Bela Flor - BDSM
img img Bela Flor - BDSM img Capítulo 2 Autoconhecimento
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Capítulo 6 Ligações img
Capítulo 7 Um fim img
Capítulo 8 Primeiro dia img
Capítulo 9 Momentos img
Capítulo 10 Um pouco de Park Hyun-Suk img
Capítulo 11 Scandal img
Capítulo 12 Fantasmas img
Capítulo 13 Mensagens img
Capítulo 14 Lutas, sorrisos e lágrimas img
Capítulo 15 Máscaras caindo img
Capítulo 16 Aconchego img
Capítulo 17 Sorrisos sinceros img
Capítulo 18 Amado chefe img
Capítulo 19 Tantos problemas... img
Capítulo 20 Três decisões, uma conclusão img
Capítulo 21 Nas suas mãos img
Capítulo 22 Lembranças img
Capítulo 23 Preparativos img
Capítulo 24 O primeiro amor img
Capítulo 25 Verdades e inverdades img
Capítulo 26 Um simples presente img
Capítulo 27 Na forma de três img
Capítulo 28 Para sempre img
Capítulo 29 Jantar desagradável img
Capítulo 30 De volta a um hospital img
Capítulo 31 Rosas-vermelhas img
Capítulo 32 Dálias para vovó - 1 2 img
Capítulo 33 Dálias para vovó - 2 2 img
Capítulo 34 Amigos 1 2 img
Capítulo 35 Amigos 2 2 img
Capítulo 36 Tentando voltar a realidade 1 3 img
Capítulo 37 Tentando voltar a realidade 2 3 img
Capítulo 38 Tentando voltar a realidade 3 3 img
Capítulo 39 Primeira sessão 1 2 img
Capítulo 40 Primeira sessão 2 2 img
Capítulo 41 A primeira neve 1 3 img
Capítulo 42 A primeira neve 2 3 img
Capítulo 43 A primeira neve 3 3 img
Capítulo 44 Cuidados 1 2 img
Capítulo 45 Cuidados 2 2 img
Capítulo 46 Amor de todas as minhas vidas 1 2 img
Capítulo 47 Amor de todas as minhas vidas 2 2 img
Capítulo 48 Retorno img
Capítulo 49 Um novo jeito de sentir prazer 1 3 img
Capítulo 50 Um novo jeito de sentir prazer 2 3 img
Capítulo 51 Um novo jeito de sentir prazer 3 3 img
Capítulo 52 Hangar img
Capítulo 53 Jeju 1 2 img
Capítulo 54 Jeju 2 2 img
Capítulo 55 Velas 1 2 img
Capítulo 56 Velas 2 2 img
Capítulo 57 Caos 1 2 img
Capítulo 58 Caos 2 2 img
Capítulo 59 Superficial 1 2 img
Capítulo 60 Superficial 2 2 img
Capítulo 61 Câmeras de segurança img
Capítulo 62 Vilões 1 2 img
Capítulo 63 Vilões 2 2 img
Capítulo 64 Milhões de dólares 1 5 img
Capítulo 65 Milhões de dólares 2 5 img
Capítulo 66 Milhões de dólares 3 5 img
Capítulo 67 Milhões de dólares 4 5 img
Capítulo 68 Milhões de dólares 5 5 img
Capítulo 69 Fim da linha 1 2 img
Capítulo 70 Fim da linha 2 2 img
Capítulo 71 Um novo recomeço 1 2 img
Capítulo 72 Um novo recomeço 2 2 img
Capítulo 73 Nosso lugar 1 3 img
Capítulo 74 Nosso lugar 2 3 img
Capítulo 75 Nosso lugar 3 3 img
Capítulo 76 O passado ainda dói 1 2 img
Capítulo 77 O passado ainda dói 2 2 img
Capítulo 78 Mamãe 1 3 img
Capítulo 79 Mamãe 2 3 img
Capítulo 80 Mamãe 3 3 img
Capítulo 81 Mémorias img
Capítulo 82 Pequena purpurina img
Capítulo 83 Um presente especial 1 2 img
Capítulo 84 Um presente especial 2 2 img
Capítulo 85 Bem-vinda ao novo lar img
Capítulo 86 O fim de um ciclo img
Capítulo 87 Casados 1 3 img
Capítulo 88 Casados 2 3 img
Capítulo 89 Casados 3 3 img
Capítulo 90 Lua de mel 1 2 img
Capítulo 91 Lua de mel 2 2 img
Capítulo 92 Uma decisão jurídica 1 2 img
Capítulo 93 Uma decisão jurídica 2 2 img
Capítulo 94 Nossa família completa img
Capítulo 95 Casa nova 1 2 img
Capítulo 96 Casa nova 2 2 img
Capítulo 97 Coração apertado img
Capítulo 98 O pedido de um pai 1 3 img
Capítulo 99 O pedido de um pai 2 3 img
Capítulo 100 O pedido de um pai 3 3 img
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Capítulo 2 Autoconhecimento

Odeio ficar confuso, mas dessa vez eu nem tenho culpa.

Depois do meu anômalo aniversário, e depois claro, do meu primeiro beijo em UM HOMEM, minha cabeça não está nada normal.

Fiquei por horas durante a noite pensando em como eu tive coragem de beijar um homem na frente de todos, e o pior, de como eu gostei de tudo aquilo.

Fico pensando se de fato eu sou gay.

Ou sei lá o que denomina melhor minha sexualidade, porque acho que ainda sinto sim, atração por mulheres, mas não consigo esquecer o loiro sequer por um segundo.

Depois que Park me beijou e me puxou daquele jeito bem no meio de uma boate, eu não consegui sequer esquecê-lo pelas horas seguintes.

Guardei seu cartão na última gaveta do meu guarda-roupa junto com meu trambolho rosa, certo de que nunca mais o pegaria de volta, mas mesmo hoje, um dia após meu primeiro beijo ㅡ mais precisamente apenas algumas horas após ㅡ, eu abro a gaveta e encaro-os juntinhos lá.

