comigo. Serena não disse muito sobre a mulher, só que ela era
perfeita para o cargo, pois sua personalidade batia com a minha
- Ela começa amanhã, mas Henrique, não faça com que a
mulher queira se demitir no mesmo dia, por favor. - Pediu com um
sorrisinho no rosto. - Ela é bonita e inteligente. Tem desejo de
crescer, e com certeza poderá resistir por um tempo ao seu lado.
Continuei desenhando o esboço do nosso último projeto
enquanto a ouvia. Serena, apesar de ser uma ótima profissional, era
muito tagarela. A conheci na faculdade e agora ela trabalhava para
mim.
- Que bom, só espero não a odiar também. - Falei dando de
ombros.
- Às vezes penso que você é um daqueles protótipos robóticos
que se parece com ser humano, mas que não tem sentimentos. -
Ela disse se levantando abruptamente, parecendo chateada.
- Se eu fosse, vocês estariam ferrados. - Brinquei e a ouvi rir.
- Olha, você tem senso de humor. - Ironizou antes de sair. -
Mas falo sério quando digo que você tem que pegar mais leve com
as pessoas.
Quando finalmente fiquei só, continuei o meu projeto, sempre
amei fazer isso. Minha família estava no ramo de arquitetura há
muito tempo, porém, isso nunca foi uma obrigação para mim, pois
sempre gostei de desenhar e projetar coisas.
Já ganhei diversos prêmios no ramo, e quando meu pai quase
arruinou a empresa, fui eu que assumi e fiz com que ela fosse
reconhecida no país.
Devido a diversos fatores, meu pai e eu não tínhamos uma boa
relação, mas sabia que ele estava satisfeito com o meu trabalho.
***
O dia não havia começado muito bem. Cheguei tarde, ontem.
Mal consegui dormir e hoje perdi a hora. Isso nunca tinha
acontecido.
Não tomei café antes de sair de casa. Sabia que encontraria um
trânsito caótico, pois dirigir de Recife para Olinda não era tarefa
fácil, já que as cidades não suportavam a quantidade de veículo nas
ruas.
Fiquei mais tranquilo quando cheguei ao escritório, depois de
passar quase uma eternidade no trânsito. Não queria falar com
ninguém tão cedo, mas sabia que assim que colocasse os pés na
empresa, os problemas apareceriam. Pedi um café forte a Judi que
me seguia, batendo seus saltos no piso.
Antes de entrar na minha sala, parei no corredor em frente a sala
da minha nova assistente. Sabia que ela começava hoje, e a
silhueta perfeita que estava vendo, era bastante curioso. Apesar de
estar em uma posição provocante, ela estava formal.
Algo naquela mulher de cabelos escuros me dava uma sensação
estranha e familiar. Ela vestia uma saia preta e blusa branca solta. O
movimento que fazia ao colocar os seus cabelos longos para trás,
me deixou encantado.
Quando ouvi a voz da minha secretária, tive que voltar ao mundo
real e caminhar para o meu escritório.
- É a sua nova assistente. O nome dela é Elisabete Medeiros,
achei ela uma ótima pessoa. - Falou a mulher baixinha de cabelos
cacheados.
Ainda pensava na silhueta sexy que havia visto, mas isso não
mudou o meu humor. Sabia que até o fim do dia ficaria com dor de
cabeça.
Depois que ela me serviu o café forte, pude enfim começar o
meu dia. Pedi que ela mandasse a nova assistente entrar para
começarmos a trabalhar. Sabia que eu não poderia assustar a bela
jovem com o meu mau humor assim de cara, então respirei fundo e
encostei-me na cadeira.
Recebi uma ligação e tive que atender. Enquanto falava ao
telefone, vi o rosto conhecido entrar no meu escritório e tive que me
concentrar para não surtar.
Dava para ver que ela também havia ficado surpresa. Continuei
a minha ligação observando cada movimento da mulher que se
sentou à minha frente, ainda tentando entender o que estava
acontecendo. Assim que desliguei o telefone, nos observamos por
um instante antes que eu começasse a falar.
- Claro, você seria a assistente perfeita para mim, não é? -
Perguntei ironicamente.
- Acho que cometi um pecado muito bárbaro nas minhas vidas
passadas. - Comentou a mulher.
