Capítulo 4 3 anos depois

Gina acordou assustada com o barulho do despertador, mas agradeceu em pensamento por acordar daquele pesadelo.

Já se passaram três anos desde o acidente e ela ainda sofria com os mesmos pesadelos, lembranças daquela noite horrível.

Jogou o cobertor para o lado, tentando ignorar a enorme cicatriz em sua coxa quando jogou as pernas para fora da cama.

Precisava se levantar e correr para não chegar atrasada no trabalho, caso contrário não poderia sair mais cedo para sua consulta com o Dr. Roberts.

Arrumou-se o mais rápido que pôde e menos de uma hora depois subia as portas de sua própria loja para bebês.

Acendeu todas as luzes e observou com orgulho as araras repletas de roupinhas minúsculas, sem ignorar a pontada de dor que sempre sentia quando se lembrava do acidente que fez com que perdesse o bebê.

Pegou um macacãozinho e o levou ao rosto, sentindo a delicadeza do tecido contra sua pele e, assim como fazia todas as manhãs, imaginou como teria sido vestir uma daquelas roupinhas em sua filha.

_ Bom dia! _ Dalila, sua funcionária, entrou e Gina tratou de colocar a peça no lugar e respirar fundo para se recompor.

Então sorriu para a garota de dezenove anos, feliz por tê-la contratado.

_ Bom dia, Dalila. _ respondeu, caminhando até sua sala no fundo da loja enquanto a moça retirava os fones de ouvido e guardava a bolsa atrás do balcão.

A jovem tinha o braço esquerdo todo tatuado e piercings nas orelhas e no lábio inferior.

Mas ainda assim era muito bonita e carismática, e atendia a todas as suas clientes de maneira gentil e animada.

_ Vou deixar você ajeitando tudo aqui fora enquanto termino o fechamento das vendas. _ avisou.

_ É hoje o grande dia? _ ela quis saber, com um sorriso nos lábios.

Gina assentiu e sorriu também, apesar de estar insegura.

Era uma grande decisão e um passo enorme esse que estava dando.

Naquela noite ela perdera não só seu bebê, como também seu melhor amigo, apesar das desavenças entre eles.

Quando acordara no hospital, um pavor imenso a tomou antes de ser devastada pela dor da perda.

Mesmo sem saber o que acontecera, a mãe de Doug a culpara pelo acidente, sem se importar com seu sofrimento.

Já fazia quanto tempo desde a última vez em que tivera notícias da família de Doug? Pensou ela.

Desde aquele momento, ainda no hospital, quando a mulher a acusara de ter tirado a vida de seu filho, três anos atrás!

Afastando as lembranças incômodas, Gina respondeu:

_ É hoje sim.

_ Vai dar tudo certo, você vai ver. _ a jovem disse antes de se afastar para arrumar a loja antes que as clientes começassem a chegar.

Gina agradeceu e foi para sua sala.

Faria apenas alguns exames, nada mais que isso.

Mas estava ansiosa pelos resultados de qualquer forma.

E se os resultados fossem conforme o esperado, logo ela poderia iniciar o procedimento de inseminação.

Horas mais tarde Gina entrou no consultório médico apressada.

Estava cinco minutos atrasada e esperava que não fosse tarde demais.

No meio do caminho para a sala do Dr.Roberts acabou dando de encontro com uma jovem enfermeira apressada, que deixou cair uma enorme pasta e vários papéis se espalharam no chão.

_ Oh, céus! _ ela exclamou agoniada enquanto se abaixava para juntar tudo.

Gina se prontificou a ajudá-la, mesmo estando atrasada.

_ Me desculpe, eu estava distraída. _ disse ela com sinceridade.

A garota negou.

_ Eu que peço desculpas. É meu primeiro dia e estou um pouco nervosa. _ as duas terminaram de juntar tudo e se levantaram novamente. _ Obrigado pela ajuda.

Gina sorriu para ela gentilmente.

_ Não foi nada.

Gina seguiu seu caminho para o consultório médico e a mulher na recepção pediu para que aguardasse até que o doutor terminasse de atender outra paciente.

Suas mãos suavam enquanto aguardava.

Estivera com seus pais no dia anterior e pela milionésima vez perguntaram se tinha certeza do que estava fazendo, pois ainda era nova e encontraria alguém com quem quisesse criar uma família.

Mas não era isso o que Gina queria.

Não depois de Douglas...

Ela teria aquele bebê, mas não precisava de um marido.

Minutos depois seu nome era chamado.

_ Gina Summers, por favor siga-me. _ uma senhora um pouco mais velha pediu, guiando-a para dentro do consultório médico.

Gina esperava ir diretamente falar com o doutor Roberts, mas ao contrário disso foi levada para o banheiro, onde foi orientada a se trocar.

Confusa, mas sem perder tempo, retirou suas roupas e colocou a camisola hospitalar. Talvez estivessem mudando os procedimentos e partindo diretamente para os exames ginecológicos antes de falar com o médico. Assim ele poderia lhe dizer quais seriam as suas chances de engravidar novamente após ter perdido o bebê há três anos...

O acidente a deixara com algumas cicatrizes, mas ela esperava que não lhe tivesse sido tirada também a oportunidade de ser mãe...

_ Por aqui, minha querida. _ disse a senhora assim que Gina terminou de se trocar, e ela a seguiu em silêncio.

Estava ansiosa e nervosa ao mesmo tempo. Suas mãos suavam e seu coração batia descontrolado no peito enquanto se deitava na maca e era preparada pela senhora atenciosa.

"Deus, permita que tudo dê certo..." ela orou em pensamento, ouvindo a voz do doutor que entrava na sala de exames...

_ Estamos prontos? _ ele quis saber, terminando de ajeitar as luvas e colocando-se a sua frente.

Dava para perceber que ele sorria pelas rugas nos cantos de seus olhos e Gina tentou sorrir de volta.

_ Então vamos começar. _disse ele animadamente, enquanto Gina olhava para o teto e respirava fundo, cruzando os dedos enquanto ele começava o exame médico.

Vai dar tudo certo! Foi o que Dalila dissera mais cedo e era com isso que Gina estava contando naquele momento.