Capítulo 5 Eu aceito!

AMAYA

Assim que meus pés tocam o andar da diretoria da empresa, entendo que nossa situação só faz piorar a cada dia. Ninguém disfarça mais os cochichos pelos corredores, os olhares julgadores enquanto caminho até minha sala, é torturante. Constato que realmente estamos em um navio naufragando, a situação está prestes a sair do controle.

Sento na minha cadeira pensando no tal Vicente Albuquerque, sem conseguir controlar minha curiosidade, pego meu telefone de dentro da bolsa, acabo fazendo uma rápida pesquisa no Google por Vicente Albuquerque, olho suas mídias sociais, optei por abrir seu Instagram que é publico, exibido!

Sento na minha cadeira pensando no tal Vicente Albuquerque, sem conseguir controlar minha curiosidade, pego meu telefone de dentro da bolsa, acabo fazendo uma rápida pesquisa no Google por Vicente Albuquerque, olho suas mídias sociais, optei por ...

O que eu posso dizer? Ele é gato, muito gato, que sorriso é esse? Vicente tem os dentes brancos, contrastando com a boca rosada, uma barba densa, muito bem aparada. uma cabelo que parece estar bagunçado, mas quando olho de perto cada fio está no seu devido lugar. Tenho que admitir o cara é estiloso, rolo suas fotos, ele parece gostar de viajar, sabe se vestir muito bem, parece gostar da vida de solteira, já que não tem uma foto com mulheres, só grupo de amigos, muitas fotos de festas, esse cara cheira a problema.

- Porque um cara bonito e rico está solteiro? Tem algo errado com ele, claro!

Bloqueio meu telefone, preciso começar a trabalha. A manhã se passa improdutiva demais, não consegui produzir absolutamente nada, minha cabeça só trabalhou para tentar entender o que Henrique quer ao me casar com Vicente.

Pouco depois do almoço, dou meu expediente por encerrado, dirijo para casa, com uma decisão tomada, não sei se é a melhor, mas com certeza é a mais necessária.

- Mãe?

A chamo assim que atravesso a porta, saio em sua procura pela enorme sala.

- Oi filha. - Ela vem em minha direção. - Ainda é cedo.

- Eu pesnei muito mãe. - Não me dou tempo para voltar atrás na minha decisão. - Vou aceitar a proposta, não é como se eu realmente tivesse escolha né.

Digo revirando os olhos, coloco minha bolsa sob a mesinha de centro na sala, enquanto me jogo no enorme sofá cor de chumbo.

- Eu fico tão triste em ter que te envolver nessa situação. - Ela vem e se senta ao meu lado, segurando meu rosto enquanto fala. - Ter que aceitar um casamento arranjado, não vejo outra solução minha filha. - Ela beija minha testa. - Me perdoe querida, seu pai e eu faríamos de tudo para você não precisar passar por isso.

Seguro suas mãos com carinho. Pensei muito antes de tomar essa decisão, não se trata só de mim, há muitas pessoas envolvidas para eu me dar ao trabalho de posar de vitima das circunstancias.

- Ele já chegou? - Pergunto pelo meu pai.

Minha intenção é cortar todo esse drama desnecessário, o mal já foi feito, vamos tentar remediar.

- Não.

Minha mãe me abraça, já chorando.

- Faremos de tudo para te tirar dessa situação, o quanto antes querida.

- Está tudo bem mãe. Vamos conversar como adultos e chegar em uma solução como um falso casal.

Tudo bem porra nenhuma! Estou abrindo mão da minha vida, de encontrar alguém por quem eu me apaixone outra vez, ame e queira me casar, estou sacrificando muita coisa, não sei o que vem pela frente, mas estou pronta para encarar.

Dizer a minha mãe que está tudo bem foi só uma forma de que ela se sentisse melhor, por dentro estou destroçada.

Depois de um longo banho, desço para jantar, meu pai vem entrando pela porta da frente, ele está com aspecto cansado, cabisbaixo

Depois de um longo banho, desço para jantar, meu pai vem entrando pela porta da frente, ele está com aspecto cansado, cabisbaixo.

- Oi amor. - Mamãe vai ao seu encontro, o beijando.

É disso que estou abrindo mão, de ter alguém ao meu lado que me ame em qualquer situação.

- Oi Lúcia.

- Não conseguiu nada?