Mas é frustrante porque eu realmente não sei o que fazer.

Eu acho que não quero ligar para o número que tem naquele cartão, mas estou curioso para saber o que ele pode me ensinar. Digo, o que cacete pode ser?

Talvez seja uma merda, porque eu estou doido para ligar para ele e só não quero admitir.

Gostei pra caralho do loiro e admito que queria ter beijado-o mais também, mas como eu falo isso em voz alta se eu estou nessa confusão?

E com essa confusão, cá estou, sentado na beirada da minha cama encarando o pau rosa e olhando o cartão com o nome e número do loiro brilhando ao lado.

Eu devo ligar?

Mas o que pensarão de mim se for atrás de um homem que claramente quer fazer coisas comigo?

Eu nem deveria me preocupar com isso, é o que meus amigos sempre dizem e até fazem, mas comigo é complicado por eu simplesmente não saber o que fazer.

Então, totalmente embolado com os pensamentos, eu visto meu terrível e quente uniforme de trabalho e desço os poucos degraus que ficam do meu quarto até a sala.

Minha casa ainda está cheia de bêbados por todos os lados, mas ao menos Minah acordou antes de todos e está agora fazendo café enquanto Yejun está cochilando sentado à mesa.

ㅡ Bom dia. ㅡ digo buscando minha xícara e pondo ao lado de uma que minha amiga já estava enchendo de café para si.

ㅡ Bom dia. Já vai trabalhar?

ㅡ E eu tenho escolhas? ㅡ bocejo ainda com sono, e pego a xícara agora cheia. ㅡ Minha jornada como escravo me espera.

Ela ri, mas eu realmente sou quase um escravo, quando tenho que trabalhar por um salário que sequer cobre meus boletos mensais.

Quando tento passar por duas criaturas que ainda dormem no meio da minha sala, tropeço em um, e tenho que fazer malabarismo para não derrubar meu café.

ㅡ Oh caralho, tá com o olho onde? ㅡ é Taeshin quem diz, levantando totalmente puto. ㅡ Vai pisar a mãe, seu corno!

ㅡ Pela santa purpurina, calem a boca. ㅡ Jackson grita e abraça Rini que está ao seu lado. ㅡ seus cornos!

ㅡ Por gentileza, eu gostaria muito que todos vocês fossem tomar no cu, pode ser? ㅡ peço calmamente, sentando em meu sofá.

ㅡ E assim começa o dia... ㅡ Yejun resmunga com a voz pesada de sono.

ㅡ E porque você não vai? ㅡ Taeshin retorna para a sala, após usar o único banheiro da casa, que fica no meu quarto. Ele me olha com o rosto ainda inchado, mas eu apenas sorrio, bebericando mais do meu café. ㅡ o que é isso? ㅡ aponta para minha xícara.

ㅡ Café.

ㅡ Me dá um pouquinho? ㅡ ele estica a mão. ㅡ tô com dor de cabeça, cafeína me ajuda.

ㅡ Vai buscar pra você, a Minah fez. ㅡ eu digo e o vejo ir até à cozinha.

Jackson bufa, por não ter seu silêncio, e se ergue, jogando Rini para o lado, que apenas rola e continua deitada com os olhos fechados.

Eu tomo todo meu café, e olho o relógio que está no meu pulso. É quase dez da manhã, o horário em que preciso estar no trabalho, mas não tenho muita pressa, a conveniência que trabalho fica na esquina da rua onde moro.

Deixando todos aqueles invasores abrigados em minha pequena casa, saio ajeitando meu crachá sobre o colete que visto, e rodo as chaves que há entre meus dedos.

O caminho é curto, mas ainda dou bom dia animado para minha vizinha idosa, senhora Lee, que acorda primeiro que toda coreia, apenas para futricar sobre as vidas alheias.

Poucos minutos se passam, talvez nem chegue a dois, e cá estou eu, agachado, abrindo o cadeado da porta de rolo que dá a segurança do local.

Abro a porta, entro, e vou logo em direção ao interruptor de energia para ligar tudo e depois buscar a vassoura e enfim dar um jeito nesse lugar que mais parece uma caverna.

Eu ainda sinto minha cabeça doer e isso com certeza é resultado de todas as cervejinhas gostosas que tomei ontem, mas nada que um analgésico não resolva.

Após deixar tudo em ordem ㅡ ou tentar ㅡ eu vou para detrás do balcão onde passarei minhas próximas incessantes dez horas do dia. É sempre assim, digo até que já me acostumei, pois, trabalho no mesmo local há cerca dez meses, o que ocorreu logo após eu ter terminado o ensino médio.

A princípio eu pensei que vindo assim que terminasse o colégio em Busan para Seul, eu acharia algo para fazer e ter um futuro, mas acho que isso também é algo que se confunde muito em minha mente ainda porque até agora nada ficou claro o suficiente no que eu devo fazer para ter realmente um futuro.

Então ainda aguardo minha mente um dia brilhar ㅡ se é que ela vai brilhar ㅡ e quem sabe me fazer tomar um rumo.

Mas enquanto isso apenas sigo o que Taeshin me instruiu a fazer.

Respirar e não pirar.

Ouço o sino na porta de entrada soar e desvio a atenção do meu celular para quem quer que tenha entrado.

É um grupo de adolescentes e como sempre eles vão correndo para a parte onde estão os salgadinhos de chips. Eu guardo o celular no bolso e me ponho de pé.

ㅡ Bom dia. ㅡ digo assim que param em frente ao caixa.

ㅡ Bom dia. ㅡ um deles fala, deixando os salgadinhos ali. Eu começo a fazer meu trabalho, registrando cada um deles.

ㅡ Deu sete mil wons. ㅡ falo.

ㅡ Certo, mas, hm... Você vende cigarros?

Eu apenas o olhei por alguns breves segundos e apontei com o queixo para a parte de trás de mim.

ㅡ Você poderia me vender uma caixa?

Eu encaro os olhos do guri. Tenho certeza que se ele pudesse implorar com as mãos unidas, faria isso sem sequer pensar. Mas é óbvio que está tímido.

