Quando o carrasco apertou a corda em torno do pescoço dele, ela acordou de sobressalto, o coração disparando de medo. Sem querer enfrentar novamente a visão sombria, Aurora vestiu-se rapidamente e desceu as escadas, onde encontrou Percy tomando o café da manhã antes de sair para o escritório. Ela sentou-se à mesa com ele, mas não quis nada além de café.
- Você vai à fortaleza hoje? - ela perguntou, tentando manter o tom casual, embora soubesse que tinha sido em vão.
Percy olhou-a, preocupado. Ele não aprovou a visita dela ao prisioneiro no dia anterior, mesmo em missão de misericórdia por um homem que era seu amigo. Na verdade, ele ficou um pouco surpreso ao saber da ousadia dela.
- Isso não é para você, Aurora. Sei que você deve estar ciente do quanto seu comportamento foi inadequado. Normalmente, você mostra mais consideração por sua posição na sociedade.
Aurora olhou para baixo, sabendo que o primo estava certo. Ela não estava sendo ela mesma desde que pôs os olhos pela primeira vez em Nicholas Sabine. Ela não podia explicar sua preocupação desesperada nem mesmo para si, quanto mais para Percy.
- Simplesmente detesto ver alguém sendo tratado de uma forma tão horrível - ela disse, disfarçando.
O olhar de Percy mostrava simpatia.
- Minha querida... Você deveria se preparar para o pior. Uma carta foi enviada a Barbados ontem, pedindo a permissão do almirante para enforcar Sabine. Pode ser que tenhamos a resposta hoje.
Ela sentiu o estômago encolher de medo. Aurora esperava que ele pudesse escapar daquele destino terrível, ao menos por ter conexões importantes.
- Prometo informá-la sobre o veredicto assim que souber - Percy garantiu a ela.
Aurora concordou com a cabeça, sem confiar em si mesma para falar, sentindo uma ponta de dor na garganta.
Ela ficou contente quando Percy mudou de assunto, comentando assuntos mais triviais, e, mais contente ainda, quando ele partiu. Quando ficou sozinha, levantou-se e parou em frente à janela da sala do café da manhã, com o olhar distraído para o gramado ensolarado, com palmeiras altas balançando e buganvílias salpicadas de vermelho.
Ela percebeu que tinha sido um equívoco visitar Nicholas Sabine na cela dele na prisão. Não apenas por ser inadequado, mas porque agora possuía imagens ainda mais vívidas dele, que tornavam mais difícil esquecê-lo. Era impossível parar de pensar nele. Ela ainda podia sentir sua presença arrebatadora - a visão proibida de sua pele bronzeada e nua, o toque silencioso dele no rosto dela, a suavidade dos seus olhos negros...
Aurora mordeu o lábio inferior, como se assim punisse a si mesma pela sua insensatez. Ela não aprendera que era melhor não se importar tanto com alguém?
Ela tinha perdido duas pessoas que lhe eram muito queridas: sua mãe, vários anos atrás, e mais recentemente seu prometido marido Geoffrey Crewe, o conde de March.
Seu futuro há tanto tempo planejado foi destruído quando Geoffrey morreu no mar. Ela estava noiva dele praticamente desde o berço. Como parente homem mais próximo de seu pai, ainda que distante, Geoffrey era o próximo na linha de sucessão para o ducado e a vasta propriedade de Eversley. E seu pai estava determinado a manter o título para os netos, já que uma condição física ignóbil o havia tornado incapaz de gerar mais filhos.
Aurora entendia por que ele queria tanto um filho para continuar a linha de hereditariedade rompida no reinado de Henrique II - e por que ela sempre foi sua maior decepção.
Ela teria ficado feliz se tivesse nascido homem, então poderia ter evitado o destino que seu pai lhe havia determinado. Aurora mal tinha se recuperado da trágica notícia da morte de Geoffrey quando o pai secretamente aceitou, em seu nome, a proposta de um nobre amigo, o ilustre duque de Halford. Não importava que ela mal pudesse conceber casar-se com tal homem, ou que ele já tivesse sobrevivido a duas jovens esposas, perdendo uma para a maternidade e outra em um bizarro afogamento acidental. Halford era rico o suficiente para comprar a filha de um duque, e sua linhagem ia ainda mais longe do que Henrique II.
