- E porque você não pergunta para ela? - Ele pergunta.
- E mostrar interesse -Eu falo - Daqui a pouco ta se achando por aí.
- A menina deve ser até virgem - Ele fala - Não vai ficar emocionada por causa de um prato de comida.
Filipe tinha razão, Juliana tinha cara de ser virgem mesmo, aquelas meninas que esperam o cara certo, o cara para casar.
- Vamos lá no bar da dona Rosa hoje ? - Filipe fala.
- Vamos -Eu respondo.
Quando estava chegando em casa eu vi ela descendo para casa dela, buzinei para ela mas a mesma nem sequer me olhou.
Uma coisa que eu estava adorando ela irritar ela.Assim que chegamos no bar ela estava lá para dentro, sentamos ali fora.
- Fael por aqui - Rosa fala - Surpresa em.
- Fala ai grande Rosa - Eu falo para ela.
- E eu Dona Rosa não ganho um oi? - Filipe fala - Só porque voce me deu um fora não precisa ignorar - Começamos a rir.
- Chama a garçonete nova lá - Eu falo.
- Ela não é para o seu bico Fael - Rosa fala - Vai ter que contentar comigo aqui.
- Fael ta apaixonado na morena - Yuri fala.
- Não quero você de olho nessa menina - Rosa fala.
- É uma ameaça? - Eu pergunto.
- Ela é muito boa para você Fael - Ela fala.
- Eu também sou bom em muitas coisas - Eu falo para ela e ela nega com a cabeça.
- Quando fiquei sabendo de tudo fiquei com pena dela - Ela fala - Você não deveria ter dado a divida do pai dela para ela, ela não tem culpa.
- Fica tranquila - Eu falo - Que assim ela fica dentro do morro e não sai para fora.
- Ele deve para muita jente ? - Rosa pergunta.
- Deve para agiotas - Ela arregala os olhos - Você já pensou se alguém deles pega ela?
- Deus me livre - Ela fala - Não quero nem pensar.
- Então - Eu falo.
- Só não vai machucar essa menina - Ela fala - Se não você vai se ver com as minhas panelas.
Rosa não deixou Juliana vim atender a nossa mesa e de longe eu observava ela em cada movimento dela, ela era tão bonita, tinha um geito de menina que estava me fascinando.
Eu virei refém dela em tão pouco tempo, porque?
Já estava na terceira garrafa de cerveja com os garotos quando eu resolvi parar de beber, porque não ia prestar se eu bebesse mais.
Eu não era de beber tanto e nem gostava, eu era bem controlador nas minhas atitudes porque um dono descontrolado fazia um morro descontrolado e aberto para inimigos.
Juliana narrando
Eu levo os lixos no fundo do bar e vejo que alguém me segue, olho para trás vejo que era Ariane..
- Então você tá trabalhando aqui. - Ela diz - Fiquei sabendo que Fael matou um cara para te proteger.
- Eu não sei do que você está falando. - Eu coloco o lixo na lixeira quando ia passar por ela, ela segura meu braço.
- Me solta. - Eu olho para ela.
- Fica longe do Fael.
- Por acaso ele é sua propriedade? - Eu pergunto para ela e eu tiro a mão dela de mim. - Nunca.mais encoste suas mãos sujas em mim. - Ela me fuzila e eu passo por ela.
Juliana narrando
A noite se resumiu em Fael me observando o tempo inteiro e dona Rosa falando que ele nunca aparecia por aqui.
Eu ajudo dona Rosa a fechar o bar, essas horas a favela já estava quase deserta, a minha casa era duas ruas para baixo.
- Boa noite dona Rosa - Falo para ela.
- Boa noite Juliana - Ela fala sorrindo.
Começo a descer a rua, quando sinto alguém me seguindo, apresso os passos e sinto que a pessoa também começa andar mais rápido. Quando sinto alguém pegar no meu braço, vejo um pedaço de madeira no meu lado eu pego e quando iria bater ele segura.
- Tá andando armada agora? -Ele pergunta segurandos os meus dois braços. - Você me surpreende Juliana. - Eu o encaro.
-E você me seguindo? - Eu pergunto.
- É perigoso andar pela favela a noite - Ele fala.
- Percebi agora - Falo para ele , e ele me solta e tira a madeira da minha mão e joga para qualquer lado.
-Posso te acompanhar? - Ele pergunta.
- Pode - Eu respondo.
Andamos em silêncio até a frente da minha casa, eu não entendia esse interesse dele em cima de mim.
- Obrigada - Eu falo assim que paramos na frente - Boa noite.
- Espera - Ele segura meu braço e me puxa para perto dele e sela os nossos labios em um beijo.
- Voce ta louco? - Eu pergunto empurrando ele .
- Acho que sim - Ele fala, me dando mais um beijo e eu correspondo os seu beijo.
- Boa noite Fael - Eu falo para ele que me encara - Se isso acontecer de novo te denuncio por assédio -Falo em um tom cínico para ele.
- Então você vai na delegacia várias vezes - Ele grita assim que eu entro dentro de casa.
Ele tava louco? Ele só podia ser louco em achar que eu iria me envolver com traficante e mais o dono do morro, nunca iria fazer isso,nunca mesmo.
Eu queria pagar de uma vez essa porcaria de divida para me livrar disso de uma vez, mas o problema é que se for como ele disse meu pai deve para muita gente, e eu não sei nem o valor dessa divida toda.
O dia amanheceu rápido, e eu me levantei que nem um zumbi. Quando cheguei na casa dele levei até um susto ele já estava acordado e tomando café.
- Se atrasou hoje - Ele fala e eu olho para o relógio vendo que era 8h30.
- Perdi a noção do horário - Eu falo - não vai mais acontecer.
Agi como se nada tivesse acontecido ontem a noite,como se o beijo não tivesse tido importância.
Mas não teve mesmo.
- Desculpa por ontem eu acho que eu bebi de mais. - Ele diz antes de sair.
- Eu sei - Eu respondo - Não se preocupa, foi só um beijo.
- Isso foi só um beijo - Ele repete oque eu falei - Estou indo, tchau.
- Tchau - Eu respondo para ele .
Tinha sido apenas um beijo e não significava nada para mim e muito menos para ele, isso que importava.
(...)
Eu me levanto de manhã aatrasada para ir para o serviço, quando olho para fora eu vejo que todo mundo encarava à minha casa. Quando olho para trás eu abro a boca várias vezes sem acreditar.
- Juliana a nova fiel do Fael. A vagabunda do morro. - Eu falo para mim mesmo.
Só poderia ter sido aquela idiota da Ariane que fez isso. Todo mundo me encarava de olho torto e eu respiro fundo.
Meus problemas estão apenas começando pelo jeito.