ㅡ Posso ver sua identidade? ㅡ pergunto o que é de praxe. Ele deve ter quatorze, talvez quinze, mas ainda assim, preciso perguntar, quando a minha maior vontade é de chutá-los todos juntos, mandando-os de volta para a escola que, com certeza, estão matando aula no momento.

ㅡ Éer... Eu não trouxe. ㅡ ele diz com um sorriso torto, como se eu fosse algum idiota.

ㅡ Infelizmente só posso vender com identidade. ㅡ falo, suspirando. ㅡ mas os salgados deram sete mil wons.

Vejo-o assentir e cabisbaixo, pagar pelos salgadinhos. Ele segue para fora e todos os outros resmungam, como se quisessem mesmo era me xingar.

Eu sei bem que o que queriam era apenas os cigarros, os salgadinhos eram apenas disfarces. Eu também já fiz isso.

Quer dizer, não fumar, mas tentar comprar cigarros para meus colegas de classe na época do colégio. Nunca deu certo ㅡ ainda bem ㅡ e eu sempre era xingado por eles quando levava um não na cara.

Ainda vejo o grupo pelo vidro transparente e até rio um pouco do modo em como eles parecem tristes, é engraçado. Mas em seguida vejo um carro preto parar em frente ao estabelecimento e meu riso morre na hora.

Tento disfarçar quando olho, mas tenho a certeza que estou igualzinho a senhora Lee agora. É um carro de luxo, com certeza é alguém rico ou importante que está dentro.

Entretanto, me surpreendo quando vejo o vidro do carro abaixar, e a cara de pau de Kim Taeshin aparecer com um sorriso de orelha a orelha.

ㅡ Jae! ㅡ e o infeliz grita.

Franzo o cenho, totalmente sem entender porque caralhos Taeshin está dentro daquele carro, mas vou até ele, o encarando.

ㅡ Sua chave. ㅡ ele diz, erguendo-a pela janela. ㅡ Minah e Rini já foram, e Jackson mandou avisar que pegou seu conjunto de moletom favorito porque era o único que não tinha um buraco.

ㅡ ELE O QUÊ? ㅡ eu grito totalmente enraivado. ㅡ Aquele filho de uma vaca!

Taeshin rir alto, mas outra vez balança as chaves.

ㅡ Anda, pega isso logo, tenho que ir.

Aproximo-me para pegar, mas novamente tento disfarçar quando olho para dentro do carro escuro e tento ver quem o dirige.

Sou surpreendido quando vejo o mesmo homem da noite anterior ali, e ele ainda me lança um sorriso quando acena.

ㅡ Você foi quem beijou Hyun-Suk ontem, certo? ㅡ ele pergunta, super tranquilo. ㅡ A flor do Park... ㅡ e ele rir, enquanto eu ainda mantenho-me quieto de vergonha.

FLOR? Que caralhos de flor ele está falando?

ㅡ Eu e Hanguk ouvimos ele falar muito bem de você quando retornamos para a casa se quer saber.

Eu procuro um buraco para me enfiar e não acho.

ㅡ Não sei do que você está falando. ㅡ falo e pego as chaves com Taeshin, me virando rápido. ㅡ tchau Tae.

Entro em disparada na conveniência e ainda ouço a risada perversa de Taeshin ecoar.

Se minha mente já estava completamente confusa e embaralhada, imagine agora. Não sabia sequer o que pensar a respeito do que aquele homem havia acabado de falar, mas apenas uma coisa me veio à mente, então busquei meu celular ainda tonto por tudo e liguei para a primeira pessoa que apareceu na lista dos favoritos.

Foram apenas alguns segundos para eu ser atendido. Ouvi a risada escandalosa de Jackson antes mesmo de eu dizer algo, mas ele já sabia para quê eu estava obviamente ligando.

ㅡ EU VOU TE COMER NO SOCO! ㅡ grito, lembrando que ele está com meu conjunto de moletom favorito.

ㅡ Minha santa purpurina, porque está gritando?

ㅡ porque, Jackson? Quer mesmo saber?

ㅡ Se eu não quisesse, não teria perguntado.

ㅡ O meu conjunto novo de moletom, seu filhote de cruz-credo!

ㅡ Você deveria me respeitar, eu sou a soberana, você, o súdito.

ㅡ É sério, Jackson, pelo amor de Deus! É o meu moletom favorito!

ㅡ Tudo isso por causa desse conjuntinho mequetrefe de promoção? ㅡ ele rir.

ㅡ Promoção é o seu cu, ele é de marca!

ㅡ Você quer um novo? Te compro até dois se quiser.

ㅡ Eu quero, mas quero que me devolva esse. Também quero que me ajude com algo...

Meu tom obviamente muda, porque eu obviamente lembro do Park. Suspiro.

ㅡ Pode? ㅡ deixo um sorriso torto no ar, mesmo que só tenha eu na loja.

ㅡ É sobre o quê? Se for sobre homens, moda ou dinheiro, pode ser. Outras coisas, I'm sorry, estou ocupado.

ㅡ Então... Lembra do cara que o Taeshin ficou ontem na boate?

ㅡ Menino, nem te conto! ㅡ Ouço ele falar, e somente pelo tom de fofoca, corro para detrás do balcão, voltando a sentar. ㅡ Não é que aquele gay chinfrim saiu com o Jung?

ㅡ Eu vi os dois juntos, e adivinha?

ㅡ Eles te convidaram para um threesome? ㅡ Reviro os olhos, mas a pergunta tem um tom sério. É o Jackson, né...

ㅡ Não, Jack, pelo amor de Deus!

ㅡ Ainda bem, eles não seriam nem loucos de convidarem você e eu não!

ㅡ Jackson?!

ㅡ O quê?

ㅡ Foca na fofoca!

ㅡ Ok, ok! Continua.

ㅡ Então, quando eu fui buscar as chaves com Taeshin, o Tal Jung me viu e falou comigo.

ㅡ Falou o quê?