Seu pai não via a união como punição. Ele alegava que queria apenas vê-la estabelecida e com alguém que provesse bem suas necessidades, casada de forma segura com título e fortuna quando a titularidade de Eversley fosse transferida para sua família direta assim que ele morresse. Com um suspiro amargurado, Aurora imaginou se na verdade ele não queria apenas livrar-se dela, de forma que ele próprio não precisasse mais ser lembrado do seu fracasso.
Quando Percy e Jane a convidaram para visitar sua casa nas Índias Ocidentais, ela aceitou agradecida, não apenas esperando que sua tristeza se curasse mais rapidamente com a mudança de ares, mas também desejando adiar seu indesejado casamento o máximo possível. Os meses que se passaram, entretanto, não diminuíram sua revolta quanto à necessidade de tornar-se a noiva de Halford. Temia retornar à Inglaterra agora, onde seu ilustre pretendente estava cada vez mais impaciente para anunciar publicamente seu noivado, mas ela já não tinha mais desculpas para ficar.
Apertando as mãos, Aurora deu as costas para a janela. Normalmente, teria saído para cavalgar, para afastar os sentimentos de frustração e impotência, ou se juntado a Jane em sua rodada semanal de pedidos de caridade, uma responsabilidade que Jane assumiu muito seriamente como esposa do vice-governador. Mas Aurora não queria se afastar da casa, caso surgisse alguma notícia do prisioneiro americano.
Em vez disso, foi buscar um xale, para que pudesse percorrer a área que vislumbrava da entrada da casa. Era difícil, entretanto, continuar passiva, assistir a tudo de braços cruzados enquanto o mundo era controlado pelos homens.
Como sua vida seria diferente se ela fosse homem, Aurora refletiu impetuosamente. Quão mais livre ela seria. Teria gostado de ter algum grau de controle sobre sua existência. Se fosse homem, teria o poder de influenciar seu próprio futuro... e o dos outros também.
Talvez então pudesse realmente ter ajudado Nicholas Sabine, em vez de se ver forçada pelos protocolos a aceitar a parte que cabe às mulheres e a esperar impotente em casa por uma notícia sobre o destino dele.
A tarde já ia longe quando Percy voltou para casa. Aurora o estava esperando ansiosamente na sala de visitas para encontrá-lo assim que entrasse.
- Fico feliz em encontrá-la aqui, minha querida - disse Percy calmamente. - Achei que pudesse ter acompanhado Jane em seus pedidos de doações.
- Eu queria saber as notícias.
Dispensando o criado que estava pronto para guardar seu chapéu, Percy fitou-a com relutância. A expressão penosa em seu rosto confirmou, sem a necessidade de palavras, as notícias que ela temia ouvir.
Ela levou a mão à boca para segurar uma lágrima.
- Aurora, sinto muito - ele disse, simplesmente. - O almirante não estava inclinado a ser misericordioso.
Por um momento, seu primo permaneceu em silêncio, como se desse a ela tempo para se recompor. Então segurou suas mãos gentilmente.
- Minha querida, este é obviamente um momento difícil, mas tenho um assunto sério para discutir com você.
Ainda entorpecida pelo choque, Aurora mal ouviu o que o primo estava dizendo.
- Houve uma reviravolta inesperada nos acontecimentos - disse. Ele fez uma pausa, com uma expressão nervosa no rosto. - Nicholas Sabine tem um... pedido para lhe fazer.
- Um pedido? - Ela repetiu com a voz rouca.
- Eu falei com Nick após a decisão do almirante ser conhecida - Percy explicou em voz baixa - e ele pediu minha opinião sobre uma ideia meio extravagante. Não recusei de imediato porque achei que você deveria ouvi-lo e decidir por si própria. É uma proposta extraordinária... mas estas são circunstâncias extraordinárias.
- Eu não entendo. O que ele deseja me pedir?
- Na verdade, ele gostaria da sua ajuda. Parece que ele tem um dever a cumprir, embora logo não esteja mais vivo para fazê-lo.
- Qual dever?
