- VOCÊS CONHECEM AS REGRAS! - Falo e assim que termino a frase, eu bato um dos meus sapatos no chão, dando as ordens silenciosamente aos meus homens. - A MINHA PALAVRA É LEI, E SE EU DIGO QUE A CAMORRA NÃO COLABORA COM O TRÁFICO DE ÓRGÃOS, É PORQUE ESTAMOS FORA DESSA MERDA TODA! QUEM FOR PEGO DESACATANDO-AS VAI SER MORTO DA MESMA MANEIRA QUE ESSE VERME!
Em resposta ao meu movimento sútil, que passou despercebido pelo homem ajoelhado, o soldado que estava com a adaga em mãos, se aproxima e enfia toda a lâmina na lateral da barriga do homem, fazendo com que o seu grito esganiçado se propague pelo espaço aberto. Aguardo pacientemente os gemidos do homem cessarem, para repetir o mesmo movimento com o pé, e assim que finalizo a batida do solado com o chão, o soldado retira a adaga ondulada do corpo do miserável, trazendo consigo pele e resquícios das suas entranhas.
- Está sentindo os espinhos retráteis da adaga? - Pergunto ríspido, sabendo muito bem que ele estava sentindo na sua pele e na sua carne, as dilacerações brutais causadas pelo objeto cortante. - Eles são acionados assim que o cabo da adaga se choca com alguma superfície, e nesse caso, essa superfície é a sua carne! O estrago acontece quando esses espinhos cravam nos seus músculos... e aí... eles não só perfuram e estraçalham tudo que estiver ao seu redor, como também, ele trava! E quando ela é arrancada do seu corpo, ela traz consigo todos os pedaços de tecidos que estavam presos nesses espinhos.
- Eu nã...o vou di...zer nada, seu mise...rável! - O prisioneiro cospe as palavras, se engasgando entre os seus próprios grunhidos. - Seu des...graçado...
- E quem disse que eu quero que você fale? Eu não quero nomes, eu não quero informações... eu só quero te causar dor! - Falo com sinceridade, repetindo os comandos com o meu pé, fazendo com que mais duas apunhaladas acertem o seu corpo, formando uma melodia harmoniosa, unindo os seus sons engasgados e grotescos com o som do ferro se chocando contra a sua carne. - Está vendo aquele maldito caminhão que você trouxe!? Você vai receber o mesmo destino que aquelas pessoas, mas
não espere que eu seja tão cuidadoso quando eu arrancar o seu fígado... ou quando eu arrancar o seu coração... porque eu não vou ser!
Olho para o semblante pálido e agonizante do prisioneiro, e sem nenhum arrependimento, eu dou mais três batidas discretas com a sola do meu sapato no chão, trazendo novamente, a melodia harmoniosa aos meus ouvidos. Os urros e os sons animalescos que saiam da sua boca combinavam perfeitamente com os meus movimentos, indicando que estávamos em perfeita sincronia, como se tudo fosse perfeitamente cronometrado.
O verme imundo estava em um estado deplorável, a sua camisa estava banhada em sangue e em secreções espessas que saíam de dentro dos buracos das perfurações, e todo esse sofrimento que ele estava passando... era pouco! Os grunhidos que agora escapavam da sua boca eram ruídos engasgados, um som abafado que se misturava com a sua baba e com a sua saliva, e era um sinal claro, que a sua consciência estava perdendo para o cansaço e para as limitações do seu corpo.
- Você vai ter o mesmo destino deles, miserável! Olhe para eles! - Me agacho ao seu lado e agarro o seu maxilar, virando o seu rosto com brutalidade na direção do caminhão, sem me importar de deixar a sua saliva cair na manga do meu paletó. - Eu vou abrir a sua barriga da mesma forma que abriram a deles, para expor toda a merda que está dentro de você! Mas, ao contrário desses infelizes, você vai estar bem lúcido para ver tudo isso, eu vou amarrar você com os braços para cima e a sua cabeça vai estar presa para você ser obrigado a olhar para baixo... para você ver o momento exato que os seus órgãos, em especial o seu intestino grosso... vão saltar para fora da sua barriga. E antes do seu corpo morrer de hemorragia ou do seu cérebro entrar em colapso, pelo corte enorme e pela dor extrema,
a última imagem que vai estar cravada em sua memória, vai ser dos seus intestinos pulando para fora da sua pele flácida.
Sinto o seu corpo tremer sob o meu agarre, como se imaginar essa cena em sua cabeça fosse o suficiente para o seu corpo entrar em colapso. Aperto com mais força o seu maxilar, fazendo com que os meus dedos afundem em suas bochechas e o seu olhar amedrontado encontre o meu. Sinto os seus espasmos involuntários e olho para a poça de sangue que já se formava ao seu redor, me alertando que a nossa conversa divertida teria que ser prorrogada para outro momento.
- Por fa...vor... - Ele implora, fazendo com que o meu sangue pulse com mais intensidade dentro de mim, trazendo com isso, o meu pior lado à tona. - Eu só si...go ordens...
Eu odeio quando as pessoas apelam para o meu lado sentimental, eu não suporto quando elas imploram, porque não existe nada dentro de mim que me faça voltar atrás quando eu começo a torturar! O destino desse miserável já estava traçado, ele mesmo se condenou, se ele estava disposto a servir a um chefe sem escrúpulos e mesquinho, ao ponto de desacatar as minhas ordens, ele teria que ter culhões para aguentar as consequências dos seus atos. Apelar por piedade só fazia com que a sua morte se distanciasse mais e se transformasse em um sonho distante.
- Fique calmo! Porque nada disso vai acontecer agora, antes você vai sofrer mais um pouco. - Cuspo as palavras, sentindo o ódio se apoderar de mim e percorrer as minhas entranhas de uma maneira obscura. - Esses ferimentos vão infeccionar, o seu corpo vai começar a lutar para tentar se salvar, e nossa... como eu adoro isso! Porque a dor de um corpo entrando em estado de rejeição é muito mais alucinante do que a dor cortante de uma
lâmina afiada. E claro, você não vai morrer antes de ver a sua mulher e os seus filhos serem abatidos!
Solto o seu maxilar e me levanto com destreza, ouvindo um soluço engasgado escapar da sua garganta. Me afasto sem olhar para o verme jogado no chão e o meu olhar novamente recai sobre a pilha de carcaças vazias dentro da caçamba do caminhão. Além de todos esses que já estavam mortos, esse desgraçado também condenou outros inocentes, a maldita família!