- Não - Eu respondo rápido e vejo que não deveria ter respondido. -
- Eu já entendi - Ele fala gritand.
- É muito dinheiro nem se eu trabalhar o ano todo eu vou conseguir ganhar essa quantia - Eu falo para ele.
- Se você vender droga sim - Ele diz - claro que não vai ser logo que você vai ganhar mas a comissão é boa e aos poucos você vai vendendo mais e mais e vai conseguir ganhar bastante dinheiro para se sustentar e me pagar - Eu encaro ele sem acreditar.
- Você ta louco? - eu rebato ele rapidamente.
- Eu estou oque? - Ele pergunta se aproximando rapidamente de mim e eu tento me afastar mas novamente bato as minhas costas na parede.
- Desculpa - Eu falo em um sussurro.
- Tinha duas condições você me paga ou você rodava - Ele diz arrumando a arma.
- Por favor não. - Eu falo para ele desesperada. - Eu não tenho como pagar mas eu posso arrumar um emprego e todo dinheiro que eu ganhar eu pago para você.
- Você acha que eu sou casas Bahia que parcela dívida em 12x ? - Ele diz apontando a arma - Aqui é morro porra,se tu não paga tu roda.
- Mas a dívida não é minha, não fui eu que fiz. Não é justo - Eu falo chorando e ele aponta a arma para minha cabeça e engantilha ela, eu fecho os olhos e deixo as lágrimas descer. - Por favor não. - Eu peço em uma última esperança.
Sinto quando ele aperta o gatilho e escuto o tiro, mas o tiro não tinha acertado em mim. Eu abro os olhos vendo que ele estava parado na minha frente e eu arregalo os olhos para ele. Eu me tremia toda, eu não conseguia parar de me tremer.
- Você vai pagar sua dívida trabalhando para mim. - Ele me olha.
- Vendendo droga? - Eu olho assustada para ele e ele nega com a cabeça passando a arma pelo meu rosto e depois meu peito.
- Esteja na minha casa amanhã de manhã as 7h,sem atraso - Ele diz ainda passando a arma pelo meu corpo - Vamos ver se você vai saber pagar essa dívida direitinho - Ele abre um sorriso de canto e se afasta.
Fael narrando
Quando saio da casa dela, eu fecho a porta Yuri , Filipe e Mateus me encara.
- Matou ela? - Filipe fala e eu nego com a cabeça .
- Porque? - Yago perguntou. - Escutamos um tiro.
- Eu não vou perder 8 mil assim - Eu respondo. - Meu dinheiro é valioso, se eu matasse ela , eu ia perder dinheiro fácil.
- E o discurso que não queria mais o dinheiro, que ia matar ela para não ter mais problema? - Filipe fala. - Que você precisava mostrar para todo mundo como que funcionava as coisas e impor respeito?
- Ela vau trabalhar para mim - Eu falo e eles me olham.
- Você vai trocar a dívida por sexo ? - Filipe pergunta
- Não seu idiota. Mas deve ser isso que ela está pensando - Eu olho para ele - Para ver como é vagabunda que nem discordou.
- Oque ela vai fazer? - Filipe pergunta.
- Sei lá. Vai organizar lá em casa.
- E a dona Zélia?
Merda tinha esquecido que eu tinha a dona Zelia que fazia isso.
- Ta velha e precisa de ajudante - Eu respondo para ele.
- Sei - Filipe fala - Tá estranho. Quero só ver quando o povo achar que pode ficar te devendo e pagar em faxina.
- Passa a visão para todo mundo que a Juliana não pode sair do morro - Eu falo para Yuri e Filipe .
- Eu em - Filipe fala.
- Vai que ela vá fugir - Eu respondo - Ela tem oito mil para me pagar.
Juliana narrando
Eu tinha passado a noite chorando, oque ele iria querer comigo? Ele iria querer que eu pague como a porcaria dessa dívida?
O despertador toca e eu nem tinha conseguido dormir direito, eu poderia está nesse momento morta jogada em qualquer vala.
