CEO enganador
img img CEO enganador img Capítulo 3 Por que isso agora
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Capítulo 6 Bem bebada img
Capítulo 7 Irritada.... img
Capítulo 8 Não precisa fazer isso img
Capítulo 9 O que você mais deseja img
Capítulo 10 Bem que eu queria img
Capítulo 11 Elisabete img
Capítulo 12 Amizade boba img
Capítulo 13 Eu sou img
Capítulo 14 Vadia da amanda img
Capítulo 15 Demitiu img
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Capítulo 3 Por que isso agora

Capítulo 7 - Elisabete

Eu tentava me convencer de que não existia essa coisa de que

pessoas nasciam com azar, mas os acontecimentos recentes

comprovavam o contrário, e estava quase acreditando que

realmente poderia ter nascido com a vida azarada.

Henrique Vilella era mesmo um homem insuportável e irritante

que faria de tudo para que eu perdesse o emprego. O problema era

que o cretino não sabia com quem ele estava brincando e eu teria

que mostrá-lo que nada do que ele pudesse fazer, iria me fazer

desistir do meu sonho.

Eu queria dar o troco e fazer com que ele provasse do seu

próprio veneno, porém, o homem era meu chefe e eu teria que

suportar até não aguentar mais. Mas sei que em algum momento,

Henrique irá ter o troco e eu estaria na arquibancada apreciando

esta ocasião.

Não importava qual tarefa ele me mandasse fazer, sempre

concluía com maestria. Sentia pena de todos que trabalham ao

redor desse homem, pois ele mal chegava no escritório e

esbravejava com todos. Inclusive com a coitada da Judi.

Ao lado dele trabalhava exaustivamente, quando chegava em

casa já estava exausta e mal tinha tempo para comer e dormir, pois

no outro dia tinha que estar em pé logo cedo.

Eu realmente só queria trabalhar em um ambiente feliz e

tranquilo, porque realmente gostava da arquitetura e agora estava

tendo a oportunidade de estar em um projeto grande de um Hotel

que se tornaria um Resort.

O projeto durará 3 meses, o tempo que ele me deu de

experiência. Faria questão de provar o meu valor e farei ele pedir

desculpas por tudo o que falou.

Amanhã ele iria me buscar para irmos a Serrambi, onde ficava o

terreno que trabalharíamos. Parece que o proprietário também

estaria fazendo mais dois edifícios, o que deixava o projeto muito

maior.

Mesmo estando confiante, ainda restava um pouco de receio

dentro de mim. Eu era capaz, sabia disso. Mas aquele chefe era o

pior dos homens, e tinha medo de que ele pudesse me ferrar só

para me ver desistindo.

***

Quando acordei pela manhã, minha mente demorou um pouco

para voltar ao normal. Tomei um banho rápido e troquei de roupa, e

só tive tempo para tomar um café rápido já que o homem estava

mandando mensagem, dizendo que já estava à minha espera do

lado de fora.

" Eu já mencionei que odeio atraso, senhorita Medeiros. "

" Acho que seu relógio está muito adiantado, pois ainda faltam

cinco minutos, senhor Vilella. "

Revirei os olhos, pegando a minha bolsa e batendo a porta.

Como o homem já pode estar tão irritado a esta hora da manhã?

Quando saí do prédio, vi Henrique apoiado no capô do carro com

óculos escuros, muito sexy. Eu não conseguia entender como um

homem tão lindo, também poderia ser tão arrogante. Não sei se isso

era um mal que cresceu com ele ou algo ruim aconteceu para que o

ele fosse tão odiável.

Me aproximei, sendo avaliada pelos seus olhos verdes cobertos

pelos óculos escuros. Eu não queria me sentir abalada pelas

sensações que ele me provocava quando me olhava dessa forma,

mas era quase impossível não reagir positivamente. O que me fazia

odiá-lo ainda mais.

- Bom dia, senhor Vilella. - Falei, querendo começar o dia

animada.

