Por causa de um beijo
img img Por causa de um beijo img Capítulo 4 Três
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Capítulo 6 Cinco img
Capítulo 7 Seis img
Capítulo 8 Sete img
Capítulo 9 Oito img
Capítulo 10 Nove img
Capítulo 11 Dez img
Capítulo 12 Onze img
Capítulo 13 Doze img
Capítulo 14 Treze img
Capítulo 15 Quatorze img
Capítulo 16 Quinze img
Capítulo 17 Dezesseis img
Capítulo 18 Dezessete img
Capítulo 19 Dezoito img
Capítulo 20 Dezenove img
Capítulo 21 Vinte img
Capítulo 22 Vinte e um img
Capítulo 23 Vinte e dois img
Capítulo 24 Vinte e três img
Capítulo 25 Vinte e quatro img
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Capítulo 30 Vinte e nove img
Capítulo 31 Trinta img
Capítulo 32 Epílogo img
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Capítulo 4 Três

As despedidas foram emotivas como sempre, principalmente por parte de Filipa. O dia de Eva enclausurar-se no castelo havia chegado. A avó das meninas também se preocupava, mas era mais forte que a irmã de Eva.

– Este ano você será a grande campeã, eu sei disso. – Filipa a abraçou. Secou as lágrimas e olhou discretamente para César que esperava Eva para irem juntos. – Desculpe, César, mas vou torcer pela minha irmã outra vez. – sorriu.

– Não precisa se desculpar, Filipa. Te entendo perfeitamente. – deu uma piscadela para a moça.

Após as despedidas, Eva e César prosseguiram para o castelo cheios de energia e esperanças.

Na entrada da fortaleza, havia concentração de muitas pessoas à espera de seus competidores favoritos. Alguns que passavam por lá, eram aplaudidos, outros recebiam algumas vaias. Todos os anos era assim. Eva e César já estavam entre os queridos das pessoas, além de Bárbara com sua cabeleira dourada, esta era uma verdadeira celebridade.

Não demorou muito para que todos se reencontrassem. Eva ficou feliz em rever Cecília e Raul. Teve uma breve e discreta interação com Bárbara. Logo avistou Gaspar, ele a saudou e trocaram algumas farpas. Kasimir também chegou fazendo com que o rosto de Cecília até mesmo ruborizasse ao saudá-lo, pois ela fizera questão de ir até o moço e arrastou Eva consigo. Eva apenas riu discretamente das reações da amiga.

As competições logo se iniciaram. Filipa e sua avó não perderam um só dia. Apenas familiares e convidados especiais podiam infiltrar-se naquela fortaleza majestosa para apreciar as lutas.

Filipa ficava sempre encantada com toda a grandeza e luxo que exibia aquele castelo. Seus olhos sempre brilhavam ao repousarem sobre tudo. Logo imaginou que talvez, na próxima competição estaria entre eles. Suspirou com alegria ao pensar sobre isso.

Fora uma competição muito disputada. Muitos dos competidores melhoraram muito. Cecília conseguiu pontuar mais do que no ano anterior, havia se superado. Tinha ganhado uma espada nova e dizia que ela também lhe trazia mais sorte. Contudo, enfrentou César e foi eliminada por ele. Eva mal conseguiu assistir a luta entre os dois pois não sabia para quem torcer, seu coração ficava bastante dividido.

Cecília queria muito vencer César, pois se conseguisse, enfrentaria Kasimir diretamente. Mesmo que fosse se tornar seu oponente, estava louca para estar diante dele. Eva e César não conseguiam entender o porquê dela querer enfrentá-lo.

A disputa entre César e Kasimir foi bem intensa, chegaram a ficar empatados até que com grande habilidade e jogo de cintura, César eliminou o amor de Cecília da competição.

Eva pela primeira vez em sua participação, ficou diante de Bárbara. Ela foi sua oponente num determinado momento do festival. Já havia eliminado vários opositores e ficou diante de uma lenda criada ali. Vários sentimentos vieram à tona. Medo, ansiedade, euforia... Não sabia o que pensar. Poderia ser o fim de sua participação ou se tornaria ainda mais importante se vencesse Bárbara.

Seu combate foi bastante tenso no início, pois não enfrentava qualquer competidor, chegou a cometer alguns deslizes no início da luta, deixando Filipa e sua avó bastante angustiadas. Contudo, logo retomou sua postura e força, igualou-se à Bárbara nas pontuações. A loira não deixou-se abater pela segurança de Eva e manteve-se firme em busca de mais uma vitória. Porém, Eva com sua velha espada, tinha muita técnica e acabou superando a estrela da arena. Uma vitória inusitada para os apostadores. Uma luta que incendiou a plateia e encheu Filipa e dona Ana de orgulho. César também não deixou de comemorar a grande conquista de sua amiga, era uma oponente, mas acima de tudo uma grande amiga. Cecília pulava, gritava insanamente, estava deveras feliz. Já Gaspar estava impressionado com a evolução de Eva.

