Porque chegamos juntas. Veja, se não quer nada com ninguém, talvez seja bom que pensem que você gosta de mulheres, e que está comigo. Porque quem vem aqui vem para f azer sexo. Engoli a bebida que ainda restava em minha boca de uma só vez. O gosto da tequila estava amargo, então pedi mais uma. Não queria sexo, mas também não queria ser vista de f ormadif erentedo que eu era. - Vou f azer o seguinte: vou procurar alguém para me entreter. - Melanie levantou-se novamente, com o copinho de tequila na mão. - Dançar, beijar na boca, dar uns amassos por aí .
Você espera nesse bar até que Andrew venha até você, não custa nada conhecê-lo. Vai que se interessa? Antes que eu pudesse protestar ela já tinha se af astado. Senti- me imediatamente desnudada, como se Melanie f osse uma capa protetora que impedisse aquele universo desconhecido de me explorar. Virei meu drinque de uma só vez e pedi outro. Se eu f icasse bêbada naquele lugar corria o risco de ser estuprada. Se não f icasse, corria o risco de sair gritando pela porta. Minutos depois olhei novamente para a mesa de Andrew Thorne, meu suposto admirador, e ele estava olhando para mim. Meu coração disparou porque Melanie estava certa. Não era algo natural, com o que eu estivesse acostumada. Ele me encarava sem o menor constrangimento, como se não f osseproblema algum me arrancar a roupa com os olhos. Com um lindo sorriso que exibiu seus dentes perf eitos,Andrew f ezum movimento de cabeça me convidando para ir até a sua mesa. Levantei-me, ajeitei o vestido e caminhei em sua direção. Era tarde demais para ter dúvidas, eu nunca f ugi de uma paquera. Não podia pensar dif erente, aquilo era uma paquera. O que movia aquele homem eu não sabia, mas só saberia mais sobre ele se me aproximasse. Ele também não sabia nada de mim e estávamos em público. Como Melanie mesmo explicou exaustivamente, tudo naquele clube era consensual. Andrew levantou-se para receber-me em sua mesa. Exibi meu melhor sorriso constrangido e sentei-me, agarrando minha bolsa com f orça demais entre os dedos. Ele chamou o garçom e pediu drinques. - Um Cosmo, por f avor. - Respondi à pergunta mental que indagava o que eu iria querer beber. Algo mais leve do que tequila pura era a melhor pedida. Depois que o garçom se af astou, Andrew me olhou por alguns segundos antes de f alar alguma coisa. - Você é nova por aqui. - Havia ainda aquele sorriso irresistí vel em seus lábios, que o deixava com um charme inegável. - Sim, minha primeira vez. Layla Adams. - Estendi a mão para cumprimentá-lo. Andrew segurou-a entre a sua e beijou-a suavemente. Um cavalheiro, eu estava na minha noite de sorte. - Andrew Thorne, mas tenho a impressão que já sabia disso. - Minha amiga f ezquestão de me apresentar f ictamentea você. - Sorri. Seria aquele momento para meu humor escrachado? - Então, Layla, está gostando do ambiente? Já viu algo que te agrade? Ouch. Senti-me como uma consumidora, no supermercado, escolhendo verduras. Se eu não soubesse do que se tratava poderia ter interpretado as palavras dele de outra f orma, mas do jeito que as colocou não dava para ter outra compreensão. - Sim, estou gostando. Bastante agradável a música, o serviço, o público. Você vem sempre aqui? - Há mais de um ano. E sempre tem algo novo que me atrai, que me f az voltar eventualmente. Os olhos dele estavam em mim novamente. Daquela vez não me senti constrangida, mas conf usa. Ele f alava em códigos, mas a culpa era minha. Eu f alava em códigos e gostava daquele jogo. O problema era que não sabia se queria jogar com ele, não naquela noite. Queria passar a noite conversando, talvez dançar, talvez beijar, e marcar um novo encontro. Nunca tinha f eito sexo no primeiro encontro, principalmente quando não se tratava de um encontro. - Isso é bom. Talvez eu veja algo que me f aça volta,r também. - Você quer sair daqui? N ão. Olhei desamparada para o copo mal tocado de bebida à minha f rente e respirei f undo. Não sabia o que signif icava aquilo, mas não podia sair dali. Ele era lindo e aparentemente