Henrique ficou me encarando por alguns segundos antes de se

mover e abrir a porta do automóvel, entrando, sem ao menos me

responder.

- Está atrasada, senhorita Medeiros. - Falou arrogante, como

sempre.

- Bom dia para você também, Elisabete. - Falei ironicamente,

andando até a porta e sentando-me ao seu lado. - O dia está tão

lindo, Elisabete, você também está muito bonita.

- Você tem algum transtorno ou é apenas ego inflado? -

Perguntou, franzindo o cenho.

Eu não queria rir da sua pergunta idiota, mas foi impossível

porque o homem não estava sendo irônico.

- Não tenho problemas mentais e nem sou egocêntrica, muito

diferente do senhor, mas acho que você tem sérios problemas

sociais, Sr. Vilella, pois nem um bom dia pode responder. - Falei

ainda sorrindo.

O carro dele era um esportivo muito lindo na cor preta e teto

removível. Fiquei feliz quando o abriu, dando-me liberdade para

respirar o ar fresco e apreciar a vista. O vento batia em meus

cabelos, os deixando esvoaçados. Fechei os olhos e tentei relaxar o

caminho inteiro. Henrique se manteve calado, me dando um pouco

de paz enquanto não começávamos mais uma discussão.

Fiquei feliz em saber que nós visitaríamos o local onde

trabalharíamos, porque ficava perto da praia e já fazia muito tempo

que eu não chegava a alguns quilômetros de algo assim. Mesmo

morando na capital, que era conhecida pelas belas praias e

podendo ir aos fins de semana, nunca encontrei tempo para tal

diversão. Claro que eu gostaria de estar em uma situação muito

melhor do que estar ao lado do meu chefe arrogante, porém, nem

sempre temos aquilo que queremos e eu tinha que suportar o

homem chato ao meu lado.

Quanto mais nos aproximávamos do local, mais eu conseguia

sentir a maresia e isso me deixou alegre. Henrique estacionou não

muito longe do local onde o proprietário estava nos esperando.

Ainda sem falar nada, ele saiu do veículo e o segui.

- Isso não o deixa de bom humor? - Perguntei, respirando

fundo o ar novo em que estávamos.

- Não. - Respondeu seco.

Revirei os olhos e encarei suas costas largas.

- Desculpa a pergunta, chefe, mas você tem namorada ou algo

assim?

O homem virou-se para olhar para mim por cima dos óculos

escuros, e dei um sorriso amarelo.

- Não estamos aqui para conversar banalidade, senhorita

Medeiros. - Responder rude.

- Desculpe. A pergunta foi tola. É óbvio que você não tem uma

namorada, afinal qual mulher aguentaria um homem como você. -

Falei sem medo algum.

- Se eu fosse você tomaria cuidado com o que fala ou posso

demiti-la agora mesmo. - Falou se aproximando

ameaçadoramente.

- Não me leve a mal, Henrique, só queria saber porque você é

tão arrogante e frio desta forma. - Expliquei séria. Ele estava a

poucos passos de mim, e senti a minha frequência cardíaca

aumentando cada vez mais. - Talvez a resposta seja bem óbvia

não é, o senhor é mal-amado.

Depois do que falei, algo inusitado aconteceu. O homem deu

uma gargalhada impressionante que me deixou desconcertada.

Achei que o ridículo não poderia ficar mais lindo, no entanto,

sorrindo assim ele ficava ainda mais irresistível.

- Você realmente não tem medo de mim, não é? - Me

questionou ainda com resquícios do seu sorriso.

- Não sou paga para ter medo do meu chefe.

Ele retirou os óculos e me olhou com seus olhos verdes

intensos. Henrique estava perto o suficiente para que seu corpo

ficasse quase sobre o meu. Observei esses lábios carnudos e senti

a minha boca secar, e involuntariamente umedeci os meus.

- Que bom que chegaram. - Falou uma mulher loira, trazendo

com ela um senhor que aparentava ter entre 50 e 60 anos. -

Rodolfo, este é Henrique Vilella.