- Não Lúcia, estamos fodidos. - A situação é muito ruim, meu pai nunca fala palavrões. - Não vejo mais saída.

Sinto meu peito se apertar, eu posso ser a solução desse problema, eles já fizeram tanto por mim, porque não posso sacrificar uns dois anos da minha vida por eles?

- Eu tenho a saída. - Digo me aproximando, meu pai me olha curioso.

- Amaya aceitou Paulo, ela aceitou a proposta do Henrique.

Meu pai olha da minha mãe para mim, posso ver muita culpa estampada em seus olhos.

- Você não fez isso, fez Lúcia?

Ele a encarava sério, acho que não passou pela cabeça dele me contar sobre a proposta.

- Eu sei que você não tinha a intenção de falar com ela sobre isso querido. - E assim minha mãe acaba com minha duvida. - Mas eu precisava tentar.

Minha mãe já está aos prantos, meu pai a olha com decepção, ele caminha sala a dentro com as mãos na cabeça.

- Não posso aceitar que minha única filha se case assim! Parece que estou te vendendo!

- Pai? - Seus olhos ao encontrar os meus mostram além das lágrimas a tristeza. - Eu aceitei, eu quero! Está tudo bem.

Ele me abraça com carinho enquanto chora. Sei que aquele choro está guardado a muitos dias, ali tem tantos sentimentos confusos, que não saberia te dizer o que ele mais pesa agora.

- Eu aceitei por que eu quis, a mamãe não me pressionou.

- Eu queria te dizer para não fazermos isso, mas infelizmente filha, não consigo ver outra solução. Será que um dia você poderá me perdoar?

O abraço mais uma vez, com muito carinho, ele não deve se sentir culpado, foi uma escolha minha apenas.

- Vamos no erguer papai, vamos acabar com o Antônio, quero ver aquele desgraçado na cadeia.

- Você tem certeza Amaya? É uma decisão muito séria, depois que eu der minha palavra ao Henrique não poderei voltar atrás.

- Tenho certeza pai.

Ele se afasta pegando o telefone do bolso, sem olhar para mim ou minha mãe ele completa a ligação, no viva-voz. Após o terceiro toque uma voz masculina ecoa do outro lado da linha.

- Boa noite Paulo, que surpresa receber sua ligação.

- Boa Henrique.

Meu pai estava sério, com um tom de voz duro.

- Não me diga que já tem uma resposta para a proposta que eu te fiz?

- Tenho.

- E então? Vou ter o prazer de ter a jovem Amaya como minha nora?

A maneira como meu nome sai de sua boca, é carinhoso, respeitoso, nada que me fizesse ter qualquer tipo de mal estar.

- Minha filha está disposta a fazer o sacrifício.

Uma risada ecoa do outro lado, o tal Henrique levou na brincadeira, se ele visse a cara que meu pai está fazendo não teria motivos para sorrir.

- Eles são jovens Paulo, vão aprender a conviver e quem sabe se amar, já imaginou nossas casas cheia de netos.

- Imaginei muitas vezes Henrique, mas não com a minha princesinha se casando dessa forma. - O silencia que se seguiu foi meio pesado. - Vocês poderiam vir jantar aqui em casa amanhã a noite?

Meu coração pula em meu peito, amanhã? Em menos de vinte quatro horas vou conhecer meu futuro marido!

- Claro que sim, temos muita coisa para discutir, seria bom que nossos filhos se conheçam também.

- Tudo bem então, te espero as oito.

- Boa noite Paulo.

- Boa noite Henrique.

Papai já estava no escritório, parei na porta para ouvir a ligação, ele se senta na cadeira, pega um charuto, passa no nariz de olhos fechados e o ascende, serve uma dose de whisky, dá um longo gole. Ele passa as mãos no cabelos, a única luz acesa é a do abajur, deixando o ambiente muito perturbador.

- Eu sou um merda, um filho da puta que acabou de negociar a própria filha! - Pensei em dar um passo para dentro do escritório, suas próximas palavras me fizeram parar. - Que tipo de pai faz isso? Pede sua filha para se casar com um estranho, por dinheiro?

Viro para sair, daquele lugar, mas não antes de ouvir suas próximas palavras, as que vão me acompanhar por muito tempo.

- Minha única filha, vai se casar com um playboy folgado, eu tentei tantas soluções e nada deu certo, o desespero é inimigo de um homem.