Ruiva virgem
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Capítulo 4 Ruiva virgem

Parou diante do píer. Eu tirei algumas notas para pagar pela corrida, desci e caminhei até o meu barco.

Estava sem suprimentos e teria que ir a um supermercado para me abastecer, mas deixaria aquilo para mais tarde. Minha mente estava fervilhando.

Sabia que seria difícil voltar para casa depois de muito tempo afastado, mas não imaginava que fosse tanto.

Eu não conseguia parar de pensar em porque diabos o meu irmão queria que eu me casasse com aquela mulher.

Jonathan poderia muito bem torcer para que ela fosse feliz com outra pessoa ao invés de amarrá-la a alguém como eu. Ou talvez o meu irmão mais velho não me conhecesse tão bem quanto eu imaginava.

Subi no meu barco e caminhei pela popa até a entrada da pequena sala de estar, abri a porta com a chave e me joguei no sofá. Havia passado tanto tempo no mar sozinho que me parecia impensável me casar com qualquer uma, independente de quem fosse.

Capítulo quatro

Dobrei a minha blusa e a acomodei no fundo de uma caixa de papelão, fazendo o mesmo com as outras peças que estavam sobre a cama.

Sarah me cutucou, fazendo com que eu me virasse para ela e se comunicou comigo através de linguagem de sinais.

- Vou para o escritório. Preciso tocar alguns projetos importantes, mas busco você mais tarde para voltarmos para casa.

- Obrigada, mãe.

Ela estendeu os braços e me envolveu, me dando um pouco do alento que eu tanto precisava depois dessa tragédia. Olhei em volta, pensando no quanto era difícil ficar naquele quarto pensando no Jonathan, imaginando que ele poderia entrar a qualquer momento com o maior sorriso do mundo, o que me contagiava e fazia rir também.

- Fique bem. - Moveu a boca após se afastar para me encarar. Sorri e acenei em afirmativo.

Ela pegou a bolsa e a jogou no ombro antes de sair do quarto. Mais tarde eu jantaria com ela e com a minha mãe, dando um pouco de alento àquele momento tão triste.

Sarah tinha sido uma benção na minha vida e principalmente na da minha mãe. Ela surgiu no momento do divórcio, quando não estava nada fácil para nós. Ajudou a minha mãe e se tornou a companheira que ela precisava de verdade. Eu tinha doze anos e, apesar dos meus colegas de classe acharem estranho, eu adorava ter duas mães, porque elas sempre me deram amor.

Até quando eu tive que reaprender a viver depois de ter perdido a audição, elas estavam lá para me ajudar.

Alguém puxou o meu ombro e eu virei de uma vez, tomando um susto. Às vezes, as pessoas esqueciam que precisavam ser mais delicadas ao chamar a minha atenção.

Encarei a mãe do Jonathan que me analisava com um olhar cheio de questionamento.

- Eu bati na porta.

- Não posso ouvir. - Apontei para as minhas orelhas.

- É, as vezes me esqueço disso.

- Todo mundo. - Contive um suspiro, não estava ali para fazer com que ela se sentisse culpada. A casa era dela e não seria um transtorno por muito tempo.

- O que está fazendo?

- Juntando as minhas coisas.

- Isso eu percebi, mas por quê?

- Vou embora.

- Não tem que ir.

- Tenho, sim. É a sua casa.

- É uma casa grande demais para uma mulher velha ficar sozinha. Com você e o Jefferson morando aqui, posso ter um pouco de luz. Dessa vez podemos fazer um casamento mais íntimo no jardim, sei o quanto foi difícil para o Jonathan convencê-la a toda extravagância que foi o casamento de vocês.

- Não vou me casar com o Jefferson - falei, fazendo os sinais, para ser enfática o suficiente, pois como não ouvia mais a minha própria voz, tive medo de que não tivesse me feito entender.

- É a condição do Jonathan para que o Jeff possa assumir a empresa.

- Eu não sei por que o Jon fez isso, mas não vou me casar com o irmão dele. Não faz o menor sentido.