A mulher tinha um sorriso largo para o meu chefe. A coitada nem

sabia quem era o homem ao meu lado. Aparentemente Henrique só

demonstrava sua verdadeira face para os seus funcionários.

Os três foram conversar mais distante, e fiquei para avaliar o

local e tirar algumas fotos. De longe, observei o homem arrogante

que veio comigo, e em alguns momentos nossos olhares se

encontravam. Mesmo ele sendo do jeito que era, algo me fazia

sentir atraída por ele. Nossas brigas eram muito acaloradas e todas

as noites quando deitava minha cabeça no travesseiro, era a sua

imagem que aparecia. Não sei o que Henrique fez comigo, mas o

odiava ainda mais por isso.

- Oi! Você veio com o Henrique? - Virei-me para encontrar a

dona da voz que me fez a pergunta e encontrei outra loira, no

entanto, desta vez ela era mais simpática do que a primeira.

- Sim, trabalho com Henrique. - Respondi com um sorriso.

Vi seu olhar furtivo, procurando o homem atrás de mim e minha

mente já começou a bolar algumas ideias sobre quem era essa

mulher e como ela conhecia o meu chefe.

Conversamos um pouco sobre o hotel e a reforma. Amanda era

namorada do proprietário do local, e ela disse que participaria de

algumas reuniões sobre todo o projeto.

- É bom vê-lo de novo, Henrique, já faz tanto tempo.

Virei-me para encontrar o homem que me irritava todos os dias. Ele

tinha um sorriso falso no rosto que me fez ficar bem curiosa.

Rodolfo passou por nós, ficando ao lado de sua namorada.

- Vocês já se conheciam? - Ele perguntou, curioso.

- Nos conhecemos na faculdade. - Meu chefe respondeu se

aproximando muito de mim. - Já conheceu a minha namorada,

Amanda?

Senti meu corpo inteiro tremer com as suas palavras e a sua

mão em minha cintura.

Me senti estranha com a aproximação de Henrique, e a palavra

namorada ainda me perturbava.

Eu não sabia porque meu chefe diria que eu sou sua namorada,

pois vivíamos em pé de guerra, mas a loira com quem eu

conversava antes e que estava sendo muito simpática, agora me

olhava com desprezo.

Após piscar várias vezes, consegui voltar ao normal e abrir um

sorriso de nervoso. Eles conversavam como se fossem velhos

amigos, enquanto eu só queria me afastar do idiota.

- Então quer dizer que sua namorada também trabalha com

você como sua assistente? - Amanda perguntou com um sorriso

falso.

- Claro, é muito bom trabalhar ao lado do meu amor. - Ele

disse me fazendo tossir algumas vezes com a sua resposta.

Eu queria poder demonstrar mais abertamente o meu ódio pelo

homem, mas não sou boba de contradizê-lo na frente dos clientes,

muito menos na frente da perua loira.

Sua mudança de humor me fez pegar ranço da mulher.

- É uma história engraçada, pois era difícil achar alguém que

suportasse o humor dele. - Falei irônica e todos riram, inclusive

Henrique.

- Viram, ela é engraçada. - Falou me apertando ainda mais a

ele.

- Amanda também trabalha comigo e sei como é bom tornar o

ambiente de trabalho ainda mais confortável. - Disse Rodolfo,

parecendo bem apaixonado. - Bem, acho que agora podemos

continuar a visita.

- Claro, mas antes eu gostaria de falar um minuto com o meu...

namorado. - Falei olhando para o homem que sorria ao meu lado.

O Rodolfo saiu sorrindo e batendo no ombro de Henrique, como

se ele não fosse enfrentar a minha ira assim que estivessem longe o

suficiente.

Amanda nos olhava de longe com os olhos cerrados, tentando

descobrir algo sobre o que iríamos conversar.

Virei-me para ele que estava com as mãos na cintura, me

olhando com um sorriso sarcástico no rosto.

