Correntes da Ilusão
img img Correntes da Ilusão img Capítulo 4 Férias
4
Capítulo 8 Inveja img
Capítulo 9 Garotas Como eu São Tolas... img
Capítulo 10 Passeio no Centro img
Capítulo 11 Hoje não é o meu dia img
Capítulo 12 Uma Boneca de Porcelana img
Capítulo 13 Uma pantera img
Capítulo 14 Sangue nas mãos img
Capítulo 15 Assassinato img
Capítulo 16 Como um lobo img
Capítulo 17 Interrogatório img
Capítulo 18 Ninguém se deu conta img
Capítulo 19 O Assassinato da faxineira img
Capítulo 20 Desaforo img
Capítulo 21 Desconfiança img
Capítulo 22 Idiota mais linda img
Capítulo 23 Como chegaram a tal ponto img
Capítulo 24 Hora de dar um basta img
Capítulo 25 Todos são suspeitos img
Capítulo 26 Quem img
img
  /  1
img

Capítulo 4 Férias

Sábado de manhã, o detetive Luís Oliveira conversava com seu parceiro, o detetive André Gonçalves, a quem tinha se oferecido para dar uma carona até a rodoviária.

- Vai mesmo se enfiar no meio do mato? Quer mesmo o cheiro de bosta de vaca e barulho de grilo em vez do doce perfume da fumaça dos ônibus e barulho de tiro? Aposto que não vai aguentar nem uma semana! - Disse Luís rindo.

- Gosto do campo, chefe, e estou precisando de férias.

- Todos nós estamos. - Concordou Luís. - Está levando sua caixinha de fósforos ou vai ficar incomunicável?

Luís sempre se referia ao celular de André como "caixinha de fósforos" por ser um modelo pequeno muito antigo.

- Estou levando sim, mas de qualquer modo, tem telefone na pensão, chefe. Você fala como se eu estivesse indo para uma caverna.

Os dois riram descontraídos.

- Designaram o detetive Anderson Martins para trabalhar comigo até você voltar. - Disse Luís mudando de assunto.

- Ele é gente boa, já trabalhamos com ele antes. - Comentou André, e perguntou: - E o Ferreira, como está o caso do sumiço das drogas, chefe?

- Chamaram ele de volta ao caso, parece que tem cocaína rolando por aí de fonte desconhecida, aquele não foi o primeiro carregamento que desapareceu, não. Em outras cidades tem acontecido algo semelhante e os próprios traficantes dos morros estão querendo meter a mão nos responsáveis. Não encontram nada, e ninguém das ruas diz coisa alguma. Não sabemos como é distribuída ou transportada.

- Nunca gostei de trabalhar com narcóticos, sempre caçam os revendedores nas favelas, mas nunca vejo fecharem fábricas ou prenderem os peixes grandes. Queria um dia ter a oportunidade de pegar uns tubarões do tráfico ou milicianos.

- Pensamos do mesmo jeito, André. Um assassinato é um crime mais simples. O cara mata e a gente pega ele, sempre que possível. A escolha de matar ou não é do assassino, só precisamos prendê-lo. Mas as drogas, se você pega um traficante no morro, ele logo é substituído por outro moleque e o chefão do comércio de drogas continua solto e ninguém se pergunta quem é ou onde está.

André concordou com a cabeça e em seguida olhou as horas. Uma voz foi ouvida avisando que o ônibus de viagem estava a disposição para o embarque. André e Luís se despediram.

- Vai lá, cara, vê se descansa e aproveita a viagem!

- Valeu chefe! Se cuida e manda um abraço para a Dona Encrenca!.

A perspectiva de uma longa viagem de cinco horas com apenas uma parada não era das melhores, mas ele estava tão cansado que dormiu a maior parte do caminho. André chegou à pequena cidade de Nossa Senhora de Lurdes sem nenhum contratempo.

Ele saiu do ônibus e se espreguiçou, esticando os membros que estavam dormentes pelas horas que passou na mesma posição. Estava com sede, o dia estava quente e ensolarado, mesmo com a aproximação do inverno. Olhou em volta satisfeito, respirou fundo o ar puro do campo.

Sempre gostou da vida no campo, mas nunca o suficiente para viver nele. Era um paraíso que servia apenas como um carregador de energia, mas depois de um tempo, ele acabava sentindo falta da agitação da cidade grande.

Sentou-se no banco da praça central da pequena cidade e olhou em volta com aprovação. Quase nada havia mudado naquele lugar, com exceção de uma monumental igreja evangélica que foi construída em frente a antiga igreja católica de Nossa senhora de Lurdes, que tinha dado nome à cidadezinha.

André ficou parado esperando Dalva que, como combinado ao telefone, iria buscá-lo de carro na rodoviária logo que ele chegasse à cidade. Cinco minutos depois do horário combinado, uma jovem de cabelos negros muito compridos e usando óculos se aproximou dele timidamente.

- Com licença, é o senhor André Gonçalves?

- Sim. - Disse André se levantando e estendendo a mão para cumprimentá-la.

- Meu nome é Letícia, trabalho para a senhora Dalva, do hotel Estrela Dalva. - A jovem o olhou de cima a baixo. - Ela está muito ocupada hoje por causa de uns hóspedes que chegarão amanhã e me mandou vir buscá-lo.

- Sinto muito te incomodar, Letícia. Eu poderia ter alugado um carro e não te dar tanto trabalho. Na verdade eu intencionava fazer isso, mas tia Dalva rejeitou a minha sugestão.

- Sei bem como ela é teimosa. - Letícia sorriu. - E não se preocupe, não é incômodo algum. Ela está muito feliz em recebê-lo. Venha, o carro está logo ali.

- Faz muito tempo que eu não venho aqui, mas parece que não mudou muita coisa.

- Você acha isso?- Perguntou Letícia em um tom de quem discordava. - Eu acho que mudou muito, sempre muda, mas as pessoas daqui querem dar a impressão de que nada mudou para si mesmos e para os outros.

- Vive aqui há muito tempo?

- Sim. Nasci nessa cidade e raramente saio daqui.

E assim eles seguiram conversando a caminho do hotel.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022