irresistí vel, mas eu não iria para a cama com ele naquela noite. - Eu vim só observar. - Conf essei. - Melanie insistiu que eu viesse, disse que eu gostaria e que isso mudaria meus conceitos. Eu gostei, mas ainda não mudei meus conceitos. - Entendo. - Andrew transf ormou o sorriso em uma linha f ina em seus lábios e f inalizou seu whisky. Se ele estava desapontado, escondia aquilo muito bem. - Você não separa sexo de romance. O que signif ica que precisarei te enviar f lores se quiser levar você lá para cima? - O que tem lá em cima? - A curiosidade era sempre meu ponto f raco. - Quando você quiser ir, eu te mostro. Por enquanto, talvez deva respeitar suas escolhas. - Sinto muito. - Peguei a bolsa, intentando levantar-me e deixá-lo procurar outra parceira para satisf azer suas vontades. - Aonde vai? - Andrew segurou minha mão subitamente. - Voltar para o bar. Eu pensei que... - Por f avor, sente-se. - Ele sorriu novamente, soltando-me. - Não é porque demonstrou claramente que não está a f imessa noite que não podemos conversar e beber. Não sei por que aquilo surpreendeu-me. Talvez porque eu tinha outra ideia sobre o clube do sexo de Melanie, achando que todos estavam ali para se comerem como animais no cio. Deveriam estar, mas não éramos animais no cio. O ser humano tinha toda aquela ideia de sexo por prazer, sexo por amor, sexo como uma f orma de conexão entre duas pessoas. Não deveria parecer tão insensato que ele estivesse interessado em mim e desejasse me conhecer melhor. Mesmo em um lugar como aquele. A noite com Andrew f oi absolutamente perf eita. Fazia tempo que não me divertia tanto com um homem. Bem, meus amigos gays não deveriam contar muito, porque entre nós haveria apenas amizade. Com eles eu me divertia f alando de homens e bebendo margaritas, era dif erente. Naquela noite eu estava paquerando um lindo executivo de Wall Street de trinta e um anos, solteiro depois de um noivado de três anos, que dirigia uma Lamborghini exclusiva pelas ruas de Nova Iorque. E eu não tinha f eito sexo com ele. Aquela era a melhor parte, porque algo dentro de mim dizia que eu poderia até ter um relacionamento com Andrew Thorne. - Você está se enganando, mas quem sou eu para te recriminar? - Melanie disse, durante o caf é. Estávamos no Starbucks em f renteao escritório, em um intervalo que criamos para contar as novidades do dia anterior. Daquela vez eram muitas, porque nem mesmo vi como ela voltou para casa. Não a vi mais depois que nos af astamos.- Andrew é realmente um deleite, além de ser um perf eito cavalheiro. - Você já... - Não quis terminar a pergunta, mas sabia que ela compreenderia. Ele f requentava aquele lugar há um ano e parecia bastante pré-disposto a qualquer coisa que o interessasse. Melanie era uma mulher bonita e interessante, não parecia absurda a ideia. - Sim, mais de uma vez. - Ela sorriu e notei uma luz vitoriosa naqueles lábios. Parecia desejar mostrar-me que ela tinha conseguido o que eu rejeitei, e que eu era uma idiota por ter recusado. - Como eu disse, ele é f antástico. Existem melhores, dependendo do seu gosto, mas Andrew é do tipo que agrada a todas. Encerrei a conversa porque não f azia a menor questão de ter uma aula sobre as qualidades sexuais do homem mais divertido com quem tinha me relacionado em anos. Mesmo que não tivesse passado de um bate-papo em um bar. O que estava me incomodando, de verdade, era que eu desejava voltar àquele clube. Talvez por causa de Andrew, talvez porque queria ver o que mais de interessante havia por lá, talvez porque eu, no f undo,desejasse ser desejada, como na noite anterior. Não podia contar aquilo para Melanie de qualquer jeito, eu precisava deixar claro que minhas intenções não eram as mesmas das dela. Ao menos era o que eu queria acreditar. Passei o dia trabalhando no bendito caso Gandini, aborrecida por ter que dar notí cias desagradáveis ao Matthews. Levando em consideração os alertas de Melanie, evitei contato com Olson e preparei um relatório bem completo sobre as inviabilidades daquela