ㅡ Primeiro ele perguntou se havia sido eu, o mesmo que tinha beijado o Park ontem, mas ele já deveria saber, porque sem que eu respondesse, ele me chamou de flor do Park logo em seguida... Flor do Park! Acredita nisso?

ㅡ Que luxo!

ㅡ Luxo o quê, doido, se liga! Eu sou flor de ninguém não...

ㅡ Eu que não sou, infelizmente.

ㅡ Ele disse que o Park falou muito bem de mim ontem... Mas a gente só se beijou uma vez, o que tanto ele falaria de mim?

ㅡ Você ainda pergunta? Você faltou erguer as perninhas para se encaixar melhor nele!

ㅡ Eu?

ㅡ Não, o Yejun. ㅡ Tenho certeza que Jackson revirou os olhos. ㅡ Quer dizer, deixa meu "Yejunie" fora disso.

ㅡ Hm... ㅡ eu rio, e tenho outra vez a certeza que ele revirou os olhos mais uma vez.

ㅡ Mas voltando, o Park estava com a mão na sua bunda, mais um pouquinho e teria te fodido bem ali mesmo.

ㅡ Na minha bunda?

ㅡ Uhum, e teria sido lindo se vocês tivessem tirado as roupas e dado um show, porque foi só o que faltou.

ㅡ Você tá loucão, isso sim. Eu não senti ele pegando na minha bunda assim.

ㅡ Claro que não sentiu, estava mais ocupado se tremendo todo com o aperto do loiro.

Ouço uma risada escandalosa do outro lado da linha. Espero Jackson terminar seu show, e continuo.

ㅡ Você acha que devo ligar para ele?

ㅡ Você já deveria ter ligado.

ㅡ E se eu parecer desesperado? Ou pior, e se ele achar mesmo que sou gay, e que quero, sabe... Fazer coisas com ele?

ㅡ Amigo... você quer fazer coisas com ele, só não admitiu para você mesmo ainda.

ㅡ Claro que não...

ㅡ Uhum, mas oh, vê se não pilha com isso. Não se rotule como gay, ou nada disso. Não precisa se não quiser. Se quiser ligar para Park Hyun-Suk, ligue. Se quiser fazer coisas com ele, faça. Só você é dono da sua vida, e só você comanda suas decisões.

Ouvir aquilo me trouxe alívio.

Jackson sempre foi o mais sem "papas na língua", ou o que age sem pensar, mas sempre teve as melhores palavras nos nossos momentos de desespero.

ㅡ Está certo... ㅡ eu respondo. ㅡ eu vou pensar se ligo ou não...

ㅡ Ok, me diga o que decidir.

ㅡ Tudo bem, obrigado por me ouvir.

ㅡ É por isso que sou sua rainha, meu caro súdito, amo ajudar aos pobres.

ㅡ Você deveria ir mesmo se foder. ㅡ falo rindo, suspirando quando olho para a rua tão quieta. ㅡ e devolva meu moletom, por favor.

ㅡ Você realmente ainda quer ele?

ㅡ Ou você me devolve, ou eu raspo sua sobrancelha.

ㅡ Eu te processo.

ㅡ Eu raspo a outra!

Jackson rir, o que me diverte ainda mais.

ㅡ Mas agora posso voltar ao que eu estava fazendo?

ㅡ O que você estava fazendo?

ㅡ Nada, e gostaria muito de voltar a fazer isso.

Eu sorrio, mas assinto e me despeço. Depois, apenas deito a cabeça no balcão e fico com meus pensamentos por horas, já que não há muitos clientes pela manhã ou começo da tarde.

No fim do dia quando observo o relógio no canto da parede e o vejo marcar quase oito da noite, me prontifico a contar e organizar todas as notas do caixa, e apenas espero meu substituto de turno, que a propósito é o filho do dono do local.

Assim que ele chega, entrego o caixa e me despeço. De volta para casa, em apenas alguns minutos já estou sobre minha cama e sem roupa alguma, sentindo-me cansado do dia e pensando se devo me erguer para tomar banho ou fingir que já tomei.

No fim, eu decido tomar banho. E quando estou secando meus cabelos recém lavados, vejo meu celular vibrar com algumas notificações.

Deixo-o vibrar e me jogo outra vez na cama, fitando o teto manchado, e pensando em como meus dezenove anos haviam chegado de uma maneira totalmente contrária da que eu mesmo havia imaginado quando tinha acabado de fazer dezoito.

Não que eu imaginei muita coisa. Eu nunca fui de pensar no futuro por mais que uma universidade, mas eu realmente pensei que quando meus dezenove chegasse, eu já estaria em uma universidade cursando o bacharelado de história que sempre foi meu sonho.

Mas se eu parar para pensar agora em como imagino que será daqui a dez anos, eu com certeza não terei uma boa visão sobre minha própria vida. Talvez eu ainda esteja trabalhando num balcão de conveniência e já tenha aceitado que aquilo é tudo o que posso ter.

Mas enfim, após ficar fazendo um monte de nada e divagar sobre minha existência frívola, eu decido me erguer e me vestir com um de meus moletons que tem sim, muitos furos e que são confortáveis para dormir.

Busco o celular e desço os poucos degraus até a sala, me jogando no chão da sala em seguida. Ligo a TV, mas sequer o dorama que passa ali me interessa.

Meu celular novamente vibra com notificações. Eu bufo, pegando-o enfim para olhar o que caralhos tanto me mandam.

|Grupo: Fuzuê, farofa e cachaça|

Tae:

|Onde vocês estão?

Rini:

|Eu tô em casa.

Minah:

|E eu tô com ela.

Tae:

|Vamos sair!

Jack:

|Não!

Minah:

|Para onde?

Tae:

|O Jung tem uma cobertura no centro. Ele disse que poderia chamar os amigos dele se eu quisesse chamar os meus para uma festinha privada.

Jack:

|Hm... gostei.

Minah:

|Onde no centro?

Tae:

|No mesmo bairro que sua casa.

Jack:

|Casa não né, mansão!

Minah:

|Quanto exagero.

