Recado ao CEO
img img Recado ao CEO img Capítulo 3 Mão boba
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Capítulo 6 Fui a amante img
Capítulo 7 Eu a magoei img
Capítulo 8 Deixá-lo maluco img
Capítulo 9 Brigas img
Capítulo 10 Nosso bebê img
Capítulo 11 Quer jogar este jogo img
Capítulo 12 Vazou a informação img
Capítulo 13 O pai do meu bebê img
Capítulo 14 Leu o meu recado img
Capítulo 15 Responsabilidades... img
Capítulo 16 Sedentos por vingança img
Capítulo 17 Jogou minha calcinha longe img
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Capítulo 3 Mão boba

- Ótimo.

Érica e eu conversamos pelo resto da noite. Carick a buscou quando

ficou muito tarde e eu fui dormir, exausta.

Mergulhei no trabalho durante a semana, com muita foto para entregar,

álbuns para produzir e entrei em um embate com uma gráfica que me fornecia

material. Tony ficou na minha casa várias noites seguidas, compartilhei no

meu instagram nossa maratona de trabalho e ri das mensagens de Arthur,

sempre um emoji arqueando a sobrancelha para o meu assistente.

Ele era espirituoso e safado, me fazia sorrir nos momentos mais

inesperados e estava preenchendo um espaço inesperado na minha mente.

Arthur tinha duas contas, uma corporativa e uma privada. Sua conta

profissional era como um currículo online de sua carreira como advogado, o

user era simples @arthurbaxter e a sua privada, @arbax, enquanto o meu era

apenas @sarah porque meu irmão conseguiu assim.

Minha conta era restrita e todo dia recebia milhares de pedidos de

seguidores por causa da minha mãe e do meu pai. Não gostava de me expor,

nem de holofotes. Minha conta profissional tinha milhares de seguidores, não

só por causa do meu trabalho, mas sim porque os curiosos de plantão

queriam ter um vislumbre da minha vida.

Minha irmã era quase uma influenciadora digital, recebia presentes,

era paga para ir em eventos e fazia parceria com marcas para lançar coleção

de roupas. Sua atual aposta era uma coleção de biquínis. Rafaella sempre

separava alguma coisa para mim e eu voltava do Brasil com minha mala

cheia.

Meu irmão mais velho era tímido. Pedro era bonito, chamava

atenção. Muito inteligente, tinha um gênio infernal e conforme crescemos,

tivemos boas brigas. Taciturno, parecia um touro de terno, preso na cidade,

amava o mato. Eu sabia que ele era infeliz na frente dos negócios da família,

fazia por amor ao papai.

***

Na sexta-feira à noite, arrumei minha mala. Faria um trabalho noturno

e iria direto para o aeroporto. Meu voo estava agendado para logo cedo.

Tony levou todas as coisas para o estúdio que alugamos para o ensaio e eu

segui para meu encontro mensal com minhas amigas. Cristina e Érica já

estavam bebendo vinho e comendo as entradas quando cheguei.

- Por que não me esperaram? - Cruzei os braços.

- Não comi o dia inteiro - Érica falou de boca cheia. - Não tive

tempo.

- Olho grande. - Cristina se justificou e riu.

- Vacas - falei em português, mas elas já sabiam e riram. O

garçom me serviu vinho e trouxe uma salada de entrada que elas pediram

antecipadamente para mim. - O que estavam falando?

- Cristina fez anal. - Érica soltou e eu engasguei com a bebida.

- Doeu, porém, meu marido está tão feliz que até limpou a garagem,

coisa que pedi para ele fazer há meses. Estou chocada com o poder do... -

sinalizou, fazendo um círculo com os dedos. Cristina estava rindo de mim,

que lacrimejava. - Seu novo boy já quis lá? - Balançou as sobrancelhas.

- Não. Ele só... brincou. - Dei de ombros. - Não vai rolar.

Imaginei o pau de Arthur, do tamanho que era. Por mais que muita

gente insistisse que era prazeroso se feito direito, eu sabia que aquilo tudo

não iria caber. Diferente da vagina, que lubrificação e tesão acomodavam, o

outro buraco não.

Nós caímos na risada falando sobre os homens. Nossa mesa estava

tão barulhenta, que chamava atenção dos demais e o garçom se aproximava

já rindo. Encerramos nosso encontro bem perto da hora do meu ensaio, bebi

bastante água, escovei os dentes no banheiro do restaurante e chupei uma

bala até o caminho.

