Capítulo 4 Pensamentos

O dia havia amanhecido nublado, o tempo estava um pouco gelado, não iria dar para trabalhar no jardim, arrumei a casa e tomei um café da manhã, resolvi que hoje não seria dia de ficar com o celular, deixei ele afastado.

Caminhei até meu ateliê e peguei algumas peças um caderno e lápis, queria conseguir começar a preparar a nova coleção da loja, era algo que me distraia muito e era tudo que eu precisava naquele momento. Eu estava com uma calça de moletom e uma camiseta branca colada no corpo, fiz um rabo de cavalo bem alto e sentei no tapete da sala para começar.

Espalhei algumas amostras de tecido e comecei a fazer alguns esboços, mas eles pareciam sem vida faltava algo, misturei estampas costurei retalhos mas nada estava fluindo acho que minha cabeça estava muito cheia, eu deveria me dar um tempo. Achei melhor parar por ali, tinha que me distrair talvez a inspiração voltasse mais tarde. Levantei e fui para o quarto trocar de roupa. Coloquei uma calça jeans clara, uma blusa soltinha, um tênis e soltei o cabelo. Estava na hora de sair um pouco. Peguei minha bolsa e fui para o carro.

Sophi ficou me olhando pela janela enquanto eu ia. Resolvi dar um passeio pelo parque, como estava frio não teria muitas pessoas por ali naquele dia. Chegando la sentei em um dos banquinhos e fiquei olhando a paisagem, estava tudo tão tranquilo, havia um lindo campo com algumas arvores, e uma brisa suave, eu precisava daquilo. Fiquei sentada ali por algumas horas só relaxando. Levante depois algum tempo e fui procurar algum lugar para eu almoçar. Vi um restaurante que Artu adorava pensei em ir lá, mas mudei de ideia, queria ir a algum lugar diferente.

Fiquei andando pela cidade até que encontrei um que parecia ser bem acolhedor. Entrei para ver como era.

O ambiente era grande, diferente do que parecia por fora, as mesas eram redondas e tinham toalhas brancas. As cortinas eram estampadas com flores bem clarinhas. Havia pequenas jarrinhas com arranjos nas mesas. Um lugar era um encanto, me sentei em uma mesa perto da janela, que era toda de vidro. Uma garçonete veio até mim.

-Ola boa tarde, este é o cardápio daqui a pouco volto para pegar o seu pedido – deu um sorriso.

- Muito obrigada – eu retribui o gesto. Fiquei observando o lugar não havia muitos clientes, acho que como eu, todas as outras pessoas estavam subestimando o lugar pela sua aparência de fora. O cardápio havia escolhas bem interessantes resolvi provar um prato diferente. Não demorou muito e garçonete voltou.

- Já escolheu senhorita?

-Sim vou querer este. - levantei a cabeça para respondê-la.

-Mas alguma coisa?

-Sim quero uma água com gás. Ela se retirou e eu retomei aos meus pensamentos, como aquele dia estava sendo agradável sem nenhuma surpresa ou algo do tipo, nada para me preocupar. Fiquei observando pela janela as pessoas andando, os pequenos detalhes das coisas, e não demorou meu pedido chegou.

-Aqui está o seu pedido senhorita – me serviu.

-Muito obrigada. - o prato estava com uma cara muito boa, aumentou meu apetite. Provei a comida e era maravilhoso, um gosto muito diferente um pouco picante e a textura era macia, comi bem devagar para aproveitar ao máximo cada pedacinho. Terminei de comer e segui para o caixa, era um senhor que atendia estava com um sorriso no rosto.

-Boa tarde a senhorita foi bem atendida? - Se inclinou para frente enquanto perguntava.

- Fui sim, e estava tudo ótimo. - Dei um sorriso. Retirei o dinheiro da carteira e paguei o senhor.