Assim que chego na sua casa , eu encontro uma senhora que abre a porta quando eu bato.
- Bom dia, quem é você? - Uma senhora pergunta- Normalmente Fael não traz mulher para cá.
- Juliana -Eu respondo.
- Filha do Thiago, certo? -Ela pergunta - Eu conheci seu pai.
- Sim - Eu respondo - Sou filha dele.
- E você faz oque aqui? - Ela pergunta - Você não tem cara que se envolve com bandido.
- É que - Eu olho para ela - Eu vou trabalhar para o Fael.
- Para fazer oque? - Ela pergunta ainda mais desconfiada.
- Eu ainda não sei - Eu respondo.
- Como você não sabe? - Ela pergunta - Essa história está muito estranha, você está nervosa. Toma um pouco de água. - Ela diz me entregando um Copo.
- Você chegou - Fael fala entrando pela cozinha e me encara.
- Oque ela vai fazer aqui? - Dona Zélia pergunta.
- Lavar, cozinhar , limpar - Fael diz me olhando. - Tudo oque eu quiser que ela faça - Eu arregalo os olhos para ele.
Eu faço a comida aqui - Ela fala - Trabalho aqui à anos, criei fael, ele ta maluco? Trabalho aqui desde que a mãe dele era viva - Ela diz indignada.
- Estou não - A voz dele soa dentro da cozinha - A senhora ja está ficando velha e precisa de ajuda, então Juliana vai te ajudar.
- Velha eu vou te mostrar quem é a velha aqui - Ela fala e ele começa a rir.
- Não vou tomar café -Ele fala - Vou vir para o almoço - Ela assente com a cabeça - Seja bem vinda - Ele fala me olhando e sai pela porta da cozinha e eu solto a respiração.
Eu estava no covil do lobo.
O dia tinha passado rápido e eu arrumei toda a casa dele ao lado de dona Zélia. Eu estava aliviada por dentro que ele tinha me colocado para arrumar à casa e não para outra coisa.
- Oi seu Paulo - Eu falo - Será que posso pegar alguns pães para pagar depois?
- Claro, Pode sim Juliana - Ele fala me entregando um saco de pão.
Quando me viro para sair da padaria eu dou de cara com Ariane e Tais que me encara de cara feia.
- Então você saiu da casa do Fael ? - Ariane fala me olhando.
- Eu estou trabalhando lá. - Eu falo para ela.
- Fael é meu homem, então vaza de perto dele.- Ela me diz - Se não, você vai ficar careca. - Ela diz me olhando bem sério.
Eu não respondo eu passo pelo lado dela e vou embora. Sinto o olhar dela em cima de mim até eu entrar dentro de casa.
Só me falta arrumar confusão com as mulher do morro só porque estou trabalhando na casa dele.
Fael narrando
- É sério que a garota tá trabalhando lá mesmo? - Filipe fala.
- Ela tem que me pagar - Eu falo sentando na minha cadeira.
- Caralho Fael - Filipe fala - Tô achando tudo estranho.
- Não tem nada de estranho - Eu falo - Fala pro Guize me dar um relatório sobre a vida dela.
- Relatório? - Filipe pergunta.
- Tenho que saber quem eu estou colocando dentro da minha casa - Eu falo para ele.
- Tu tá doidão - Ele fala.
- Estou nada - Ele diz - Fica de boa ai.
Já era quase meio dia quando volto para casa, chego na cozinha e encontro a dona Zélia.
- Cadê a garota? - Eu pergunto.
- Foi no mercado que eu pedi - Ela fala.
- Depois pede para ela arrumar meu quarto - Eu falo para ela.
- Ela já arrumou - Ela responde firme na sua resposta.
- Mas está bagunçado de novo - Eu falo e ela me olha - Manda ela lá, para isso que ela é paga. - A veia me olha torto.
- Fael oque você quer com essa menina? - Ela pergunta colocando a mão na cintura.
A velha até parecia gente.
