ANNA - A encantadora de cavalos
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Capítulo 2 2

Começou a chover torrencialmente, toda a gente se recolheu por baixo de qualquer alpendre ou telhado que encontrava, Josué sai à rua completamente assarapantado no meio de chuva. Foi a correr até à casa da D. São.

- D. são, a Anna está aí?

- Está, mas não vai sair com esta chuva. – disse com brusquidão.

- O que se passa mãe? - perguntou Anna do quarto

- É o Josué, preciso mesmo de ti. – respondeu do lado de fora da porta Josué.

Anna foi até à porta, desvalorizando a cara de desaprovação da mãe.

- O que foi, Josué?

- É a taliska, está outra vez com a falta de ar. Tá aflita coitadinha.

- Não tens o remédio? – perguntou Anna.

- Não! Preciso mesmo que vás até à população vizinha... és a mais rápida....

- Era só o que faltava. -Disse d. São. - A esta hora da noite e a chover assim. Com tanta gente má nessa floresta.

- Eu vou! -Disse Anna.

- Obrigada... sabia que só tu me podias valer! – Respirou fundo Josué

- Josué, não podes querer salvar a tua filha à custa da minha! – Ralhou aflita D. São.

Ainda D. são não tinha acabado de falar já Anna estava de casaco vestido e chapéu na cabeça e já estava fora de casa a caminho do cavalo. Nem respondeu à mãe que a chamava da porta furiosa e ao mesmo tempo amedrontada.

O caminho até à aldeia vizinha era cerrado de árvores e com tanta chuva mal se via um palmo à frende do nariz.

Anna continuava com o mostarda em corrida, se parasse podia ser atacada por marginais que por ali pernoitavam, alguns fugidos das autoridades.

O caminho era longo e só chegaria à aldeia vizinha ao nascer do dia.

Anna conseguiu evitar tudo o que era "criatura da noite" à exceção dos lobos, mas com esses ela podia bem. Antes do nascer do dia, já tinha chegado. Estava completamente encharcada. Não perdeu tempo, dirigiu-se à casa do médico, que já conhecia bem, já lá tinha estado mais que uma vez.

Quando este abriu a porta, vestido de pijama e com ar maldisposto por ter sido acordado tão cedo, Anna sorriu.

- Só podias ser tu, minha maluquita! A menina precisa do remédio?

- Sim, Sr. Doutor!

- Anda secar-te que vou buscar o que precisas.

-Não é preciso, vou para a chuva novamente, preciso é de me despachar. Ela está mesmo aflita Doutor.

Montou o mostarda debaixo de chuva e já com o medicamento bem guardado no bolso do casaco, preparada para fazer o caminho de regresso.

Ainda estava muito escuro, mas já estava a amanhecer e muitas das "criaturas da noite" não desejáveis, também a acordar. Se a vissem iriam fazer com que parasse o seu caminho, talvez roubá-la ou algo pior.

Anna cavalgava o mais depressa que conseguia, pois já estava ao ouvir ao longe o casco de outros cavalos.

Cada vez o som estava mais próximo, ela nem olhava para trás.

Como se fosse um raio algo lhe rasgou as costas e atingiu a garupa do cavalo. Nem se apercebeu do que era, só sentiu a dor alucinante nas costas. O mostarda relinchou alto, mas não parou de correr.

Anna nem sabe como chegou à aldeia, quando deu conta já estava deitada no chão com uma serie de pessoas em volta dela.

Tinha a roupa rasgada nas costas e uma dor insuportável. D. São com a ajuda do taberneiro, levou a filha para dentro de casa e pediu que chamassem alguém que se assemelhasse a um médico.

Anna abriu os olhos e disse com voz fraca:

- Sr. Fox, o remedio da menina esta aqui no meu bolso, leve-o por favor. Veja o meu cavalo, que acho que esta ferido.

O Ferreiro e dono de uma venda de cavalos, assentou com a cabeça e foi entregar o remedio de taliska, quando chegou perto do mostarda já Black lá estava.