- Sabine tem a guarda de uma meia-irmã que vive em Montserrat. Essa jovem precisa urgentemente da proteção de alguém para cuidar dela, bem como para acompanhá-la à Inglaterra. E como você está planejando retornar para lá em breve... Bem, tem mais, mas não quero influenciá-la excessivamente. Você deveria ouvir a proposta diretamente de Sabine. Se você estiver disposta a ouvir, eu a acompanharei à fortaleza imediatamente.
- Você quer dizer agora, neste momento? - Aurora perguntou, confusa.
- Sim, agora - disse Percy. Ele soltou as mãos da prima. - Temo que não tenhamos muito tempo. O enforcamento foi adiado até amanhã, mas depois disso...
Sua voz meio que desapareceu, embora Aurora tenha ficado agradecida por ele não ter colocado em palavras o restante da frase.
Ela não esperava ver novamente o audacioso americano que tinha tocado sua vida tão rapidamente. Dessa forma, foi com o coração pesado que Aurora retornou à prisão, na fortaleza. Ela sentia um buraco no fundo do estômago à medida que precedia o primo adentrando a cela escura.
Nicholas Sabine estava de costas para ela, um raio de sol dourando ainda mais seu cabelo loiro. Dessa vez, ele estava totalmente vestido, ela notou distraidamente. Alguém - talvez Percy – tinha fornecido a ele um casaco e um par de botas hessianas; assim ele se assemelhava mais com um cavalheiro de posses do que com um pirata selvagem ou um prisioneiro condenado.
Entretanto, quando se virou lentamente para encará-la, ele ainda provocava nela o mesmo efeito poderoso; ela sentiu o coração acelerado no peito assim que encontrou a intensidade escura de seu olhar.
- Obrigado por vir - disse Nicholas com uma voz calma. Ele olhou para o primo dela. - Poderia contar um pouco mais com sua amizade, senhor Percy, e pedir que nos permitisse um momento a sós?
Lady Aurora não sofrerá nenhum mal, dou-lhe minha palavra.
Percy concordou, embora relutante.
- Muito bem. Vou esperar do lado de fora do corredor, minha querida.
O primo retirou-se, deixando a porta entreaberta. O meio-sorriso de Sabine era fugaz, quase irônico, assim que notou a precaução.
Voltando o olhar para Aurora, ele fez um gesto com a mão, indicando o catre. - Se importaria de sentar-se, senhorita Aurora? Acho que vai querer estar sentada para ouvir o que tenho a dizer.
- Obrigada, mas prefiro ficar em pé - ela respondeu educadamente.
- Como queira.
Seus olhos escuros estavam pousados nela enquanto ele a contemplava em silêncio. Aurora sustentou sua avaliação penetrante com incerteza, imaginando o que ele pretendia pedir. Como ele não falou, o olhar dela desviou-se para o curativo na testa dele. Parecia limpo e um pouco menor do que no dia anterior, como se tivesse sido trocado há pouco. Ela estava quase perguntando como estava o ferimento quando ele falou.
- O que Percy lhe disse? - perguntou Sabine.
- Apenas que você precisa da minha ajuda para sua irmã.
- Eu preciso - disse, e olhou-a de forma especulativa outra vez. Então passou a percorrer a pequena cela como um gato enjaulado: ágil, gracioso, ansioso. - Você pode me chamar de maluco, mas peço que ouça tudo o que tenho a dizer antes de decidir.
O senso de urgência dele era explícito, deixando-a apreensiva.
- Muito bem, senhor Sabine - Aurora provocou. - Estou ouvindo.
- Suponho que eu deva começar contando-lhe uma história, uma história de amor, se me permite. Mas temo que possa chocar uma senhorita de sensibilidade frágil. Está disposta a ouvi-la?
- Sim - Aurora murmurou, em dúvida.
Ele continuou a percorrer a cela, mantendo a voz baixa enquanto falava.
- Havia um homem, um americano, que foi para a Inglaterra e se apaixonou. A moça retribuiu a afeição dele, mas qualquer união entre ambos estava condenada desde o princípio. Não apenas porque ela era muito jovem, mas também porque a família dela nunca permitiria que se casasse com alguém que não fosse de sua classe. Pior que isso, ele já tinha uma esposa e um filho jovem, além de outra criança a caminho.