Rini:

|Por mim tudo bem. Eu só vou precisar de um tempinho para me arrumar.

Minah:

|Pois é, estamos peladas e suadas.

Tae:

|Vocês são duas safadas!

Jack:

|E se os amigos dele forem assassinos? Ou pior, e se eles quiserem nos vender para o tráfico humano?

Tae:

|Hajun é uma pessoa conhecida, sua bicha de araque. E um dos amigos dele é Kim Hanguk.

Yejun:

|Ah pronto...

Jack:

|Me convenceu, vou me arrumar.

Minah:

|Também vamos.

Tae:

|Ótimo. Yejun? Jaejun?

Yejun:

|Ta... Eu vou.

Jack:

|Falta só o gay não gay responder.

Tae:

|Jaejun?

Jack:

|E tem outro?

Minah:

|Eu acho que ele ainda está trabalhando.

Tae:

|São oito e meia, ele trabalha até às oito apenas.

Jack:

|Jaejun?

Yejun:

|Jaejun?!

Rini:

|Jaejun!!!

Jack:

|Jaejun, caralho, aparece logo!

Jae:

|Minha nossa, quanto barulho.

Jack:

|GRAÇAS A DEUSA!

Jae:

|Eu não vou para festa nenhuma não.

Tae:

|E porque não? Você já largou, não foi?

Jae:

|Já, mas eu tenho três motivos bons demais para não ir.

Jack:

|E quais são?

Jae:

|Hoje é segunda, não tenho roupa e quando você diz amigos do Hajun, isso inclui o Park, então não, obrigado.

Jack:

|Deixa de ser emocionado, seu salsichão descabelado. Quer roupa? Eu te empresto.

Jae:

|Suas roupas são cheias de paetês.

Jack:

|E qual seu preconceito? Tenho uma jaqueta linda que comprei com o cartão do papi e ainda nem estreei.

Rini:

|E o que você não compra com o cartão do papi?

Jack:

|Dignidade. Fui comprar para você, mas não aceitaram o black card.

Rini:

|Vai se foder!

Jack:

|Voltando, a jaqueta fica boa com uma calça preta, e você tem uma, não tem?

Tae:

Literalmente "UMA" ha ha ha ha

Jae:

|Vai se foder, Taeshin.

Tae:

|Aquela calça é uma grande guerreira, Jae.

Jack:

|Realmente, acho que te vejo usando ela há uns três anos, mas pelo menos ela te deixa com uma bundinha redondinha.

Jae:

|Pelo menos, né

Jack:

|Vai querer?

Jae:

|Não precisa, acho que tenho algo bom aqui.

Jack:

|Nada de moletom, pela santa!

Jae:

|Vocês são muito chatos.

Jack:

|E você agride a moda.

Revirei meus olhos, acostumando-me com a ideia de sair de casa em plena segunda-feira e logo após um dia de trabalho, mas para piorar, minha cabeça apenas fazia letras imaginarias brilhar bem a minha frente com o dito "O PARK ESTÁ LÁ, PORRA!"

Eu não deveria ir.

Jae:

|Acho que não deveria ir...

Jack:

|Você já confirmou, então não vai furar.

Jae:

|Quando que eu confirmei?

Jack:

|Quando disse "acho que tenho algo bom aqui". É isso, você vai.

Jae:

Aff!!!

Yejun:

|Vou precisar de carona.

Jack:

|Eu te busco, docinho., não se preocupe.

Tae:

|Beleza, então vou marcar com Hajun para às onze e passo na casa do Jae para emprestar uma roupa decente a ele.

Jae:

|Mas eu disse que tinha algo bom aqui.

Tae:

|Sei. Você só tem moletom.

Jae:

|E a calça preta ha ha ha

Tae:

|Você mesmo ri da sua situação.

Jae:

|Vou chorar? Pelado eu não tô.

Tae:

|Vocês podem me encontrar na residência desse indivíduo?

Jack:

|Podemos

Rini:

|Nos vemos lá, bicha desregulada.

Tae:

|Desregulado é o seu cu!

Isso é o meu grupo de amigos...

Eu bufo jogando o celular no sofá, cruzando os braços, totalmente chateado. Uma ova que eu vou pro mesmo lugar que Park Hyun-Suk...

Ele vai querer me beijar e eu nem vou conseguir dizer não porque vou querer beijar ele também.

E outra, e se ele me perguntar por que não liguei para ele? Tudo bem que somente um dia se passou, mas e se ele pensou o mesmo tanto de vezes em mim, que eu pensei nele?

Não que eu tivesse culpa de ter pensado tanto, mas não consegui controlar.

Eu apenas penso no que ele disse e logo depois me vem à mente o jeito que ele chegou até mim, à voz, o toque, o beijo... Tudo do jeito mais calmo que pudesse existir, mas com uma maneira completamente enlouquecedora.

Eu não quis fugir dele e é isso que me assusta.

E se eu não quiser fugir outra vez? Pensando bem, acho que eu realmente nem quero.

Mas me assusta porque passei toda a minha vida fugindo, cheio de incertezas, e a primeira vez que não senti medo, eu fui beijado por um homem da maneira mais serena e boa possível.

Eu não fugi de Park porque o toque foi firme o suficiente para que, ali, eu me sentisse eu por breves segundos.

É louco, eu sei. Nem eu sei o que pensar a respeito da minha própria vida e vivência, quem dirá outra pessoa.

Mas é sentado no chão, pensando em qual desculpa boa o suficiente vou inventar para Taeshin e todos os outros quando chegarem aqui, que o tempo passa.

É quase dez da noite quando decido enfim erguer meu corpo do chão para desligar a TV e caminhar de volta ao meu quarto.

Eu penso em deitar e fingir que dormi, mas é o som alto de batidas em minha porta que me fazem bufar mais uma vez aquela noite quando eu sequer consegui realmente chegar até a cama. Giro sobre meus calcanhares, rumando de volta para a sala, indo até a porta para abri-la e dar de cara com Kim Taeshin.

ㅡ Eu te odeio... ㅡ falo quando abro e o vejo sorrir.

