Capítulo 7 Velha amiga

[Carol]

Quando ele tirou a camisa, meu corpo não me obedeceu. Ui que, que era aquilo minha gente? Sem me controlar, subi na cama e o beijei. Mas fiquei com medo dele querer algo mais... Sabe? Decidi ir para o lado de fora. Se ele me seguisse, ali a gente não ia fazer nada! Eu acho... Ele me seguiu e pra que foi falar aquilo? Não sei o que está acontecendo comigo, não consigo me segurar, tenho que beijar ele.

Acordei bem tarde no dia seguinte. Adoro domingos, domingos são feitos para dormir! Quando levantei e fui para a sala, dei de cara com Edgar.

- O que aconteceu com você? - perguntei sarcástica, tinha dias que não ia lá em casa. Ele deu uma risadinha irônica e fui para a cozinha tomar meu café.

- Coloca no canal ai Edgar! - disse Fabrício.

Ele pegou o controle da TV e trocou o canal. A campainha tocou e Fabrício abriu a porta. Era o Erick.

Fiquei olhando eles sentados no sofá esperando e olhando pra TV.

- Que isso? - perguntei fazendo todos me olharem e fazer "shh". Shh o cassete! - Ah não é possível! - falei quando começou o futebol.

- Carol fica quieta! Quero ver quem vai jogar! - disse Fabrício apressado. Revirei os olhos e o Erick sorriu pra mim.

- Eu vou sair.

- Não vai nada! E fica quieta!

- Estou saindo - falei indo pra porta, mas o Fabrício levantou correndo e entrou na minha frente.

- Volta!

- Eu não quero ver jogo nenhum!

- Não vê ué! Vai para o quarto!

- Ir a merda você não quer não? - perguntei com as mãos na cintura irritada.

- O que? - Colocou as mãos na cintura também.

- Nada!

Voltei marchando para sala e sentei no sofá de um lugar, já que eles estavam sentados no de três lugares

O jogo começou. Não sei vocês, mas quando eu vejo jogo de futebol, me dá um sono, um peso nos olhos, é como um sonífero. Estava quase dormindo, quando eles gritaram. Levei susto e acordei.

Quando tirei um cochilo escorregando no sofazinho, Fabrício e Erick começaram a gritar freneticamente.

- Seus filhos da puta! - gritei irritada quando eles me assustaram e eu caí do sofá de bunda no chão. Os três me olharam e riram da minha cara.

A campainha tocou. Os três sentados nem piscavam. Levantei do chão e sentei no sofá.

- Carol atende!

- Não estou afim. Se a gente ficar quieto, a pessoa vai embora achando que não tem ninguém.

Quando terminei de falar, eles gritaram com o gol. Que desgraça! Levantei e fui até a porta. Abri e fiquei surpresa.

- Sara!

Pulei no pescoço dela, minha melhor amiga! Ela foi fazer faculdade nos EUA e me abandonou aqui, isso é muito triste.

- Por que você não me avisou que ia vir?

- Queria te fazer uma surpresa! Carol, o que é isso? - perguntou segurando no meu cabelo.

- Meu cabelo?

- Engraçadinha! Está enorme.

- Fabrício não me dá dinheiro pra cortar.

- O que? - perguntou irritadinho lá de dentro.

- Você está linda hein Sara! Gostei da beca. - falei ignorando ele.

Ela usava uma saia de cintura alta preta e uma camiseta branca. Ela sorriu pra mim. Olhei para trás e os meninos estavam olhando.

- O que vocês estão olhando? - Fechei a porta cortando a visão deles.

- Você não tem jeito mesmo hein! - Ela riu.

- Me conta tudo! Arrumou um namorado lá?

- Não.

- Sara, entendo eu não ter namorado, agora você...

- Carol para de se colocar pra baixo! Eu hein! Quem era aquele loirinho que estava lá dentro? Ele não tem a idade do Fabrício...

- É o irmão mais novo do Edgar.

- Hum...

- Por que está me olhando assim? - perguntei quando ela me olhou maliciosa.

- Você não tem nada com ele?

- Na verdade, acho que a gente anda se pegando...

Ela caiu na gargalhada.

- Já que você está aqui e o Fabrício não veio me encher, vamos dar uma voltinha?

- Vamos.

Fomos para o elevador e quando a porta estava quase fechando, Fabrício colocou a cabeça para fora. Acenei para ele enquanto a porta do elevador fechava.

Ouvi o Fabrício gritando como louco lá em cima. Quando o elevador chegou na portaria, saí puxando a Sara pelo braço pra gente sair dali logo antes que ele chegasse e me colocasse pra dentro de casa no tapa.

Fomos andando pela rua, ela me contava as coisas que fez enquanto estava na faculdade, as pessoas que conheceu lá. Que inveja, queria não morar com o Fabrício.

- Vamos à praia?

- Eu nem estou com roupa pra isso, Carol.

- A gente passa na casa da sua mãe e pega.

- Mas e você?

- Se for preciso eu entro de calcinha e sutiã!

Ela riu de mim.

- Acho que eu tenho dois biquínis, se bem que não deve te servir né.

Obrigada pela parte que me toca...

- Pois fique você sabendo que o meu peito cresceu!

- É mesmo? O que, meio centímetro? - perguntou rindo. Quanta graça, deveria ser palhaça! - É brincadeira, você está linda!

Quem riu agora fui eu.

- Acho que você e o Erick podem dar as mãos e correr para o hospício.

- Quem é Erick?

- O loirinho irmão do Edgar.