As modelos já estavam prontas quando cheguei. Não era o tipo de

trabalho que eu gostava de pegar, mas um amigo de Cristina, que era o

fotógrafo da noite, pegou uma forte gripe e a marca não quis cancelar.

Assumi para que ele não perdesse o dinheiro do contrato, ganhando uma boa

porcentagem da comissão. Tony foi bem profissional mediante milhares de

mulheres seminuas, trabalhou a noite inteira sem agir fora do programado.

- Quebradeira trabalhar a noite toda. - Ele se esticou. - Quer uma

carona para o aeroporto? - Apontou para minhas bagagens.

- Eu aceito. Estou caindo de sono.

- Vai ver o bonitão? - Me empurrou com os ombros. Eu ri, sem

graça.

- Como sabe que ele é bonitão?

- Eu vi os comentários dele nas suas fotos, não deu pra ver tudo, mas

a foto de perfil sim. Bonitão. - Me provocou.

- Cale-se, Tony.

Sem parar de me zoar, foi dirigindo para o aeroporto chamando Arthur

de todas as referências de homens bonitos que conhecia. Revirei os olhos

para sua palhaçada, peguei minhas coisas e caminhei com calma para meu

portão de embarque. Meu telefone vibrou com uma ligação de minha mãe.

Era tão raro que me espantei.

- Oi, mãe. Aconteceu alguma coisa?

- Só posso ligar para minha filha se acontecer algo? - Ela

brincou. Mal me mandava mensagens. - Estou com saudades de você,

amor. Você vem para o aniversário do seu pai?

- Sim. Vou passar duas semanas de férias.

- Pode tirar uns dias para me ver? Um final de semana?

- Claro que sim, mãe. Eu mencionei, mas você disse que estaria em

uma gravação.

- Sim, é o final da temporada, tirei uns dias para fazer a mudança e

podemos aproveitar um tempo juntas. Ansiosa para te ver. Está em um

aeroporto?

- Estou indo para Nova Iorque fazer um trabalho - menti. Minha

mãe era o pior tipo de pessoa para falar sobre um possível relacionamento.

- Nos falamos depois, tá bom? Te amo.

- Minha filha é tão chique. Vai lá, boa sorte. Também te amo,

tchau.

Encerrei a chamada com o mesmo sentimento confuso que minha mãe

me causava. Nosso relacionamento era maravilhoso até meu pai ganhar a

guarda na justiça. Ela se ressentiu quando disse em juízo que preferia viver

com meu pai. Em uma briga, chegou a jogar na cara que o escolhi pela

riqueza, mas na verdade, a vida com ela era louca. Divertida, mas louca.

Muitas festas em casa, viagens para lugares exóticos, muita gente entrando e

saindo do nosso apartamento.

Mamãe costumava sumir por vários dias e isso começou a me causar

um estresse na escola, não conseguia manter minhas notas, dormia durante as

aulas e ficava apavorada, com medo dos homens esquisitos que

frequentavam as festas que ela dava. Mesmo sendo cheio de pessoas

famosas, na época, eu só queria rotina. Dormir, acordar, ir para escola e ter

silêncio para o dever de casa.

Não escolhi meu pai pelo dinheiro. Em ambas as minhas casas, me

sentia inadequada. Uma intrusa. Eu não era a filha do casamento, porém,

minha madrasta tinha ordem e eu tinha paz. Gostava de me divertir com

minha mãe, mas a vida não era uma brincadeira e eu entendi isso desde

pequena.

Era por isso que eu mantinha a minha vida longe. Quando saí do país,

fiz amigos e consegui construir minha carreira, eu me senti, pela primeira

vez, tendo algo meu. Meu pai surtava com isso, eu sabia que ele me amava

incondicionalmente e não fazia diferença entre meus irmãos e eu. A imprensa

mais de uma vez tentou fazer parecer que eu era fruto de uma traição e

colegas da escola me importunavam.

Ignorei todos os meus pensamentos e guardei o telefone, embarcando

para Nova Iorque. O voo era curto, mas foi o suficiente para tirar um cochilo

e renovar minhas energias.

Arthur disse que alguém iria me buscar, mas ele não disse que ele

mesmo estaria no portão de desembarque usando um boné, óculos escuros e

roupas muito comuns com uma plaquinha "Srta. Mais Bonita". Ele passou a

me chamar assim porque eu disse que o ego dele era inabalável. O homem

sabia que era bonito, que chamava atenção e que tinha um poder de sedução

enorme.