Não sabia se era o destino ou só coincidência mesmo. Mas ter
esta mulher como minha assistente era a forma do universo me
punir por tudo que já fiz. Ela era linda e atraente, mas da última vez
que nos encontramos foi muito mal-educada me culpando por
esbarrar nela.
O pior era que a mulher não saiu da minha cabeça desde aquele
dia e agora ela estava aqui, parada em minha frente e iria trabalhar
comigo.
Capítulo 5 - Elisabete
Quando me ligaram para dar a notícia de que eu fui a escolhida,
quase surtei. No dia em que fui até a empresa vi tantas candidatas
que até pensei que eu não seria selecionada.
Graças a Deus obtive uma resposta positiva. Agora eu
trabalharia em uma grande empresa e numa função maravilhosa no
qual esperei tanto. A partir deste dia teria mais responsabilidade e
não deixaria nada e nem ninguém atrapalhar o meu objetivo.
Na verdade, uma das perguntas foi bem estranha, pois não sabia
se era habitual ou era um teste. A mulher me perguntou se eu tinha
capacidade de trabalhar sob pressão e constante estresse, e quase
nem soube responder, mas como já havia trabalhado com uma
chefe muito irritante, já estava preparada para tudo.
Assim que cheguei pela manhã, a mulher que me entrevistou,
Serena, mostrou-me a minha sala e o que eu teria que fazer. Ela
também disse que o meu novo chefe era um homem concentrado e
que odiava atrasos ou distrações, mas que não deixasse ele me
amedrontar ou qualquer coisa do tipo.
Judi era secretária de Henrique Vilella há um bom tempo, e ela
também me alertou sobre ele. Eu já estava ansiosa e todas essas
palavras me deixaram ainda mais pilhada. Não conhecia muito o
senhor Vilella, porém, sabia que ele era um dos melhores no ramo e
que já ganhou vários prêmios. Trabalhar ao seu lado me ajudaria
muito a evoluir.
Arrumei a minha nova sala e tentei me acalmar para a chegada
do novo chefe.
Eu já aguentei muito pepino da minha antiga chefe e odiaria
trabalhar com alguém igual ou pior que ela. Acreditei que a maré de
azar havia acabado, pois já tinha conquistado o meu objetivo,
porém, pelo que estava ouvindo, parecia que meu novo chefe não
seria fácil.
Liguei para minha irmã contando a novidade e tudo o que as
pessoas já haviam falado para mim. Ela me aconselhou a relaxar e
respirar fundo, mas se o homem for grosseiro ou me humilhasse,
que eu não baixasse a cabeça.
Não sei se eu teria coragem de enfrenta-lo, pois batalhei muito e
demorou mais ainda para que eu conseguisse finalmente um
trabalho na minha área e se o desrespeitar, logo no primeiro dia,
com certeza eu não teria oportunidade em lugar nenhum.
Quando a secretária me avisou que o senhor Vilella já havia
chegado e que estava à minha espera, senti meu estômago
embrulhar. Tive que respirar fundo várias vezes enquanto
caminhava até o seu escritório, pois eu pensava que a qualquer
momento poderia desmaiar.
Entretanto, eu não estava preparada para o que encontrei assim
que adentrei a sala. O homem arrogante de dias atrás que havia
esbarrado em mim e foi muito grosseiro, falava ao telefone. Ele
também ficou surpreso ao me ver e acabei acreditando que estava
ferrada.
As lembranças exatas daquele dia se voltaram a minha mente.
Geralmente não sou tão rude, mas aquele homem despertou uma
fúria dentro de mim que não consigo explicar.
Sentei na cadeira a sua frente bastante preocupada. Eu não
sabia se ele iria me dar a chance de provar o meu valor ou
simplesmente me mandaria para o RH.
Assim que ele terminou sua ligação, ficamos nos encarando por
alguns segundos. Era verdade que desde aquele dia eu não
consegui o tirar da cabeça. Henrique Vilella era o homem mais lindo
que já vira na vida, porém, sua personalidade era de um cavalo e
não iria suportar conviver com este homem.
Como antes, ele foi grosso e irônico, esse seu sorrisinho de
canto fez com que eu quase me derretesse em sua frente.
Questionei a mim mesma sobre o destino ou as forças do universo
que sempre me colocavam nessas situações estranhas.
