- Absolutamente sério. - Sua bela boca curvou-se sem riso. - Posso garantir a você que não levo a sério a perspectiva de matrimônio. Eu nunca propus casamento antes a uma mulher, e não estaria fazendo isso agora se as circunstâncias não fossem tão sérias.
Ainda chocada, Aurora conseguia apenas fitá-lo. Ela abriu a boca para dizer algo, mas depois a fechou novamente. Ela sentou-se no catre, como ele sugeriu inicialmente, precisando de apoio após aquilo tudo. Sua mente estava acelerada com o choque, embaralhada, enquanto ela tentava formular uma resposta.
- Senhor Sabine, eu não...
- Você disse que me ouviria antes de me dar uma resposta.
Ela levantou os olhos para ele. - Sim, mas... O senhor não sabe que estou prometida em casamento quando retornar à Inglaterra?
- Percy me informou. Você está prometida ao duque de Halford, mas acredito que o noivado ainda não seja oficial.
- Não, nós não poderíamos fazer qualquer anúncio público enquanto eu estava de luto por meu falecido noivo, mas meu pai assumiu o compromisso.
- Mas e quanto a você, lady Aurora? Supus que estivesse relutante em casar-se com o escolhido de seu pai. Enganei-me?
- Não, você não se enganou - ela admitiu em voz baixa.
Sabine moveu-se e parou diante dela, roubando a atenção de Aurora.
- Então considere as vantagens de uma união entre nós. Você não teria de casar-se com Halford. Apenas isso já deveria ser um forte incentivo. Eu me lembro do duque de minha última visita à Inglaterra, três anos atrás. Ele deve ter mais que o dobro da sua idade, e é tão arrogante e orgulhoso de sua condição quanto qualquer nobre que já tive o desprazer de encontrar. É isso que você quer, uma vida de prisioneira como esposa dele?
Como ela não respondeu, ele continuou.
- Há outras vantagens. Garanto a você que eu a compensaria financeiramente pelo inconveniente. Sou um homem rico, lady Aurora, com uma fortuna que provavelmente supera a de Halford. Tomei a liberdade de discutir os possíveis particulares com seu primo, e ele está satisfeito que o arranjo que estou disposto a fazer a tornaria uma mulher rica. Você teria completa independência financeira de seu pai. Apenas pense. Você não teria mais de ser obrigada a continuar sob o controle dele ou casar-se com pretendentes da escolha dele.
A ideia de não mais estar sujeita à vontade de seu pai era amplamente tentadora. Mesmo assim...
- Suspeito - Sabine pressionou - que você me acharia um marido mais agradável do que Halford. Mas mesmo se não for o caso, não é como se você estivesse ligada a mim para o resto da vida. Na verdade, você estaria, mas nosso casamento duraria apenas poucas horas, no máximo um dia. Após isso, você se tornaria minha viúva.
Aurora recuou quando ele fez referência ao seu futuro enforcamento. Ele estava claramente fazendo gozação com sua situação desesperadora, fingindo que isso não era importante. Mas quando ela procurou seu rosto masculino e forte, percebeu que ele não queria sua piedade. O foco total dele era apenas garantir o bem-estar da irmã.
- Percebo que estaria tirando vantagem de sua gentileza - murmurou, abaixando-se para tomar a mão de Aurora entre as suas -, mas infelizmente não tenho alternativa.
Assustada com o contato dele, ela retirou a mão e levantou-se, passando por ele para movimentar-se por si.
- Eu lhe disse, senhor Sabine - ela falou com o que pensou ser uma calma razoável -, que ficaria feliz em ajudar sua irmã... sem qualquer arranjo formal entre nós. Certamente não é necessário que nos casemos.
- Talvez não, mas isso melhoraria muito as chances de garantir o futuro de Raven. Se você estivesse atrelada à minha custódia por meio do casamento, teria todo o direito de guiá-la e influenciar seu ingresso na sociedade. Na verdade, se você estivesse disposta, eu poderia transferir a guarda dela para você. - Sabine esperou antes de prosseguir. - Isso pode ser impossível se você casar-se com Halford. Eu imagino que ele se oporia que sua duquesa se associasse a uma... uma jovem incomum como Raven. Ele é um defensor obstinado do decoro e da decência.
- Ele é - Aurora concordou, distraída.
- Como seu marido, ele poderia proibi-la de ter qualquer ligação com minha irmã.
Aurora levou a mão à testa. Halford não apenas poderia proibi-la, como certamente o faria.
- Mesmo assim... casar com você é uma decisão tão drástica...
Visivelmente contendo sua impaciência, Sabine forçou-se a esboçar um sorriso.
- Talvez você possa ser mais sensível se eu adotar uma abordagem diferente. Se eu tentar lisonjeá-la e afagar seus sentimentos.
Ela retesou-se defensivamente e olhou para ele.
- Meus sentimentos não precisam ser afagados, senhor Sabine.
- Não? - Pela primeira vez, o sorriso dele encontrou os olhos de Aurora. - Não concordo com isso - ele suspirou e reduziu a voz a um murmúrio. - Eu me condeno por ter proposto casamento a você dessa forma tão desagradável. Em situações normais, eu tentaria empregar todos os meus poderes de persuasão, mas temo não ter tempo para tentar encantar você. Eu não estaria mentindo, entretanto, se alegasse estar completamente embriagado pela sua beleza.