- Acho que eu sou a Srta. Mais Bonita. - Me aproximei com um

sorriso.

- Você é sim. - Ele não perdeu tempo em me dar um beijo bem ali.

- Me dá isso aqui. - Pegou minha pequena mala. - Poucas coisas?

Ótimo. Não vamos usar roupas além dos momentos necessários. - Passou o

braço por meu ombro e segurei sua mão, dando um beijo.

- É uma promessa?

- É um fato, baby. - Beijou meus cabelos e fomos andando em

direção ao estacionamento.

Capítulo 6 | Sarah

Arthur era o pacote perfeito de CEO. Um carro de luxo no

estacionamento e andando como se fosse dono da cidade. Ele estava

relaxado, cheiroso, disse que trabalhou até tarde e dormiu bem sem precisar

acordar tão cedo. Seu sorriso feliz por me ver me deixou louca, envaidecida

e o beijei mesmo dirigindo.

- Como sou legal, deixei o almoço preparado e vou te deixar dormir

de tarde. Reservei um bom restaurante à noite e vou te levar em um lugar

legal.

- Parece que o senhor controlador tem tudo planejado. - Acariciei

sua coxa firme. - Você vai dormir comigo?

- Não estou cansado. - Me deu um olhar engraçadinho. - Se você

me deixar...

- Isso é uma missão? - Arqueei a sobrancelha. - Tenho energia o

suficiente para aceitar o desafio.

Arthur apenas riu antes de dar a seta e parar em frente a um prédio

luxuoso, esperar que abrissem o portão e subir algumas rampas. Estacionou

o carro em uma das vagas que pertencia a um conjunto de quatro. Todas

estavam ocupadas e imaginei que eram seus outros carros, mas não fiz

perguntas porque não era do meu interesse. Havia um casal chegando junto,

pensei que ele fosse andar separadamente, porém, segurou minha mão e os

cumprimentou com muita educação.

Eu ia zoar se ele morasse na cobertura, mas não. Era quase. Seu

apartamento era muito grande para uma pessoa, um duplex no décimo quinto

andar, com uma varanda bem espaçosa e uma linda visão para o parque.

Todo local era decorado em tons frios, que se assemelhavam aos seus olhos,

com um toque de coisas praianas.

Havia uma parede com fotografias lindas de um lugar de praia e uma

única foto dele com uma garotinha. A moldura parecia de papel e nela, havia

algo escrito em uma letra infantil: "melhor tio do mundo". Fofo. Arthur parou

atrás de mim e me abraçou.

- Tenho uma casa em Oahu e é um dos meus lugares favoritos no

mundo. Tirei duas semanas de férias não faz muito tempo. - Apontou para

uma fotografia do mar. - Vem, eu quero te mostrar o lugar e te alimentar.

O apartamento era amplo, cheirava muito bem, tinha quatro quartos e

um escritório. Dei uma espiada rápida na varanda pois, estava muito frio e

subimos a escada para seu quarto. Tomei um banho rápido e vesti um pijama

de calça e blusa de cetim, de manga, que era muito sofisticado e vindo de

uma das coleções da minha irmã. Arthur estava na cozinha, descalço, de

jeans e camiseta, olhando algo em uma panela.

- O que tem aí que está tão cheiroso?

- É o molho do filé. Acho que esquentei certo. - Mostrou os pratos

e com uma colher, arrastou o molho como um chef no prato. - Gostou?

- Você está me mimando muito. - Puxei um banquinho e sentei,

faminta.

- Estou feliz que está aqui e é isso. - Se inclinou e me deu um beijo

suave nos lábios. Olhei para o seu rosto. - O que foi?

- Eu gosto da sua honestidade.

- Espero que seja sempre honesta comigo.

- Sempre serei. - Beijei-o de volta.

O almoço estava delicioso. Pensei que tivesse encomendado em um

restaurante, fiquei surpresa que ele havia preparado a salada, deixou os filés

marinando no tempero a noite toda e assou antes de ir me buscar. Lavei a

louça, ele me mostrou onde guardava tudo e começou a escurecer o

apartamento. Apesar de cansada, sabia muito bem o que eu queria e ele

estava disposto a me mimar. Talvez para causar uma boa impressão.