"Recusando-se a desonrá-la ou aos seus votos de matrimônio, ele deixou a Inglaterra, determinado a sobrepujar seus sentimentos e nunca mais ver a jovem novamente. Mas os negócios exigiram que ele retornasse alguns anos depois, e ele a encontrou praticamente em desespero. Ela estava prestes a se casar com um homem mais velho cujas deformidades físicas o transformaram em um monstro aos olhos dela. Como sua noiva, ela iria morar na propriedade distante do marido, longe de tudo que lhe era caro.
"Ela não aguentaria ficar prisioneira daquele casamento e acreditava que sua vida estava no fim, sem sequer ter vivido ou mesmo conhecido a paixão. Então ela implorou ao homem que amava que mostrasse a ela o que era a verdadeira intimidade. Incapaz de resistir ao seu pedido ou negar seus sentimentos por mais tempo, ele se tornou seu amante."
Sabine fez uma pausa na história e olhou para Aurora, como se estivesse medindo a reação dela. Como ela conseguiu manter uma expressão evasiva, ele seguiu adiante.
- O caso ilícito durou apenas poucos meses, já que ele teve de voltar para sua família e suas responsabilidades. Pouco depois, entretanto, a moça descobriu que esperava uma criança.
Aurora estremeceu involuntariamente. Ela podia muito bem imaginar o desprezo que uma jovem mulher solteira enfrentaria se sua condição de grávida se tornasse pública.
- O que aconteceu? - ela murmurou.
- Sem qualquer surpresa, o noivado da moça foi imediatamente desfeito. Para abafar qualquer tipo de escândalo, ela foi forçada a se casar com o filho mais jovem de um nobre irlandês e foi banida para viver no Caribe, enquanto seu indignado pai lavou as mãos em relação a ela. Essa mulher morreu no ano passado, sem nunca ter se reencontrado com sua família. Ela deixou apenas a criança, uma filha.
- Sua irmã - Aurora disse gentilmente.
Sabine soltou um lento suspiro.
- Sim. Minha meia-irmã, para ser exato. Como você deve ter adivinhado, o amante dessa mulher era meu pai.
- Ele sabia sobre a criança?
- A princípio, não. Mas ela escreveu para ele quando o marido morreu, contando o que aconteceu. Meu pai ajudou-a financeiramente durante anos, embora não pudesse reconhecer publicamente a criança. Ele sentiu a necessidade de fazê-lo porque queria manter segredo para a família, para poupar minha mãe do conhecimento desonroso do seu caso de amor. Ele morreu quatro anos atrás, mas em seu leito de morte me contou sobre a filha e me fez prometer que cuidaria dela.
Novamente Sabine esboçou aquele irônico meio-sorriso que acelerava com ímpeto o coração de Aurora.
- Eu não poderia me recusar a honrar o pedido dele no leito de morte, poderia? Para dizer a verdade, nunca fui o filho perfeito. Nosso relacionamento sempre foi... complicado porque eu não tinha interesse em assumir a empresa de navegação que ele construiu. Meu pai, veja só, era sobrinho do sexto conde de Wycliff, mas com pouca perspectiva de herdar o título. Antes da guerra com as colônias, ele emigrou para a Virgínia para fazer fortuna. E superou até seus próprios sonhos, construindo um formidável império a partir de quase nada. Ainda assim, eu preferia a vida de um aventureiro a seguir seu caminho. Quando ele morreu, no entanto, eu me senti compelido a assumir as responsabilidades que sempre negligenciei.
- Você encontrou sua irmã, então?
- Sim. Minha primeira atitude foi visitá-la em Montserrat. Ela usa o nome de Kendrick, o irlandês que se casou com sua mãe, mas ela sempre soube a história de seu nascimento. Sua mãe queria que ela entendesse que foi uma criança gerada com amor.
- O capitão Gerrod disse que você foi a Montserrat para ver uma mulher - Aurora observou, pensativamente.
A boca de Sabine curvou-se diante da menção a seu castigo.
