DESTINO TROCADO
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Capítulo 5 -5

DIAS ATUAIS

NARRAÇÃO FERNANDO

- Oi!

Sussurro observando seu rosto. Clara esta ainda mais linda e seus olhos mais azuis do que nunca. Minha mente esta dando um nó tentando entender o que ela faz aqui.

- O que você veio fazer aqui?

Pergunto ainda segurando seu rosto.

- Precisamos conversar.

- Agora?

- Sim...

Tomado pelo desespero de tocá-la e senti-la novamente, agarro sua mão e a puxo para o andar de cima da nossa casa, mais precisamente meu antigo quarto.

- Fernando...

Ignoro o chamado de Carla e continuo subindo a escada. Abro a porta e entro com Clara. Sem espera-la falar, avanço em sua boca e selo nossos lábios. Tudo dentro de mim se acalma. Por nove anos estive em uma tormenta e agora tudo se acalma como um milagre.

- Fernando, não!

Clara separa seus lábios dos meus.

- Para!

- Por que você veio?

Pergunto encarando seus olhos.

- Vim impedir que você cometa o maior erro da sua vida.

Seus olhos estão tristes.

- Você não pode se casar com essa mulher.

- Você só veio pra isso?

- Sim...

Solto seu rosto me sentindo um idiota por achar que ela veio por mim, por nós. Me afasto e sigo para a porta.

- Não fuja de mim, Fernando.

- Eu fugir?!?!?!

Grito me virando pra ela.

- Quem correu para Londres pra fugir de mim foi você Clara.

- Eu precisava.

- Não... Você não precisava. Se não estava disposta a lutar por nós, bastava me dizer que eu entenderia.

- Você não entenderia, Fernando. Seria uma tortura vivermos de baixo do mesmo teto amando um ao outro.

- Você foi covarde.

Seus olhos ficam marejados.

- Fiz por você, precisava me esquecer e achar alguém que pudesse fazê-lo feliz.

- Ótimo! Já achei. Pode ir se enfiar em Londres novamente.

- Ela não é a pessoa certa pra você.

- Como você tem certeza disso?

- Você esta tentando achar uma Clara.

- Não estou...

Cruza os braços e me olha irritada.

- Ela se chama Carla.

- E você Clara.

- Consegue ver a semelhança?

- Quer dizer que a porra do nome parecido já faz você concluir que estou tentando achar você na Carla?

- Ela é uma cópia de merda minha.

- Não é.

- Fernando ela tem cabelos castanhos e olhos azuis.

Respiro fundo e não vou dar o braço a torcer. Realmente me aproximei de Carla por causa da semelhança, mas ela não chega aos pés da Clara.

- Gosto de morenas.

Ela da um passo em minha direção.

- É só uma casca parecida comigo.

- Ela é muito melhor que você.

Clara paralisa me olhando.

- Carla nunca me machucou. Se quer feriu meus sentimentos ou fodeu a minha vida.

Meu peito dói ao lembrar da dor que senti e ainda sinto.

- Esta do meu lado quando preciso. Carla não foge quando os problemas surgem.

- Você não a ama.

- Não...

Digo sentindo meus olhos arderem.

- Acho que nunca mais vou voltar a amar de novo.

Suspiro desviando dela e indo para a janela. Posso ouvir seus passos em minha direção.

- Não cometa o erro de casar sem amor.

- O que isso importa pra você?

Pergunto me virando pra ela.

- Se não vai ser você, então para de tentar cuidar da minha vida.

- Se não serei eu, que seja pelo menos alguém que te mereça e que você sinta algo pelo menos. Por tudo que nossa mãe me contou, você se quer nutre carinho por ela.

Então tudo se torna claro pra mim.

- Você esta com ciúmes...

Posso ver os olhos dela arregalarem assustados.

- Por isso esta aqui. Você esta com ciúmes.

- Não é ciúmes, Fernando.

- Sei...

Começo a rir, porque realmente gostei de saber disso. Ela ainda sente algo por mim e veio de Londres até aqui movida pelo ciúmes.

- Para de rir.

- Não... Estou amando ver o que seu amor por mim esta fazendo.

- Eu...

Tenta parecer indiferente.

- Eu não te amo.

Sua voz quase nem sai.

- Ama sim. Você passou 9 anos em Londres escondendo esse amor e quando percebeu que podia me perder, veio de volta pra mim.

- Você é um idiota.

Bate em meu ombro.

- Diz que ainda me ama.

- Não...

Ando até ela que da um passo pra trás.

- Diz que me ama e mando a Carla pro inferno.

- Não...

Ando ainda mais até ela, até seu corpo bater na parede.

- Só termino com ela se me der um bom motivo.

- Você não a ama.

Meu corpo cola no de Clara e ele esta vivo depois de tanto tempo.

- Não quero esse motivo.

- Você não vai ser feliz com ela.

- Com quem eu seria feliz?

Lambe os lábios encarando os meus perto dos dela.

- Quem pode me fazer feliz, Clara?

- Sei o que esta fazendo.

- O que estou fazendo?

- Não vai ouvir da minha boca, Fernando. Continuo com o mesmo pensamento.

Minha mão direita percorre a lateral de seu corpo e ela fecha os olhos suspirando.

- Sua opinião continua a mesma, assim como seu corpo?

Sigo para sua orelha.

- Sua cabeça diz que somos irmãos.

Sussurro e desço para seu pescoço, deixando um beijo nele. Geme de um jeito gostoso. Subo minha boca para seu ouvido novamente.

- Seu corpo diz que sou seu homem.

Sigo para sua boca e a beijo. Seus lábios como sempre acolhem os meus sem medo e culpa. Suas mãos sobem para o meu cabelo e ela me puxa ainda mais para seu corpo. Estamos os dois queimando de desejo. Com a minha mão direita puxo sua perna esquerda para cima e me encaixo mais nela. Empurro seu corpo na parede e me esfrego nela com vontade.

- Para!

Pede ofegante, mas não me empurra. Sua cabeça se inclina e meus lábios descem para seu pescoço.

- Fernando, para...

Agora suas mãos me empurram.

- Não!

Me afasto dela, soltando seu corpo.

- Isso não pode acontecer.

Vai começar a ladainha de merda de novo.

- Volta pra Londres, Clara!

- Não, até eu ter certeza que você não vai se casar com essa mulher.

- Então compre a porra do vestido de madrinha.

Digo sentindo a raiva em meu peito.

- Já que não me ama e não vai ser você a mulher que vai viver ao meu lado pro resto da vida.

Aponto para ela.

- Então vai ser qualquer coisa e no caso a Carla.

Me viro pra ir embora.

- Não vou deixar você se casar com ela.

- Volta pra Londres pra não ver. Minha vida estava melhor sem você aqui.

Grito abrindo a porta e saindo.

- Fernando, nós não terminamos.

- Terminamos sim.

Desço a escada correndo e sigo pra porta de saída.

- Amor!

Escuto a voz da Carla.

- Agora não!

Abro a porta da sala e sigo pra fora em direção ao meu carro. Entro nele e saio cantando pneu. Hoje definitivamente foi um dia de merda.

            
            

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