-Tenha uma boa tarde. - falou enquanto eu saia, olhei para ele e assenti com a cabeça e um sorriso. Fui para o meu carro que não estava distante dali, na rua passei por um rosto familiar, mas não me lembrava de onde era, a pessoa também olhou para mim, mas segui até o meu carro.

Entrei nele e peguei meu celular, havia algumas mensagens, mas resolvi abrir só depois. Liguei o carro e fui para casa. Chegando deixei a bolsa na mesa e fui tomar um banho, enchi a banheira e coloquei alguns sais de banho e aromatizantes, enquanto enchia fui ate a cozinha alimentar Sophi. Voltei para o banheiro me despi e entrei na banheira, deitei e fiquei relaxando por algumas horas, tinha colocado algumas musicas para tocar pelo celular, então tocou Shape of you, meu pensamentos voltaram para o casamento no momento da dança com Gustavo, e depois no beijo como tinha sido boa as lembranças que me trouxe algumas sensações mas também lembrei de Artu, balancei a cabeça para acabar com os pensamentos.

E meio a pensamentos adormeci. Acordei um pouco desorientada já estava ficando enrugada, levantei da banheira e peguei o meu roupão, nesse momento a minha campainha tocou quem será que era? Dei uma ajeitada no cabelo um nó no laço do roupão e fui atender. Quando abri a porta era minha mãe com varias sacolas.

-Oi minha filha, mamãe trouxe algumas coisinhas

- Me deu um abraço e já foi andando para a cozinha.

- Oi mãe, o que a senhora faz aqui?

- Uéh vim visitar a minha filhinha. – colocou as sacolas na pia, e eu sorri para ela.

-Sua prima Leila falou que te viu ontem- me deu uma olhada, será o que Leila falou?

-Esta tudo bem entre você e Artu? Ela disse que você não estava com uma cara muito boa.

- Não mãe imagina, foi impressão dela esta tudo bem entre nós – ela sabia que era mentira eu também não conseguia esconder as coisas dela.

- Tem certeza?

-Sim, tenho, vamos trocar de assunto, fiquei sabendo que finalmente a viajem vai sair, a tão sonhada viajem. – ela sorriu

- É vai sim, e seu pai está muito ansioso, quero que tudo de certo.

-Vai dar mãe não precisa se preocupar. – Acariciei os braços dela. Ela veio e me abraçou, um abraço apertado, eu estava com saudade daquilo, queria falar tudo que estava acontecendo para ela, mas acho que não ia conseguir, preferia guardar aquilo para mim, fiquei alguns minutos abraçada nela.

- Filha você sabe que pode me contar as coisas, vou esta sempre aqui para te ajudar em tudo.

- Eu sei mãe e muito obrigada por isso.- Olhei para o rosto dela, e me afastei um pouco.

-Então o que vamos fazer de gostoso hoje? Ela tirou alguns ingredientes de torta para fora, e logo abri um sorriso.

-Torta de morango?

-Acertou.- pegou a bandeja de morangos.

-Enquanto a senhora tira as coisas para fora eu vou me trocar. - Fui para o quarto e peguei algumas roupas e me troquei, dei uma olhada no celular e resolvi ver as mensagens. Tinha uma do Gustavo.

-Boa tarde Ana, não esquece de passar o endereço para te buscar, caso não queira, marcamos de nos encontrar em algum lugar. Bjs

Respondi ele mandando meu endereço. Tinha uma do Artu também, mas eu estava com medo de abrir, será que era o que? Então apertei de olhos fechados.

-Bom dia Ana espero que tenha dormido bem- era apenas isso, ele tinha me mandado essa mensagem cedo e eu ainda não tinha respondido.

-Boa tarde Artu, dormi bem e você? Desculpa só responder agora, respondi como se tudo estivesse bem. Coloquei o celular em cima da cama e voltei para a cozinha.

- Venha filha me ajude aqui.

-Claro mãe.- lavei as mão para começarmos.

-Sua prima já te contou para onde vamos?

- Ainda não aonde é?