ㅡ Odeia nada. ㅡ ele estala a língua entra.

Eu o observo caminhar até meu sofá, e lá, abrir a bolsa que trouxe consigo.

ㅡ Aqui, veste. ㅡ e ergue as roupas para mim.

Busco sem dizer nada e observo as peças.

É uma camisa social branca transparente.

TRANSPARENTE!

ㅡ Nem fodendo. ㅡ digo, negando.

ㅡ Usa isso aqui também. ㅡ tira um cinto preto, totalmente exagerado, e uma pequena gargantilha.

Nego, olhando tudo, mas busco a calça também.

ㅡ Não vai caber em mim. ㅡ falo olhando-a. ㅡ vai ficar folgada, sua bunda é maior que a minha.

Taeshin analisa, mordendo o lábio inferior.

ㅡ Então usa a guerreira, sua bundinha vai ficar empinada.

ㅡ Taeshin ... ㅡ eu choramingo. ㅡ O Park vai mesmo estar lá?

ㅡ Jaejun, que coisa. Ele não vai te pegar a força ou algo assim. É uma social.

ㅡ Eu sei que ele não vai, se ele tentar algo assim, eu chuto as bolas dele. Mas é que eu não quero ir...

ㅡ Não quer mesmo? ㅡ ele me olha. ㅡ Ok, não vá.

Quando vejo Taeshin ficar de pé, buscar o celular, e começar a caminhar em direção a porta, eu sinto um desespero tão grande, que apenas me pôr à frente dele e o segurar pelos ombros foi o que pensei.

ㅡ Tá bom, eu vou...

ㅡ Vai porque quer? Porque se não quiser ir, pode ficar em casa mesmo. A gente só quer mesmo se divertir.

ㅡ Eu vou... ㅡ falo, suspirando. ㅡ Eu só... estou com medo ainda...

Vejo Taeshin desmanchar a marra e amolecer, tocando em meu pulso com delicadeza.

ㅡ Medo do quê? ㅡ ele pergunta e caminha de volta ao sofá comigo. Sento ao seu lado, encolhendo meus ombros.

ㅡ Eu não sei, mas estou confuso...

ㅡ Por causa do beijo?

ㅡ Mais ou menos...

ㅡ Desabafa comigo. ㅡ ele pede e me puxa para que eu deite minha cabeça em seu colo. Eu rio, mas deito sem cogitar.

ㅡ Eu passei o dia pensando nele. ㅡ falo, encarando o teto.

ㅡ No Park? ㅡ assinto e até encolho um pouco as pernas. Taeshin é um bom amigo, dos que gosta de ouvir. ㅡ e você acha que isso é ruim?

ㅡ Eu não sei, e é por isso que tenho medo... Eu não sei se sou gay, mas Jack disse que não devo me rotular e tudo bem... mas eu gostei tanto de beijar ele... Gostei ainda mais do toque forte...

Taeshin assente, pensativo.

ㅡ Está tudo bem, Jae. Você gostou de como ele te tratou. Isso é bom, de certo modo, é quem você realmente é, está se descobrindo.

ㅡ Eu pensei nele o dia todo e nem o conheço. Estou com medo de ir nessa social e vê-lo novamente. Não sei como reagir a isso.

ㅡ Você não quer beijá-lo mais? Porque se não quiser, é só dizer isso a ele, ele vai entender. Estaremos todos lá, ele não vai te forçar a nada. Prometo que te protejo. ㅡ ele pisca.

Eu nego novamente e até sorrio.

ㅡ Não é isso, o meu medo é justamente o contrário disso. Eu acho que eu... quero beijá-lo mais.

Ouvi o riso soprado de Taeshin.

ㅡ Você realmente está se descobrindo, Jae.

ㅡ Você acha?

ㅡ Claro que está e não se prive. O autoconhecimento é algo muito bom, assim você poderá respeitar seus limites e extrapolar quando se sentir à vontade para tal coisa.

Me sentei e o encarei.

ㅡ Tudo bem. ㅡ dei-lhe um sorriso, me sentindo um pouco mais tranquilo.

Talvez eu realmente devesse tentar me conhecer mais.

Após alguns minutos, Taeshin me expulsou do meu próprio sofá, para que eu fosse tomar outro banho, mesmo eu resmungando que ainda estava limpinho e cheiroso.

Vesti as roupas que ele havia sugerido, e no fim até gostei. A calça que ele disse para vestir ㅡ e que realmente era a única que eu tinha ㅡ realmente caiu bem no corpo e com a camisa transparente que ele fez questão de me instruir a deixar dois botões abertos para não ficar muito careta.

O cinto não foi opcional, eu fui obrigado a vesti-lo, mas a gargantilha foi a que mais gostei de usar no fim.

Era a minha primeira vez usando algo como aquilo. Sempre vi a peça como algo apenas para garotas, mas o Jack sempre usava e eu achava muito bonita.

E seguindo o conselho de Taeshin eu resolvi me conhecer, e talvez eu também gostasse de usar aquilo, pois eu realmente me senti mais bonito e até atraente quando a coloquei em meu pescoço.

Enquanto penteava meus cabelos, ouvi batidas à minha porta e como se fosse uma grande onda no mar, o barulho de todos os meus amigos chegando de uma só vez adentrou meu quarto.

Ouvi Jackson perguntar onde eu estava e não demorou para que ele subisse as escadas e já estivesse no meio do meu quarto sem nem pedir licença.

ㅡ trouxe para você. ㅡ ele diz.

Olho para ele através do espelho e vejo que está erguendo uma pequena caixinha. Quando me viro, vejo ser de um perfume importado.

ㅡ Para mim? ㅡ arregalo os olhos, me aproximando.

ㅡ É. ㅡ e ele responde simples, sorrindo em expectativa.

Busco o frasco vendo que é o mesmo perfume que ele e Minah usam.

ㅡ Comprei para te dar ontem, mas esqueci.

ㅡ Tudo bem. ㅡ falo olhando-o, ainda sorrindo. ㅡ muito obrigado.