No decorrer das competições, César confrontou-se com Gaspar. Eles mantinham uma postura amigável, embora César se sentisse desconfortável diante dele. A torcida de Eva era fervorosa pela vitória do amigo, contudo Gaspar mostrou toda sua força e eliminou o jovem ruivo da competição. Um misto de raiva e tristeza tomou conta de Eva, mas nada poderia ser feito.

Finalmente, o dia da grande final havia chegado e nela estavam Eva e Gaspar. Um dos dois seria o grande campeão daquele ano. Havia muito nervosismo entre os amigos e familiares de todos, talvez eles estivessem mais tensos do que os os próprios competidores. Gaspar era muito bom e Filipa fazia longas preces para que sua irmã conseguisse vencê-lo. Queria poder abraçá-la e passar a ela todas as suas boas energias. Ficar longe de sua irmã, durante dois meses, foi angustiante. Só tinha a presença de Eva quando a mesma estava na arena e só podia observá-la de longe. Porém, sabia que estava bem próximo de poder abraçá-la novamente. Independente de qual fosse o resultado, seria bom poder estar junto à Eva outra vez.

Eva e Gaspar estavam diante um do outro.

– Boa sorte, Eva. – ele estendeu a mão de forma gentil à moça. Exibia um olhar indecifrável.

– Não existe esse negócio de sorte, sabe bem. – ela retribuiu ao cumprimento.

– Tudo bem, então que vença o melhor. – ele riu com descaso. – Sabemos que serei eu.

– É o que veremos.

Neste clima um pouco pesado, eles começaram sua peleja. Havia grande alvoroço na plateia. Os apostadores arrancavam seus cabelos de nervosismo. Filipa e sua avó não sabiam como se portar diante da algaravia formada naquela arena. Seus corações oscilavam entre a euforia e o nervosismo. Era um grande momento naquela família.

As espadas se tocaram finalmente, pequenas faíscas saíam ao toque das lâminas. Eram semelhantes as que saíam nas trocas de palavras entre os dois competidores.

A dança de corpos e armas fora voraz, deixando os telespectadores em polvorosa. Alguns mais fanáticos fechavam os olhos em determinados momentos. Aquela talvez tenha sido a luta mais duradoura do campeonato. Fazia todo o sentido, os dois melhores, selecionados a duras penas, estavam ali diante um do outro.

A disputa fora bem acirrada entre os dois, estavam suados, cansados, porém a gana da vitória estava acima de tudo isso.

Depois de mais de uma hora digladiando-se entre golpes, contra-golpes, quedas, empurrões e pontapés, finalmente havia um vencedor entre eles; Eva ergueu sua espada diante de toda multidão, mostrando que finalmente havia conquistado algo importante em sua vida. Gaspar olhava ainda incrédulo, porém nada disse, apenas aceitou que Eva havia chegado a um patamar mais elevado.

Filipa gritava, chorava... Não sabia como expressar toda a alegria que sentia naquele momento. Dona Ana também exibia seu sorriso diante de toda sua felicidade. Eva era uma vencedora.

A cerimônia de premiação seria no dia seguinte. Eva teria que esperar mais um dia para estar diante dos seus entes queridos. Por hora, restava comemorar com seus amigos.

– Foi uma ótima luta. – Gaspar ergueu sua mão para saudar Eva. – Parabéns.

– Muito obrigada. – Eva retribuiu em meio ao cansaço físico.

Enquanto saía da arena, ficou feliz ao ser cumprimentada por Bárbara. – Agora não sou a única mulher com um título por aqui. – sua face era indecifrável como de costume. Eva apenas sorriu à saudação tão importante. Bárbara não era dada a isso, mas com Eva era diferente.

César a recebeu num abraço caloroso. – Parabéns, Eva. Você me superou.

– Que isso, César. Sem você, eu não teria chegado tão longe.

Kasimir também abeirou-se da campeã. – Fico muito feliz por sua vitória. Está reescrevendo a história das competições.

– Agradeço, Kasimir. – Eva recebeu a saudação e logo se afastou dele pois Cecília vinha em sua direção.

– Minha grande amiga! – abraçou-a. – Nem sei o que te dizer neste exato momento... – uma lágrima percorria sua face. Afastou-se do abraço e prosseguiu ao lado de Eva e os outros para dentro do castelo.

Todos os telespectadores deixaram a arena para voltarem no dia seguinte. Haveria uma grande festa que envolveria a entrega dos prêmios aos três primeiros colocados. Filipa e a avó não aguentavam a ansiedade em voltar no dia seguinte. Era tudo muito maravilhoso para elas.

