filha não é? Prazer... – Ela deu uma parada o encarando e seu olhar agora não tinha nenhuma expressão. – Oscar.
Ele apertou sua mão.
A mesma mão que tinha acariciado seu corpo e lhe dado um prazer incrível.
Ele olhou para noiva, furioso. Como alguém esconde uma filha?
- O que leva uma pessoa não falar que tem uma filha, querida? Achei que não existiam segredos entre a gente...
Ele estava sendo irônico e ela sabia.
Marlene deu um riso e como sempre não deu maiores explicações. Seria assim e pronto!
Ela não explicaria seus motivos e se os fizessem se colocaria como a vítima.
Colocaria a culpa em Fabiane, diria o quanto a filha some e não a procurava. Por várias vezes ela se sentira culpada com os comentários da mãe até entender que era uma chantagem, para magoá-la e puni-la.
Marlene sentou fazendo sinal para que os outros a imitassem.
Oscar esperou Fabiane sentar e se pôs na frente de ambas.
Se não fosse o corte de cabelo diferente e algumas décadas da mais velha as duas mulheres a sua frente eram parecidas. Mas a filha tinha um brilho diferente, a doçura, meiguice e sensualidade que a mãe jamais teria. Ele adorava o jeito de olhar e em como colocava os cabelos por detrás da orelha. Ou como agora apertava as mãos numa cena clara de nervosismo.
Ele queria ficar a sós com ela.
Abraça-la e explicar todo aquele mal entendido. Mas sabia que nada poderia ser explicado!
Mas ele não suportava ver aquele olhar de desprezo e ódio que ela lhe lançava.
- Oscar meu amor irei precisar de sua ajuda. Eu vendi a casa que era minha e do pai de Faby e preciso que a parte dela seja... - Fabiane a interrompeu:
- A casa não era sua mamãe. A casa em questão era dos meus avós paternos. Mas ela conseguiu que meu pai assinasse documentos dando tudo para ela.
Oscar sabia que era verdade. Mas olhou para a noiva pra ver sua reação, ela estava ali, calma e controlada como se Fabiane não tivesse falado nada. Como se o que acabara de ouvir tivesse sido a coisa mais normal.
- Que seja... Que seja! E que bom que ele me deu a casa, pois consegui um valor maravilhoso para aquela espelunca!
Fabiane ia abrir a boca para desmenti-la, mas permaneceu calada apenas a fuzilando com o olhar!
Oscar podia imaginar como ela havia conseguido a tal assinatura.
Ela já havia tentado uma vez o embriagar.
Queria uma noite de amor, mas ele não havia caído em sua armadilha.
Eles podiam ser noivos, mas ele nunca deitaria com ela. Quando ele dissera isso para Marlene ela havia rido dando a entender que ele não suportaria ficar sem tocá-la. Porém os meses se passaram e nenhum toque íntimo havia sido compartilhado, não por ele. Ela a tocava intimamente e ele sempre se esquivava.
Fabiane ouviu a todas as explicações dele em silencio e logo a seguir se levantou dando uma desculpa, pois não ficaria para o almoço.
Oscar agradeceu a Deus, pois sabia que passar mais horas com ela ali naquela mesa seria torturante.
Viu ela se levantar e se despedir de ambos.
A noiva parecia triunfante e feliz vendo a filha se aprontar para ir e não insistiu para que ela ficasse. Apenas se levantou e a acompanhou até a porta.
- Ai,ai...Filhos! Ela nunca aparece, mas quando aparece sempre fazendo teatro!- Ela sorriu e informou que iria até o banheiro.
Oscar aproveitando que a noiva havia ido ao toalete abriu a porta do apartamento e foi correndo na direção de Fabiane. A encontrou abrindo a porta do carro na grande garagem.
- Hei, espere – Ele gritou e ela ficou ali paralisada olhando para ele. – eu juro, eu não sabia, não sabia que vocês tinham algum parentesco.
- Como não sabia? Você me trouxe aqui naquela noite... - ela se esforçava para não gritar, sua voz saia baixa, mas cortante.
- Sabe quantos apartamentos existem nesse condomínio? Eu, eu desconfiei, depois que você me deu o endereço, mas...