- Sim, minha irmã. Ela é quase adulta agora, tem dezenove anos, e é realmente muito bela. Ela também está sob minha guarda. A mãe dela sucumbiu a uma febre no ano passado, pouco antes de a guerra começar, e deixou a guarda de Raven para mim.
- Raven? Esse é um nome pouco comum para uma moça.
- Talvez, mas combina. Ela nasceu com o cabelo negro como uma asa de corvo, aparentemente uma influência de um dos ancestrais espanhóis de minha família. E ela é incomum, não muito convencional, em muitos outros aspectos além da aparência. Quando encontrei Raven pela primeira vez, ela parecia uma moleca, sentindo-se mais à vontade em um estábulo ou em uma enseada da praia brincando de pirata. Mas ultimamente ela vem fazendo uma honesta tentativa de conformar-se e comportar-se como uma dama inglesa. Está determinada a realizar o sonho que sua mãe tinha para ela: ser aceita pelos seus parentes ingleses e assumir seu lugar certo entre a nobreza. E um grande obstáculo foi superado: Raven foi convidada por seu avô a viver na Inglaterra.
- O pai da mãe dela?
- Sim. Ele é o visconde Luttrell, de Suffolk. Talvez você o conheça.
Aurora procurou em sua memória.
- Eu o conheci, mas nunca soube que ele teve uma filha.
- Porque Luttrell a renegou vinte anos atrás. Mas recentemente ele mudou de ideia. Quando soube da morte da filha, ele se arrependeu de nunca ter tentado reconciliar-se com ela. A saúde dele também está fragilizada agora, e ele quer encontrar-se com sua única neta e vê-la estabilizada na sociedade. A tia de Raven concordou, embora relutante, em apresentá-la formalmente, mas é questionável se Raven vai ser recebida de pronto pelos demais, em razão das circunstâncias dúbias de seu nascimento. Ela está ansiosa, até mesmo desejosa, para fazer boa presença, de forma que seja bem recebida pela sociedade que rejeitou sua mãe. O caminho dela seria bem mais ameno, certamente, se ela tivesse a amizade de alguém de elevado status social para aconselhá-la.
- E você quer que eu seja essa pessoa.
- Sim - afirmou Nicholas. Seus os olhos escuros encontraram os de Aurora com uma intensidade determinada. - Eu não gosto de implorar, lady Aurora. Não combina comigo, mas ficaria grato se pudesse estender à minha irmã a mesma gentileza que demonstrou em relação a mim ontem.
Nicholas Sabine era obviamente um homem acostumado a trilhar seu próprio caminho, Aurora pensou. Fraqueza não seria uma sensação que ele aceitaria. Ainda assim, ela não teve qualquer dificuldade para responder a seu pedido. Seu coração teria de ser realmente muito duro para não ficar sensibilizado pela situação da moça.
- É claro, senhor Sabine. Ficaria feliz em fazer tudo que puder para que a entrada dela na sociedade seja um sucesso. - O rosto dele suavizou-se apenas um pouco. Ela surpreendeu-se que o alívio dele não fosse maior até lembrar-se de sua outra preocupação. - Percy mencionou que sua irmã também precisa de alguém para acompanhá-la até a Inglaterra.
- Sim, ela precisa - disse Nicholas, retomando seus movimentos controlados. - Antes de a guerra começar, eu planejava levar Raven até a Inglaterra em um de meus próprios navios. Mas como sou americano, dificilmente seria bem-vindo lá agora. Meu primo Wycliff está muito ocupado tentando derrotar a França para acompanhar Raven, e poderia levar anos antes que vocês, britânicos, finalmente derrotassem Napoleão. Eu tenho um primo do lado de minha mãe, mas ele também é americano.
Sabine começou a passar a mão nos cabelos, parando quando encontrou o curativo.
- Eu combinei com Wycliff de ele providenciar um navio da frota caribenha dele enquanto eu encontraria uma escolta armada para Raven cruzar o Atlântico. Na verdade, fui a Montserrat para acertar os detalhes finais da viagem com ela. Infelizmente, fui pego pela tripulação de Gerrod. E agora que meu destino foi selado...
Aurora sentiu a garganta apertar ao pensar naquele homem perdendo a vida.