Capítulo 4 Anulem os papéis do divórcio

Patricia nunca foi próxima do pai, nem mesmo quando criança. Por essa razão, ela pensava que o homem era indiferente a ela, mas agora, ouvi-lo falar dela como se ela fosse um objeto, fez seu coração doer.

Parecia que não havia ninguém no mundo que realmente se importasse com ela ou seus sentimentos.

Com um sorriso amargo nos lábios, a jovem se virou para ir embora, mas seu pai a pegou pelo pulso e disse: "Vamos até a casa da família Reynolds e pedir a eles que resolvam esse assunto. Eu quero ver se eles têm coragem de te deixar sem sua parte da propriedade."

Os lábios de Patricia franziram em desgosto. Ela queria se livrar da mão daquele homem, mas seu aperto era muito forte.

Yolanda, que também havia se levantado, correu. "Querido, não pressione Patty. Tenho certeza que ela já se sente mal com isso. Vamos discutir isso mais tarde, está bem?"

"Não aja tão falsamente nem se envolva nisso", Patricia respondeu asperamente. Ela ficou ainda mais chateada depois de ouvir as palavras de Yolanda. Ela estava farta de aturar as travessuras daquela mulher.

"O que você disse? Você tem coragem de dizer isso de novo? Ela é sua mãe! Como você ousa falar assim com ela?" Sullivan estava tremendo de raiva. Ele já estava zangado com a filha, mas ela tinha ido longe demais ao atacar sua esposa, então agora ele a estava olhando como se ela fosse sua inimiga.

"Solte-me! Posso cuidar dos meus negócios sozinha. Não é da sua conta", sua filha rugiu, impaciente.

"O que não é da minha conta? Você acha que estaria nesta casa agora se eu pensasse que seu assunto não era da minha conta? Sempre me importei com você. Mas e você? Qual é o seu papel nesta família? Tudo o que você faz é causar problemas!"

Quanto mais Sullivan pensava no passado, mais furioso se sentia. "Deixe-me dizer uma coisa, Patricia. Se não fosse por você, meu pai não teria falecido! Foi você quem o matou!"

Com a menção de seu avô, a determinação da garota entrou em colapso.

O rosto daquele homem apareceu instantaneamente em sua mente, como se ela o tivesse visto ontem. Quando ela era criança, seus pais se divorciaram e sua mãe foi forçada a deixar a família. Depois disso, Patricia passou a passar a maior parte do tempo com o avô. Os dois faziam companhia, mas não muito depois, ele faleceu.

Ela passou dias inteiros chorando e implorando para que ele voltasse, o que levou toda a família a culpá-la, por acharem que ela era a responsável por não perceber a tempo a doença que o afligia.

Na época, Patricia tinha apenas seis anos. Já era ruim o suficiente ela ter perdido a pessoa mais próxima a ela, mas também, toda a sua família a tratava como um monstro. Ela chorava impotente, mas ninguém se importava com ela. Ao contrário, eles simplesmente a acusaram, transformando uma garotinha inocente em uma vilã imperdoável.

Mesmo agora ela sentia tanto a falta de seu avô que, com sua menção, seus olhos imediatamente ficaram vermelhos de lágrimas. Além disso, ela se sentiu magoada com a acusação injusta de seu pai.

"Me solte agora!" Foi a primeira vez que sua voz se elevou tanto.

Desta vez, ela usou toda a sua força e finalmente se libertou de seu aperto. Com as lágrimas turvando sua visão, ela se virou e correu para a porta como se estivesse fugindo.

Cada vez que alguém mencionava a morte de seu avô, ela se sentia tão sufocada que não podia fazer nada além de fugir.

Ela estava tão emocionada que mal conseguia ver nada à sua frente. Ao chegar à porta, ela colidiu com o peito de um homem alto.

Patricia, confusa, levantou a cabeça para olhar para a pessoa que estava diante dela e mesmo que as lágrimas a impedissem de ver claramente, ela o reconheceu imediatamente.

Ela rapidamente deu um passo para trás, desejando poder desaparecer no local.

Sob nenhuma circunstância ela gostaria que ele a visse em tal estado logo após o divórcio.