- Interessante saber que não sirvo para ser sua assistente, pois

não tenho qualificação, mas para ser sua namorada de mentira

sirvo? - O questionei tentando não demonstrar toda a minha raiva,

fisicamente.

- Foi impossível, ok? Amanda é a minha ex-namorada e eu

meio que queria que ela ficasse com ciúmes, e sabe, ela ficou. -

Sua revelação não me chocou tanto, e senti um pouco de raiva por

saber dessa questão. Era idiotice sentir, no entanto, não podia

controlar todos os meus sentimentos.

- Porque eu, você parece me odiar? - Questionei interessada

na sua resposta mais do que desejava parecer.

- Eu não odeio você, Elisabete, só exijo pessoas qualificadas

trabalhando ao meu redor. - Falou, dando de ombros. - Mas

tenho que confessar, nos últimos dias você está sendo muito

eficiente. Devo desculpas por ser tão... exigente.

- Ah! Desculpa, mas você não estava sendo exigente, você

estava sendo um cuzão. - Falei sem pensar, mas ele riu.

- É, fui além do normal. - Confessou me deixando um

pouquinho mais feliz. - Quando Rodolfo falou que Amanda era sua

namorada, a raiva do passado voltou com tudo, então vi você aqui

ao lado dela. Foi impulsivo, porém você é uma mulher linda,

inteligente e sabia que ela ficaria chateada.

Suas palavras, num todo, me deixaram muito abalada. Eu não

poderia imaginar que Henrique falaria tal sobre mim.

- Obrigada. - Falei sem jeito. - Então quer dizer que temos

que fingir ser namorados?

Eu não sabia se isso seria possível, já que nós dois não nos

dávamos muito bem, no entanto, esse mal-entendido que foi gerado

pelo meu chefe, já havia sido dito e não teria nada que pudéssemos

dizer para fugir da mentira.

Capítulo 8 - Henrique

Eu não sabia por que cometi a loucura de dizer que Elisa era

minha namorada. Eu poderia ter inventado qualquer outra desculpa

ou simplesmente ter ficado calado e aguentado a presença de

Amanda, mas não, algo dentro de mim quis se vingar pelo passado,

e quando notei a raiva e a inveja nos olhos da mulher, senti uma

satisfação inexplicável.

Quando estava conversando com o Rodolfo, o dono da rede de

hotéis, ele me contou sobre sua noiva que trabalhava ao seu lado

na administração, e quando percebi quem ela era, uma raiva

descomunal tomou posse de mim.

Eu sempre fui focado nos estudos e era um dos melhores na

faculdade, nunca namorei sério na vida até Amanda aparecer e

roubar meu coração. Achei que ela me amava, apesar das suas

exigências e chiliques. Eu fazia tudo que ela queria, era como um

cachorrinho, no entanto, um dia ela terminou comigo sem me dar

muitas explicações, apenas disse que eu não era o que ela

desejava.

Não tive uma infância muito acolhedora, e isso me causou uma

desconfiança nas pessoas muito grande. Dias depois que a loira

acabou comigo, a vi com um ricaço playboy. Nunca desconfiei que

ela tivesse me traído, porém, naquele momento não tive dúvidas.

Isso não servia de justificativa para os meus atos nos dias atuais,

mas foi a raiva e o rancor da mulher que eu amava, dentre outras

coisas, que me fizeram ficar dessa forma.

Prometi a mim mesmo que nunca mais deixaria uma mulher

fazer o mesmo comigo novamente. Por isso não buscava amor

verdadeiro, só um acordo conveniente para mim.

Achei que tinha superado depois de dez anos, entretanto, foi só

a reencontrar para lembrar das suas palavras novamente e sentir o

mesmo rancor de sempre.

Eu poderia ter escolhido qualquer outra mulher para interpretar

esse papel, mas foi justamente Elisabete quem estava em minha

frente, usando um vestido azul, lindo, justo ao corpo, e

graciosamente jogando seus longos cabelos escuros para trás. Eu

desejava me bater por estar bobo com a beleza da minha nova

assistente, porém, era inevitável não notar o óbvio e sabia que o

sorriso convencido de Amanda era porque desejava jogar na minha

cara que estava maravilhosamente bem.