- Serena podia muito bem ter escolhido alguém que não fosse
tão desatenta quanto você. - Falou arrogante, me deixando
levemente irritada. - Não dá para acreditar no que está
acontecendo.
- Sei que tivemos um início muito conturbado, mas acredito que
podemos melhorar e trabalhar juntos, senhor Vilella. - Falei
reprimindo a minha raiva e vontade de responde-lo a altura.
- Você acredita? - Me questionou com o cenho franzido. - Eu
aposto que não.
- Por que é tão grosso com as pessoas? - O questionei,
levantando-me, apoiando os meus braços sobre a sua mesa.
Eu realmente estava furiosa. Poderia até o matar agora, mas
decidi ser mais prudente e tentar me acalmar, mesmo que o homem
tente a todo custo me fazer perder a cabeça.
- Por que tem a língua tão solta? - Perguntou, também se
levantando e me encarando bem de perto.
Sua aproximação causou um efeito sobre mim muito estranho.
Olhar em seus olhos verdes, assim, tão de perto, me fez sentir
insegura.
- Desculpe-me, mas não ficarei calada se o senhor quiser me
tratar como uma qualquer. - Falei, sentando-me novamente. -
Não devo o responder dessa forma, pois é meu chefe. Porém, o
senhor também deve me respeitar.
Ele cerrou os olhos e também se sentou. O homem juntou as
mãos sobre a mesa e me avaliou por um instante. Eu quis
novamente questioná-lo, entretanto, para que nossa convivência
seja, pelo menos, suportável, tinha que renunciar algumas palavras.
- Creio que já foram passadas algumas informações para você.
Não quero atraso, não tolero condutas inapropriadas no local de
trabalho e por favor, senhorita Medeiros, trate-me como seu chefe e
não como um colega, muito menos, como um cara qualquer. -
Falou desviando o olhar de mim.
- Não se preocupe, sei de tudo isso. - Falei em um tom firme.
- Em que empresa você trabalhou anteriormente?
Sua pergunta fez o meu cérebro congelar. Se o homem já estava
irritado por eu ser a sua nova assistente, imagine como ficaria
quando descobrisse que não trabalhei na área de paisagismo nos
últimos três anos.
- Fui assistente de uma contadora. Sei que não é a área da
arquitetura, mas acredite, sou capaz de trabalhar com o senhor. -
Disse, tentando amenizar cada palavra que havia falado.
Não sabia o que era pior: ter o arrogante gritando comigo ou em
silêncio me observando como se me julgasse mentalmente.
- Você não tem experiência na área, senhorita? - Perguntou
com certa irritação.
Henrique tinha aquele típico olhar que fazia você querer um
buraco para se enfiar. Eu estava nervosa e sabia que ele iria discutir
por causa disso.
- Estagiei por 6 meses quando ainda estudava na faculdade, e
mesmo que eu tenha tentado diversas vezes encontrar algo em
minha área, não consegui nada e tive que optar por arranjar um
trabalho para pagar as contas. - Expliquei com o máximo de
paciência e calmaria.
Ele respirou fundo, fechando os olhos, analisando cada palavra
que saiu da minha boca. Mesmo que eu não tenha conseguido
emprego em arquitetura e ter trabalhado por três anos em outro
ramo, isso não me desqualificava para este trabalho. Sempre me
mantive antenada e nos meus momentos de folga adorava desenhar
e imaginar projetos. Claro que isso não era profissional, mas não
tive culpa se não consegui nada.
Alguém tinha que me dar uma oportunidade.
- Serena, você pode vir ao meu escritório? - Falou ao pegar o
telefone, parecendo bastante chateado.
Meu coração parecia que ia parar a qualquer momento. Minhas
emoções estavam a flor da pele e sentia um misto de ódio e tristeza.
- Senhor Vilella, por favor, não fique chateado, sei que isso
parece algo ruim, mas não tive culpa. Isso não me desqualifica para
trabalhar com o senhor. - Falei quase entrando em desespero. Eu
sabia que este homem frio e arrogante não iria ter pena de mim,
porém, eu não poderia desistir após ter conseguido chegar até aqui.
- Posso provar que sou capaz, só preciso de uma oportunidade e
vou me esforçar ao máximo.