- Fica de boa - Eu falo para ela - diz que eu mandei ela subir, manda arrumar logo que ela chegar, tenho pavor de quarto bagunçado - faço cara de brabo.
- Pode deixar menino - Dona Zélia.
Subo até o quarto e jogo algumas roupas no chão deito o abajur e desarrumo a cama que estava toda arrumada , entro no banheiro e tiro a roupa e entro no banho.
Fecho os olhos e a imagem de Juliana vem na minha cabeça, balanço a cabeça em sinal de negação para tirar ela dos meus pensamentos.
A garota era bonita mesmo e era diferente de qualquer outra aqui do morro, ela poderia ter me dado uma contra proposta e ter se oferecido para mim, isso seria melhor do que ficar limpando a casa, mas mesmo assim ela aceitou e nem sequer se ofereceu para mim, se fosse qualquer outra tinha se aproveitado da situação, tinha pagado a dívida com sexo e ainda iria querer tirar dinheiro meu.
Escuto passos pelo quarto e vejo que era ela, desligo o chuveiro, me seco e saio pelado, abro a porta do banheiro para o quarto, e vejo ela arrumando a cama e resmungando alguma coisa.
- Meu Deus - Ela fala assim que me vê e fecha os olhos e se vira de costa - Eu achei que estava vazio o quarto.
- Calma aí - Eu falo - Oque Você está fazendo no meu quarto? - Pergunto com um tom de voz que deixou ela morta de vergonha.
- Dona Zélia falou que você pediu para arrumar ele que estava bagunçado - Ela fala envergonhada.
- Dona Zélia deve estar louca - Eu falo - Eu sempre falei que essa velha era maluca, eu não pedi nada.
- Maluco aqui é você - Ela fala - Você pode vestir uma roupa? - Ela diz brava.
- Calma aí garota -Eu falo vestindo uma cueca e um calção - Pode virar - Ela vira e me olha me fuzilando - Você deveria ter medo de fuzilar o dono do morro - Eu coloco o boné na cabeça
- Seu aproveitador - Ela fala e continuava me encarando cheio de marra.
- Termina de limpar - Eu falo para ela .
- Você fez toda essa bagunça de propósito não é? - Ela diz e eu encaro ela.
- De propósito para que? Para você me ver pelado? - Eu falo para ela - Vai dizer que isso não era o seu sonho?
- Você só pode estar drogado - Ela fala bufando - Você vai me deixar fazer o meu trabalho ou não?
- E eu estou te atrapalhando por acaso? - Eu falo para ela - Não estou te agarrando - Eu falo - Ah não ser que você queira - Ela vem para cima de mim para me bater.
- Você e louco - Ela fala e eu seguro as suas mãos.
- Abaixa a marra - Eu falo segurando os seus braços - Eu não quero te machucar.
- Covarde - Ela fala.
- Posso soltar? - Eu pergunto para ela.
- Me solta - Eu largo ela .
- Tenha um ótimo dia - Falo saindo do quarto e deixando ela lá.
Desço arrumando meu relógio quando meu rádio começa a tocar.
- Oque foi? - Eu pergunto.
- Tem uns comédia ai atrás da Juliana. Um entrou no Morro.
- Quem deixou Caralho?
- Passou pela nossa visão. - Mateus responde.
Eu saio de casa e vou direto para a boca .
- Algum sinal? - Eu pergunto.
- Não. - Mateus diz.
- Não deve mais está no morro - Filipe fala. - Viu a movimentação e vazou.
- E aqueles comédias que estava na entrada do morro? - Eu pergunto.
- Vazaram. - Mateus responde.
- Quero todo mundo de olho, principalmente na Juliana. Entendeu?
- Sim chef - Mateus fala saindo.
- qual é? Tá preocupado de mais com a garota. É por causa do dinheiro mesmo?
- Não enche Filipe. Tu sabe muito bem que uma invasão aqui no morro ia chamar atenção da polícia e a gente não quer isso.
- Tô ligado. - Ele diz me olhando.