Desejava tirar a felicidade momentânea dela e dizer que eu

também segui em frente, mesmo que isso fosse uma mentira.

Porém, eu havia entrado em um buraco fundo que não tinha

mais volta. Mentir dizendo que Elisabete era minha namorada

complicava ainda mais as coisas. Não éramos muito fã um do outro.

Ela era petulante e cheia de si e eu era o que todos já sabiam:

arrogante e exigente. O problema era que a loira de araque estaria

monitorando esse projeto e faríamos várias reuniões durante esse

período para decidir várias coisas e eu e Elisa teríamos que

interpretar esse papel até que isso acabe e nunca mais ter que

suportar Amanda.

Elisabete tinha razão em estar chateada e me questionando

sobre muitas coisas, mas saber disso não diminuía a minha irritação

com a mulher e suas perguntas. Estávamos de volta à estrada,

seguindo para o escritório para analisar o que tínhamos sobre a

área onde iríamos trabalhar, e a mulher não parava de falar por um

segundo.

- Então como será? - Questionou-me sentada ao meu lado e

olhando para fora. - Temos que ser um casal feliz enquanto sua ex

estiver ao nosso lado?

Pensar que isso era só o início da minha tortura me dava dor de

cabeça.

- Pelo visto você já sabe, então para que perguntar? -

Resmunguei de mau-humor.

- Não se esqueça, querido chefe, você prometeu ser mais

educado e não me tratar com a sua arrogância de sempre ou pode

se dar mal. – Falou me provocando.

Apertei o volante com toda a força possível. Talvez a idade tenha

diminuído o meu nível de paciência e o destino estava simplesmente

me punindo por ser um idiota.

- Primeiro, mesmo sabendo que preciso de você para isso, não

quer dizer que devo suportar esses seus atrevimentos, então pense

muito bem antes de me responder, Elisabete. – Falei com firmeza e

muita pouca paciência. – Segundo, eu odeio ter que responder

perguntas bobas, espero que pense em coisas que realmente

deseja saber e não perca o meu tempo com bobagens.

- Olha, Henrique, se não estivéssemos dentro de um carro eu

realmente chutava as suas bolas. – Falou me surpreendendo. –

Você é mais que arrogante ou insensível, é um verdadeiro babaca e

tenho que deixar claro agora que você não pode usar a sua

personalidade habitual para se referir a mim.

Dei um leve sorriso irônico tentando relaxar a minha mente antes de

falar novamente com ela. Era impressionante o quanto essa mulher

me irritava e não tinha um pingo de medo de perder o emprego.

- Ainda sou seu chefe. – Reclamei. – Então tome cuidado com

o que fala.

- Agora eu sou a sua namorada, então tome cuidado em como

me trata ou posso deixar você. – Falou me fazendo rir mais ainda.

Estava quase acreditando que havia contratado uma louca para

trabalhar para mim. – Vou deixar claro como isso vai funcionar,

chefe. Não precisamos fingir que nos gostamos quando ninguém

estiver por perto, mas isso não quer dizer que não devemos nos

respeitar. Sei que você pode me demitir, no final das contas, mas

saiba que não sou o tipo de mulher que fica calada. Não faço ideia

de quem é você ou aquela mulher. O que ela fez para fazer você

cometer esse erro terrível, por isso preciso de informações básicas.

Tudo isso era culpa minha. Se eu não tivesse cometido o

equívoco de abrir a boca para falar essa bobagem, isso não teria

acontecido. Eu sabia que teria que tratar a mulher com mais

educação, ser mal-educado não era o meu forte, mas Elisabete

despertava em mim um instinto selvagem que nunca ninguém

conseguiu.

- Tudo bem, vou forçar-me ao máximo para não ser tão

arrogante e... escroto com você. Temos que concordar que nós dois

devemos nos esforçar para que isso dê certo durante esse período.

