"Bruna, como faço para anunciar algumas vagas de emprego aqui em casa?" Quando Bruna se virou para olhar sua patroa sentiu um calafrio varrer seu corpo; parecia que ela estava recebendo um convite para esconder um corpo e não para indicar uma agência de emprego.
Ela agitou a cabeça de um lado para o outro, a fim de espantar esses pensamentos e respondeu:
"Você pode anunciar diretamente em algumas agências de emprego, senhora! Existem várias empresas que terceirizam isso. Podendo até fazer uma primeira seleção de possíveis candidatos, de acordo com o perfil exigido." Ela havia deixado seu currículo em uma dessas agências e sabia que o trabalho que desempenhavam era sério e confiável.
"Ótimo, providencie uma ótima agência para que eu entre em contato."
"Tudo bem." Bruna respondeu rapidamente, com algumas dúvidas em mente.
'Será que serei substituída, talvez meu trabalho não seja agradável aos olhos de meus patrões.'
Mas da mesma forma que teve esse pensamento, tratou de esquecê-lo, não havia como ela ser demitida sem que Luana lhe informasse com antecedência. Elas já haviam desenvolvido uma relação de confiança e Bruna pensava que sua chefe poderia ser sua amiga se não houvesse essa relação trabalhista.
....
Alguns dias depois de ter passado o nome de algumas agências de emprego para Luana, ela soube que na verdade sua chefe pretendia contratar mais funcionários para trabalharem na mansão.
"Bruna, precisarei da sua ajuda nas entrevistas de manhã, você ficará junto comigo no escritório da piscina externa. Tudo bem?"
"Sim, senhora." Bruna respondeu feliz da vida, ela não deixaria de participar de nada que sua chefe pedia.
Na manhã seguinte, Bruna levantou cedo e foi preparar o café da manhã. Ela estava distraída na cozinha, cantando uma música que Mara costumava cantar, às vezes, no hospital, enquanto elas faziam alguns trabalhos internos - como a preparação de materiais.
Ela estava tão distraída na cozinha que não percebeu a aproximação de Luana...
"Bom dia!" Luana disse de maneira animada para Bruna, mas o resultado foi inverso.
"ahhhh!" Bruna deu um grito e jogou para longe o recipiente de vidro que tinha nas mãos... quando ela se virou para Luana estava branca como papel e tremia como folha ao vento.
Luana se preocupou ao ver a situação de sua enfermeira, ela não queria assustá-la.
"MIGUEL!" Ela gritou o mais alto que pode.
Na mesma hora Xavier e Miguel invadiram a cozinha, deparando-se com Bruna agarrada na mesa e Luana desesperada.
"Querido, ela se assustou quando cheguei na cozinha e falei nas suas costas."
"Fique calma, vamos ajudá-la." Quando Miguel entendeu que fora apenas um susto respirou aliviado.
Xavier se aproximou e tentou tocar o braço de Bruna, mas na mesma hora ela se assustou e começou a tremer, arregalou os olhos e depois foi desfalecendo.
Um pouco antes de tocar o chão desacordada ela sentiu que foi suspensa do chão.
"Rápido, Miguel! Ligue para o Lucas..." Luana estava desesperada, mas Miguel não tinha um coração tão bom assim, ele não se importava com outras mulheres além de sua esposa e de sua avó.
Porém, ele não iria contrariar sua esposa, na mesma hora ele discou o número de Lucas, que por coincidência estava saindo de casa naquele momento.
"Alô, Miguel!" Lucas resolveu ser mais discreto daquela vez, seu amigo estava fazendo algumas perguntas estranhas ultimamente...
"Lucas, Bruna desmaiou e Luana está nervosa. Você conseguiria passar aqui em casa para examiná-la." Lucas ficou pensando quem Miguel queria que ele examinasse, mas deduziu que ele deveria estar falando da esposa. Miguel não se preocupava com ninguém além de sua esposa.
Lucas pensou que sua enfermeira, aquela jovem adorável que despertou alguns sentimentos estranhos nele, merecia um atendimento rápido e eficaz.