- Do cavalo cuido eu. Sabe que somos especialistas nos cuidados com animais.

- Agradeço. A ferida tem muito mau especto e vocês com as vossas mezinhas são os melhores. - respondeu o ferreiro.

Peter levou o cavalo para a tribo e começou logo nos tratamentos. Tinham uma pomada muito antiga feita à base de ervas que era um antisséptico espetacular. Não servia só para animais, as pessoas também usavam. Aliás ninguém se lembrava de alguma vez ter ido ao médico.

Passado poucas semanas Peter foi entregar o cavalo ao ferreiro. Ainda se notava a marca, mas estava completamente cicatrizado.

O médico ia de dois em 2 dias a casa de D. São, mas o corte que Anna tinha desde a zona da omoplata até ao fundo das costas não tinha melhoras, a infeção não curava.

Anna já não aguentava, não era só as dores que a incomodavam, nem a fraqueza que sentia por estar sempre a perder sangue, era o facto de estar há semanas fechada em casa e não poder sair, mas também não sentia forças para se levantar.

Um dia de manhã, depois do médico lá ter passado para mudar o penso, Anna levantou-se encheu-se de forças e dirigiu-se à pota da rua.

- Anna, onde pensas que vais? – Gritou D. São da cozinha.

- Apanhar ar! Pode ser que me faça bem. Já não consigo estar mais tempo dentro de casa. – Disse com voz tremula e fraca

Dona São nem queria acreditar, a miúda só podia estar a delirar com a febre.

- Volta para casa imediatamente! – Ordenou D. São

Mas ainda D. São não tinha acabado a frase já Anna tinha fechado a porta atrás de si.

Quando Anna saiu, a magreza fazia sobressair os olhos grandes e verdes. Toda a gente que que estava na rua, não puderam deixar de reparar.

Anna saiu sem dizer nada, foi direita ao cercado dos cavalos. Mostarda pressentiu logo a chegada da dona e em menos de 1 segundo estava ao pé dela para lhe dar uma festa. Anna encostou a cabeça à do mostarda como se de uma pessoa se tratasse.

- Tás muito melhor amigo – disse baixinho

O cavalo estava "morto de festa", já não via a dona há algum tempo. Não conseguia parar quieto tal era a excitação.

Anna riu e disse em tom de brincadeira:

- Não posso mostarda, a minha mãe não deixa...

Peter que estava sentado com os amigos, não conseguia tirar os olhos dela.

- Ainda não conseguiu recuperar, estes médicos de aldeia não percebem nada disto... - pensou para si.

Quando olhou novamente para Anna já esta montava o cavalo a custo e saia disparada.

- Anna volta aqui, tás doente – gritou dona São.

- Pior não fico, preciso desanuviar, vou só até ao rio. - Retorquiu

Peter chamou o tempestade e correu para a tribo, entrou numa tenda onde estavam umas velas à porta e saiu novamente com o tempestade.

Seguiu à beira rio com a intenção de a encontrar. Mais à frente viu-a sentada no chão à beira rio com o cavalo ao lado a pastar.

Chegou-se mais perto, desmontou o tempestade.

- Não te assustes, tenho aqui uma coisa para ti. – Disse Peter serenamente

- Obrigada por cuidares do mostarda está como novo. Não tinhas que o fazer... - disse Anna timidamente.

- Sim, se não o fizesse ele ainda andava todo torto como tu ou já tinha morrido, e o que dá em confiar em médicos de aldeia – Disse Peter a brincar.

Anna riu a custo, pois tinha muitas dores. Talvez não tivesse sido boa ideia montar, os pontos deviam ter aberto outra vez.

- A culpa não é do médico, é da doente que está podre. –Disse Anna no mesmo tom.

Black chegou-se mais perto, sentou-se ao pé dela e sentiu aquele cheirinho inebriante que saia do corpo dela.

