O desejo da porta ao lado
img img O desejo da porta ao lado img Capítulo 3 Capitulo 3 - É você
3
Capítulo 6 Capitulo 6 - Roupa de pirata img
Capítulo 7 Capitulo 7 - Meu Namorado img
Capítulo 8 Capitulo 8 -Minha felicidade img
Capítulo 9 Capitulo 9 - Notícias img
Capítulo 10 Capitulo 10 - De Mentirinha img
Capítulo 11 Capitulo 11 - Beijo img
Capítulo 12 Capitulo 12 - A visita img
Capítulo 13 Humilhação img
Capítulo 14 Família img
Capítulo 15 Porta do Paraiso img
Capítulo 16 Banheiro img
Capítulo 17 Elevador img
img
  /  1
img

Capítulo 3 Capitulo 3 - É você

Carla

A última pá de areia no meu caixão de humilhação foi ter esquecido a chave do apartamento, onde eu estava com a cabeça? não sei se eu queria descer novamente com as malas e entrar no carro e dirigir por mais duas horas até chegar na casa da minha mãe, só de pensar no trajeto me pareceu uma péssima ideia, não tinha tanto dinheiro para dormir em outro local, a única coisa que se passou em minha mente foi ficar ali na porta e esperar o dia amanhecer.

Não precisei de muito para notar que a minha falta de bom senso tinha me acompanhando na viagem, no fim aceitei dormir no sofá de um estranho que conheci não tinha nem uma hora.

- Me desculpa por toda essa confusão e atrapalhar sua noite. - Ele parecia tão incomodado quanto eu, o que me fez relaxar um pouco mais e me sentir bem mais culpada.

- Não tem problema, eu não ia a nenhum lugar específico. - Ele deu um sorriso educado em minha direção, e que sorriso bonito, e continuou a arrumar o outro sofá para que eu pudesse dormir.

O apartamento dele era espaçoso, minimalista e bem limpo, pra mim até um pouco sem graça, as paredes eram brancas, o piso era de madeira clara, os móveis todos de cores claras e poucos móveis, era bonitinho mas não era bem do meu agrado, mas eu não estava reclamando, afinal só ficaria ali aquela noite e então depois passaria o resto dos meus dias fugindo dele e figindo que isso nunca aconteceu.

- Pronto, está pronto, tem travesseiro, cobertor , um copo e água caso sinta sede e o banheiro é bem ali. - apontou para o corredor esquerdo, logo seu olhar foi para o meu colo, onde franziu o cenho. - Mas que...-

Assim que entrei aqui o seu cachorro, um buldogue bastante fofinho tinha me seguido e estava no meu colo recebendo carinho.

- Vem Fran, vamos dormir com o papai - Ele bateu palmas tentando trazer a atenção do cachorro, mas ele só o ignorou.

- Acho que ele está bem confortável aqui. - Mumurei e sorrir, animais fofinhos conseguiam melhorar o meu humor.

- É, bem confortável. - O homem deu um sorriso e uma risadinha um pouco irônica para o meu gosto, ele parecia incomodado e colocou as mãos na cintura, nesse estante ele já estava sem sua jaqueta de couro, e assim eu podia ver bem seus braços fortes, a maneira como ele parecia ter um corpo bem interessante por baixo daquela camisa, acertei em cheio sobre as tatuagens, meus olhos foram descendo até chegar na sua calça, onde desviei o olhar para a parede envergonhada com as coisas que se passaram na minha cabeça.

Era so desejo reprimido e o chifre na minha cabeça me fazendo pensar besteiras, fazia tanto tempo que eu não transava, só podia ser isso.

- Obrigada de novo e me desculpa. - fui junto com Fran para o outro sofá, era melhor dormir logo, havia acontecido muita coisa para uma noite só, muita coisa que eu só queria esquecer.

Meio sem jeito o homem me deu boa noite e apagou as luzes, indo para o seu quarto em seguida, me deixando sozinha e confortável para repensar na minha vida inteirinha e em todos os meus erros.