- Fui sincero em minhas palavras, se ela fosse me ajudar nesta

pequena mentira, não merecia a minha raiva. - Enquanto

estivermos na presença de Amanda ou de Rodolfo, nós dois

podemos ser... um casal perfeito. Não precisamos exagerar, e

ninguém pode saber sobre isso. No escritório ou fora dele. - Exigi

ao estacionar na garagem do prédio onde ficava a empresa. -

Prometo que vou me esforçar para não ser tão rude com você, mas

você também tem que me ajudar não me provocando. Tudo bem,

querida?

A morena cerrou os olhos, dava para ver o seu desagrado

comigo. Eu não tinha que fingir que o modo de agir de Elisabete me

agradava também, porém, meu inimigo era outro e a culpa disso

tudo estar acontecendo era minha.

- Tudo bem, mas ainda devemos conversar sobre como vamos

levar isso adiante.

- Não acho que isso seja necessário. – Falei ao tirar o cinto de

segurança, mas sua mão tocou na minha, o que me fez olhar em

seus olhos.

Assim tão de perto a mulher irritante parecia ainda mais bonita,

com a sua pele bronzeada e cabelos ondulados.

- Devo respeitar a sua privacidade, mas pelo menos tenho que

saber o básico para não ser idiota na frente da sua ex.

- Não penso que ela vá investigar sobre a veracidade do nosso

relacionamento. – Falei colocando aspas na última palavra.

- Por isso você ainda está solteiro, sem contar, é claro, com a

sua frieza e arrogância. Não conhece as mulheres, muito menos as

EXs. – Disse me fazendo bufa de tedio. – Não importa se não se

gostam, mulheres são muito inteligentes e ardilosas. Quero ter as

possíveis respostas para as possíveis perguntas e você vai me dar

isso de um jeito ou de outro.

- Isso é uma ameaça? – Questionei confuso.

- Não, é uma certeza.

***

Passamos a tarde inteira trabalhando no projeto. Roberto, que

também estava na equipe, era responsável pelos desenhos gráficos

e como também temos que apresentar os desenhos à mão, fiquei

responsável por isso.

Em alguns momentos, minha atenção era dirigida a Elisa. Ela

sempre estava concentrada no que estava fazendo, a mulher era

especializada em paisagismo e eu tinha que admitir que ela era

muito boa.

Cuidar de ambientes era uma paixão que eu tinha desde criança

e isso me divertia. Desde que Elisabete chegou na minha vida e

começamos a trabalhar juntos, estava difícil me concentrar só nos

papéis ou na tela do meu tablet.

Quando já tínhamos terminado, já era bastante tarde. Sabia que

a turrona morava no centro da cidade e que levaria bastante tempo

para chegar em casa.

- Está na hora de ir, vou leva-la para casa. – Falei olhando para

o aparelho telefônico que tinha várias mensagens da minha mãe.

- Não será necessário, posso fazer esse trajeto de ônibus. -

Falou arrumando as coisas.

Eu não sabia o porquê tinha me oferecido para fazer isso, já que ela

era a minha mais nova dor de cabeça. O problema era que eu sabia

que para parecermos um casal de verdade, deveríamos conhecer o

mínimo um do outro e ter uma curta intimidade. Porém, nada do que

eu fazia parecia agradar a Elisa.

- Acredito que faça isso por puro prazer. - Disse colocando o

telefone no bolso, irritado. – Não aceitará minha carona só para me

provocar.

Quando finalmente me olhou, ela parecia confusa. Não tinha

mais ninguém no escritório e o lugar estava parcialmente escuro.

- Você é estranho, Henrique. - Falou após revirar os olhos –

Tudo bem, eu aceito.

Tudo isso só me fazia querer ainda mais nunca me relacionar

novamente com uma mulher. Elas eram caprichosas e confusas. Eu

já tinha problemas demais para suportar tudo isso.

