Ofeguei, meu rosto pegando fogo, quando ele se afastou com um olhar presunçoso, a arrogância vazando dos olhos.
"Você é o bom, não é Connor, todas te querem?", quase escapou da minha garganta desavisadamente, mas engoli cada palavra.
"Pegajosa, Karen", essa ideia tinha que se fixar na minha mente.
Enlacei o pescoço dele e beijei seu queixo, seus lábios levemente e rocei meus lábios na orelha dele.
"Estou com fome, querido", fiz olhos de cachorrinho enquanto o olhava com a cabeça inclinada.
Que eu saiba essa é a performance da mulher grudenta e inútil.
Connor me olhou confuso. Só faltou gritar "quem é você?"
Me dei um tapinha nas minhas próprias costas, "boa Karen". Esse idiota não te conhece, então ele não tem como saber que é uma performance. Ter que conviver com aquelas socialites insuportáveis que fazem vozinhas de criança e piscam grandes olhos como cachorrinhos para os homens, que eu tanto desprezo, afinal mostrou o seu valor, afinal tudo na vida é útil.
Rocei meu nariz no dele de leve e encarei seus lábios.
"Então... você gosta de mim?", ele levantou uma sobrancelha me encarando.
"Quem não gostaria, querido? Você é tão bonito!", essa eu tirei do baú! Vi em um filme piegas e minha mente guardou.
"Bom, então não vai ser difícil fazer a vontade da minha mãe, não é?", ele colocou a mão na minha cintura me olhando.
Senti que todo o sangue do meu corpo traidor foi parar no meu rosto e por instinto baixei a cabeça para ocultar meu rosto pegando fogo.
"Não imaginei que você fosse tímida, querida", disse ele me devolvendo o infame 'honey'.
Quase gritei: "Eu também não pensei seu idiota!!! Essa conversa estranha está me deixando desconfortável porque você é um estranho total!", mas suprimi minha insatisfação dentro de mim e me calei.
CONNOR
Essa mulher é diferente, para dizer o mínimo.
Primeiro é feroz, depois sensual, depois garotinha, depois pegajosa. Agora parece uma garotinha apaixonada.
Vejo o rubor no rosto dela até a raiz dos cabelos. Acho que sexo não é corriqueiro para ela, isso é bom. Pelo que o Joe levantou ela teve um namorado. Não ia gostar de ter um filho com uma mulher que tivesse um ex em cada esquina.
Ela me olha lamentável, erguendo as sobrancelhas. Ela é bonita, muito bonita, linda mesmo. Melhor que muitas das modelos com quem já estive. Agora ela parece fofa e delicada, nada como aquela fera de pouco tempo atrás.
A beijei no pescoço para provocá-la mais um pouco.
"Porque você não vai se refrescar um pouco e vamos comer alguma coisa?", digo olhando para a expressão dela.
"Boa", ela responde e levanta imediatamente olhando em volta. "Onde é o toilet?", ela vira e me olha inquisitivamente, com uma expressão totalmente diferente da que usava antes.
Aponto e ela vai para o banheiro rapidamente.
Sorrio. Quantas cartas tem essa mulher. Vamos ver quantas personalidades tem Karen Reinmann. Pelo menos ela não é chata.
Afundo nos meus pensamentos. Fiquei surpreso quando a senti no meu colo. Não estava esperando. Quando uma mulher me agarrou no escritório? Nunca! Ninguém nunca ousou fazer a metade...nada do que a Karen fez essa tarde.
Já estive com mulheres, não sou criança, mas eu escolhi e dei as cartas, ninguém se aproximou e me tocou sem permissão. Essa mulher até me chamou de Connor e querido. Isso depois de me insultar! Verdade! Ela disse que eu "dava para o gasto". E a mesma mulher agora me chama de querido!
"Joe", chamo pelo telefone.
Virei querido depois de ela ver os livros? Então essa Srta. Reinmann é gananciosa?]
"Ela viu os livros? O que ela disse?", quero entender.
"Não, ela não viu. Ela pediu, mas desistiu depois", Joe diz.
"O que ela perguntou?", ainda não entendi.
"Bem...", Joe engasga.
"Cuspa Joe!", me irrita esse tipo de coisa, parece que vou mandar matar qualquer um a qualquer momento!
"Ela perguntou se você era excêntrico e sobre a empresa", Joe disse depressa.
"Só isso? Se eu sou doido e sobre a empresa? Apenas isso?", continuo o interrogatório.
"Só isso. Depois ela pensou um pouco e quis ir para o seu escritório", Joe responde em voz plana que me deixa satisfeito. O que ele sabe é isso.