Não dormir quase nada, minha cabeça está cheia de pensamentos e quando conseguir adomecer despertei antes das cinco da manhã, dois meses atrás quando descobrir a traição do meu noivo minha vida já estava um completo caos, cinco anos dedicação a um relacionamento para acabar dessa forma. O pior foi que eu vi, eu estava me perdendo os últimos resquícios de mim por uma relação que aparentemente eu estava tendo sozinha. Gustavo não merecia tanto de mim, minhas lágrimas, minha dor, ele não merecia mais nada, nem mesmo minha sanidade.

Eu cheguei ao fundo do poço, pelo menos era o que eu sentia, deixei cada problema subir em cima de mim e me enterrar ao ponto de está constantemente sufocada, Quando foi que as coisas deram errado dessa forma? E quando foi que desistir de tentar e so aceitei a derrota da vida? Eu mesma havia me apagado e não deixaria isso acontinuar assim.

Decidi que apartir daquele dia eu iria voltar a viver para mim, daria um passo de cada vez mas sairia daquele poço. Dei carinho ao Fran como bom dia e peguei uma roupa na mala, alguns produtos de higiene e partir para o banheiro, decidida à encontrar a mulher embaixo daquela figura horrenda que eu tinha me tornado.

Tomei um longo banho necessitando tirar de mim mais que apenas o habitual, toda aquela tristeza e vontade de não acompanhar a vida. Lavei os cabelos e hidratei enquanto ainda estava no chuveiro. Deste modo sair ajeitei meus cachos como não tinha feito nesse período, hidratei minha pele e passei perfume, como eu esqueci que eu amava me cuidar? Esse era o meu ritual toda manhã e não ficar na cama até tarde pensando no que eu fiz errado com a minha vida.

Coloquei um vestido floral simples de verão, tinha um decote de coração e marcava a minha cintura me deixando gostosa, moletons nunca mais.

Assim que estava tranquila com a minha aparência arrumei minha mala e o banheiro, não queria ser incoveniente e deixar na vida do homem outro problema, e quando acabei esperei que ele acordasse para me despedir e agradecer, talvez pedi para deixar minhas malas aqui enquanto ia buscar a chave.

Enfim no tempo de espera me recusei a andar ou mexer muito no apartamento, brincando com Fran da maneira mais silenciosa que eu poderia imaginar.

Quase pensei em leva lo para passear quando meus olhos bateram em uma foto em um retrato ao lado de uma escultura de madeira, aquilo se destoava do minimalismo do local, como eu não havia reparando antes.

A foto era de quatro pessoas na praia, uma mulher muito bonita loira, na sua casa dos trinta, com um corpo de dar inveja em um maiô vermelho. Um homem moreno, também na sua casa dos trinta, segurando com uma das mãos a cintura da loira, uma garotinha de cabelos negros e olhos castanhos, a mistura perfeita dos dois adultos anteriores, era uma família muito bonita e parecia unida, mas outra coisa me chamou a atenção, o rapaz que estava com eles.

Tinha um cabelo de tingela escorrido, óculos grandes e um olhar tímido, o corpo estava envergado para frente, cruzando os braços na frente do corpo. Uma nostalgia me atingiu, lembranças de anos atrás.

Me fixei nos olhos daquele garoto tímido, eu olhei diretamente naqueles olhos inúmeras vezes, abracei aquele corpo sem postura.

Minha adolescência revivia aos poucos em minha mente, levantei uma das mãos para checar a fotografia, como eu não pude notar aqueles olhos escuros antes?

A porta do quarto de abriu e eu ouvir seus passos, pareceram que pararam buscamente, me virei para o mesmo quase desacreditada, mas ainda assim sem deixar de sorrir.

- Elias ? Elias óculos fundo de garrafa? É você mesmo? -

            
            

COPYRIGHT(©) 2022