Ruiva virgem
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Capítulo 5 Ruiva virgem

Com todo carinho e amor do mundo,

Jonathan.

Abracei o papel junto ao peito, enquanto não sabia se esperneava ou

se gritava. As lágrimas rolavam desesperadamente pelo meu rosto, num excesso de tristeza que eu não conseguia conter.

Aquela carta tornava ainda mais difícil ignorar o testamento. O pior era que eu tinha certeza de que o Jonathan me conhecia tão bem ao ponto de se assegurar de que precisava escrevê-la para me convencer.

Eu amava o Jon, mas me pedir para casar com o irmão dele, que eu só tinha visto, brevemente, em duas ocasiões era demais. Arthur, o pai deles,

não falava nada bem do caçula que havia desaparecido no mundo.

Pensava que nunca iria saber o que era verdade ou mentira sobre os boatos que rondavam o filho mais jovem dos Miller, mas se fosse aceitar aquele casamento arranjado, imaginava que rapidamente iria descobrir.

Não havia amor de homem e mulher entre mim e o Jonathan, por mais que eu o achasse bonito. Eu era a única pessoa com quem ele falava abertamente sobre a sua orientação sexual. Durante o nosso casamento, eu sabia dos encontros dele com outros homens, e muitos deles eu acobertei. Ele me incentivava a fazer o mesmo, a viver a vida. Certa vez, me levou para uma balada e me deixou escolher quem eu quisesse, mas amarelei.

Pior foi quando ele contratou um cara. Definitivamente eu não queria perder a minha virgindade daquela forma. A minha esperança de viver um grande amor tinha morrido há anos, mas eu me contentava e era feliz em ter o meu melhor amigo, aquele com quem eu podia compartilhar tudo, e me orgulhava em dizer que éramos casados.

Sabia que, no fundo, Jonathan se culpava pelo acidente, por mais que fosse eu quem estava dirigindo o carro. Tinha aceitado o casamento porque imaginava que seria bom para ele esconder sua orientação sexual da família. Entretanto, ter me tornado surda não me fazia uma obrigação dos Miller.

Capítulo cinco

Ouvi o apito do micro-ondas e fui pegar a minha comida pré-pronta. Virei em um prato, peguei os talheres no armário e sentei diante da televisão, onde estava passando uma propaganda do NBA, com filmagens do time de basquete de São Francisco. Não foi uma surpresa ver a logo da Athena nos uniformes deles. A empresa da minha família patrocinava muitos times esportivos por todo o país e outros pelo mundo. A marca estava estampada em milhares de competições e disputava lugar como uma das mais reconhecidas.

Meu irmão não tinha só morrido cedo demais, mas jogado aquele império nas minhas costas.

Estávamos no Vale do Silício, onde se concentravam várias das empresas de tecnologia do mundo. A Athena havia surgido ali como muitas outras, uma start up criada por um imigrante australiano apaixonado por esportes, meu avô. Desde então, a marca só prosperou, assumindo uma posição de destaque mundial. Eu deveria me orgulhar em fazer parte da sua história, mas sentia que seria apenas um a passar por ela sem deixar marcas.

Felizmente eu não era o filho mais velho, havia uma certa liberdade, pois Jonathan assumiria a presidência um dia enquanto eu poderia fazer o que quisesse. Ao menos foi no que acreditei durante a minha adolescência, mas meu pai queria me ver na empresa, como vice-presidente ou diretor de qualquer coisa. Até tentei, mas decidi fugir, traçar outro caminho, mesmo que não soubesse exatamente qual.

Durante um tempo acreditei que estaria livre daquele fardo, mas com a morte do Jonathan, era irreversível. Eu teria que assumir a presidência da Athena, aprender o que não quis quando tinha idade apropriada. Se isso já não fosse o suficiente para me deixar louco, havia o casamento que meu irmão me impusera. Era uma estranha mistura de cômico e bizarro. Entre tantos últimos pedidos plausíveis, meu irmão havia feito o que menos tinha sentido.

Equilibrei rapidamente o prato ao perceber que estava tão perdido em meus próprios pensamentos que ele estava tombando, por pouco não caiu no chão. Coloquei-o sobre a mesa de centro, sem nem comer direito. Meu

apetite parecia ter ido embora diante de todos os questionamentos que me corroíam.