Meu olhar se volta para a mulher saindo do banheiro. Ela prendeu o cabelo em um coque apertado, arrumou o batom e anda ereta, olhando de cima com seus olhos azuis esverdeados. Realmente combina com o terno bege camurça e os saltos que ela usa. Ela é uma alta executiva da R&R. A empresa está arruinada, mas não foi a gestão dela que fez isso. Pela pesquisa do Joe, na verdade, na subsidiária em que estava, houveram bons resultados. Ela foi uma estudante exemplar, então não preciso me preocupar de gerar alguém deficiente em QI. Beleza, também tem o requisito bem preenchido. Com certeza não vou ficar triste por ficar com ela. Aliás, nunca pensei nisso, mas não ter que sair para caçar e ter uma boa esposa em casa me esperando pode não ser uma má ideia.
Ela para em frente à minha mesa e percebo meus olhos fixos nela.
De repente um brilho fugaz brilha nos olhos dela quando nossos olhos se encontram e a postura dela se inclina, quando coloca as mãos na minha mesa, me olhando nos olhos.
"Podemos ir agora? Realmente estou com muita fome...", ela diz baixinho, fazendo biquinho, olhos lamentáveis.
Tenho que sorrir, mesmo tentando manter uma fachada fria, não é possível ver uma alta executiva que saiu do banheiro andando alta como a realeza e um olhar afiado como o de uma águia fazer uma performance de garotinha doce.
Não que a performance seja ruim, na verdade é ótima, mas ninguém na minha posição chegou aqui de graça.
"Vamos lá", levanto e sigo para a porta quando sinto dedos macios segurando meu braço.
Sim ela está segurando o meu braço como aquelas socialites gostam de fazer, se grudando no marido. Tenho que manter contido o desejo de empurrar. Enquanto esperamos o elevador ela se inclina e apoia a cabeça no meu ombro.
Ela é boa, tenho que admitir o desgosto, mas quero ver onde tudo isso chega e permito os avanços dela.
A porta do elevador se abre e quando chegamos ao térreo vejo que o elevador não chega ao subsolo. Lembro que Joe deve ter pedido para a segurança impedir o acesso pela forma que ela foi trazida aqui, para que não houvessem testemunhas.
Peço à recepção que me mande o motorista e mando uma mensagem para o Joe para consertar o elevador.
Enquanto esperamos, me desculpo com Karen pela forma que ela foi trazida aqui, lembrado pelo fato do elevador.
Ela arregala os olhos e inclina a cabeça me olhando seriamente.
A seguir ela põe a mão macia no meu rosto e diz apenas: "Tudo bem".
Performance de novo. Sorrio. Gostaria de saber a carta que ela está jogando.
Olho para a mulher ao meu lado, grudada no meu braço e que olha sem expressão para a rua.
"Querida, o que você quer comer?", pergunto.
"Frutos do mar", ela sorri docemente para mim, os olhos brilhando e pela primeira vez sinto que é real.
Ligo para um restaurante da nossa rede. Estamos a meio caminho entre o almoço e o jantar e alguém tem que fazer a comida especialmente.
O motorista segue imediatamente para o restaurante, entramos em meu box privado e sentamos lado a lado.
Imediatamente é trazido chá, suco e limões. Eles já me conhecem bem. Álcool só à noite.
Observo enquanto ela se serve de chá de forma delicada e elegante. Ela tem maneiras aristocráticas, mesmo vindo de uma família não tão nobre. Na verdade, mandei Joe investigar ela principalmente e não a família dela. Preciso lembrar disso depois.
Ela me olha de repente, parecendo lembrar de alguma coisa.
"Me desculpe, querido! Você quer chá também?", ela fala devagar e baixinho de forma sedutora e me olha com olhos de adoração, como uma criança.
Pigarreio e sorrio. Essa eu tenho que responder à altura.
"Karen, se você falar comigo de novo nesse tom, com certeza minha mãe vai estar muito feliz depois dessa noite", levanto uma sobrancelha e sorrio maliciosamente para ela.
Ela de repente suspira fundo e se endireita na cadeira. Muitas expressões passam pelo rosto dela. Os lábios se franziram, o maxilar endureceu e os olhos se estreitaram em um indício de desgosto. Então, do canto do meu olho percebi ela respirar e se recompor, sorrir e voltar ao jogo. Essa garota é dura!
"Você não vai me servir o chá?", eu provoco mais um pouco.
"Não, não tem necessidade", ela olhou para longe com um sorriso plano.
"Mas eu quero", insisti na provocação.
Os olhos dela me fulminaram e pude ver uma fúria assassina neles por um momento. Então, ela se recobrou e sorriu docemente.
"Qual você quer?", a voz era baixa e contida.
"Esse", apontei um qualquer, afinal todos no restaurante já conheciam minhas preferências.
Ela preparou com os seus dedos finos e elegantes e me entregou a xícara.