- Vamos para Paris – deu um largo sorriso, esse era o sonho dela.

-Nossa mãe, que legal estou muito feliz – dei um abraço nela.

-Acho que seu pai quer me fazer uma surpresa então você não pode contar para ele que eu já sei. – soltei uma gargalhada, logo depois dela.

- Nossa mãe, assim não tem graça, quem te contou?

- Foi sua prima, mas sem querer. Ela deixou escapar enquanto falava sobre você e Artu naquela noite.- Aeh aquela noite, quando quase nos beijamos e depois nos beijamos isso era um pouco confuso.

- Entendi. Mas então vamos agilizar esta torta- falei tentando trocar de assunto.

-Vamos lá.- se virou e colocou alguns morangos na travessa de vidro. Depois de misturarmos alguns ingredientes a levamos ao forno. E fomos para a sala assistir TV. Estava passando um programa de show de talentos que ela adorava, e ficamos assistindo juntas. Lembrei do meu celular no quarto, levantei e fui pegar. Havia mais mensagens de Artu e Gustavo. Ai meu coração. Abri a do Gustavo primeiro. -Então está bem, te pego ai amanhã. -😉 - só mandei uma carinha piscando. E depois a de Artu.

- espero que nada mude entre nós depois de nosso... - Por quê três pontinhos? Ele poderia ter falado beijo, nós dois já éramos adultos não precisávamos ficar neste joguinho.

- claro que não vai mudar. Não se preocupe. Chega disso melhor voltar para a sala. Minha mãe estava de pé falando no telefone sorrindo, então não quis interrompe-la e fui ver como estava a torta, estava quase pronta. Minha mãe ainda continuava no telefone, será com quem ela estava falando?

-Sabia que sua prima Karina vai casar?

- Não sabia não.

- Ela pediu para te avisar que quer você como madrinha dela. – deu um largo sorriso.

-Serio que surpresa, e quem vai entrar comigo?

-Ela disse que você pode escolher. – na hora pensei em Artu, ele adorava essas coisas, mas acho que não era a melhor opção no momento, outra hora eu via isso.

-Hum interessante. Ela pegou um pano e retirou a torta do forno. -Esta pronta. A torta estava enorme, e com uma cara muito boa.

- Então minha filha como andam seus relacionamentos?

- Então.. tenho um encontro amanhã.

- E quem é o felizardo posso saber?

- lembra do Gustavo, aquele que eu fui no baile do ensino médio é ele.- olhei com um sorriso bobo para ela.

- Sério minha filha, e como que vocês conseguiram se encontrar outra vez?

- Foi no casamento de Gabi, ele também estava lá. – minha mãe ficou pensativa, ela nunca soube o por que eu e Gabi tínhamos parado de nos falar.

- Hum, tinha me esquecido desse casamento. Mas que bom para você, tomara que dê tudo certo. Confesso que no fundo torcia por você e Artu- deu uma risada. Olhei para ela sem graça, mal sabia o que tinha acontecido na noite anterior, mas isso era história para outra hora. Antes que eu falasse alguma coisa o telefone dela tocou outra vez. Ela se retirou da mesa e ficou perto da porta que dava para varanda. E depois retornou.

- Minha filha vou ter que ir agora, me desculpe, seu pai está precisando de ajuda para ver alguns papéis de locação de imóveis.

Meu pai tinha uma empresa imobiliárias e aquilo ocupava quase todo o seu dia e minha mãe ajudava, por isso que precisavam tanto de umas férias.

- Que isso mãe sem problemas, leva um pedaço de torta para ele. Ela pegou e colocou em um potinho, eu a acompanhei até a porta e nos despedimos. Outra vez eu estava só, arrumei a cozinha peguei um pedaço de torta e fui para o quarto. Deitei na cama e Sophi deitou ao meu lado. Peguei meu celular para ver se tinha algo. Nada. Comi o meu pedaço de torta e adormeci pensando como seria o dia seguinte.

            
            

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