Sempre amei o meu irmão mais velho, por mais distintos que nós dois fôssemos. Entretanto, naquele momento, eu estava o odiando. Tinha a expectativa de apenas comparecer ao seu enterro e depois desaparecer novamente. Poderia navegar até a Austrália ou, quem sabe, passar um tempo na Ásia. O mundo era pequeno para quem tinha tanto a explorar.

Eu não pretendia ficar... Não pretendia criar laços e muito menos ser envolvido em um acordo de casamento com a viúva do meu irmão.

Achava que não fazia sentido, ainda assim a minha mente estava fervilhando. Jonathan sabia que eu não iria querer a empresa e muito menos o casamento, mas fez questão de deixar uma carta, que era mais uma cobrança de débito. Ele havia me ajudado, ficado ao meu lado centenas de vezes, mas estava exigindo uma bela retribuição, uma que eu não sabia se conseguiria pagar.

Ouvi uma batida firme na porta do meu barco. Levantei do sofá e caminhei até ela, sem saber quem eu poderia esperar.

Assim que me deparei com a visita inesperada, tomei mais um susto. São Francisco era uma cidade grande e eu esperava não esbarrar com ela durante o tempo em que estivesse ali.

- Briana, o que está fazendo aqui? - Segurei a porta enquanto a encarava.

A morena parecia exatamente igual a última vez em que eu a vira. Em um apertado vestido preto de alcinhas e o cabelo preso, estava mais provocante do que nunca, enrolando uma mecha do rabo de cavalo no dedo.

- Jeff, que saudades! - Ela veio na minha direção e me deu um beijo ao qual eu não consegui evitar.

- Ainda não respondeu a minha pergunta. - Segurei-a pelos ombros, afastando-a e fazendo com que me encarasse.

- Fiquei sabendo sobre seu irmão. Sinto muito.

- Eu também.

- Imaginei que pudesse ter voltado para o velório e, como sabia que você ancorava o seu barco nesse píer, tentei a sorte. Fico muito feliz que tenha acertado.

Eu não sabia se estava tão feliz. Briana fora a última namorada que eu tive antes de decidir desaparecer no mundo. Ela nunca lidou bem com a minha decisão, mas o que eu sentia por ela nunca foi forte o suficiente para me fazer ficar. Talvez eu não fosse capaz de criar esse tipo de laço com ninguém.

- Não vai me convidar para entrar? - Ela me empurrou, forçando passagem para dentro antes que eu tivesse tempo de responder. - Parece maior e mais confortável do que da última vez que eu estive aqui. - Olhou em volta, reparando em cada detalhe da minha sala flutuante.

- Porque o barco não é o mesmo.

- Ah, que gafe a minha. - Abriu um sorriso amarelo e depois mordeu o lábio inferior.

Briana era filha de uma das amigas da minha mãe, havíamos nos conhecido através delas e, desde que me vira pela primeira vez, a espevitada garota de olhos castanhos havia me transformado em sua missão. Ri ao me recordar do Jonathan agradecendo por não ter sido com ele. Meu irmão sempre mantinha as mulheres afastadas, parecia ter muito mais dificuldade em lidar com aquelas que se atiravam no seu colo do que eu, provavelmente não aprendeu a aproveitar o momento. Admito que parecia ser bem difícil simplesmente relaxar com toda a cobrança que o nosso pai depositava sobre ele.

- Ei! - Tentei impedir a Briana, mas foi tarde demais, pois ela empurrou os meus ombros e fez com que eu perdesse o equilíbrio, caindo sentado sobre o sofá.

- O que pensa que está fazendo?

- Matando saudades. - Ela subiu sobre o meu colo, apoiando as mãos nos meus ombros ao tombar a cabeça para que a sua boca encontrasse a minha. - Vai dizer que não sentiu minha falta.

Novamente ela nem me deu tempo para responder, pois sua língua mergulhou na minha boca. Sem pensar muito, segurei a sua cintura e apertei- a contra a minha pélvis.

Briana era apenas um caso e isso não mudaria, mas diante do estresse daquele dia, não iria dispensar um pouco de distração enquanto decidia os rumos do restante da minha vida.

                         

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