ㅡ Iti, eu vou me derreter todo assim.

Eu sorrio para ele, e coloco um pouco do perfume. Jackson me observa, e apenas com um erguer de mão, me pede para se afastar e analisar minha roupa.

ㅡ Você está uma delícia. ㅡ é o que ele diz. ㅡ Park que me perdoe, mas que florzinha gostosa.

ㅡ Ah, vai se lascar vai. ㅡ sorrio, deixando o perfume junto aos meus poucos produtos. ㅡ Já estão todos prontos?

Ele assente, caminhando comigo até minha pequena sala já lotada.

Taeshin e ele é quem chama os carros que irão nos levar até onde é a tal cobertura do Jung. No carro, eu sinto minhas mãos suarem, e nem consigo esconder que estou ficando mais nervoso a cada segundo que passa.

Não demora para estarmos todos na entrada de um grande prédio, e para que Taeshin sorria para o porteiro dali, assim que nossa entrada é liberada.

Esse é aquele momento em que eu apenas fico quieto.

Vejo meus amigos todos bem vestidos e animados, sorrindo e observando o lugar completamente luxuoso, e tudo o que consigo fazer é ficar quieto.

Não sou de me sentir à vontade em ambientes novos e é sentindo uma enorme estranheza que caminho até o elevador que nos leva até o último andar e já nos deixa dentro do enorme apartamento do Jung.

ㅡ Minha nossa. ㅡ sussurro, totalmente chocado com tudo no lugar.

ㅡ Faz a fina. ㅡ Jackson sussurra de volta para mim.

Assinto, vendo meus amigos sendo recebidos pelo anfitrião.

Taeshin e Hajun se cumprimentam com um selar, mas logo o mais velho vem falar conosco, e é sorrindo grande que ele me cumprimenta.

Ele nos pede para ficarmos à vontade, mas eu não conseguiria sequer se quisesse.

Há muitas bebidas num canto, também há petiscos estranhos e música, que toca num tom tão brando que até relaxa um pouco.

Vejo a porta que, provavelmente, dá para a área externa ser aberta, e é nesse momento que o meu coração dá uma pausa tão grande que até me assusto com a possibilidade de morrer no meio da sala de Jung Hajun.

Eu vejo Kim Hanguk e Park Hyun-Suk adentrarem.

Percebo Jackson se conter ao ver o crush bem ali, a sua frente, mais bem vestido que qualquer um daqui.

Porém, nem demora essa minha percepção, pois meus olhos só conseguem focar nele e em como ele está ainda mais bonito que na noite anterior.

Ambos nos cumprimentam também, e sentam no sofá enorme que há na sala.

Eu apenas engulo em seco, e pisco nervoso. É claro que meu coração está tão acelerado que tenho medo que consigam ouvir as batidas que mais parecem cavalos trotando.

Park me olhou por breves minutos e desviou.

Ele não sorriu ou se aproximou de mim para dar um beijinho como foi com Hajun e Taeshin.

Ok, isso não é um problema.

Na verdade, eu acho que nem ligo, porque assim fica mais fácil, né?

A quem estou tentando enganar? Céus...

Com o decorrer das horas, a noite até segue animada entre meus amigos e todos os outros ali. Eu permaneço no sofá, quieto, mas especificamente no canto esquerdo, e Park está sentado na outra ponta.

Ele até sorri e conversa com todos os outros, e num momento em que se ergueu para buscar bebida, eu até mesmo o vi dançar um pouquinho, animando-se com seus amigos.

Mas outra vez ele sentou e agora está com uma perna jogada sobre a outra, enquanto as apoia no móvel de centro cumprido que há em frente ao estofado.

E você deve estar se perguntando: você vai ficar aí só o observando ou vai falar com ele?

Então, eu vou ficar só observando mesmo.

Ele sequer me olhou mais, talvez ele também não queira falar comigo.

Mas me chateia um pouco, porque talvez ㅡ TALVEZ, OK? ㅡ se ele me olhasse e até me desse um sorriso, eu pudesse enfrentar minha timidez e lhe dar algo mais do que um simples "oi".

Ele me beija, me dá um cartão insinuando que tem coisas a me ensinar, e agora não me dá sequer uma outra olhadinha enquanto eu o observo em todos os seus momentos? Mais que merda.

Eu bufo baixinho e trago a atenção de Yejun para mim. Ele está sentado ao meu lado também, e infelizmente observa Jackson conversar com Hanguk no outro lado da sala.

ㅡ O que foi? ㅡ pergunta.

ㅡ Nada... ㅡ lhe respondo baixo.

ㅡ É o loiro, não é?

ㅡ Não... Foi só que lembrei que amanhã trabalho.

ㅡ Sei. ㅡ ele ri, mas volta a olhar para Jackson.

ㅡ Para de olhar para ele. ㅡ peço baixo.

ㅡ Não dá. ㅡ e agora é ele quem bufa. ㅡ esse tal Kim é um conquistador... Olha só como ele está olhando para o Jack... Um ridículo.

Eu rio e nego.

ㅡ Não é do tal Kim que ele gosta, eu já te disse.

Yejun me olha e revira os olhos.

Ainda sorrindo, levo minha visão para o Park que agora está de pé perto da porta que dá para a área externa.

Ele se vira e somente ali é que ele me olha.

Filho da mãe...

Eu desvio o olhar mais rápido que o próprio flash, mas não consigo permanecer por muito tempo, e torno a olhá-lo de soslaio.

Vejo Park sorrir e piscar, inclinando a cabeça para a esquerda. Franzo o cenho, não entendendo, mas ele apenas sai, fechando a porta em seguida.

Será que ele quer que eu vá até lá?

Mas se é isso, porque esse corno simplesmente não falou?

Idiota...

Mas mesmo assim, sinto um negocinho se acender dentro de mim, e talvez seja um pouquinho de vontade de ir até lá e descobrir o que ele realmente quer, junto a ansiedade que também me vem.

Respiro fundo.

Passam-se alguns minutos e a música até está um pouco mais alta, junto aos risos intercalados de quase todos. E o Park continua lá fora...

