Capítulo 5 Quase voltando

Depois de falarem que estava tudo bem com os meus pulmões e eu voltar para o quarto, ouvi alguém conversando sobre a possibilidade de alta do hospital, minha mãe estava comigo nesse dia. Fiquei muito feliz, ia poder voltar para casa e descobrir o que eu deixei para trás. No hospital, eu tinha uma vizinha de baia que estava cuidando da mãe dela, ela se chamava Helena e ela fazia adesivos de unha, por esses dias ela falou que iria pintar as minhas unhas, mas o regulamento do hospital é de não cobrir as unhas com alguma cor.

- Manu, eu vou passar uma cor bem clara e colocar um adesivo nas suas unhas, porque o hospital não aceitar pintar as unhas coloridas. - Helena disse.

- Tudo bem Helena, não tem problema.

Depois que ela terminou, ela me perguntou curiosa.

- Gostou Manu? - A Helena perguntou.

- Gostei sim, muito obrigada.

- Eu vou te dar mais alguns adesivos desses, pra você levar e quando você for fazer a unha, pode usar.

Estava feliz com o carinho e com a atenção que recebi dela. No outro dia meu pai estava comigo e eu tive que ir fazer raio x do meu pulso e do tornozelo. Depois do raio x, quando pegaram os resultados, meu pulso e meu tornozelo estavam tortos, a calcificação se deu de maneira incorreta, ou seja, algum dia ia doer.

Quando voltei para o quarto eu perguntei para meu pai se era verdade que eu iria ganhar alta.

- Pai, eu vou ganhar alta? - Perguntei animada

- Eu não tenho certeza, mas pelo jeito vai sim.

- Aí que bom, pelo menos vai acabar todos esses procedimentos, essas injeções.

- Mas calma que ainda falta muitas coisas ainda, você ainda tá na sonda de alimentação e não pode ir para casa com ela.

- Verdade.

Se passou um bom tempo e algumas trocas ocorreram entre os meus pais. Várias coisas acontecendo e tudo ao meu redor avançava mais rápido do que eu poderia acompanhar.

Faltava um pouco mais de uma semana para completar um mês no quarto, vieram retirar a minha sonda de alimentação. As coisas evoluem, após arrancar a sonda de alimentação uma vez, sendo que eu já estava acordada, lembro de me amarrarem na cama, não sei se o motivo era por causa da sonda, é tudo confuso, ainda mais agora, eu estava recebendo a noticia de que teria que aprender a me alimentar novamente, até ai tudo bem, eu não sabia que seria tão difícil, tiraram a sonda do meu nariz com a alimentação e aprender a mastigar e a engolir sem me engasgar, ocorreu várias vezes, mas como eu ainda possuía a traqueostomia era fácil, era só abrir ela que eu conseguiria expelir o alimento facilmente.

- Manuela.

Minha mãe se levantou e disse:

- Aqui.

- Nós vamos remover a sonda de alimentação e a partir de agora ela vai receber as refeições normalmente do hospital.

- Tudo bem.

Minha mãe e meu pai eram acompanhantes obrigatórios, no geral as pessoas que poderiam se cuidar sozinhas não poderiam ter acompanhante. Eu não conseguia nem me comunicar direito, quem me dera me cuidar, eu ainda me senti na UTI só que dessa vez acordada. Porque eu continuava a usar fralda, eu não saia do quarto e estava fralda e estava toda ligada em tubos.

Assim como eu estava recebendo alimentação do hospital, me tratavam na boca como um bebe, porque um braço estava engessado e o outro não tinha coordenação o suficiente para pegar a colher, eu também comecei a fazer uns rolês se cadeira de rodas pelo hospital, porque eu tinha que evitar que o liquido se acumulasse na cavidade dorsal, então deveria ficar menos deitada, eu engasguei uma vez no hospital e não conseguia respirar, uma enfermeira que estava no quarto foi até a minha baia e tirou a tampa da traqueostomia para que o alimento saísse e eu pudesse voltar a respirar.

- Manuela? - A enfermeira perguntou.

- Aqui. - Minha mãe se levantou.

- Vamos tirar o gesso do seu braço e da sua perna e ver como esta.

- Ok. - Eu respondi sem muita reação.

Eles cortaram o gesso do meu braço e da minha perna, os dois estavam tortos, ou seja, a calcificação se deu de maneira incorreta.

- Depois você vai passar pelo ortopedista para que ele avalie as suas calcificações. - Disse a enfermeira.

- Tudo bem. - Respondeu a minha mãe.

Voltei para o quarto e como sempre eu dormi, esta estadia no hospital só me fazia dormir, ainda não sei bem o porque, talvez fossem os remédios que nunca acabavam, ou o soro que eu sempre estava recebendo, poderia ter algum medicamento junto. Fui acordada porque o ortopedista estava ali para me ver, ele olhou o meu pulso e tornozelo, percebeu o que todos já tinham visto, que estava torto.

- Vamos precisar realizar acompanhamento durante algum tempo para ver se vai sentir dor no pulso e tornozelo. - O ortopedista disse.

- Tudo bem, daqui quando tempo ela precisará retornar para ver como esta indo? - Meu pai disse.

- Daqui a um mês.

No meu pensamento eu estava acreditando que ficaria mais um mês no hospital para poder fazer o acompanhamento com o ortopedista, assim como com todos os outros médicos que me acompanhavam, eu já estava ficando sem paciência, meu humor não estava dos melhores, queria ir embora e não voltar nunca mais.

* 2 dias antes *

Eu acordei e passei por mais alguns exames de rotina e para verificar o meu estado e como andavam os meus progressos, deu tudo certo. Porém, eu retirei o gesso do pulso e da perna direita, me levaram para colocar gesso na perna esquerda, porque o meu tendão estava curto e precisava voltar de alguma maneira.

* 1 dia antes *

Passei por alguns check-ups médicos e nesse dia recebi a noticia de que amanhã eu ganharia alta e que poderia ir para casa, eu não sabia o que me esperava e nem como eram as pessoas da minha família e ao meu redor, fiquei um pouco com medo, mas acabei me lembrando que a minha madrinha veio me visitar com meus primos, meus colegas de serviço, meus irmãos e tantas pessoas, eu acreditava que era uma pessoa querida, sendo assim, eu não precisava ter medo de como as pessoas me tratariam.

                         

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