/0/4232/coverbig.jpg?v=fdc83947ca54be79d5dcc9f7ae7c20bd)
Sabe aquela sensação de estar sendo seguida? Eu tenho ela desde muito nova não sei dizer ao certo quando começou mais isso me acompanha todos os dias da minha vida e hoje ela está mais forte, cheguei a comentar com a minha mãe sobre ela mas ela disse que é só ansiedade afinal faltam dois dias pro meu aniversário de 18 anos.
Para qualquer menina da minha idade é motivo de festa e comemoração, mas para mim isso é um fardo enorme já que fui prometida a um homem que não conheço e terei de me casar com ele logo após o aniversário.
Tudo isso aconteceu por que meu pai é muito conservador e na minha família os maridos e são escolhidos quando se completa dezesseis anos pelos pais, eu odiava a ideia mas caso eu a recusasse minha mãe dizia que nunca mais poderia me ver nem falar comigo pois não havia desonra maior do que a filha rejeitar o casamento proposto pelo pai.
Eu nunca tinha visto aquele homem, e ele é o menor dos meus problemas nesse momento.
Cada dia que passa fico mais preocupada porque antes era só uma sensação de estar sendo seguida e vigiada agora sofro com terrores noturnos, e vou falar pra vocês que são os piores do mundo todo. A mulher que vejo tem aproximadamente dois metros de altura, muito seca e pálida com bichos nojentos saindo de sua boca e narinas, ela sempre está vestindo um vestido azul esfarrapado e muito sujo como se tivesse limo nele.
Foi quando completei dezessete anos que comecei a vê-la, eu tinha vontade de gritar e sair correndo dali todas as noites e quando conseguia me mexer ela sumia como um passe de mágica e eu ficava gritando até minha mãe entrar no quarto e me mostrar que ela não estava mais lá.
Os meses foram passando e toda noite acontecia a mesma coisa, minha mãe me levou a um terapeuta que disse que sao terrores noturnos e que eu tinha que ficar calma e ver o que aconteceria e que a tal mulher não podia me machucar pois era só fruto da minha imaginação.
As noites que se seguiram eu tentava ficar calma e até que funcionava e ela sumia, porém na noite anterior ela voltou e dessa vez estava com um semblante de raiva parecia querer me falar algo, ela abria a boca mas só as larvas saiam da mesma sem nenhum som.
Aquela cena me deixou arrepiada o que antes pra mim parecia só um terror noturno, dessa vez cogitei a ideia de que a mulher talvez fosse real e quisesse me avisar de algo.
E essa noite quando ela voltar eu vou tentar falar com ela já que na minha louca cabeça parece o certo a se fazer, ela precisa de ajuda e eu quero que ela suma o mais rápido possível.
Como ainda falta muito para anoitecer vou ajudar minha mãe com as tarefas diárias e resolvi não contar a ela sobre o sonho da noite passada, ela já se preocupa de mais comigo.
Bom dia minha princesa, como foi sua noite? Perguntou ela com um sorriso lindo quando cheguei à cozinha.
Bom dia mamãe, dormi bem. Disse abrindo um sorriso claramente mentiroso.
Sem pesadelos? Disse ela com preocupação nos olhos.
Nem sinal dela essa noite. Disse ainda sorrindo e pegando um suco de laranja na geladeira.
Minha mãe quando eu era mais nova contava muitas histórias da nossa família e a que eu mais gostava era a da minha vó, ela falava que minha vó tinha poderes especiais e via os mortos que eles apareciam para ela para pedir ajuda e muitas vezes a ajudavam com suas questões pessoais.
Mamãe falava que ela tinha muitas histórias divertidas sobre esses tais espíritos que ela via, minha avó faleceu quando eu era pequena então não tenho lembranças dela somente o que a minha mãe me conta e algumas fotos que já vi delas juntas ou comigo no colo.
Nessa manhã enquanto ajudava minha mãe a limpar a casa essa lembrança veio a minha mente pousando de leve," agora sim devo estar louca kkkk, me comparando a uma idosa que já não tinha mais suas faculdades mentais em dia" pensei enquanto chacoalhava a cabeça de leve para tirar aquele pensamento de lá.
O dia se passou rápido e no final da tarde já estava exausta, quando minha mãe resolveu fazer faxina ela tirou tudo do lugar, não havia lugar que ela não limpasse, e isso resultava em uma tremenda dor nas minhas costas pois acabava fazendo o trabalho pesado para ajudar ela o máximo que conseguia.
Coloquei a banheira para encher com uma água bem quente, era tudo que eu precisava, voltei ao meu quarto e peguei meu pijama longo pois a noite estava fria, normal já que nessa primavera todos os dias tem sido super quentes e a noite chuvosas e frias.
Voltei para o banheiro e corri fechar a água já que estava quase transbordando, o banheiro estava enfumaçado e o espelho embaçado, tirei minha roupa e tentei entrar devagar na banheira e dessa vez tinha exagerado um pouco com a temperatura já que minha pele ficou vermelha quase de imediato ao entrar em contato com a água.
Não consegui entrar então sentei na beirada e fiquei brincando com a água enquanto ela esfriava, meu corpo arrepiou todo e eu senti a presença de alguém me olhando, fiquei com vergonha por mais que não tivesse ninguém ali levantei e peguei o roupão e me cobri.
A sensação era pesada como se você estivesse em um lugar público e alguém fica te encarando por muito tempo até ficar muito constrangida e querer fugir do olhar, uma brisa fria tocou meu pescoço e eu dei um salto parecia que alguém tinha encostado em mim, perdi o equilíbrio e acabei caindo dentro da banheira.
Quando cai a água transbordou e eu bati com muita força a cabeça na banheira, o barulho ecoou em meu cérebro mas mesmo com dor e muito zonza me puxei para fora e cai no chão molhado, levantei a cabeça e olhei para a direção da porta em menção de chamar minha mãe mas o que eu vi me deixou imovel.