- Mas não me falou nada! Deixou que eu ficasse com cara de idiota!
- O que você queria que eu fizesse? - Ele perguntou se aproximando dela e sentiu que ela enrijecia o corpo. - Você acha que eu fui naquela noite, na sua rua, pegar a filha da minha noiva e transar com ela num carro?
- Eu não duvido... Sendo noivo dela, acredito em qualquer coisa!
- Ora, não seja tola...
- Você poderia ter dito que tinha uma noiva e que ela morava aqui!
Ela dessa vez gritou.
- Não mudaria nada Fabiane, a gente já tinha transado...
- Cala a boca! Cara, ela é minha mãe...
- Ela não parece saber disso!
Apesar de saber que ele tinha razão aquilo doeu, como sempre.
- Pode não ser para ela e muito menos pra você, mas é para mim!
Ele se aproximou segurando-a pelo braço, dando leve sacudidas:
- Deixa de ser tola! Eu estou detestando tudo isso! Eu não saio por aí transando com toda a mulher e depois descubro que ela é... – Ele não terminou a frase e largou seu braço.
- Ah claro, agora a culpa é minha? Afinal eu dei pra um desconhecido? Eu saio transando com um cara que eu nem sabia que também comia a minha mãe?
Oscar estava furioso também. Queria sumir e leva-la junto consigo.
- Foi exatamente isso que aconteceu Fabiane! Você transou com um desconhecido!- Ele segurou de novo seu braço, dessa vez mais forte.
- Seu... Você é desprezível! Você e ela se merecem com certeza!
Fabiana desvencilhou-se de sua mão e continuou examinando-o:
- O que é? Dinheiro? Você quer dinheiro dela? Prestígio?
Ele afastou o olhar dela ofendido. Ela nunca entenderia.
- Tá ela é rica e pode te ajudar a subir na sua carreira de advogado... - Ela riu nervosa: - Um advogado que às vezes é motorista para comer algumas idiotas carentes...
- Para com isso! Foi só uma transa! E pronto... A gente pode conviver com isso?
Ela se aproximou dele e ele sentiu seu corpo em chamas.
- Não sei Oscar! A gente pode conviver com isso?
Fabiane parou a alguns centímetros dele. Seu cheiro entrou em suas narinas e ele lembrou que durante a noite ele gostava segurar a calcinha dela e cheira-la, se torturando!
E lá estava ela na frente dele e ele impotente sem poder fazer absolutamente nada!
Ela levantou a mão tocando seu ombro descendo para seu abdômen.
Ele recuou.
Mas ela não parou olhando-o dentro dos olhos:
- Foi apenas uma transa? Tem certeza?
Ela continuava a provocá-lo, com as mãos indo e vindo em seus ombros e peito. Quando suas mãos subiram para sua cabeça alisando seus cabelos ele fechou os olhos, rendido.
- Por favor, Fabiane, pare. As coisas já estão amargamente confusas e eu não quero...
- O que você não quer? Parece que você quer a mesma coisa que eu!
Ela encostou o corpo nele beijando sua orelha e descendo para bochecha e queixo.
Ele a segurou pela cintura e a trouxe para mais perto de si!
Quando suas bocas se uniram ele a encostou no carro, pressionando seus corpos. Deixando-a sentir cada músculo de seu corpo que clamava por ela.
As mãos perversas dela agora passeavam em seu abdômen, a camisa aberta facilitava aquela ousada mulher.
Entre beijos e murmúrios suas bocas se afastaram. E ela o olhava triunfante.
Ele falou um palavrão e se afastou:
- Nós não podemos repetir isso! – ele estava visivelmente abalado e excitado, ela viu.
- Acho que será impossível!
- Eu já percebi o que há entre você e sua mãe! Vocês não se suportam! E eu não quero estar no meio dessa guerra! Já tenho problemas por demais.
Ela riu voltando para o carro:
- Mas você já está no meio dessa guerra. Terá que decidir de qual lado está!
- O que você quer dizer?
- Você não pode comer as duas! Ou pode? Eu não sei você, mas farei a vida de vocês dois um verdadeiro inferno.
Dito isso ela se foi!