- Ah, conta como vocês estão "se pegando"? - Ela fez sinal de aspas com os dedos.

- Já estamos perto da casa da sua mãe? - Tentei fugir desse assunto.

- Não muda de assunto! - Mas como ela é chatinha essa minha amiga.

- A gente dá uns beijos.

- Sei... E você está gostando dele?

Não parei pra pensar nisso.

- Não sei...

Chegamos à casa da mãe dela e fomos para o quarto.

- Vê se te serve.

Peguei o biquíni e olhei bem para ele, acho que a ideia de ir de calcinha e sutiã é melhor...

- Acho que vai me engolir.

Ela riu. Isso não tem nem um pingo de graça, sabia?

- Carol é cortininha, é só você colocar do tamanho que quiser.

Ah que se dane! O negócio é ir à praia.

Ela colocou o biquíni dela e eu também. Como ela é teimosa, ficou ajeitando meu.

- Tá bom, Sara.

- Não, espera. - Ajeitando o biquíni. - Pronto, melhorou!

- Ótimo agora vamos!

Saí andando na frente dela e ouvi sua risada.

Seguimos para a praia e como o sol estava quente hoje. Mas eu não estou nem aí, o negócio é entrar na água e esquecer a vida.

Estávamos sentadas na areia conversando, quando vi o Fabrício, o Edgar e o Erick.

- Sara vamos entrar na água pra eles não verem a gente!

- Acho que eles já viram.

Olhei para eles e estavam se aproximando da gente. Droga!

- Você não tem conserto mesmo! - Fabrício falou irritadinho quando chegou perto da gente.

- Ai mais que saco! Vocês não estavam vendo o jogo?

- Já acabou.

- Que pena...

- Ai Fabrício deixa, ela só quer curtir um pouco a praia - disse Sara.

- Tá bom.

O que foi isso?

- Sara fala pra ele me deixar sair amanhã!

Fabrício cruzou os braços.

- Fala Saraa!

Eles sentaram na areia com a gente e a Sara contou histórias da faculdade para eles. Fabrício e Edgar babavam nela, argh! Que otários.

- A conversa está muito boa, mas eu vou pra água. - Levantei e a Sara sorriu. - Alguém vai? - Os dois otários pareciam nem me ouvir enquanto o Erick levantou e Sara deu uma risadinha. Para cassete! ele vai perceber!

- Eu vou!

- Então anda logo - falei andando na frente dele, que riu e me seguiu. - Espera! - Ele parou. Voltei e falei perto da Sara. - A água está bem agitada hoje. Será que eu fico pelada?

Ela caiu na gargalhada.

- Talvez...

- Ah que se dane!

Voltei a ir para a água, Erick ria.

- Por que você perguntou isso a ela?

- Porque esse biquíni extra G não é meu.

Pude ver ele rir mais. Não foi uma piada! Entramos na água, que estava agitadinha.

- O que você acha? - perguntei ao Erick olhando os três.

- Do que?

- Com quem ela podia ficar? - Apontei pra eles. Ele olhou pra lá.

- Por que? Ela tem dúvidas?

- Não sei. Eu que estou falando. Acho que ela deveria ficar com o Edgar.

- Por quê?

- Porque ele é um bom partido.

Erick me olhou de boca aberta.

- Que foi?

- Como assim bom partido?

- Ué, ele é tipo galã de novela e o Fabrício coitadinho...

Ele riu.

- Como as coisas são engraçadas... Edgar que é tipo galã, não vejo com ninguém e o Fabrício que é um porco nojento, está sempre com uma garota diferente lá em casa, que galinha!

- Eu acho que os dois têm interesse.

- Você acha? Eu tenho certeza! Mas já avisei ao Fabrício, se ele chegar perto dela eu mato ele!

Ele riu, mas que coisa é sério! Não o quero usando minha amiga!

- E porque você está tão perto de mim sem camisa?

Ele caiu na gargalhada. Mas não é possível isso!

- Você queria que eu entrasse na água de roupa?

- Ah, ia ser bem melhor!

Quando falei isso, uma onda passou me carregando para a beira da praia. Saí rolando pela areia me arranhando toda e comendo ela. Só parei no começo da praia, deitada de barriga pra cima. Olhei pra mim mesma e cobri meus seios com as mãos. Será possível? Eu não posso viver sem pagar mico? Erick veio na minha direção.

- Está tudo bem?

Para de rir! Aaah eu vou morrer...

- Me ajuda a levantar.

- Me dá a mão? - Esticou o braço pra eu segurar a mão dele. O olhei com ódio profundo enquanto ele ria.

- Não tem graça!

Ele me ajudou, me puxando pela cintura e me fazendo sentar. Olhei pra cima e ele não parava de olhar.

- Para de olhar!

Erick olhou para o lado, rindo. Ajeitei a porcaria do biquíni e depois me levantei irritada. Saí andando rápido para onde o pessoal estava. Os otários estavam rindo de mim. Peguei minhas roupas e fui embora irritada. Enquanto andava, consegui tropeçar e cair de bunda na rua.

Chega! Eu desisto! Fiquei sentada no mesmo lugar pensando em como era possível, quando vi o Erick chegando perto de mim.

- O que você está fazendo aí?

Olhei pra cima e ele me olhava com as mãos na cintura e a camisa pendurada no ombro.

- Estava contando as formigas.

Ele riu.

- Caiu?

- Por que você acha isso?

Erick sentou do meu lado.

- Tem alguma coisa errada? - perguntou com um olhar preocupado.

- Não. Só TPM, conhece?