Porém, assim que ela deu um passo para tentar fugir, Zac a agarrou pelo pulso e a impediu. "Aonde você vai?"

Seu tom de voz era baixo, mas parecia misturado com um toque de pena e cordialidade, o que fez a jovem olhar para ele rapidamente. Queria saber se era apenas uma ilusão ou se era realidade.

No entanto, ao ver a indiferença em suas feições, sentiu a necessidade de se esbofetear.

Era ele quem queria o divórcio, por que ele sentiria pena dela agora?

"Você esqueceu algumas de suas coisas." Por outro lado, Zac carregava uma mala com os pertences que Patricia havia deixado na casa da família Reynolds.

De repente, Patricia sentiu uma onda de calor envolver seu coração. Era óbvio que ele trouxe suas coisas porque não queria tê-las em casa, mas por que Patricia se sentia tão confortável e relaxada com a mão dele em seu pulso?

'Patricia, você está realmente tão desesperada por amor?', ela se perguntou com um sorriso amargo no rosto. Logo, ela recuperou a compostura e olhou para ele. "Obrigada. Você pode ir agora."

Vendo as lágrimas em seu rosto, Zac experimentou uma sensação indescritível invadi-lo. Era algo parecido com arrependimento, misturado com simpatia.

Os lindos olhos de Patricia estavam vermelhos como os de um coelho e seus cílios estavam molhados de lágrimas. Mesmo o sorriso que esticava os cantos de sua boca deixaria qualquer pessoa inexplicavelmente triste.

"Você...".

Quando ele abriu a boca para falar, foi interrompido por Sullivan, que se apressou. "Zac, o que você está fazendo aqui? Entre."

Assim que o homem viu seu ex-genro, ele mudou imediatamente de atitude. Não havia raiva em seu tom ou em sua expressão. Alguns momentos atrás, quando o nome do jovem surgiu na sala de estar, ele cerrou os dentes de fúria, mas agora estava sorrindo feliz para ele.

Zac, no entanto, ainda estava de olho em Patricia. Ele nem mesmo ergueu a cabeça, muito menos deu qualquer sinal de reconhecer a existência do senhor.

"Zac?", ele o chamou novamente, agora incomodado e envergonhado.

Só então ele atraiu sua atenção e o fez se virar para ele. "Vim trazer algumas coisas para a sua filha. Nós nos divorciamos."

Enquanto falava, ele olhou para a ex-esposa como se também estivesse falando com ela.

Embora Sullivan já soubesse de seu divórcio, ele não ficou feliz em ouvir essa resposta, especialmente depois de tentar convidá-lo para entrar. No entanto, ele não se atreveu a ofendê-lo diretamente. Após um momento de hesitação, ele continuou a perguntar com um sorriso: "E por que vocês se divorciaram? É normal que um casal tenha problemas, mas não devem se separar tão repentinamente. Não há nada que não possa ser resolvido conversando. Não é grande coisa, basta ir ao Escritório de Assuntos Civis e anular os papéis do divórcio."

"Já está decidido." Zac respondeu lentamente e olhando em seus olhos.

Enquanto os dois conversavam, Patricia aproveitou a oportunidade para se livrar das garras do homem. Percebendo que sua mão estava vazia, Zac se moveu, mas imediatamente desviou o olhar. Patricia não tinha mais nada a ver com ele, então por que ele se intrometeria em seus assuntos?

Sem olhar para trás, a jovem se retirou rapidamente.

Ela não queria ouvir a conversa, então acelerou o passo. No entanto, ela não podia ignorar suas palavras e suas lágrimas caíram ainda mais violentamente.

Quando chegou à porta da casa da família Sampson, tudo ao seu redor escureceu e ela desmaiou.

A mansão estava cheia de pessoas, incluindo crianças de todas as famílias ricas e poderosas da cidade Flando.

Uma menina de seis anos estava sentada à beira da piscina, com o queixo apoiado nas mãos enquanto observava outras crianças de sua idade brincando na água. Em comparação com as roupas de grife que os outros usavam, suas roupas eram baratas e comuns.

A garota não tinha traços delicados, mas ainda era bonita e agradável aos olhos. Ela observava as crianças brincar, com inveja e desejo em seus olhos. Ela queria ir para a piscina também, mas não tinha maiô.