- Tenho que fazer uma anotação mental para nunca mais me

meter nessa situação. - Resmunguei baixo.

Caminhamos até o elevador em silêncio. Eu odiava lugares

fechados e tudo ficava ainda mais complicado quando estava ao

lado da Elisabete. Mais cedo, quando estava em meu carro, seu

aroma doce, sutil, me deixou ainda mais confuso. Ela tinha esse

poder sobre mim que me enlouquecia. Era como se meu cérebro

gostasse e odiasse ao mesmo tempo.

- Às vezes não entendo o que você quer. - Finalmente falou,

quando as portas já estavam fechadas. – Por que está fazendo essa

gentileza se me odeia tanto?

- Não odeio você. Acredite, o problema não é todo com você.

Sei que é inteligente e bastante proativa, não discordou quando

cometi esse equívoco, mas algo em você me faz ser assim. – Falei

sem desejar encara-la.

- Desculpe se sou irritante. - Disse parecendo chateada.

- Já disse, Elisabete, não é isso. Claro que me provoca, mas

sei que a culpa é minha.

- Então o que é?

Perguntas. Isso era o que eu mais odiava. Talvez fosse porque

eu não desejava revelar a verdade.

- Você me faz lembrar de uma pessoa que era importante na

minha vida. – Falei ao lembrar do passado.

- Não me diga que é a Amanda!

- Não! – Disse a olhando com surpresa. – Você e ela são

totalmente diferentes. Não gosto de perguntas, pois odeio me abrir.

Isso pode me prejudicar como no passado.

Não sabia porque estava revelando tanto. Mesmo tendo começado

essa mentira, eu não precisava falar tanto. Elisa me olhava de forma

estranha. Não havia mais tensão entre nós.

- Não se preocupe, eu sei o meu lugar. Nunca faria nada para

prejudica-lo. Prometo que vou tentar não o provocar mais. - Suas

palavras me fizeram a olhar de outra forma. Essa mulher quando

não estava me provocando não era irritante. - Não sei o que

Amanda fez, mas sei como é sentir rancor por um ex.

- Já foi abandonada e traída? – Questionei.

- Não sei se considera isso pior, mas primeiro fui traída para

depois ser abandonada. O idiota estava transando com uma das

minhas amigas na cama onde nós dormíamos, e eu os peguei no

mesmo dia em que fui demitida.

Estava começando a achar que a minha história com Amanda

não era tão terrível assim.

- Nessa você ganhou. - Falei desviando minha atenção para a

porta. – Por que foi demitida?

- O dono faliu a empresa. – Foi direta. – Todos saíram

perdendo. Pelo menos consegui chegar até aqui, mesmo que meu

chefe não seja um príncipe por dentro.

Foi involuntário sorrir da sua pequena provocação. No fim das

contas, Elisa não era tão mal. O problema realmente era eu.

- Acho que nós dois podemos passar por isso sem matar um ao

outro. – Falei assim que as portas se abriram. – Você não é tão

chata.

- Uau, sério? – Falou com ironia. – Sabe, se não for tão

exigente e arrogante, pode ser um bom chefe.

Estávamos concentrados um no outro quando o meu telefone

tocou para trazer a realidade de volta. Ao sair da caixa de metal,

atendi o aparelho e fiquei surpreso ao descobrir quem era.

- Por que está ligando para mim, Amanda? - Eu não queria

voltar a me irritar, mas a voz da mulher me fazia querer jogar o

aparelho longe.

- Henrique, eu gostaria de convidá-lo para o meu noivado com

Rodolfo, amanhã. - Disse animada. Não sabia qual era a intensão

dela ao fazer esse convite. Passamos dez anos sem nos falar e

agora, do nada, a loira desejava me convidar para o seu noivado.

- Por que isso agora? – Questionei enquanto Elisabete me

olhava atentamente.

- Rodolfo gostou de você e da sua... namorada. – Senti o

desprezo dela ao falar isso.

- Ok, nós vamos.

            
            

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