***

Após a angústia da espera, finalmente o dia seguinte havia chegado. Filipa e dona Ana alimentaram-se rapidamente pela manhã e se aprontaram para voltar à grande fortaleza.

– Vovó, estou tão feliz... Nem dormi direito esta noite.

– Também estou muito feliz, minha querida. Eva conseguiu conquistar um grande sonho. Ela empenhou-se muito nisso.

– Logo, estarei ao lado dela competindo. – Filipa emendou empolgada.

– Tem certeza que quer fazer isso, minha querida?

– Claro vovó. É o que mais quero. Agora então, que absorvi todas essas emoções, estou mais que empolgada para estar entre eles. Foi tudo tão lindo, tão intenso... Não tenho palavras para descrever, vovó.

– Eu compreendo, minha neta. – a velha apenas riu. – Se é o que deseja, a apoiarei, assim como apoiei sua irmã.

– Obrigada, vovó. – abraçou dona Ana com carinho. – Agora, vamos logo, não quero perder nada. Fora que estou ansiosa para abraçar a Eva.

Seguiram a trajetória rumo ao castelo. A cidade estava em polvorosa, só se falava na grande campeã. Filipa sentia um orgulho imenso ao ouvir todos os burburinhos. Depois de passarem por grande aperto entre tantas pessoas para infiltrar-se no castelo, avó e neta finalmente cruzaram os portões.

As pessoas iam se ajeitando em seus lugares. Estava tudo muito bonito e organizado para a festa de premiação. Logo o rei e a rainha instalaram-se em seus lugares de honra para assistir ao cerimonial.

Alguns músicos tocaram algumas canções para animar o público e havia até mesmo um bobo da corte.

Depois de todo festejo, o grande momento havia chegado. O animador da festa deu início à premiação. O terceiro colocado era um novo participante, um mero desconhecido que conseguia angariar tal façanha. Foi muito aplaudido ao receber seu prêmio. Logo, Gaspar, o vice-campeão foi chamado para receber sua bonificação também. Fora grandemente ovacionado, principalmente pelas moçoilas, afinal era um dos mais bonitos competidores presentes, só perdia para Kasimir. Sua torcida, em grande parte, era de mulheres.

O maior momento era a premiação da grande vencedora. Filipa já estava tendo comichão de ansiedade. Eva finalmente foi chamada. Gritos, aplausos e euforia tomou conta da arena. Havia uma certa demora para a moça surgir e o suspense causou ainda mais balbúrdia. Uma lágrima de emoção já corria pela tez de Filipa. Contudo, o suspense estava longo demais, Eva não aparecia para dar o ar de sua graça. Logo, a euforia passou e interrogações percorriam pela plateia. Os olhos de Filipa esquadrinharam todo o cenário e nem sinal de sua irmã. O que Eva estaria aprontando?

A euforia havia se dissipado completamente. Alguém saiu em busca de Eva, o rei estava bastante desapontado com isso. Apenas um falatório incômodo instaurou-se naquele lugar. Até que finalmente, um dos guardas do palácio surgiu diante de todos e cochichou algo no ouvido do animador. Este ficou pálido na mesma hora. Ele encarou o rei e à plateia e não sabia como iniciar sua fala.

– Muito bem, senhoras e senhores... Eu... Bem... É que houve um contratempo terrível. A senhorita Eva... Bem... Ela está morta.

Um sonoro O fora dito pelas pessoas que assistiam. Filipa e sua avó ficaram sem entender. Só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto.

Sem demoras, seu corpo esfaqueado foi trazido para o centro da arena. Houve pânico, desespero e indignação. O próprio rei não acreditava no que seus olhos vislumbravam. Como aquilo poderia ter acontecido num lugar tão pacífico como aquele? Era para ser um dia de festa, de alegria e no entanto, uma tragédia desenhava-se diante de todos.

Filipa e sua avó estavam perplexas. A irmã de Eva, atravessou todo aquele montante de pessoas, esbarrando e empurrando a todos para chegar até sua irmã.

– Não!!! Não pode ser!!! – estacou diante do corpo de Eva sem vida. – Minha irmãzinha o que fizeram com você? – abraçou-se a Eva num pranto mais que sentido.

Toda uma multidão olhava aquela triste cena com perplexidade.

***

O funeral de Eva fora realizado no dia seguinte. Filipa e sua avó estavam vivendo o pior dia de suas vidas. No dia anterior, era só alegria que agora fora abafada com tamanha tragédia.

Todos os competidores estiveram presentes para prestar sua homenagem à Eva.

O prêmio de Eva foi entregue a sua avó, que com muita dor no coração o recebeu e o guardou. Sabia que a jovem ficaria feliz em poder ajudar a família. Contudo, não se importava com a avultada quantia em moedas que tomava posse, só queria sua neta viva ao seu lado.

            
            

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