- Meu filho sempre foi muito cuidadoso e não queria que a esposa surda dele ficasse largada. É evidente que ele quer que o Jefferson cuide de você.

- Sou muito capaz de me cuidar sozinha.

Não era porque eu não podia mais ouvir que havia perdido toda a minha autonomia. Ainda podia trabalhar e cuidar de mim mesma, ao invés de ganhar um marido por pena. Ser casada com o Jonathan era uma coisa. Éramos melhores amigos, e eu o ajudava a passar a imagem de hétero perante a família e os associados da empresa, mas o Jefferson era um desconhecido.

- Deixe seu filho assumir a empresa que é dele por direito. Eu vou voltar para a casa da minha mãe. - Curvei para continuar encaixotando as minhas coisas.

Ela voltou a puxar o meu ombro.

- O testamento diz que...

- Vocês são ricos, podem contestá-lo.

- E vai se recusar a cumprir a última vontade do Jonathan?

Eu engoli em seco e por um tempo não soube o que dizer. Falar daquele jeito não era justo, pois se havia alguém no mundo que eu não queria decepcionar, esse era o Jonathan.

Olhei para a carta que ele havia deixado para mim, ela ainda estava lacrada sobre o móvel de cabeceira, pois não tive coragem de ler. Havia me derramado em lágrimas desde a sua morte e sabia que ao lê-la, eu choraria ainda mais.

- Vou deixá-la continuar guardando as suas coisas, mas pense a respeito. - Foram as últimas palavras da Kristen antes de deixar o quarto.

Não fazia sentido que o Jonathan quisesse que eu me casasse com o irmão dele, fazia ainda menos sentido que a mãe dele estivesse apoiando essa ideia mirabolante.

Guardei mais algumas blusas dentro da caixa antes de finalmente criar coragem e pegar a carta deixada para mim.

Clare,

Sabe que, de diversas formas, você foi o amor da minha vida. Temo ter a atrapalhado, impedindo-a de viver um amor de verdade, namorar e ser amada, por mais que muitas vezes tenha a incentivado a fazer isso.

Você foi a minha melhor amiga, meu porto seguro, minha âncora, não apenas um rostinho bonito que eu exibia para os homofóbicos nas festas. Você merece toda a felicidade do mundo e eu torço para que encontre isso.

Eu prometi que cuidaria de você e lamento não estar mais aqui para cumprir essa promessa. Morrer não estava nos meus planos (risos). Nós esperávamos ficar velhinhos e partir dormindo. Ninguém pensa que em algum momento da vida uma bomba relógio pode aparecer nas nossas

cabeças e botar um fim a tudo. No entanto, tem algo que eu prometo, esteja onde eu estiver, torcerei por você, como sempre.

Quanto a minha missão de protegê-la, estou passando-a para o meu irmão mais novo. Jefferson é um cabeçudo às vezes, mas é uma boa pessoa. Acredito que um pouco de convivência mostrará isso para você.

Ele é perdido como uma pluma ao vento e acredito que precise de alguém que o ampare. Não sou vidente, mas talvez estar frente a frente com a morte me tenha feito divagar sobre algumas coisas. Acredito que, por mais improvável que pareça, vocês dois podem fazer muito bem um ao outro.

Além disso, duvido muito que o Jeff vá sobreviver a uma semana na Athena sem você. Meu irmão acha que não nasceu para os negócios, mas está enganado.

Ele pode ser seu escudo, enquanto você, o cérebro dele.

Sei que parece loucura, assim como quando eu a pedi em casamento, mas eu peço que, por favor, tente.

Pode me odiar se não der certo, já estarei morto mesmo (risos). Pode não ser tão engraçado assim, mas espero com todo o meu coração estar pedindo a coisa certa.

Case-se com o meu irmão e continue sendo a senhora Miller, a força por trás do CEO da Athena.

Independente disso, eu agradeço por cada momento que tivemos

juntos.

Se for possível, sei que sentirei a sua falta.

            
            

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