- Não quero uma pessoa que não vai me acompanhar. Pensa
que brinco quando entro nesse escritório? - Questiona-me rude. -
Sinto muito por você não ter tido uma oportunidade antes, no
entanto, preciso de alguém capaz e com preparo para trabalhar ao
meu lado, senhorita Medeiros.
- Eu sou capaz, e o senhor está sendo o mesmo frio e
arrogante de sempre. - Levantei-me novamente, chateada. - Não
pode me demitir sem antes me deixar provar que sou capaz. O
senhor me trata mal desde o momento que botei os pés dentro
desta empresa, e não pode esperar por uma só oportunidade para
me julgar. Já trabalhei com uma pessoa que era o verdadeiro diabo
para mim, mas o senhor vai além. Eu nem tenho palavras para
descrevê-lo.
Eu sabia que não poderia surtar e gritar com meu chefe. Ele
estava a ponto de me demitir e eu estava dando o armamento para
que ele pudesse fazer isso.
Henrique se levantou e me encarou de perto, assim como antes.
Ele também estava irritado e com razão. Mas ele não me
respondeu.
- O que está acontecendo aqui? - Questionou Serena ao
entrar.
Capítulo 6 - Henrique
Eu não queria acreditar que Serena havia feito isso comigo. Ela
era uma mulher experiente e de minha confiança, eu só queria
saber por que ela contrataria uma mulher sem experiência para
trabalhar ao meu lado.
As palavras de Elisabete ainda estavam pairando sobre a minha
cabeça quando a minha amiga adentrou a sala me olhando com
espanto.
Eu não era conhecido por ser uma pessoa boa ou que tivesse
muita paciência, por isso a necessidade de alguém com experiência
e que pudesse suportar a minha oscilação de humor. Não posso
negar que Elisabete era uma mulher determinada e com
personalidade forte, que poderia até suportar um pouco a minha,
mas ela era petulante e me irritava constantemente, isso somado a
sua falta de experiência no ramo da arquitetura era inaceitável para
mim.
Entretanto, algo em seu olhar me fazia querer ficar com ela,
mesmo estando muito chateado pela situação. A mulher me
desafiava e já fazia muito tempo que eu não encontrava ninguém a
altura para fazer tal coisa. Não poderia negar que isso me excitava
um pouco. Sei o quanto isso era confuso, o que me deixava ainda
mais puto com a situação.
Elisabete saiu assim que Serena entrou. Era nítida a sua
preocupação quanto ao trabalhar comigo, e mesmo não querendo
de jeito algum ter alguém tão... Irritante ao meu lado, algo dentro de
mim desejava mantê-la no emprego.
Isso já está me irritando.
Serena sentou-se à minha frente e respirei fundo várias vezes
antes de começar os meus questionamentos. Sou conhecido por ser
muito exigente, no entanto, também muito arrogante, era verdade
que muitas vezes eu me arrependia das coisas que falava, mesmo
não demonstrando isso.
Aprendi a ser mais duro para obter resultados positivos. Ser
bonzinho não me trouxe resultados bons no passado e eu não
queria nada fora do lugar dentro do meu local de trabalho.
- Henrique, pedi para você não ser tão... Você. Sabe como foi
difícil achar alguém que pudesse trabalhar ao seu lado todos os dias
e não se demitir? - Falou ela com o cenho franzido.
- Então teve que contratar alguém inexperiente para isso? -
Perguntei bastante irritado.
A mulher à minha frente respirou fundo e se encostou na cadeira
como se o assunto abordado não fosse tão grave quanto era.
- Eu sabia que isso seria um problema para você. - Disse ao
cruzar as pernas. - Mas não faria isso se não soubesse que essa
mulher pode trabalhar ao seu lado e ser eficiente no trabalho.
Era verdade que Serena era uma mulher responsável e não
cometia erros. Porém, esta era minha empresa e odiava ter que
explicar ou responder perguntas a qualquer um.
- Pelo amor de Deus, Serena, será que não consegue ver um
problema aqui? - A questionei mais firmemente. - Sabe quantas
vezes ela me respondeu desde o momento que entrou por aquela
porta?
- E não teve medo disso? - Perguntou com um sorriso
orgulhoso.
- Acha isso engraçado? - Perguntei achando isso estranho.
- Desculpe, Henrique, mas você não é o homem mais correto e
bonzinho que conheço. Você enlouquece todos dessa empresa.