- Como é que é possível alguém cheirar tão bem – pensou

- Olha tenho aqui a pomada que pus no cavalo para cicatrizar a ferida, queres por um bocadinho? Não digas é a ninguém porque os meus não gostam de revelar segredos. – perguntou Peter a medo.

- Mas não é só para animais? – disse Anna intrigada

- É para tudo o que mexe. - Disse Peter em tom de brincadeira. – Confias em mim?

- Se trataste do mostarda tão bem, só posso confiar.

- Podes levantar a camisola um bocadinho para eu te pôr. – Disse Black timidamente, pensando que ela ia recusar.

Anna nem respondeu. Levantou a camisola até quase ao pescoço. Tinha um penso a tapar o rasgão.

Peter estremeceu todo, como é que era possível ficar excitado por ver umas costas com um penso enorme colado? - Pensou.

Chegou-se para trás dela, assim estava melhor, ela não conseguia ver o alto que se estava a formar nas calças dele de tão excitado que estava. Tirou o penso com cuidado. O corte estava todo inflamado, nunca iria curar assim.

Com todo o cuidado passou a pomada na ferida, as mãos tremiam-lhe como nunca... Nunca se tinha sentido assim ao pé de uma mulher. Normalmente as mulheres só serviam para sexo e nunca lhe davam luta. Era foder e arrancar, noutro dia seria com outra. Esta era diferente... só o cheiro...

- Estou a magoar-te? –disse preocupado

- Não. O médico é muito mais bruto. - respondeu Anna em tom de brincadeira

- Peter sorriu atrás dela. - Pelo menos só mais "querido" que o médico - pensou divertido.

Tapou novamente a ferida com o penso e baixou-lhe a camisola, roçando ao de leve os dedos pelas costas dela abaixo.

- Pronta menina, vai ver que vai melhorar! – Disse a Peter a imitir o médico

- Doutor, quando é que preciso de fazer o tratamento outra vez? - disse Anna com ar de gozo...

- Por mim era já amanhã, mas não acredito que te deixem sair de casa tao depressa. –Retorquiu Peter

Anna mexeu-se para se levantar, mas Peter pôs se em pé mais rápido e encostou-se ao cavalo para montar. Não podia deixar que ela lhe visse o alto de tesão que revelava nas calças.

Ela chegou-se ao pé dele e encostou-lhe a boca à face para lhe dar um beijo.

- Obrigada, meu índio. – Disse Anna timidamente

- Índio? Eu mostro-te o índio. Olha que eu não sou gajo para beijinhos na cara. Isso é para meninos – disse para provocar.

Anna riu-se e montou o mostarda.

- Homens... todos iguais... - Disse Anna a rir

Saiu a galope, deixando Peter completamente embasbacado para trás.

- Dass. Devo estar a ficar maluco. Só pode. - Disse em tom de desabafo quando a viu ao longe.

Quando chegou a tribo. Peter fez sinal a uma rapariga e esta segui-o encantada. Sabia bem o que ele queria e era sempre um gosto fazer sexo com Black.

Anna acordou sem dores e até no humor parecia outra.

A mãe entrou e anunciou a chegada do médico.

O doutor analisou a ferida e após algum tempo disse animado.

- Muito melhor, eu sabia que o tratamento mais cedo ou mais tarde ia dar resultado. – Afirmou o médico

Voltou a tapar a feriada com um penso novo.

Anna estava divertidíssima com as palavras do doutor.

- Então a recomendação é continuar com o mesmo tratamento? – Perguntou D. São.

O médico assentou com a cabeça.

Apesar da insistência de Anna em sair, a mãe não facilitou e da parte da manhã quis que ficasse em casa, apesar dos argumentos de Anna.

À tardinha Anna saiu, foi dar uma festa ao mostarda e depois seguiu para a taberna onde estavam sentados os amigos e numa mesa à parte os rapazes da tribo.

Sentou-se no meio dos amigos da aldeia, já quase parecia que não tinha qualquer mazela.