Subimos a escada e seu telefone tocou, era do trabalho, ele se afastou

para atender e tirei toda minha roupa. Me escondi debaixo do edredom, ele

voltou e disse que ia trabalhar um pouco.

- Urgente?

- Não. Só enquanto você dorme. - Tirou o cabelo da minha testa.

- Deita aqui só um pouquinho. - Bati no seu lado da cama.

Sem maldar, Arthur tirou a camisa e a calça, escorregando na cama.

Ele rolou para o centro e o abracei. A expressão dele ao perceber que eu

estava nua foi impagável.

- Eu estava tentando ser bonzinho, te deixando descansar e você me

atrai para a cama com uma expressão inocente. - Passeou com as mãos

pelas minhas costas e parou na bunda. - Senti falta disso aqui. - Deu um

aperto generoso.

- Se acha que pode dormir assim... - Dei de ombros.

- Vamos dormir sim... depois. - Segurou meu rosto e me beijou,

levando a mão para o meio de minhas pernas, me estimulando. Foi calmo,

doce, cheio de saudade e fazia parecer que estávamos há meses sem nos ver,

não só alguns dias. O sexo era como se estivéssemos juntos há muito tempo.

Nós ficamos conversando, ainda abraçados na cama.

- Há algo que não sabe sobre mim. - Brinquei com os poucos pelos

do seu peitoral. Passei o dedo em seu mamilo e ficou arrepiado. - Sou

brasileira. Moro aqui há quatro anos... O que foi?

A expressão dele ficou muito séria.

- Sério? Imaginei que tivesse alguma descendência latina, não que

fosse brasileira. Como veio parar aqui? - Voltou a acariciar minhas costas.

- Eu quis começar minha vida adulta em outro lugar. Vim estudar e

depois fiquei para construir minha carreira.

- Qual é o seu nome todo? - Enfiou os dedos no meu cabelo e foi

penteando.

- Sarah Martins Avelar. - Senti que ficou aliviado no momento em

que terminei de falar. - Você é desses contra imigrantes?

Arthur sorriu.

- Não. Se eu fosse, por você, mudaria de ideia. - Beijou minha

testa. - Você tem irmãos?

- Sim. Dois. Minha família é meio esquisita... - Voltei a apoiar meu

rosto em seu peito. - Meu pai casou cedo e depois de uns anos, ele conta

que algo nele o fez cansar da vida de ser marido e pai. Ele pediu separação

da esposa e caiu no mundo, curtindo a solteirice. Namorou várias mulheres,

inclusive minha mãe e aí, ela engravidou. Eles mal ficaram juntos. Quando

nasci, já não estavam mais namorando. Ele percebeu que fez algo errado ao

renunciar esposa e filho, pediu para voltar, minha madrasta aceitou e me

acolheu também. Ela nunca me tratou mal, sempre foi doce, gentil e amorosa

como uma mãe.

- Mesmo assim, deve ter sido muito estranho ser a filha fora do

casamento - Arthur falou baixo e só suspirei.

- E foi. Sempre me senti inadequada. Às vezes, era difícil explicar

que não fui fruto de uma traição. Na escola, me zoavam.

- Sinto muito por isso. E sua mãe?

- Ela é legal, mas somos muito diferentes. Não combinamos em nada

e isso causa atritos. Falamos uma com a outra, eu fui criada pelo meu pai e

madrasta, então, tem um pouco de estranhamento - expliquei e ele ficou em

silêncio, pegou meu pulso e beijou.

- Por que essa tatuagem?

- Eu quis tatuar algo para lembrar... sempre continuar. Algumas

coisas tem fim, mas a vida continua e outras coisas são nossas para a vida

toda. - Mordi o lábio. - Meu namorado de longa data me traiu com uma

das minhas melhores amigas. Foi muito doloroso. Eu não suporto traição e

para mim, não tem desculpa. Sou única e entregue de corpo e alma. Então, eu

tatuei para um dia encontrar alguém que será meu ponto final e viverá

comigo em muitas vírgulas.

Arthur beijou bem em cima.

- Meu pai foi embora quando eu era pequeno. Eu não falo com ele há

muitos anos e fui criado só pela minha mãe. Ela nunca casou de novo, não

sei se chegou a ter um relacionamento, mas não nos apresentou ninguém -

murmurou. - Minha avó vivia conosco, então, apesar da minha mãe ser uma

mulher ocupada, meu irmão e eu tínhamos companhia.

- Então, seu irmão é o pai da garotinha?