Ele mudou a direção e acelerou rumo à casa de Miguel.
Quando chegou, Bruna ainda estava desacordada no sofá; ele fez o procedimento básico e ela despertou em seguida; ele ficou observando-a enquanto ela se situava no espaço, "você está se sentindo bem?"
"Sim, obrigada Dr. desculpe o transtorno." Ela falou baixinho, apenas para que Lucas pudesse ouvir seu agradecimento.
Lucas ficou encantado com a voz doce e sussurrada de Bruna; levou algum tempo para que ele se dissipasse da névoa, depois de um menear de cabeça, ele se voltou para Luana, fazendo alguns testes rápidos. "Como eu imaginei." Ele pensou em voz alta.
"O quê? Minha esposa está bem? precisamos ir ao hospital?" Lucas achou engraçado o desespero de seu amigo.
"Não, tudo está bem, foi apenas um susto."
Bruna sentiu muita vergonha e se desculpou com seu chefe:
"Desculpem-me! Eu estava distraída e me assustei. Prometo que vou prestar mais atenção de agora em diante." Ela olhou para Luana, demonstrando seu arrependimento no olhar.
"Não se preocupe, está tudo bem! Venha comigo, vamos terminar o nosso café da manhã."
Quando elas chegaram na cozinha, Xavier já havia organizado o ambiente e recolhido toda a sujeira; em questão de minutos elas terminaram o café e eles sentaram para fazer a refeição juntos, na mesa da cozinha mesmo, na companhia de Lucas, que acabou ficando para a refeição.
Depois que eles terminaram o café da manhã, Bruna ficou para organizar a cozinha, mas foi interrompida por Luana.
"Bruna, hoje faremos as entrevistas de emprego; lembre-se que você me acompanhará. Vamos começar em uma hora."
"Sim Senhora Luana! Vou apenas terminar de organizar a cozinha e já chegarei no escritório da piscina."
"Tudo bem! Vou esperá-la."
Sem dizer mais nenhuma palavra, Luana sentou numa cadeira e ficou esperando.
.........
Enquanto isso, Lucas foi dirigindo para o hospital, sua vontade era permanecer na mansão e puxar assunto com Bruna, mas percebeu que ela era bastante tímida.
Ele tinha uma agenda lotada para o dia, entre consultas e cirurgias, só iria sair do hospital durante a madrugada, se tudo corresse bem.
Quando ele estacionou o carro, deu de cara com uma das médicas plantonistas do hospital.
"Dr. Lucas! que coincidência." Ela falou, demonstrando muito entusiasmo por tê-lo encontrado.
"Hum! Coincidência?!" Lucas falou de maneira irônica. Cada vez que ele chegava para trabalhar, os dois se encontravam no estacionamento.
Parecia que ela ficava esperando para puxar assunto.
"Claro, acabei de chegar para o meu turno, hoje o dia será bem cheio, mas amanhã poderemos sair para um barzinho. O que acha?"
"Não."
"..." Ela ficou sem reação diante da resposta direta de Lucas.
"Mas... podemos sair com outros médicos... apenas como amigos."
"Olha, Letícia. Eu não quero e não vou sair com você!" Lucas já havia perdido a sua paciência.
A jovem médica estava completamente sem jeito, ela não sabia como reagir.
"Bom, tudo bem!"
"E não volte a insistir. Não sei quem deu liberdade para ficar correndo atrás de mim, mas eu não gosto nada disso."
"Desculpe, Dr. Lucas. Isso não voltará a acontecer." Letícia falou, sentindo-se muito humilhada.
Na verdade, quem havia pedido que ela se aproximasse de Lucas foi o próprio pai dele. Ela apenas achou que era uma boa ideia.
Lucas, enquanto cirurgião renomado, diretor do hospital e um dos homens mais ricos da cidade era um dos melhores partidos, juntamente com seus amigos. Letícia achou que poderia tentar uma aproximação, mas nunca imaginou que seria humilhada daquela maneira.
Ela desistiu no mesmo instante de chegar perto de Lucas. Ele não tinha o perfil de marido que ela buscava.