- Então Anna, pareces bem melhor? -Perguntou Rita, uma rapariga franzina que conhecia Anna desde pequena.

- Estou bem melhor. Tudo graças ao doutor! - Sorriu e piscou o olho a Peter.

Este ficou meio atrapalhado, mas não pode deixar de sorrir. Estava todo satisfeito que o tratamento tivesse feito efeito, pensou para consigo mesmo: - quem dera que não fizesse logo tanto resultado, assim passava-lhe novamente as mãos pelo pêlo.

Anna debruçou-se na mesa e a camisola levantou um pouquinho, Peter conseguiu vislumbrar um bocadinho de cicatriz. Só essa pequena visão o fez corar. - Como é que era possível ficar cheio de calor e tão excitado por ver uma cicatriz? Devo estar a ficar louco, de certeza! - pensou. Levantou-se para apanhar ar e saiu da taberna.

Algum tempo depois Anna, apareceu por trás dele de socapa.

- Quando é que fazemos uma corrida outra vez, já estou boa graças ao doutor. -Disse com ar trocista.

Peter ficou todo satisfeito por ela se ter ido meter com ele.

- Quando quiseres! Mas estava a pensar em levar-te a tribo um dia destes, para fazeres as perguntas todas que queres a quem quiseres e veres com os teus próprios olhos que as mulheres da tribo são bem bonitas.

- Assim... sem mais nada. Não é preciso nada em troca? Estou a desconfiar dessa boa vontade!

- É verdade, assim sem mais nada. Só para me deixares de chatear com perguntas e se voltares a ganhar a corrida, o que eu duvido muito, já podes pedir algo mais agradável... - Disse Peter a sorrir de orelha a orelha com intenção de a picar.

Anna riu à gargalhada.

- Combinado, quando é que vamos? Não se vão chatear comigo ou contigo? – Perguntou Anna preocupada

- Quem?

- Os teus amigos e os anciãos e sei lá mais quem. – respondeu Anna

- Pensas que somos alguns selvagens? -Disse a rir

- Nop. Quando é que vamos?

- Se te sentires bem, pode ser amanhã a tarde, uma grande parte dos homens da tribo não estão porque vão a uma feira vender cavalos. Assim não carece de tanta justificação.

- Não te vais meter em problemas, por minha causa? – perguntou novamente Anna

- Em problemas já eu estou só de te estar a dar trela! - disse com ar gozão. - Não tás a ver o meu pessoal todo a olhar para mim?

Anna olhou, realmente os amigos de Peter não tiravam os olhos dele.

- Podes dizer que me estas quase a papar para eles ficarem satisfeitos, mas sabes que isso está muito longe de acontecer meu índio lindo. – Disse Anna novamente no gozo

Peter ficou boquiaberto. Era loura, mas não era parva. "Estou feito ao bife". - Pensou.

- Até amanhã Peter Black. – Disse Anna sorrindo.

Peter não respondeu, limitou-se a assentar com a cabeça.

- Levo-a á tribo e depois se não conseguir levar a água ao meu moinho, tenho que acabar com isto. Ela é muito arisca para mim. -Pensou sem convicção nenhuma.

A caminho da tribo, já com Blue meio bebido, os rapazes estavam na troça com Peter.

- Uiiii! Foi falar contigo... o que é que falaram pinga amor? -Perguntou Simon.

- Deve ter dito que ele escusava de tentar porque eu fazia mais o estilo dela. - Acrescentou Blue a rir à gargalhada.

Peter permaneceu calado com um sorriso nos lábios. Amanhã ia estar a tarde toda com ela. Podia ser que ao menos um beijo lhe conseguisse roubar. Depois acabava a história. Miúdas assim não serviam para gajos como ele. Nem cozinhar devia saber, só se ocupava de trabalho de homens. Isso não era normal, nem para uma miúda da aldeia

No entanto, ele sabia que era essa maneira de ser irreverente e fora do normal que o atraia, apesar de nunca o poder admitir, nem para ele próprio.

            
            

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