- Ele é. Sou mais velho e fiquei muito surpreso quando ele,

adolescente, me disse que tinha engravidado sua namorada no primeiro ano

da faculdade. Zara tem sete anos agora, está uma mocinha, só pensa em

batons, filmes da Disney e camisetas das suas bandas favoritas, uma coisa

kapop, não sei o quê pop.

- K-POP, gênio. - Começamos a rir.

- É isso. Tanto faz, eles são todos iguais.

- Se você falar isso em público, vai ser massacrado. Melhor ficar

quieto e não se meter em assuntos das crianças. - Ergui meu rosto, ele

estava sonolento e sorrindo. Puxei a colcha sobre nós, me aconchegando em

seus braços de conchinha. - Você se dá bem com sua família?

- É esquisito. Desde que minha avó morreu, os eventos familiares

ficaram estranhos, falamos de trabalho e batemos palmas para as graças da

Zara. Minha mãe é viciada nos negócios, minha família, em ambos os lados,

são agressivos quando se trata de dinheiro e poder. - Sua voz saiu abafada

porque estava com o rosto no meu pescoço. - Normalmente, dou uma

passada nos eventos e logo desapareço. Meu irmão sempre está com a

família da ex-mulher que de vez em quando reatam. Minha mãe não me

enxerga, ela vê cifras. Para ela, sou o homem que faz dinheiro.

Acariciei sua mão, beijando o braço que estava próximo ao meu rosto.

- Isso é irritante e triste. Meu pai até que é bem carinhoso, faz

questão da família unida, faz eventos sem falar de trabalho, mas ele

pressiona muito meu irmão. Pedro não queria assumir a empresa, ele nunca

me disse, mas eu vejo que não é totalmente feliz lá - confessei algo que era

íntimo da minha família e não foi estranho.

Era a primeira vez que sentia conforto.

- Isso é fodido. - Arthur ergueu um pouco o rosto. - Eu passei a

minha vida fugindo de assumir a empresa. Advoguei com prazer, até fora

daqui e no final, entendi que por mais que não gostasse de ser como todos os

homens da minha família, havia muita coisa por trás dessa tradição. Milhares

de empregos e famílias. Uma história completa.

Virei novamente para sua frente e ficamos nariz com nariz. Beijei seus

lábios lentamente e assim, ficamos a tarde inteira na cama, cochilando,

conversando e quando anoiteceu, ele me arrastou para o chuveiro. Foi um

banho muito prazeroso.

- Tenho que fazer uma ligação importante, pode usar meu closet à

vontade para se arrumar, acho que tem o que possa precisar nos meus

armários. Se faltar algo, me avise. - Me deu um beijo e saiu do quarto,

usando apenas uma cueca e com o telefone no ouvido.

Abri minha mala e tirei meu vestido, que era de um tecido que não

precisava passar. Minhas coisas estavam arrumadas de um jeito bem

funcional, logo me hidratei, perfumei, fiz a maquiagem ainda sem roupa no

banheiro percebendo como todo aquele espaço era maravilhoso. O closet de

Arthur era enorme, suas roupas estavam etiquetadas com letra feminina. Era

uma mulher que cuidava da vestimenta dele.

Fiz meu cabelo e cuidei para não deixar alguns fios espalhados,

encontrei um aspirador portátil e limpei o chão do banheiro. Não gostava de

deixar bagunça por onde passava. Sentei em um banco redondo de couro,

rodeada por espelhos no centro do closet. Vesti minha calcinha, o sutiã e

peguei as meias, erguendo a perna para colocar uma.

Arthur entrou devagar no quarto e encostou no parapeito da porta, onde

ficou me admirando. Ele nem disfarçava o prazer ao me ver desenrolar a

peça até prender na liga. Escolhi daquela maneira para me aquecer junto

com a bota e poder usar o que queria sem morrer de frio. Fiz com o outro

lado, calcei as botas e peguei o vestido.

- Eu te ajudo com isso. - Parou atrás de mim, segurando o zíper. -

Só para aprender como tirar bem rápido mais tarde. - Jogou meu cabelo

para o lado, colocando o colar delicado que separei e beijou meu pescoço.

- Você está irresistível. Saber o que tem por baixo torna tudo ainda

melhor... - Foi subindo a mão por baixo da saia do vestido e brincou com a

minha calcinha, me fazendo rir.

- Vou pegar água enquanto você se arruma, ok?

            
            

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