Haviam se passado vários anos e o tempo so o fez bem,o que mais me chamava a atenção era os inúmeros piercings no rosto e orelhas, as tatuagens que com o tempo conseguir ir vendo melhor, nem parecia aquele garoto frazino, agora tinha ombros largos e fortes e um corpo de dar inveja, confesso eu achava meu amigo de infância muito gostoso, extremamente gostoso, mas eu não havia perdido totalmente a imagem de seu eu de antes. Um menino adoravel, tímido e meigo.
Se passou quatro semanas desde que moro ao seu lado e todos os dias eram divertidos, saímos para dar uma volta ou pedíamos comida para assistir filmes juntos. Tomamos café da manhã juntos.
Parecia muito com antigamente. E sinceramente? Eu mal pensava nas coisas que me afligiam nesses últimos dois meses.
☆
Acordei em uma manhã de segunda feira completamente cansada, tinha passado a noite toda acordado maratonando uma série com Eli, algo de terror e por isso tive péssimos pesadelos, iria reclamar com ele depois.
Como eu havia prometido a mim mesma iria voltar a me cuidar, assim que acordei e minha alma voltou ao corpo, eu lavei o meu rosto e cuidei da minha pele, passei uma hidratação no cabelo, estava com uma máscara de manga no rosto quando o telefone tocou. Nesses dias eu so falava com a minha mãe e isso só pelas as manhãs, no resto do dia eu mal lembrava do aparelho. Pensei que era a minha mãe ligando, então coloquei no viva voz e me sentei sobre a cama.
- Bom dia mãezinha, como dormiu? -
- Não sou sua mãe, mas dormir muito bem, e você senhora Rodrigues? -
Eu dei um suspiro de desgosto, pelo costume nem olhei o nome do contato, desagradavelmente a bolha de felicidade que eu tinha criado naquele apartamente tinha sido estourada, a luz dourada do sol se tornou fria de uma hora pra outra. Eu lembrei dos meu emprego, dos meu problemas e aquilo do me fez mal.
- O que quer comigo Pauline? - desanimada me deitei, fiquei encarando o teto enquanto todas as minhas preocupações voltavam.
- o que eu quero? Bom, te dar dinheiro e o destaque que voce merece? Sei la, so fazer o meu trabalho - a infeliz respondeu irônica, irônica demais para o meu gosto.
- Sem enrolação, vai direto ao ponto - bufei, a minha vontade era volta a cama para me cobrir e não levantar nunca mais.
- Tudo bem, hoje vai ter uma noite de autógrafos e também o lançamento do seu novo livro, sabe aquele que vai tirar sua carreira da miséria e aquele que nos estávamos investindo pesado na divulgação, depois uma pequena entrevista com um tabloide e vc vai dar alguns autógrafos, só isso. - Eu podia ouvir os barulhos de papéis no fundo, certeza que ela falava comigo enquanto fazia outra tarefa, esse é o nível de eficiência da Paulina.
Gemi em frustação, eu podia fingir que estava doente? Não queria enfrentar o mundo, ainda não pelo menos, talvez daqui alguns anos.
- Então...Senhora Rodrigues ainda está aí? -
Como eu queria desligar o celular e fingir que ela não existia, mas ela apareceria bem rápido na minha porta.
- Porque só me avisou disso hoje? Está em cima da hora, eu nem tenho roupa, me mudei recentemente e minha vida ainda esta uma bagunça - Não adiantava fazer birra, mas eu estava irritada, felizmente Pauline cuidava de minha carreira como escritora a anos e suportava isso.
- Eu já tenho seu novo endereço, sua mãe me passou, também já tenho sua roupa,três modelos do mesmo para caso você tenha engordado ou emagrecido desde que tiramos sua medidas na última vez. Eu também cortei a duração do evento pela metade, tirando várias coisas que estavam progamadas, acredite também estou pensando no seu bem está, quer que eu envie um maquiador e alguém para fazer seu cabelo? - Como eu disse antes, Pauline era o sinônimo de eficiência.
- Quando tenho que está pronta? - Disse derrotada, ninguém fugia muito tempo da própria vida.
- O evento é as seis e meia, as três peço para alguém leva e sua roupa e também alguém irá pega la, te vejo a noite Senhora Rodrigues. -
E sem me deixar falar mais nada Pauline desliga. Eu tinha que me preparar mentalmente para encontrar tanta gente, so de pensar ja me sentia ansiosa e sem fôlego. Minha coragem inteira morreu ali, enxaguei meus cabelos e limpei o rosto. Coloquei de novo o pijama e deitei na cama, rezei muito para que o evento fosse cancelado, um milagre ou piedade de Deus, mas cada vez que eu olhava o relógio mas desesperada ficava.
O meu quarto estava escurinho e com o ar condicionado alto, isso até a porta ser aberta, aquele grande corpo entrou e se enfiou embaixo da coberta comigo, mesmo sem tocar eu podia sentir o calor que vinha do seu corpo, parecia bem convidativo ao ponto de querer me enroscar nele, mas era Eli, meu amigo de infância e aquele que eu tenho como irmão, precisava controlar aqueles pensamentos impuros.
- Você não foi tomar café comigo e já passa meio dia, está com cólica ou aconteceu alguma coisa? - eu estava de costas para o moreno, sua voz soava bem próxima e seu hálito quente atingia a minha orelha, causando um leve arrepio.
É so o Elias Carla, mantenha esses pensamentos safados longe!
- Colica, pode comprar algumas coisas pra mim, como absorvente? Ou ainda tem vergonha? - Eu não me sentia muito bem, e a presença dele ali no escuro daquele quarto era estranho. Nesses dias estávamos próximos como éramos antigamente, mas isso parecia diferente, algo a mais.
- Tudo bem, so falar seu tamanho de buceta pra mim - ele falou aquilo naturalmente, foi eu quem ficou vermelha e me sentir envergonhada.
O feitiço virou contra o feiticeiro.
Me virei dando um tapa no seu braço, ou pelo menos parecia seu braço. Mesmo sem vê lo podia ouvir seu riso.
- Seu ridículo - Agora eu estava frente a frente com ele, podia sentir que estava com o seu rosto a centímetros do meu.
- sou seu amigo, normal é que eu não ia ser, mas enfim porque você tá aqui na cama? Quer que eu compre as coisas para você? Eu volto em um segundo e ficamos aqui no seu quarto assistindo alguma coisa. -
Suspirei desanimada me lembrando o porque do meu isolamento aquele dia.
- Você tá com cheiro de manga - Ele disse antes que pudesse responde lo, se aproximou um pouco mais de mim e quase sentir seu nariz ficar no meu, agora ele estava tão próximos que podíamos apenas sussurrar um para o outro e foi o que fizemos. - Eu gosto de manga
Mais uma vez fiquei atordoada com o meu melhor amigo, aquele que tenho como um irmão.
- Bom, tenho uma evento do meu trabalho hoje, não me sinto muito animada para ir, na verdade eu não quero ir...- uma ideia maluca se passou na minha cabeça, mas Eli sempre foi meu porto seguro e mesmo após anos longe nos reaproximamos rápido, como se nem tivéssemos nos afastados, então, quem sabe? Só talvez...- Ei Eli, posso fazer um pedido? -