Eu hein.

Franzo o cenho, sem entender o que porra ele realmente faz lá e sinto até mesmo curiosidade de descobrir.

Já é madrugada, e está fazendo frio. Ele quer ficar doente?

Eu me ponho de pé e sem que me percebam, vou até onde estão as bebidas.

Ainda tentando disfarçar, eu me esguio para tentar enxergar o que tem do lado de fora, mas apenas vejo uma área grande e completamente aberta, com piscina e uma vasta visão do céu estrelado e da cidade, mas não vejo Park em lugar nenhum.

Bufo, meu campo de visão é limitado.

Eu pego uma bebida qualquer e devagar e sem demonstrar minha curiosidade, eu caminho para o lado de fora também.

O lugar é realmente enorme. Não deveria me causar espanto, comparado ao lado de dentro, mas é inevitável não me surpreender.

Caminho ainda devagar e paro no guarda corpo de vidro transparente que proporciona a visão ainda mais vasta de toda a área abaixo, e a cidade adiante.

A noite está muito bonita e a cidade parece calma, mesmo que Seul praticamente não durma.

O vento frio bate contra meu corpo e até bagunça meus fios, mas antes mesmo que eu possa organizá-los, sinto a mão delicada tocar em meu pulso e subir vagarosamente por meu braço.

Respiro fundo, engolindo em seco quando a voz que pouco foi ouvida por mim, mas que, sem comandos, arrepia todo meu corpo, ecoa no meu pé de ouvido junto ao ar quente da respiração dele.

ㅡ Você demorou.

Suspiro.

Ainda sinto a mão dele me tocar e assim subir, tocando meus fios alaranjados, e, devagar, escorregar até minha bochecha, acariciando-me.

ㅡ porque não me ligou?

Admito que estou a pouco de começar a tremer. Olho-o ainda de soslaio e engulo em seco outra vez.

ㅡ Não te despertei interesse? ㅡ Park acaricia outra vez minha pele, me arrepiando somente com aquilo. ㅡ Não gostou do beijo que te dei?

ㅡ Eu... não disse que... ㅡ suspiro quando ele para ao lado, me encarando de pertinho enquanto sorri com seus olhos pequenos ainda mais apertados. ㅡ que ligaria... ㅡ respondo, fraco.

Park segura meu queixo dessa vez, e diferente do modo em como ele apertou minha cintura quando nos beijamos, seu toque agora é leve.

Ele me faz lhe encarar, suspirando outra vez com o toque que me parece tão bom.

ㅡ Amarílis... ㅡ ele se aproxima aos poucos centímetros que faltam e arrasta o nariz do meu ombro até meu pescoço, subindo até minha orelha. ㅡ você tem um cheiro tão bom. ㅡ ele sussurra, descendo o nariz até minha nuca, roçando e inalando ainda mais do meu cheiro.

ㅡ Porque me chama por uma flor? ㅡ fecho os olhos ao senti-lo ainda com o nariz em minha nuca, mas guiando seu corpo cada vez mais para trás de mim. ㅡ Eu sou um homem...

ㅡ Que bom que é. ㅡ ele comenta, rindo baixinho e deixando um beijinho estalado na minha pele. Encolho-me quando sinto outra vez meu corpo arrepiar por ele. ㅡ Mas ainda é delicado como uma flor. E é belo como tal. Seus cabelos... ㅡ sua palma vai para meus fios, infiltrando-se devagar ali. Seguro-me para não gemer quando ele desliza os dedos, tocando com as pontas, outra vez minha nuca, pois a sensação é boa. ㅡ me lembram o vibrante mais intenso de uma amarílis na primavera. E ela é minha flor favorita.

Ainda sentindo os pequenos beijos que ele deixa em minha nuca, eu nego com fraqueza.

ㅡ Eu não sou delicado, Park. ㅡ digo em um fio de voz, me sentindo totalmente embevecido nas sensações. ㅡ não sou...

ㅡ Ah, você é, Jaejun.

ㅡ Você lembrou meu nome? ㅡ sorrio e sinto o corpo dele se posicionar atrás do meu com mais pressão, encurralando-me ao vidro.

ㅡ Não havia como esquecer... Pensei muito em você, fiquei à espera da sua ligação.

Suspirei ao sentir as mãos pequenas irem para minha cintura, segurando firmemente como ele me segurou na noite anterior.

Eu gosto disso. Gosto do jeito em como ele me deixa.

ㅡ Também pensei em você. ㅡ sussurro, sentindo mais beijos. ㅡ o que quer me ensinar?

Ouço sua risada baixa outra vez, mas espero sua resposta, pois, realmente, quero saber qual é.

ㅡ Eu quero te ensinar a ser meu.

Suspiro mais uma vez ao senti-lo intensificar o aperto, e apenas prendo meu ar quando tenho meu corpo virado sem avisos, parando de frente com os olhos dele. Fito-o em sua particularidade e engulo em seco, fixando meus olhos em sua boca.

Ele se aproxima.

Sinto minhas mãos formigarem por ainda não ter tocado-o, e incerto, as ergo, parando sobre seu peito.

ㅡ Você vai me beijar agora? ㅡ pergunto, incapaz de negar que quero muito isso.

Sinto o peito dele subir e descer com a respiração leve, e até isso tem um charme sem igual.

ㅡ Apenas se você quiser. ㅡ ele diz, aproximando-se mais. ㅡ Você quer que eu te beije, Jaejun?

Novamente engulo em seco, e por breves segundos fico em silêncio. Meu coração está mais acelerado do que nunca esteve na vida, e respirar nunca foi tão difícil como agora.

Mergulho meus olhos outra vez no dele e assinto.

Park sorrir, o que me deixa confuso, mas ainda perto demais, ouço-o dizer:

ㅡ Eu preciso ouvir a sua resposta. Você quer que eu te beije?

Tentando não parecer incerto, eu umedeço meus próprios lábios, respirando fundo.

ㅡ Por favor, Park, me beije...

            
            

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