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Ela estava lá, me olhando fixamente com aqueles olhos escuros e o cabelo sujo e molhado. Perdi a consciência.
"Que dor" pensei um pouco antes de abri os olhos e ver um teto branco com luzes de led brancas, virei o rosto com muito esforço e me vi em um quarto de hospital, estava com soro no braço e estava sozinha.
Fiquei lá por um bom tempo sozinha olhando para os lados e tentando lembrar como tinha vindo pra cá, minha mãe entrou no quarto e isso me deixou mais tranquila, ela veio em minha direção rápida e segurou minha mão.
Duda? Você está no hospital, você sofreu um acidente na banheira está lembrada? Disse ela com um olhar triste e preocupado e sua voz era baixa.
Sim mãe, foi grave? Perguntei gaguejando.
Não minha princesa, foi uma pancada muito forte na cabeça que acabou cortando mas você vai ficar bem. Disse ela apertando minha mão e forçando um sorriso nos lábios.
Você vai passar a noite em observação e não me deixaram ficar aqui com você então eu volto amanhã cedo ta bom? Dorme e descansa amanhã já vamos pra casa. Disse ela se abaixando e dando um beijo na minha testa.
Tudo bem mamãe, vou ficar bem, não se preocupe. Disse olhando pra ela e tentando sorrir.
Ela saiu e a dor na cabeça me consumiu, fechei os olhos, minha cabeça está doendo muito e a imagem daquela mulher me olhando não saia da minha mente.
Acordo no escuro porém dava pra ver muita coisa, a falta de ar toma conta de mim e o desespero vem junto com ela e aquela sensação de ter algo em cima de mim pesando uns trezentos quilos, tentei me mexer, não consegui.
"Ok...ok fica calma" disse pra mim mesma enquanto respirava lentamente e com muita dificuldade, demorou um tempo mas consegui me acalmar e ela apareceu.
Dessa vez a aparência dela estava mais limpa, não estava tão suja e o cabelo estava seco e ondulado, não havia mais bichos saindo de seus orifícios e ela parecia mais tranquila que das últimas vezes.
Se sentou na beirada da cama e falou algo muito baixo em uma língua que eu não conhecia e eu consegui me mexer e corri para o topo da cama o mais longe que consegui dela, puxando meus joelhos contra o peito.
Se eu estava me mexendo então aquilo não era um pesadelo nem um terror noturno.
Quem é você e o que quer comigo? Perguntei falando mais alto do que gostaria e com a voz trêmula.
Ela não respondeu, me encarou e seu semblante parecia triste.
Como posso te ajudar? Perguntei com mais calma.
Ela levantou e olhou para a porta e desapareceu.
Segundos após ela desaparecer a porta foi aberta e a luz acesa, era uma enfermeira com uma bandeja com alimentos.
Bom dia Eduarda, trouxe seu café da manhã e vejo que já está bem desperta. Disse ela olhando para mim encolhida no topo da cama.
Bom...bom dia. Disse ainda tentando assimilar tudo o que havia ocorrido.
Ela largou o café da manhã em uma mesinha que ia até em cima da casa e saiu, eu me sentei direito e meu estômago roncou.
Puxei a mesinha e comecei a comer, parecia que tinha passado uma semana sem comer.
Comi tudo que tinha na bandeja e ainda estava com fome, levantei e fui ao banheiro, eu estava pálida com a cabeça enfaixada e com um semblante terrível, escovei os dentes e lavei o rosto.
Voltei para o quarto e achei umas roupas minhas que minha mãe havia trazido, fui para o banheiro, tomei um bom banho e dessa vez sem surpresas.
Me vesti e me arrumei o máximo que consegui, voltei para o quarto e arrumei a cama, peguei meu celular que estava na cabeceira, abri a cortina do quarto e sentei próximo a janela.
Sem mensagens. Já era de se esperar já que não tinha amigas nem amigos.
Hoje é meu último dia de 'liberdade' já que é amanhã meu aniversário/casamento.
Queria muito conhecer esse homem, talvez eu pudesse gostar dele, afinal o casamento dos meu pais também foi arranjado e deu certo eles se amam.
"Mãe estou bem, já tomei café da manhã e já estou pronta pra ir pra casa se puder vem me buscar." Mensagem enviada.
"Assim que me ligaram dando sua alta corro para aí disseram que ia ser agora pela manhã não se preocupe já já estarei ai querida. Te amo." A mensagem chegou quase imediatamente.
Meu coração gelou queria ir pra casa agora não queria ter que esperar naquele quarto sozinha mas não tinha o que fazer, entrei no meu email, folheei alguns que tinham chegado e um em especial me chamou a atenção.