Pergunte a sua secretária! - Disse ainda parecendo se divertir com
a minha situação.
- Eu exijo 100% das pessoas que trabalham para mim. Isso me
faz ser um tirano? - Questionei ficando ainda mais furioso. -
Talvez eu devesse demitir mais pessoas.
- O que Elisabete fez de tão errado para que você queira
demiti-la no primeiro dia? - Perguntou, recostando e me
encarando. - Danificou algo, errou algum documento ou
simplesmente não foi com a cara dela?
- Se ela tivesse feito qualquer uma dessa coisas eu não
precisaria ter chamado você. Além do mais, não tenho que gostar
de alguém só porque irá trabalhar para mim, mas isso não vem ao
caso. Eu só não desejo quebrar a cabeça com uma menina sem
experiência.
Mesmo ouvindo coisas tão negativas, parecia que Serena estava
se divertindo com a situação. Isso também estava me chateando.
- Então seria só mais um que não deu a ela uma oportunidade
para que ela provasse seu valor. - Falou me provocando.
Era verdade que nós somos amigos há muito tempo. Eu
respeitava Serena como uma profissional e como pessoa, mas às
vezes ela passava dos limites.
- Interessante como todos hoje querem me provocar. - Falei a
reprovando.
- Desculpe, passei dos limites. - Disse arrependida. - Porém,
não pode demiti-la sem uma razão. A mulher não cometeu um erro
e você não tem um motivo.
Ela tinha razão, mas como ficaria com alguém que pode não
acompanhar o meu ritmo?
Eu estava sendo imparcial e minha consciência estava gritando
na minha cabeça. Minha amiga tinha razão em dizer que eu seria
como os outros que não deram uma oportunidade. O pior era que eu
odiava ser comparado a qualquer outro.
- Não preciso de desculpas para demitir alguém, essa é minha
empresa. – Falei encostando-me na cadeira. – Porém, não serei tão
duro e darei 3 meses. - Falei após pensar um pouco. - Se ela
estragar qualquer coisa será demitida na hora. Darei 3 meses como
experiência, se ela for boa, permanece.
- Ótimo. - Ela disse com um sorriso largo.
- Não fique felizinha, você sabe que não sou fácil, penso que
ela mesma vá se demitir.
- Só se você der motivos, querido amigo. - Falou irônica.
- Mande que a novata entre, já perdi muito tempo. Tenho uma
reunião em poucos minutos. - Falei arrumando os papéis em
minha frente.
Satisfeita, Serena levantou-se e saiu. Minha cabeça já ameaçava
doer antes mesmo de estarmos na metade do dia. A porta foi aberta
novamente, e um par de pernas bronzeadas entrou me
hipnotizando. Tinha que confessar que Elisabete Medeiros era linda.
Eu diria de tirar o fôlego. Sabia que isso também seria um problema.
- O que decidiu, irá me demitir? - Questiona-me ansiosa e
levemente irritada.
Esse era outro motivo para a minha preocupação. Ela era quente
e petulante, e no mesmo nível que me irritava, me atraía.
- Não serei tão malvado com você. - Falei com um sorriso no
rosto. Foi engraçado ver seu rosto surpreso. - Darei um período de
experiência de 3 meses, se você cometer um deslize sairá antes
desse prazo, se for boa ficará na posição. Porém, acredito que você
vai pedir para ir embora.
- Isso é um desafio, senhor Vilella? - Perguntou cerrando os
olhos. - Eu não gosto de ser desafiada.
Foi impossível não ficar animado com a situação. Não podia
negar que eu adorava desafios, e mesmo não querendo fazer disso
uma competição, meu instinto pedia para fazer.
- Trate isso do jeito que quiser. Mas sei que estou certo e que
você não vai durar muito tempo aqui. - Afirmei.
- Serei a assistente mais prestativa e eficiente que o senhor já
teve na vida, e no final irei mostrar que não se brinca com uma
Medeiros. - Provocou a morena de olhos castanhos. - Quando
isso acabar, será o senhor que me pedirá desculpas por toda essa
sua grosseria.
Isso era perigoso. Não sabia o porquê de estar tão excitado com
a conversa, mas Elisabete era diferente das demais mulheres. Ela
me desafiava e isso era novo.